Bom Demônio Brasileira

Autor(a): Trajano


Volume 1 – Arco 1

Epílogo: os contos de um Bom Demônio (1)

...

Bem, imagino estar legível. Comecemos.

Sabe quando você... está assistindo uma série, lendo um livro.... ou qualquer mídia, e um personagem está prestes a morrer, e então ele diz para ouvirem suas últimas palavras com atenção? Todos ficam estáticos e em silêncio, esperando ansiosamente pelas últimas palavras da pessoa...

Já parou para pensar que... não há nada de diferente nessas palavras para alguma dita em qualquer outro momento de sua vida? Elas são tidas como importantes por serem as últimas da pessoa, independente de sua frase ser ruim, clichê ou boa. Continuará de extrema relevância.

Pois bem, me vejo pensando isso agora porque... essas são minhas últimas palavras. Tudo que escrevo daqui em diante serão as palavras de um homem morto... e para você elas serão da mais extrema importância. Então acho que se adequa ao que falei há pouco.

Se a pessoa que quero que esteja lendo isto estiver lendo, não precisará de contextualização. Você sabe meu início, meio e fim de vida. Caso não seja o Destinatário... bom, não escrevo para você, então não vejo porque lhe situar. Fica a seu critério continuar a leitura ou parar.

Deixando esses vagos pensamentos de lado... o normal entre dois desconhecidos é se apresentar, não? Poderia dizer meu nome, mas... não lembro o meu de nascimento, e o que me dei... talvez não seja digno de usá-lo.

Como sou um “velho” falando de meu passado pode me chamar de Dom alguma coisa.

Enfim, meu nome não é necessário para você, Destinatário. Escrevo isso para que conheça quem eu fui...

Deve estar ciente de minha vida pós dezessete anos, ainda assim, darei um breve resumo do que aconteceu comigo durante essa idade até meados dos meus vinte e quatro, e também sobre minha pessoa.

Sempre fui um eterno amante da humanidade e o que a rodeia. Culturas diferentes, experiências de vida, legados e tudo isso... também um forte adorar de história, afinal, um ponto está intrinsecamente ligado ao outro.

Nunca gostei de pessoas parecidas uma com a outra, muito menos um ser almejando ser outro. Cada humano tem sua própria particularidade, mesma que mínima. Não tem como se igualarem. É impossível.

Pior que... chega a ser irônico, talvez hipócrita, afinal esse desejo surgiu de ter conhecido outra pessoa na infância...

Bem, essa é uma história que devo vir a contar futuramente. Não há porque entrar em detalhes por agora.

Levei espécies à ascensão. Levei reinos à extinção. Minha vida foi marcada por polarização... o que, para mim, chega a ser cômico, alguém preso para alguém com um final feito desde o nascimento....

O pior é ... eu não poderia mudar nada nem se quisesse. Isso não estava sob meu controle. Nunca esteve.

Porém... estou sendo um pouco dramático demais. Não é por esse motivo que estou escrevendo. Minha intenção, pelo menos nesse texto, não é ser triste ou passar uma mensagem negativa.

É te introduzir aos meus contos.

Toda minha vida, tudo que fiz, tudo com o que sonhei, minha utopia, joguei tudo fora, tudo por você. Você é a causa de tudo de ruim e de bom que aconteceu na minha vida. Por sua causa vim parar aqui. Ainda assim, a culpa é minha.

Sei quem você é, e você sabe quem eu sou. Tudo que escreverei agora, desde esse epílogo até o último livro chegar a você, é do que precisará. Eu sei disso. Isso é tudo que você quer. Do que precisa para se manter são, reter seus desejos.

Apenas para deixar claro, não sou um exemplo a ser seguido, e espero que aceite e não busque me compreender, por mais que, talvez, esse seja seu maior desejo.

Todas minhas histórias da minha adolescência para trás serão catalogadas como “Os contos de um Bom Demônio.”

Gostaria de deixar uma pequena amostra, no entanto deixarei para a próxima vez.

Serão histórias sem um grande climas, reviravolta ou lição de moral. Simplesmente os acontecimentos de minha vida.

Se não for o Destinatário para quem escrevo, provavelmente não vai lhe interessar. Novamente, não é meu intuito. Então não ligo.

Já para você, Destinatário, está contente, não? Minhas histórias de infância, que me tornaram eu... é tudo que precisa.

Mas, lembre-se: Não faço isso por humildade, muito menos por gostar de você. Não gosto dessa palavra mas... Odeio você.

Fui responsável por incontáveis mortes, no entanto isso não chega perto do que estou prestes a fazer para realizar meu último desejo. Realmente espero que você, destinatário, esteja lendo isso com atenção. Pois sabe que as respostas para todos seus problemas estão nessas palavras que escrevo.

Passarei pelo pior sofrimento possível. Algo que ninguém sequer poderia imaginar em seus mais repugnantes pensamentos. Uma dor que não deveria ser sentida pelas mãos humanas... sempre defendi que não houvesse destino pior que a morte, então me entristece saber que meu fim será o mais lento existente...

Você realizará meu desejo. Tenho certeza.

Haha... que irônico... é como se eu me tornasse aquilo que sempre me atormentou.

Essa sensação de ser sentenciado sem julgamento, um pobre inocente que nada fez... uma vingança que transcende a realidade.

Por esses motivos, Destinatário, suportarei a água e o fogo. A doença, a morte, e aquilo que ninguém deveria fazer. Você sabe o que é, e sabe o quão doloroso vai ser. Só você sabe....

Por favor...

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