Volume 1 – Arco 2
Capítulo 19: Caçadores da noite
— Para onde estamos indo? — perguntei ao Riku, já que era ele quem estava nos conduzindo.
O sol ainda estava se pondo, o que não impedia que as árvores já parecessem assustadoras, projetando sombras distorcidas por toda parte. Eu me lembrei de quando fui atrás do diretor da minha escola. Ele seguira o mesmo caminho que o Riku estava seguindo agora, e eu tentava imaginar qual seria o seu destino.
— Descobri uma pequena base de vampiros nos arredores da cidade — disse ele sem olhar para trás. — Os que iremos enfrentar são os chamados vampiros-zumbis, que foram ressuscitados de cemitérios por outros vampiros e que agora estão aterrorizando alguns bairros aqui por perto.
Assim que Riku falou isso, acabei me lembrando do noticiário no qual falava que foram encontradas, no Cemitério Pascoal, mais de vinte tumbas abertas. Os cadáveres haviam desaparecido e o porteiro fora encontrado morto, com mordidas no pescoço. Na época eu estranhei o fato, pois ainda não tinha conhecimento das criaturas, mas com a explicação do Riku agora tudo fazia sentido.
— Quer dizer que os vampiros têm o poder de ressuscitar os mortos?
— Acho que ressuscitar não seria a palavra certa — respondeu Natsuno, rindo. — Fazem apenas alguns cadáveres andar por aí, em busca de refeição. Os zumbis só servem mesmo pra causar pânico nas pessoas. E funciona.
Novamente ele riu, e percebendo que ninguém havia achado graça, decidiu cessar a risada.
Já havíamos percorrido vários metros, e cada vez mais nos distanciávamos da zona urbana. Admito: eu estava com medo. Mas quem não estaria? Vampiros, zumbis… Ainda mais em uma floresta tão escura e assustadora como aquela. Eu, literalmente, estava em algo pior do que um filme de terror.
Encarei o meu anel dourado.
A princípio eu não sabia muito bem como usá-lo, mas rápido e improvisadamente, acabei descobrindo. Por mais estranho que seja, meu anel se tornava uma espada, uma espada que parecia que fora feita especialmente para mim, pois não era nem muito leve tampouco muito pesada. E assim que me lembrei do dia do bosque da escola — quando ela começou a emitir aquele brilho alaranjado —, decidi perguntar:
— Por que a minha espada, quando estava perto da espada de vocês, cresceu alguns centímetros?
Ninguém respondeu.
Corremos mais alguns metros, desviando de enormes troncos de árvores, quando Riku decidiu abrir a boca:
— Talvez porque você estivesse perto de outros dois Heróis Herdeiros.
“Ih, lá vem essas conversas do passado de novo” pensei. Era uma coisa que me confundia bastante. Eu lembrava um pouco da explicação do Natsuno, explicação esta que serviu apenas para me confundir.
— A sua espada passou do nível 1 para o nível 2 — inseriu Natsuno, em tom natural. — É uma coisa normal.
— E são quantos níveis?
— O máximo que já chegaram foi até o nível 14. — O garoto olhou para mim e falou: — Você também é um Herói Herdeiro, Dio.
— Mas o que significa isso, afinal? — Eu cocei a cabeça.
Natsuno e Riku olharam para mim ao mesmo tempo, o que me deixou constrangido. Eu me sentia um mero idiota tagarela perto dos dois. Riku olhou para Natsuno, como se dissesse: "Deixa que eu explico pra esse otário".
Natsuno assentiu.
— Significa que você foi escolhido pelo seu clã para ser o protetor do mesmo durante a sua existência. — Ele voltou a olhar para frente e suspirou. — Todo clã tem um, e você é o dono da Takohyusei durante a sua vida. Além de ser um dos únicos que podem chegar perto da força do Caçador Lendário.
— Que, por sinal, não foi descoberto ainda — lembrou Natsuno.
A floresta ficava cada vez mais escura, dificultando mais ainda a nossa passagem. Já era quase impossível ver o céu dali por causa das folhas das copas e a grama alta provocava coceira nas minhas pernas.
— Ainda assim, os outros membros do clã têm suas espadas como arma, certo? — Natsuno e Riku anuíram com a cabeça. — E qual a diferença real entre as Takohyuseis e as "não-Takohyuseis"?
— São poucas — respondeu Natsuno. — Primeiro a força. A Takohyusei, somada ao poder do seu dono, fica muito mais forte que as demais espadas e, como eu disse antes, passam de níveis também, atribuindo certas habilidades. E, por fim, podem se disfarçar de anel.
O que soava ótimo. Eu poderia carregar a minha espada comigo para qualquer lugar, a qualquer momento.
Outra coisa veio à minha cabeça:
— Natsuno, lembra quando você falou que nós ainda somos aprendizes? Até quando seremos? E como saberemos que não somos mais?
— É só chegar à marca de cinquenta frascos cristalinos cheios, maninho. — Ele pulou um emaranhado de arbustos e desviou de uma árvore em seguida. — A partir de hoje, já que essa é uma nova equipe. Quem dera pudéssemos nos aproveitar dos fracos que tenho guardado...
Aquilo, pelo menos, deu para entender. Era só caçar cinquenta vampiros, só isso. Imaginei se teria sido esse o motivo de o Riku querer se juntar a nós — para deixar de ser aprendiz o quanto antes.
— Apenas um caçador nesse mundo conseguiu deixar de ser aprendiz sem precisar de uma equipe — inseriu Natsuno, sério.
— Quem? — perguntei.
— Riku.
Ocorreu-me que Riku dissera uma vez que era caçador há quase dez anos. O olhei admirado, mas ele parecia não se importar. Aliás, parecia que o Riku não se importava com nada.
— Mas aquele velho não quis consagrar minha espada, só quando eu encontrasse uma equipe — disse ele seco. — Por isso ela ainda está no nível 2.
Avançamos por mais alguns metros, até que mais algumas dúvidas surgiram.
— Qual a diferença entre um aprendiz e um caçador?
— Aprendizes só podem participar de caçadas sem tantos riscos — respondeu Natsuno. — Já os caçadores oficiais podem se arriscar à vontade.
— Certo… E qual a diferença entre os vampiros comuns e os não comuns?
— Acho que você quis dizer “evoluídos” — ironizou ele. — A diferença é a força.
— Isso eu sei, mas digo, por que são diferentes? O que determina suas raças? — Que, até onde sabia, eram três (comuns, evoluídos e zumbis).
— Isso é simples. — Natsuno sorriu, como se gostasse de responder aquele tipo de pergunta. — Um cara é mordido, perde completamente a razão e daí se transforma. Vira um ser bruto, faminto e cruel, ou seja, um vampiro comum. Conforme vão passando os anos, o cara fica mais forte e mais ágil, até finalmente se tornar um fucking vampiro evoluído.
— Ou seja — concluí, refletindo —, se eu for mordido, eu perco completamente o meu "eu" de agora e então...
— Serei o primeiro a te aniquilar. — Riku completou, e mesmo sem olhar para mim eu estremeci. “Cara simpático” pensei.
Franzi o cenho para Natsuno e o vi rindo, mas eu ainda tinha perguntas:
— E eles não têm problema com alho ou com a luz do sol?
Natsuno me olhou com um ar de quem queria dar uma gargalhada, mas segurava com muito esforço.
— Cara — disse ele, em tom zombeteiro —, acho que você está assistindo a muitos filmes.
— Ué — me defendi —, se vampiros existem, imaginei que os seus pontos fracos também existissem.
E aquilo "faria sentido", uma vez que havia a contaminação através da mordida e, desde que havia descoberto sobre as criaturas, eu ainda não as tinha visto transformadas perante a luz solar. No máximo, no crepúsculo, como no dia do meu encontro com a Sophia. Exceto aquele motoqueiro, e aqueles valentões...
Cocei a cabeça confuso.
— Enfim — interveio Riku, desinteressado —, não há essas coisas de vampiros comuns ou evoluídos morrerem graças aos raios solares ou, muito menos, a alhos. Isso é besteira! Se você quiser matar um vampiro, arranque a sua cabeça, ou então o esfaqueie até a morte.
Ouvir aquilo me causou algo no estômago. Riku era algum tipo de psicopata?
— Não liga pra ele — disse Natsuno. — Acho que o Riku anda lendo muitos contos de morte e assassinato. Apenas enfie a Takohyusei no peito dos vampiros, na parte do coração, para transformá-los em pó. Isso serve para qualquer tipo de vampiro, inclusive os zumbis.
Eu fiz que sim com a cabeça. Pelo menos a maioria das minhas dúvidas foram esclarecidas.
De repente, Riku parou atrás de uma árvore. Natsuno e eu fizemos o mesmo, e pensei que fosse para recuperar o fôlego. Suspirei cansado, mas quando olhei para os dois, vi que estavam sérios, olhando cuidadosamente para algo no meio das árvores; estávamos na beira de uma espécie de aldeia macabra, que ficava em uma clareira não muito ampla, cujos troncos pareciam ter sido cortados.
O lugar era sinistro, onde homens estranhos dançavam numa espécie de ritual em volta de uma fogueira — então notei que eram vampiros, visto que todos possuíam olhos vermelhos. A julgar pelas inúmeras palhoças espalhadas pela aldeia, percebi que finalmente havíamos chegado à tal base que o Riku mencionara.
— Qual é o plano? — sussurrou Natsuno.
Riku apenas o fitou e fez seu anel prateado se transformar lentamente em sua espada brilhante e afiada. Natsuno suspirou, como se já soubesse o que viria pela frente, então também fez seu anel roxo virar sua espada.
— O que está esperando pra sacar a sua Takohyusei? — perguntou Riku a mim, em tom ignorante, sem nem ao menos me olhar. Imediatamente fiz o que ele pediu (mesmo com as minhas pernas tremendo, talvez de medo). Nossas espadas começaram a brilhar e nos preparamos para invadir a clareira. O coração estava acelerado. Eu observava as criaturas dançando num ritmo lento e imaginei como reagiriam com a nossa presença. Riku sibilou:
— É hora do show!
Ele correu em direção aos vampiros que faziam o ritual e, numa velocidade incrível, atingiu vários com apenas uma voadora em um pulo horizontal. Pousou na ponta dos pés, agachado, golpeando com a espada os vampiros que derrubara no processo. Todos viraram pó.
— Ele é bem apressado, não? — comentei com um Natsuno cujo olhar parecia empolgado
Enquanto as criaturas eram exterminadas por Riku, elas não gritavam, apenas gemiam. Aproveitando a situação, imediatamente os outros vampiros saltaram na direção do Riku, com a óbvia intenção de agarrá-lo, o que não aconteceu. Natsuno e eu agimos a tempo de impedir os inimigos, desferindo golpes rápidos e eficientes. E um cheiro horrível pairou sobre as minhas narinas no momento em que cheguei ao centro da clareira. Era um cheiro de defunto em proporção gigantesca. Natsuno e Riku pareciam acostumados com aquilo.
Tentei ignorar o fedor e lutei. Não demorou para eu começar a sentir a pele gelada dos zumbis ao tocá-los, e percebi que seus corpos eram duros também. Talvez por serem cadáveres, não deixavam nenhum tipo de rastro de sangue no chão. Imaginei como eram aquelas pessoas em vida.
Olhando-os de relance durante a batalha, pude notar alguns detalhes não muito legais: seus rostos pálidos eram também deformados, cujos olhos não possuíam íris — mas os globos oculares eram de um vermelho vivo e chamativo. Alguns sequer tinham pele! Seus dentes eram idênticos aos dentes dos comuns, mas os vampiros-zumbis eram muito mais frágeis. Porém, quando nos demos conta, estávamos cercados por dezenas deles.
Riku já se juntava a nós e, aos poucos, íamos apenas derrubando os inimigos ao nosso redor, mesmo eu com um certo receio. Afinal, enfrentar cadáveres ambulantes não era algo tão simples assim. Especialmente quando eles têm garras e dentes pontiagudos.
E parecia que cada vez mais surgiam vampiros para nos aterrorizar. Não que o Riku não estivesse gostando. Ele aparentava estar feliz ou animado para matar enquanto lutava.
— Não parem de lutar! — gritei, o cheiro forte de cadáver ainda me incomodando.
— Valeu pela dica — ironizou Natsuno.
Embora os vampiros nos atacassem ao mesmo tempo, eles eram lentos e desajeitados, portanto não era muito difícil esquivar de suas garras. Ainda assim eu percebi que a minha Takohyusei me dava poderes extras, o que era muito bem-vindo. Eu até estava gostando da aventura, quando finalmente fui atingido por um golpe. Na barriga. Olhando para o filho da mãe que me atacara, notei que não era um zumbi. Depois percebi outros iguais a ele no meio dos demais, indicando que a facilidade havia passado. E o pior: os que já havíamos derrubado simplesmente se levantavam!
— Rapazes, parece que temos convidados — informou Natsuno, referindo-se aos vampiros não-zumbis.
— Eu sabia que vocês apareceriam, malditos — gritou Riku com uma risada bizarra. — Só tem vocês? Não há nenhum evoluído? Que pena!
Continuamos lutando no mesmo ritmo. Muitos já haviam virado pó, mas outros tornavam a se levantar e a se aglomerar com os demais, alguns com partes do corpo faltando (um deles estava sem o braço por minha culpa, já que errei o coração). Natsuno e Riku, como eram mais experientes do que eu, conseguiam transformar os inimigos em pó em um único ataque com suas espadas, o que ajudaria muito se eu também soubesse a manha da coisa.
— Giratória de Vento! — Riku saltou e girou feito um tornado, atingindo (com suas pernas abertas) os vampiros que o cercavam. Eles caíram no chão e, ao mesmo tempo em que Riku finalizava com a sua espada no peito dos caídos, ele desviava dos vampiros que ainda estavam de pé, tanto os zumbis quanto os comuns, que não tinham grande habilidade de luta.
— Socos Relâmpago! — gritou Natsuno. Ele socou o ar e flashes brilhantes e dourados brotaram de seus punhos e atingiram alguns vampiros pelo caminho. Em apenas cinco segundos, Natsuno derrubou cerca de oito vampiros. Então ele fez a mesma coisa que o Riku: enquanto enfiava sua espada nos inimigos caídos, desviava e contra-atacava os que ainda estavam de pé.
Eu não sabia que aquele tipo de coisa fosse possível. Por um momento eu me senti mal, vendo que os dois realmente eram mais avançados do que eu. Mas meus pensamentos de "sou um inútil ao lado deles" mudaram para "preciso alcançá-los, custe o que custar!", e isso, de certo modo, me deu mais ânimo e forças para continuar lutando.
— HÁÁÁ!!!! — gritei numa explosão de ansiedade, enquanto sentia uma energia percorrer minhas veias rumo às mãos. Rapidamente passei a espada para a mão esquerda e arrisquei um golpe de direita. Desferi um soco que atingiu em cheio o peito de um dos vampiros comuns. Ele foi lançado ao ar e atingiu os outros que estavam por perto, e vários caíram em um só ataque.
Eu me surpreendi — e senti uma pequena dor no interior do braço direito, como se fosse uma queimadura, mas que logo desapareceu.
Natsuno e Riku apenas olharam para mim de relance e continuaram lutando, focados nos inimigos. A quantidade de vampiros inteiros estava muito menor, grande parte já havia virado areia. Os últimos, obviamente vampiros comuns, tentaram fugir, mas esbarraram em Riku e não tiveram um final muito feliz.
— Tomem isso!
Aplicou um golpe horizontal com sua espada prateada e as criaturas explodiram em pó, deixando apenas uma poça de sangue para trás.
Era o fim. Havia apenas areia e sangue no chão da clareira. Nós três suspiramos.
Dei uma olhada no cenário, as palhoças e a fogueira no centro, os montes de areia e as poças de sangue. Eu ainda teria que me acostumar com tudo aquilo.
Um vento gelado passou entre nós, mas nem moveu os montes de pó dos vampiros. Pude sentir pela primeira vez o suor gelado que cobria o meu corpo. Eu estava cansado.
— Agora vem a parte mais chata — disse Natsuno com a mão no bolso. Ele sacou seu celular e apertou um botão. Em alguns segundos, já havia dezenas de frascos cristalinos materializados no chão. Nós três começamos a coletar o pó.
— Isso é nojento — comentei quando toquei no conteúdo pela primeira vez. Era uma areia úmida, mas era esquisito saber que aquela areia outrora fora o cadáver de alguém.
Por fim, Natsuno fez a conta.
— Quantos vampiros derrotamos? — perguntei curioso, com o anel dourado já no dedo anelar da minha mão direita.
— Exatamente… — ele terminou a conta — quarenta e dois vampiros.
Eu me entusiasmei.
— Se continuarmos nesse ritmo deixaremos de ser aprendizes em pouco tempo! — concluí.
— Vamos com calma — retrucou Riku, ignorante, olhando para a fogueira. — Se encontramos tantos de uma só vez, foi porque eu já vinha os investigando há alguns dias, sem falar que a maioria era zumbi.
Riku tinha razão. Eu estava ansioso demais para um novato. Não podia esquecer do perigo que havia corrido enfrentando os tais vampiros-zumbis.
Comecei a imaginar como seria se todos fossem dos evoluídos, apesar de não saber muito sobre eles. Havia enfrentado um no estacionamento do Cinema de Honorário semanas antes, e exterminá-lo não foi tão fácil assim.
— Bom — disse Natsuno, se espreguiçando —, acho que já podemos ir.
— Ainda não — interveio Riku, deixando-nos sem entender.
— E por que não? — perguntei. — O que pretende fazer, Riku?
— Isso. — Ele pegou uma tocha no chão e ateou fogo nas sete palhoças de palha da clareira.
— Você tá louco? — gritou Natsuno. — E as árvores?
— Isto aqui é um aviso para qualquer vampiro que pense que não há caçadores para detê-los — disse Riku com um sorriso maldoso. — Riku Medeiros está aqui e o comodismo deles está prestes a acabar!
Escalei a parede da minha casa tentando fazer o mínimo de barulho possível e entrei no meu quarto através da janela que, por sorte, ainda estava aberta, mas levei um baita de um susto ao me deparar com o tio Michael deitado na minha cama.
— Tio! Não faz mais isso! — reclamei irritado após sufocar um grito.
— Tá assustada, senhorita? Nem parece um caçador de vampiros.
— Muito engraçado.
Suspirei e peguei minha toalha. Precisava de um banho quente.
— E aí, como foi lá? Conseguiu fazer alguma coisa de útil para ajudar os seus parceiros?
Sorri em satisfação e contei toda a história do meu primeiro dia de caça, entusiasmado e orgulhoso de mim mesmo. Tio Michael ouviu atento, depois disse:
— Interessante.
Então pensei numa coisa.
— Tio, parando pra pensar, aconteceu uma coisa estranha.
— Uma coisa estranha — repetiu ele. — Que coisa estranha?
Pensei na forma que Riku atacara os vampiros com a tal Giratória de Vento e nos flashes dourados e faiscantes que brotaram das mãos do Natsuno. Por fim, pensei nas dores internas que senti ao atacar o vampiro com uma força surpreendente.
Tio Michael ainda esperava por minha resposta, mas eu não sabia explicar todos aqueles fatos — ou estava cansado demais para tentar encontrar uma boa forma de narrar.
— Ah, deixa pra lá — decidi. — Depois conversamos melhor sobre isso.
Michael franziu o cenho e deu de ombros.
Depois disso, tomei um banho e fui direto para a cama, apesar da fome que estava sentindo. A aventura na floresta me deixara esgotado e a única coisa que eu queria era dormir, apenas isso. Não pensei em mais nada, apenas fechei os olhos e apaguei. Enfim, eu estava satisfeito com a nossa primeira caçada.