Shelter Blue Brasileira

Autor(a): rren


Volume 1

Capítulo 5.3: Antes que desapareça

Após o fim do duelo de apresentação, Rie e Jun foram liberados e agora caminhavam pela cidade, com o garoto a acompanhando até o elevador que a levaria para sua casa no subterrâneo. O som de água fluindo suavemente no ambiente local ecoava ao redor dele. No gramado, próximo à beira do rio com algumas flores rosas estavam pássaros ciscando, e se aproximando lentamente um gato branco com corpo que parecia ser feito de uma energia de mesma cor prestes a dar um bote. E assim fez, de modo que as pequenas criaturas voem devido ao susto causado pelo pulo supressa do felino.

Penas que largaram fagulhas de brilho foscas se espalham ao redor e cercam a garota com seus cabelos brancos nos quais passavam a impressão de serem fosforescentes devido aos raios solares. Essa mesma, com sua atenção completamente tomada por uma figura com mechas de escarlate estridente que contrastam com ela, mas ao mesmo tempo também combina.

— Você é realmente surpreendente. Não esperava que fosse tão rápida para conseguir reagir dos meus ataques a tempo, até parece que estaca os prevendo e os antecipando… — comentou o garoto com uma feição reflexiva.

— E foi exatamente isso você disse. — Ela ergue o dedo indicador e começa a balançá-lo em círculos — Como você praticamente não possuía técnica alguma e só usava de movimentos muito repetitivos, era extremamente fácil de antecipara todos os seus ataques, mesmo naquela velocidade doida.

— Por que isso me soou como uma crítica?

— Bem, na verdade é uma e também uma observação — Rie demonstra uma feição animada — Eu não posso dizer nada disso depois que você trocou de espada. Minha nossa, aquilo sim foi uma técnica surpreende e não consigo entender o porquê de você não ter lutado assim desde o começo.

— A outra espada tem um poder bruto que compensa demais, embora não consiga lutar com todo o meu potencial usando ela. Mais me atrapalho do que qualquer coisa, pois aquilo não combina nem um pouco com o meu tipo de luta.

— Hm, então isso mais te prejudica do que te ajuda? Interessante… De todo o modo, eu posso dar uma olhada nela?

— Ah, claro.

O garoto retira a adaga de cor escura da bainha na parte de trás da cintura, escondida por debaixo do blazer, e a entrega para Rie. Esse foi o objeto que ela teve todo aquele trabalho de recuperar (roubar) no começo do ano. Aquilo passa realmente a impressão de que irá engolir tudo que tocar, no entanto ao mesmo tempo uma certa beleza também.

Ela coloca um pouco de sua aura nela e assim a ativa transformando numa espada longa. É consideravelmente pesado, Rie nunca que conseguiria ser dar bem com uma arma dessas. Embora fosse muito lindo, evidentemente combinava mais com uma lutadora que transmitisse essa mesma aura de elegância, ao invés de um ágil espadachim.

— Parando pra ver melhor, isso não faz mesmo o seu tipo. Você ficou muito mais legal com a outra espada! — Exclamou enquanto devolvia a arma de Jun. Ela sabia que até que ele trocar naquela luta esteve se contendo o tempo todo pra não machucar ela, pois o poder que empunhava era avassalador, mas também não está mentindo ao falar que ele fica melhor com a outra.

— É mesmo? Eu até aproveitei pra combinar a aura junto da aceleração pela primeira ver. Eu gostei muito, nunca tinha conseguido me mover de forma tão livre quanto antes. — Ela falava como um típico garotinho empolgado, e Rie achava muito fofo assim — Bem, é claro que não fiz isso porque te subestimei…

— Eu ia dizer, você realmente estava sendo muito dependente só daquela habilidade. É bom que tenha outras formas de lutar além dessa.

— Também não é como se eu estivesse acostumado a lutar com a aura, recém estou experimentando isso. Antes tinha que esconder isso a todo o custo, mas isso é algo que eu jamais vou fazer de novo.

— Gosto quando você age desse jeito, sendo assim, tem que confessar que nessa hora foi um tanto desesperante pra mim. Antecipar seus movimentos se tornou muito difícil e tive que usar de recursos para diminuir sua movimentação, como usar a energia pra criar aqueles espinhos.

— Você também disparou projéteis com a magia, o que foi uma das coisas mais impressionantes que eu vi! Nem sabia que isso era possível e iria adorar se pudesse me mostrar como faz isso.

Rie deixa escapara alguns risos em reação a postura toda empolgada que Jun assumiu nesse momento. Ele era a coisa mais adorável quando estava assim.

— Até parece uma criancinha fofa agindo desse jeito… — falava com um olhar de provocação.

— Eu tenho o direito de ser assim quando vejo algo tão incrível que você consegue fazer. Rie você é garota mais fascinante que eu conheço — E para a supressa dela o garoto manteve a postura.

Ei! Isso não é justo! A atacante aqui devia ser eu!

Por um momento ela tenha que se conter para não explodir, e até mesmo disfarçar seu rosto vermelhado de Jun. Se ele continuasse a elogiar dessa forma iria ficar cada vez mais boba. Por outro lado, também estava adorando.

— Ainda assim, cristalizar a aura para usá-la como um meio de ataque e defesa não é algo bom. Só fiz isso porque aquele duelo com você era um caso à parte, pois na prática mesmo, isso causa um gasto de energia massivo.

— Bom, eu também mudei o meu jeito de lutar, pois era uma situação diferente já que não conseguiria fazer nada sem te ferir e perder por causa disso, sem bem que não adiantou mesmo assim… De todo o modo, se você conseguir dominar esse poder dos espinhos pode se tornar algo muito útil. Vai ser ainda mais incrível.

Nessa hora Rie se vê com um leve rubor nas bochechas. Ela queria gritar de alegria toda vez que ele falava algo positivo dela — não só adoraria como conseguiria passar um dia inteiro só nisso. Até chegava a sentir borboletas no estômago devido a tudo que está fazendo, de tal modo que está ficando difícil de olhá-lo diretamente sem conseguir disfarçar seu emocional atual.

— Deixando isso de lado por um momento… — Rie foge do assunto, aliás, está à beira de explodir — Cadê aquele cachecol que eu te dei? — E fala se inclinando e cutucando o peito dele com o dedo, em um gesto de provocação.

— Ué? Eu deixei guardado lá em casa.

— O que eu quero mesmo é saber, o porquê de você não estar usando ele, hein?

— Ihh, deu ruim… Então quer dizer que eu preciso dar um motivo, certo? — Jun assume uma postura pensante que faz Rie franzir as sobrancelhas, embora também quisesse deixar escapar algumas risadas pela fofura — É chamativo! — E ele dá essa justificativa falhando miseravelmente.

— É da mesma cor naturalmente chamativa do seu cabelo, então devo dizer que isso não passa de frescura, seu fresco. Daquela vez que usou ficou muito lindo.

Em reação as últimas falas da garota, Jun toma um leve susto e demonstra uma feição de dúvida e curiosidade genuína.

— Como assim? Me diga mais a respeito desse assunto, é algo que deveras me interessa — Ela diz com um olhar provocativo. Depois dessa Rie se vê motivada a entrar na mesma onda.

— Eu achei você bonito, o que têm? Não é nada demais.

— Hm… interessante. Ainda não havia percebido isso em você.

Ela dá alguns passos e fica ainda mais próxima dele. Coloca as mãos atrás das costas e se inclina em direção ao rosto do garoto e faz a seguinte pergunta:

— E qual o problema? — Fala replicando o mesmo tom de provocação dele — Uma garota está em seu direito em achar um garoto bonito. Ou agora não pode?

— Não, não… claro que não — Ele balança a mão de um lado para o outro — Muito pelo contrário, fale mais. Eu gosto.

Rie congela e se mantém sem reação pôr alguns segundos, processando as últimas falas que Jun acabara de dizer. Apesar de estar sendo surpreendida em vários aspectos, ainda não se daria por vencida.

— Olha só… Você anda sendo um tanto mais ousado hoje… — Quer ver até ele consegue ir.

— Ué? Mesma lógica que a sua, um garoto não pode gostar de ser elogiado por uma linda garota? — Ele continua a atiçando, sem mudar de postura.

Jun direciona um olhar afiado para Rie fingindo uma expressão dramática, claramente na intensão de atingi-la. A garota, por sua vez, não consegue esconder o leve rubor em suas bochechas, e ele deixa escapara um breve riso ao avistá-la assim. Sem mudar o tom e ainda com a mesma intenção de colocar lenha na fogueira, ele continua:

— Que coisa… você age o tempo todo assim comigo, mas quando faço a mesma coisa fica desse jeito, toda envergonhada. É fofo.

— Envergonhada, eu? Claro que não.  — Ela coloca a mão no peito e se mantém de cabeça erguida, claramente para esconder suas reais emoções. — Isso apenas deve ser uma impressão precipitada sua.

— E como você chegou a essa conclusão?

— Já se esqueceu? Você é muito previsível, eu consigo prever todos os seus movimentos e até mesmo ações. — Um blefe usando o assunto anterior como base.

— Você realmente acredita nisso?

— Com toda a certeza.

A última afirmação de Rie foi dita com tanta convicção que ela já acreditava que o garoto não teria mais para onde ir nesse embate. Contudo, como reação Jun a assegura pelos ombros a deixando supressa no processo e principalmente em choque completo. Seus olhos grudaram nos dele em ansiedade, e ela sequer conseguia imaginar o que estava por vir. É quando ele sela seus lábios na bochecha corada dela em um rápido beijo que então, finalmente a faz explodir internamente de vez. Um forte arrepio atinge seu corpo.

— Bem, imagino que estivesse esperando por isso, não é mesmo? — Um tom travesso estava presente na fala dele.

Essa corrente eletrizante percorre Rie dos pés até a cabeça. Seu coração começa a bater tão desenfreadamente que acredita que irá estourar a qualquer momento, e quanto sua face se torna tão vermelha como um pimentão. Enquanto suas mãos soam, ela sente uma alta onda de calor por seu corpo. O conjunto de emoções são tantas que ela não consegue controlar.

— Como não tinha te agradecido por aquele presente até então, veja isso como minha forma de te dizer muito obrigado. — Jun claramente está se divertindo com ela.

— Covarde…

Rie não consegue tolerar que dessa vez ela esteja sendo superada por ele nesse tipo de situação dessa vez. Isso era realmente muito injusto, pois a atacante da relação sempre foi ela, embora esteja também esteja adorando estar nesse lugar. Mesmo assim, não iria se dar por vencida!

— Um beijo na bochecha, hein? Esperava mais de você. — Afirmou com um olhar afiado em direção ao garoto, claramente para esconder seu interior em êxtase.

— Então você queria que fosse na boca? — Ele ergue as sobrancelhas e mostra uma feição desacreditada. Jun obviamente estava a desafiando.

— Não necessariamente, só estou ressaltando sua falta de coragem.

— Sério? O que eu vejo é são mais desculpas sendo dados por uma garotinha envergonhada. Você é fofa desse jeito.

— Desculpas? Claro que não, eu só digo verdades.

— Sei não, hein… — Ele deixa alguns risos escaparem, propositalmente.

— Cala a boca, eu vou te mostrar!

O rubor nas bochechas da garota continua a aumentar, mas ela precisa se manter forte. Agora era sua vez de mostrar para ele quem realmente não tem medo.

Rie coloca seus braços ao redor do pescoço do garoto e se aproxima ainda mais na curta distância em que ambos estavam um do outro. Ela fecha seus olhos e se inclina na ponta dos pés para deixar seu rosto junto do dele. Seus lábios se aproximam e ela passa a sentir a respiração de Jun. A esse ponto seu coração já havia saído do corpo de tanto bater. Estava certa de que iria até o fim, entretanto…

Eu não posso fazer isso, não tenho esse direito… Seria muito egoísmo e até mesmo cruel da minha parte dar esperanças para ele, sendo que ainda não sabe aquilo sobre mim…

A razão não foi o medo, mas uma culpa profunda que a atingiu. A realidade é que Rie realmente queria seguir adiante, queria dar essa passo junto dele. Seus verdadeiros desejos e sentimentos são esses, no entanto hesitou, pois seria a maior maldade de todas iludir Jun.

Até mesmo Rie queria ser iludida.

— A covarde aqui é você… — Ele murmurou em um tom impaciente.

Jun a braça pela cintura e a puxa para perto dele, onde ela tentou fugir no último momento. Seus corpos se tocam e seu peito é pressionado contra o dele, em um cenário no qual era impossível da garota escapar. E é quando suas bocas se usem fazendo-a abrir os olhos e os arregalar.

Um choque percorre seu corpo, como se uma corrente elétrica suave e poderosa ao mesmo tempo a dominasse. Por um breve instante, sua mente se torna um completo vazio, incapaz de processar qualquer coisa além da sensação dos lábios de Jun nos seus.

E instintivamente suas ires gradualmente se fecham novamente, rendendo-se àquele momento. Seus braços o envolvem com força, como se precisasse ancorar-se a ele para não se perder nessa maré de emoções que a consome. Cada segundo daquele beijo é uma descoberta, um redemoinho de sentimentos que ela jamais havia experimentado. Uma certa culpa podia estar desmoronando no interior dela, mas tudo o que importava era esse instante, o sabor do beijo dele, como ele a fazia sentir-se inteira e ao mesmo tempo vulnerável.

Ela está se afogando na intensidade do momento, adorando cada nova sensação que surge e desejando que o tempo para que pudesse viver eternamente naquele beijo. Aliás, o tempo em si se tratava do maior responsável por esse pecado que acabou de cometer, independente disso ser tudo que ela sempre quis.

— Sabe? Como eu posso dizer… — Rie o escuta falar enquanto se recupera de toda essa carga maciça que acabara de receber — Essa sua cara é a coisa mais adorável que vi hoje.

A garota o larga lentamente e abaixa a cabeça mordendo os lábios na tentativa de esconder o rubor que tomara totalmente sua face, no qual era impossível. Ela está com borboletas no estômago, mas ao mesmo tempo repleto de um constrangimento avassalador.

Rie ainda estava conseguindo processar o que acabou de ocorrer, contudo ela acabou de beija Jun! Sim, ela realmente fez isso e o pior de tudo é que adorou…

— Acho que é melhor eu ir indo… — comentou ela em um tom quase inaudível.

— Arregou, hein?

Dessa vez ela não deu ouvidos a última provocação de Jun. Apenas vai em direção às escadas semelhantes à entrada de um metrô e entra no elevador. Enquanto desce em direção ao subterrâneo, Rie se encolhe e coloca as mãos sobre a cabeça se contendo para não explodir ainda mais.

 

* * *

 

Ela debateu e chutou com força o colchão com suas pernas, cobrindo o rosto no travesseio e modo para o esconder. E não parava de agonizar de vergonhas, pelo menos há quase uma hora. O desejo é desaparecer por um momento para deixar de ter que encarar essa emoção e somente voltar quando estiver mais calma como sigo.

Continua com dificuldade para raciocinar, ou melhor, continua reprisando e reprisando infinitas vezes aquele acontecimento em sua mente. Algo que durou poucos segundos, porém o suficiente para deixá-la em um êxtase completo pelo restante do dia. E Rie tem muitas dúvidas que a impede de entender isso de fato. Ele teria lhe dado esse beijo apenas para provocá-la de volta e se divertir com sua reação? Ou teria feito porque realmente gosta? Quanto mais pensa nisso, mais doida fica.

— Controle-se mulher!

Inconformada com os barulhos contínuos ocasionados pelo descontrole emocional da irmão, Chie deu esse sinal para que se acalme. Estava mais pra uma ameaça.

— E não era isso que você queria? Passou os últimos dias sendo insuportável não parando de falar dele e agora que o garoto toma alguma atitude, vai ficar choramingando aí? Recomponha-se!

— Mas… Eu… Eu não sei o que fazer!

As duas estão no quarto em que elas dividem uma com a outra desde a infância. Enquanto o lado de Rie se encontra numa bagunça, com roupas espalhadas e jogadas por só ter se trocado e se atirado na cama devido a esse caos interno, o de Chie estava na mais perfeita organização. E nesse instante uma esperneia sem parar, enquanto a outra tenta estudar incessantemente, ainda sem sucesso, sentada em frente a sua escrivaninha.

— Apenas se atraca! Essa é uma oportunidade única que você não pode perder de forma alguma! — Afirma Chie apontando o dedo. No fundo a garota de cabelos rosas só queria arranjar um jeito para a outra ficar quieta.

— E seu eu for recusada? Ou pior… E se ele me ver com uma piada?

— Sinceramente, não sei se isso é um efeito colateral desse seu pânico aí, mas o garoto não iria te beijar apenas para fazer graça, sua idiota!

— É que fiquei tanto tempo só de provocação que imaginei que continuaria assim por mais um tempo. Não esperava que ele fosse fazer algo tão rápido…

— No meu ponto de vista não. Definitivamente não. — Um certo tom de indignação estava presente na voz de Chie. — Vocês sempre tiveram a cara de ser aquele tipo de casal que quando percebem, já estão namorando sem que nem um dos dois tenha se confessado.

No momento Chie estava sem a sua boina, e Rie descalça usando somente o vestido preto habitual por cima da camisa branca com colarinho do colégio. Ela agora olha para a irmã abraça no travesseiro escondendo um beiço por detrás do mesmo.

— Ei!? Não tire esse tipo de conclusão da gente! Nós não somos assim… ainda…

— Ver você aí sofrendo por amor é uma das cenas mais lamentáveis que pude presenciar até então… E ainda mais porque é por besteira! Por favor, né? O garoto está sendo o mais na sua que pode.

— Eu não estou sofrendo!

— Aí, aí… — Chie coloca a mão na testa e balança a cabeça. — É agoniante pra mim te ver nessa situação e ainda agindo dessa forma… Poxa, eu sou a mais velha e você já encontrou alguém, não é justo.

— Vai dar uma de ciumenta agora, é? Sai pra lá, xô, xô! — Rie faz um gesto abalando a mão.

— Vira essa mão pra outro lado, a transtornada aqui é você — Chie dá de ombros e franze os olhos.

— Eu não estou transtornada! — A garota de cabelos brancos contesta, mas foi uma questão de segundos para perceber que caiu numa provocação da outra.

— Certo, minha linda… certo… — E a sapeca deixa escapar alguns risos — Veja por outro lado também, essa pode ser a entrada para uma nova fase na sua vida. É capaz de até mesmo servir como uma chance para continuar investindo mais no seu visual e chamar mais atenção. Aquele garoto, com certeza, vai ficar ainda mais gamado por você.

— Como assim?

— Ué? Como está deixando seu cabelo ficar maior, já que deixou ele crescer além dos ombros, pensei que essa era a sua intenção.

A realidade era que Rie apenas havia se esquecido de ir cortar. Contudo, essa possibilidade que Chie comentou se tratava se uma que nunca considerou até então. Sempre manteve seu cabelo curto desde criança, nunca o deixando tocar os ombros. Ela estava tão preocupada com outros assuntos que não percebeu até então o maior tamanho dele. Talvez fosse interessante mudar.

Seria interessante ela dar adeus de vez mais sua antiga eu e seguir adiantemos. Ser a garota que conseguirá fazer que os outros escutem suas canções. Finalmente prestando para algo e deixar de ficar parada desperdiçando sua vida.

— Ou não é isso que você quer? — A garota de cabelos rosas falou, começando a ficar entediada.

— É claro que sim! Isso tudo é algo muito novo pra mim, que jamais tive ou senti antes, mas que quero ir com tudo até o fim… Mesmo assim, eu não posso. Não tenho tempo pra isso.

— Hm… Agora eu finalmente entendi o motivo de todo esse seu alvoroço…

E ao som dessa última fala, o clima do ambiente instantaneamente se torna pesado. Em reação por perceber que Chie descobriu os reais motivos de seu drama, Rie mais uma vez escondeu sua face atrás do travesseiro.

— Eu já disse que a gente vai dar um jeito nisso. Vou fazer isso por você… — Na voz da mais velha estava uma angústia evidente.

— Mas essa é a realidade. Querer ficar com alguém, ainda é algo muito egoísta e cruel da minha parte com a pessoa. Não tenho esse direito.

 

* * *



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