Volume 1
Capítulo 6.1: Mesmo incapaz
— Não… Você não vai desaparecer! — Diante de um sorriso que tenta esconder uma dor profunda, ele contestou.
Ver os dias passando um após o outro, sabendo que já tem um destino predefinido que independente suas escolhas vão levar você a um fim trágico incontestavelmente, é algo que ele sequer consegue imaginar. Entretanto, como ele deve se comportar diante disso? Se contestar quanto ao que está fazendo até então? Que o que passou até então nem se compara a dor que ela carrega até o presente? É claro que não.
Apenas esse sorriso falso na cara da garota já é motivo o suficiente para afirmar que: agora não é hora para ficar parado.
— Bem, desculpa por omitir isso de você até então… isso foi muito egoísta da minha parte — fala Rie ainda por trás dessa expressão em que se esconde. — Mas essa é a realidade e não tem o que fazer. Eu só devo durar até um pouco mais depois da festa acabar. — Essa postura dela é revoltante.
— Para de mentir.
— Mas eu estou falando a verdade. Eu tenho um dano no meu núcleo de aura que só vai crescer mais e mais com o tempo até não resista mais e caia num sono sem fim indeterminado, e isso pode ser tanto um coma como a morte.
— Não é disso que eu estou falando. Eu quero que você para de mentir para si mesma! A Rie que eu conheço até então não é uma garota que aceitaria um destino desses sem mais nem menos.
— Mas essa é quem eu sou… uma garota defeituosa que nunca prestou pra nada e muito menos tem a chance de ser algo.
— E quando aquilo de querer fazer com que todos saibam que esteve aqui?
— É só uma ilusão que falo pra não desabar…
Jun anda até a garota na qual tenta se afastar. Ela sequer está olhando diretamente e a todo momento se mantém de cabeça baixa. Entretanto, não adiantar fugir, pois já está diante da borda desse local, sendo parada pela cerca para que não caia no precipício.
— A real ilusão é você se conformar de que um futuro assim não é possível!
— E o que eu vou fazer? Não existe nem uma cura pro meu problema…
— Se não existe, então vou descobrir um jeito de te salvar!
— Ah, por favor… Você não precisa ficar dizendo esse tipo de coisa da boca pra fora para me confortar.
— Aí que você se engana. Essas palavras são as mais sinceras e verdadeiras que eu já disse para você.
— Mas por quê? Por que você faria algo assim para mim?
— Porque eu te amo!
Rie ergue sua cabeça em um susto e olha para Jun com olhar angustiado. Um pequeno sorriso mais verdadeiro e profundo do que todos que ela mostrou até então surge na sua face, contudo se mistura entre lágrimas e um aperto entre suas ambas as mãos sobre o peito. Ela morde os lábios.
— Me desculpa… Me desculpa ter feito você ter ficado assim por alguém como eu. Sei que uma parte minha está contente por isso, mas não posso…
— Por que você não pode?
— É muito egoísmo querer ficar junto de alguém, sendo que em menos de um ano já vou ter que deixar essa pessoa…
— Você é idiota!? Essa foi uma das coisas mais estúpidas que eu já ouvi!
Ele anda adiante até que a distância entre os dois se torna quase inexistente. Jun coloca as mãos no rosto dela e faz que o olhe diretamente.
— Não quero escutar desculpas. Quero saber o que a Rie Koike de verdade realmente sente por mim.
— Eu… Eu estou apaixonada por você… Ainda assim, não posso continuar com um sentimento tão egoísta da minha parte…
O garoto de cabelos vermelhos suspira e não diz nada para ela. Se nem as palavras estão adiantando dessa vez, então ele apelaria mais uma vez para ações, portando a assegura pela cintura eliminando a mínima distância que ainda há entre eles e diz:
— Se você não consegue ser egoísta, então vou ser no seu lugar. — E ao som dessa fala ele selou seus lábios nos dá garota. As lágrimas descontroladas escorrem e caem sobre seu corpo. Ela teta assegurá-lo com seus dedos trêmulos, mas mal tem força para agarrá-lo. Suas pernas se tornam frágeis e mal conseguem manter seu corpo de pé, e o garoto a abraça com força se tornando o suporte que a impede de cair.
É essa pessoa quem Jun Asano seria a partir de agora.
Mesmo que não haja alternativa. Mesmo que digam que é impossível. Mesmo que riam da sua cara. Mesmo que todos o odeiam no final. Mesmos que seja incapaz tornaria qualquer coisa possível ignorando a lógica e mudaria esse mundo.
Está disposto a passar por quaisquer consequências que for, pois há um único fim em que almeja. E esse se trada de um mundo onde possa viver ao máximo e voar até onde quiser, um no qual Rie está ao seu lado para ser feliz, portanto…
— Você vai viver. — Isso não é qualquer desejo, ou meras palavras para confortar uma garota preste a cair sobre a beira de um precipício, mas um anúncio. Ele está declarando um futuro que se tornará realidade.
Os olhos azuis da garota refletem um brilho intenso e se mantém vidrados nele sem indicar sinais de que agora vai escapar. O líquido passa a escorrer de forma diferente e um sorriso sutil se forma na boca dela. Rie o abraça com força e aconchega sua cabeça no peito dele.
— É bom que você não esteja me colocando em outra ilusão…
— Não. O que estou fazendo é te levar para um futuro incrível, onde você possa sorrir com sinceridade e cantar para que esse mundo te reconheça.
— Vou tentar acreditar em você.
A garota não o larga e sequer mostra ter essa intenção. Jun então sente a respiração dela e um batimento profundo. O coração dela está acelerado, uma mensagem de que ainda há muita vida para pulsar dela. E assim, ele acaricia os lindos cabelos brancos dela gentilmente.
— Então quer dizer que agora eu tenho um namorado?
— Bem, acho que sim. — Ele fica um pouco sem jeito perante a pergunta.
Se inclinando em um pulo inesperado, ela faz com que seus lábios se toquem outra vez. No instante em que se encontram, o tempo desacelera. O toque suave e, ao mesmo tempo, eletrizante dos lábios dela traz um calor súbito que se espalha pelo corpo de Jun, aquecendo-o da cabeça aos pés. Ele sente o gosto doce de Rie, uma mistura de nervosismo e ternura, enquanto o beijo se aprofunda lentamente como se ambos estivessem descobrindo algo novo e precioso.
As mãos de Rie, antes trêmulas e hesitantes agora empurram com firmeza a roupa dele se empurrando para mais perto. Cada pequeno movimento dela revela uma mistura de urgência e delicadeza, como se quisesse guardar para si cada segundo desse momento. O peito dela se aperta contra o dele e os batimentos acelerados quase ressoam em si.
Jun fecha os olhos, entregando-se completamente e sentindo o toque dos dedos dela sobre ele, o calor da garota contra o seu. É um beijo longo, quase interminável, mas não no sentido do tempo cronológico — e sim como se nada mais existisse. Apenas os dois, juntos, presos em um abraço silencioso, onde a única comunicação necessária é o sentimento que compartilham.
Entre o beijo, Rie solta pequenas risadas, uma mistura de nervosismo e felicidade que ela mal consegue conter. Seus lábios se afastam levemente, e ela sorri contra a boca dele, rindo baixinho transmitindo som delicado vibrando no ar entre eles, enquanto ainda se mantém encostada em Jun.
— Hehe… — ela sussurra, a respiração ofegante e os olhos brilhando, mostrando-se desacreditada no que acabou de fazer. — Eu tenho um namorado — diz, com uma expressão boba, porém repleta de uma alegria genuína que há muito não se via.
Jun a olha com um sorriso suave nos lábios. O coração ainda bate forte, mas nesse momento ele sabe:
Agora, sim, essa é a Rie Koike que eu conheço.
* * *
Logo após se separar de Rie, quando o luar deu finalmente as caras, Jun foi em direção à escola. Não há nem um motivo para ele ir até esse lugar no horário atual, no entanto precisa reorganizar todos os seus pensamentos, pois muito coisas aconteceram de uma vez, e lá é onde conseguiria se encontrar com alguém que o ajudaria nisso. Por agora ele precisa de uma segunda visão para decidir melhor qual direção deve seguir a partir de agora.
E quanto as atitudes que tomos em relação à garota? Ele não se arrepende de nada, pois está mais do que convicto quando ao que fez.
Entretanto, o destino ainda insiste em não permitir que ele apenas siga em frente como bem-quiser. Para falar a verdade, essa é uma questão que ocorreria uma hora ou outra inevitavelmente. Jun se deparava com uma voz feminina vinda de uma figura que conhece muito bem, mas que definitivamente é de longe alguém queria vez novamente:
— O que você está fazendo aqui? — Uma pergunta que expressão um tom de supressa, mas também de indignação.
— Pelo mesmo motivo de você também estar aqui, eu imagino.
Kaori Ono. Esse é o nome da garota de cabelos loiros e olhos ambares, tem uma mecha presa no lado direito por uma fita preta. Ela usa o uniforme da academia com o laço borboleta sendo da cor amarela em que remete a cor de sua aura. Na sua cintura tem um cinto com duas pistolas feitas propriamente para fazer disparos com energia em que se encontram num estado desativado, com um tamanho menor e portátil, seguindo o mesmo princípio das espadas que se retraem ao tamanho de adagas.
Ela já foi uma antiga companheira de equipe e, o mais importante, também a irmã mais nova de Hiro, um amigo muito próximo, mas que infelizmente não se encontra mais nesse mundo. Um no qual talvez fosse capaz de salvar caso não tivesse escolhido se esconder. E também o motivo pelo qual ela o amaldiçoa.
— Eu não aceito isso! Alguém como você sequer devia estar aqui!
— E o que me faz não ter o direito de estar nesse lugar? — perguntou Jun, virando-se para encarar a garota.
Em reação, por um breve momento ela hesita. Para Jun já é claro que não há nem uma resposta, pois apenas estava se deixando levar pelas emoções.
— Já se esqueceu? Você não só enganou todos nós quando a quem era, como também preferiu deixar o Hiro morrer para continuar com essa farsa!
— Então é assim que você viu a situação?
— Não se faça de idiota!
Que ele esteve se escondendo até aquele momento, essa é uma verdade irrefutável. E quando a possibilidade de que o destino fosse diferente caso optasse pelo contrário? Essa é uma dúvida que o assolou por muito tempo, porém agora ele sabe que fez o melhor que estava dentro de seu alcance na hora.
Da mesma forma que foram atrás de sua mãe e sua família acabou dividida. O motivo pelo qual Aimi foi capturada naquele dia ter acabado como foi. Esse seu poder sempre atraio coisas terríveis. E é por isso que ele vai mudar esse mundo para o mesmo, não se repita e consiga viver sua vida ao máximo sem se arrepender. Vai garantir que a morte daqueles dois não tenham sido em vão.
— Nós fomos pegos de supressa em uma situação que não tínhamos como ter o controle. Aquilo estava além das nossas capacidades, mas decidimos lutar.
— Não me venha com desculpas! O Hiro morreu por sua causa!
— Que ele poderia ainda estar vivo caso tivesse usado minha magia pra valer, é algo me pergunto até hoje. Mesmo assim, isso não muda o que aconteceu.
— Ah, é? Então você tá me dizendo que ele morreu porque foi fraco!?
Kaori saca uma das pistolas da cintura a ativando no processo. Ela aponta em direção ao garoto com um brilho amarelo se acendendo no interior. É bem sutil, contudo ele consegue perceber que a mão dela está tremendo.
— A única insinuou que ele foi fraco foi você! O Hiro foi forte. Muito forte do começo ao fim e até mais do que eu.
— Então, por quê? Por que só você teve que sobreviver!?
— Porque esse é o mundo em que vivemos.
A garota então dispara. Um estrondo semelhante a um estralo de cristal muito forte ecoa pelo local. Uma linha intensa, movendo-se velozmente, rasga a atmosfera e voa até Jun que não demonstra qualquer intensão de desviar. Ele se mantém inabalável e deixa que o projétil arranhe a lateral de seu rosto.
O cabelo vermelho balança em reação ao impacto e assim, a ferida gradualmente começa a se curar. A postura da garota que empunha o objeto, então estremece.
— Não sei percebeu, mas mesmo que esteva em segurança agora. Estamos numa escola feita para preparar pessoas para o cambo de batalha e evitar que haja mais perdas como essa.
— Ter isso agora, também não muda em nada a situação! — A voz dela se torna mais instável e pequenas lágrimas passam a surgir em seus olhos.
— Isso mesmo, alguma hora todos nós vamos ter que voltar para lá, lutar contra esses monstros outra vez e então morrer. Esse é o motivo principal de Hiro não estar mais entre nós.
— Cala a boca!
Vários projéteis de aura são disparados. Um som repetitivo toma o ambiente em meio a poeira que alevanta entre o impacto daqueles que acertam o chão. A esse ponto, Kaori já estava totalmente descontrolada.
— Esse é a nossa realidade. Isso que significa ser um Zero. — Ele se vira e começa a andar deixando a garota para trás.
— Espera… Eu ainda não acabei!
Jun começou a se afastar lentamente, o som de seus passos quebrando o silêncio ao redor. Ele podia sentir o olhar de Kaori ainda sobre ele, mas não havia mais nada a ser dito. O passado estava gravado, imutável, mas o futuro ainda podia ser moldado.
Ele parou por um breve instante, sem olhar para trás, e falou com a mesma determinação que sente no fundo de seu ser:
— É por isso que eu não vou mais me esconder. Para que mais pessoas não acabem como o Hiro, e para que ninguém tenha que morrer por minha causa, como a Aimi… Eu vou mudar esse mundo por completo.
O vento frio da noite carrega suas palavras, que se mostram pairar no ar por alguns segundos. Jun sabe que aquilo não mudaria a raiva de Kaori, nem a traria para o seu lado, mas a verdade estava dita. Ele então retoma a caminhada e deixando o peso da dor para trás.
Antes de desaparecer de vista, ele adiciona em um tom quase inaudível:
— E então, aqueles momentos pacíficos que tivemos juntos antes, vão se tornar eternos de verdade.
Jun não sabe se o último comentário soou como algum tipo de deboche para ela, mas, no fundo, esse é o seu desejo mais sincero. Nesse momento, não existe mais motivos para continuar parado.
* * *
Próximo à onde está, no jardim da escola há uma fonte. Nela, a água jorra fazendo um barulho suave e reconfortante. As flores na volta balançam em meio ao vento com suas pétalas brilhando pela aura do mundo em cresceram, pássaros com corpo de energia brilham gentilmente e poucos estudantes transitam pela volta de modo casual. O céu está estrelado, ou pelo menos tem a imagem de diversos pontos luminosos borrados entre os polígonos escuros.
Jun abre o lacre de uma latinha de refrigerante e se escora contra a parede ao lado da máquina de vendas. A luz da lua bate forte nas árvores e faz a sombra das folhas serem projetadas por todo o redor. Está em um local elevado onde tem toda a vista do campus e até mesmo da muralha que divide a cidade dourada da devastada. Ele bate o pé freneticamente, sem saber direito para onde olhar enquanto aguarda as seguintes palavras que estão prestes a sair da boca de seu amigo:
— Já ouvi falar mais de uma vez em diversas situações que pode partir desse mesmo tipo de caso — coletando uma bebida da máquina, Seiji comentou. — Se utilizar a aura além do limite, a pessoa pode sofrer danos no núcleo que vai dificultar o uso da magia a partir daí. Mas também tem casos que, dependendo, consegue levar a pessoa a um coma ou até mesmo a morte.
Como esse ponto no qual a energia converge se trata mais de algo espiritual do que físico em si, até o presente tem sido muito complicado de acessá-lo para tratar problemas envolvendo o mesmo. Até onde se sabe os danos acontecem, pois o poder se cristaliza ao redor disso, assim o bloqueando.
No caso do de Rie, o dela deve ser um em que vai se desenvolvendo cada vez mais com o passar do tempo até que fique completamente bloqueado. E como não se sabe liberar isso de volta no presente, ter o seu danificado de qualquer forma se torna algo irrecuperável e até mesmo fatal.
— E pelo que você falou, o dela é um estado que vai piorando aos poucos. É como se estivesse com uma bomba-relógio dentro de si, nem imagino o desespero.
— O que aconteceu comigo, depois daquela batalha que matou o Hiro, foi algo que deixou minha aura instável ao ponto de me machucar depois de um tempo. É enlouquecedor o tanto de resultados capazes de surgir a partir de um machucado.
Obviamente, Jun não se esqueceu do que aconteceu com sua mãe. A situação dela é o perfeito exemplo de como alguém não consegue mais se manter na consciência de si, pois não há mais magia fluindo em seu corpo.
— Mas de qualquer forma, sabemos que um cura é possível — falou Seiji, antes de dar um gole em seu refrigerante. — Se o núcleo é controlado ao ponto de fazer magia que criam ou alteram a matéria das coisas, já é certeza que conseguimos o fazer o mesmo para alterar o próprio. Só falta descobrir o feitiço de cura para isso.
— Bem, também tem aquele experimento dos Ones que conseguiu chegar nele ao ponto de fazer uma mudança que torna as pessoas em bestas. Talvez com isso seja possível chegar até essa cura…
Esse projeto maligno, cujo buscava criar armas humanos extremamente fortes e ao mesmo tempo submissa de tal modo a ser controladas, foi a razão principal que gatilho todos os problemas que assombram Jun desde o passado até o presente. Até mesmo chega a ser irônico em imaginar tirar algo de positivo de uma coisa tão terrível.
Entretanto, embora haja a esperança de que consiga usar para chegar até o fim em que quer, ainda precisa descobrir um meio para saber como isso funciona. E de qualquer forma, ir atrás dessa informação significa invadir esses Ones terríveis diretamente no seu lar, ou seja, um ato mais do que suicida.
— É a primeira vez que ouço você falar tanto de uma garota, mesmo que o assunto envolvendo não seja dos mais positivos. Mas relevando essa parte, fico feliz que você finalmente encontrou alguém que gosta.
— Realmente…
Quando Jun termina de tomar o seu refrigerante, o vento sopra forte. A todo momento a culpa envolvendo seus erros anteriores sempre persistiu, frequentemente dizendo para ele desacreditar ou negar a possibilidade de algo assim, como uma voz falando de que não é merecedor, mas ele é mais forte do que isso. Já está certo quando aos seus sentimentos.
Aquela frase: “não há nada mais agradável e divertido do que fazer aquilo que gosta”, foi algo passado por sua mãe e depois reafirmado através de Aimi. Se estar ao lado de Rie é uma coisa que lhe faz bem, portanto garantir que essa garota não desapareça significa se tornar o inimigo de toda uma nação, é o que ele vai fazer. No futuro em que almeja não há um cenário que não consiga.
Nessa hora ele se viu mais uma vez entre o centro de duas realidades. Na direita uma cidade de mármore e vidro coberta por vegetação, tomada pela magia do mundo, e na sua esquerda uma escupida a ouro com a arquitetura mais chique e sofisticada, porém que não esbanja um pingo de vida. Dois lugares que nunca imaginou que pertencesse e realmente não pertence.
O lugar dele está além disso tudo. Adiante daquele falso céu, em um mundo sem limites e consiga voar até onde quiser sem se esconder, ou ser quem não é. Onde ninguém determina o destinou que o outro deve ter.
— Eu encontrei com a Kaori mais cedo. É claro que ela ficou furiosa ao me ver, mesmo assim disse o que tinha que precisava dizer pra ela.
— E com isso, qual foi a conclusão que chegou?
— Quem morreu não vai voltar, mas não significa que deixaram de existir…
— Portanto que não se esqueça, nunca vão.
Em meio aos pensamentos, foi quando ele percebeu um grupo de amigos cruzando ao longe. Dois garotos e uma garota, em que um dos meninos tem a aparência diferente dos outros. Eles andam unidos e gargalhando juntos, mesmo sendo obrigados a participar de uma escola com o único propósito é preparar seus alunos para um campo de batalha sem volta.
Embora trágico, essa é uma situação semelhante a que já esteve antes. Aquela mesma que o atormentou até então por deixar que desaparecesse.
— Pensando bem, algo que existe uma solução para esse problema levando em conta o seu caso. Mas pra isso vai precisar de um sacrifício — comentou Seiji retornando ao assunto anterior.
— Como assim? — E Jun fez essa pergunta em um misto de surpresa e confusão.
— Já se esqueceu daquilo que a gente ouviu na casa do ferreiro?
Ao escutar essas últimas palavras, um click ocorre em sua mente que o faz associar tudo de uma vez. Se trata de algo que já sugeriram fazer outra vez, mas que não considerou na hora, pois não havia motivos. Então, seria essa a consequência que ele precisa estar disposto a sofrer? Mesmo que for, está disposto a abrir mão de tudo para chegar até esse fim que deseja.
* * *