Shelter Blue Brasileira

Autor(a): rren


Volume 1

Capítulo 4.4: Dias eternos

Um olhar da cor do sangue expressando o mais puro nojo, foi lançado contra eles. Aquela figura escrota, que agora usava um tapa olho no lado direito, então falou com uma voz de desprezo:

— Ao norte da cidade, há uma ninhada impedindo a nossa paz de prosseguir. Quero que exterminem cada um deles, sem deixar que sobre um mínimo resquício. Caso contrário, sabem muito bem o que vou fazer com vocês — Uma ordem seguida de uma ameaça sem um pingo de emoção na entonação.

Jun já estava mais do que acostumado a ouvir coisas assim desse homem, ao ponto de que já não se importava mais. Apenas queria terminar com sua obrigação de uma vez e assim retornar aos seus momentos de calmaria. Então, virando as costas para o tal major, sem ligar para o que ele fosse achar, o grupo se deslocou até a área da missão.

Tratava-se de uma praia com rochas onde batia as águas do mar. Ao redor, as clássicas árvores roxas. Contudo, espalhados por aquela região lá estavam as criaturas.

Bestas que se assemelhavam a cachorros, com os membros da frente mais longos do que os anteriores. Não tinham olhos e possuíam uma longa mandíbula em que um sorriso sanguinário estava estampado. A pele preta, ejaculava algum tipo de energia, e era revestida por partes de tipo de cristais que formam espinhos.

Haviam duas matilhas em áreas separadas nesta região de modo que exigiria o grupo se dividirem para dar conta de ambas, caso contrário a outra delas poderia invadir a cidade enquanto exterminam uma. Jun e Hiro eram responsáveis pelo lado oeste da praia, onde era separado por uma grande parede feita de amontoados de pedras, quanto Seiji, Aimi e Kaori se encontravam no leste. Tinham um objetivo claro: matar todos esses seres sem deixar rastros. De qualquer forma a dificuldade era mínima, pois eram apenas filhotes inofensivos.

Portanto, a dupla mais ágil da equipe partiu em investida contra o inimigo. Os cães com espinhos pularam contra eles, em reação. No entanto, Hiro estoca o primeiro com uma das adagas e decapita o segundo com a outra. Jun acelera e usa uma arranca simples sem deixar rastros de aura, obviamente, e em movimentos giratórios desenhava rasgos nos crista de modo que atravessava a pele.

Com pulos ele desvia de mordidas e contra-ataca com corte no meio das ações do inimigo. Seu companheiro concentra a energia magenta nas armas e shows de luzes eram traçados na atmosfera. Assim, uma por uma caia em sequência até que todas fossem completamente abatidas. E como o esperado, não chegaram a ser uma ameaça. Foram derrotadas com extrema facilmente.

— Boa! — exclamou Hiro ao bater a palma com Jun.

— Mas tem algo estranho, você não acha?

— Pois é… Elas estão demorando para começarem a se dissolverem.

— Só por precaução, acho bom dar um último golpe em cada uma delas.

— Com certeza.

Então, como se tivessem previsto o que estavam prestes a fazer, os corpos das bestas nos quais se mostravam ser de meras criaturas mortas se movem, no entanto sem chegar a se alevantar. Para a surpresa e confusão deles, aquelas coisas se deformaram até perder a forma e a se rastejavam pela superfície como um amontoado de carne viva. E então se juntaram em uma coisa só.

Gradualmente uma silhueta vai se formando. Um ser de uns três metros de altura, com garras imensas e lâminas do mesmo comprimento dos braços que saíam dos cotovelos. E na face, dois cristais pontiagudos que saiam da cavidade dos olhos, como se tivessem rasgado o próprio crânio, enquanto a mandíbula era costurada pela própria carne e se rasgava ao tentar abrir.

— Ok, agora é sério, você não vai pode mais depender apenas da força causada pela sua velocidade. Vai precisar usar ataques de aura carregados.

— Não é uma questão de eu não querer usar por votante própria.

— Então você prefere que aquilo tenha chance de matar a gente?

— É claro que não! Mesmo assim…

Ele tinha motivos claros para esconder seu poder por tantos anos, porém ainda não deve cogitar revelá-lo mesmo nessa situação, portanto Jun apenas decide se manter em silêncio e agir. Ao dar um dash com a trajetória circular, ele para nas costas da criatura, acelera e dá o primeiro golpe. Ao ver que toda a atenção do ser estava voltada para o garoto de cabelos vermelhos, com as adagas jorrando energia, Hiro dá início a uma sequência de múltiplos ataques.

Em um emaranhado de linhas reluzente sendo traçadas de todas as direções o corpo do monstro é fatiado freneticamente. Conforme o sangue jorra o monstro solta gritos ensurdecedores, tão distorcidos de modo a serem capazes de aterrorizar qualquer um, no entanto Hiro não era esse tipo de pessoa. Não importava se fosse sólido ou líquido, tudo em que sua lâmina encontrava era dilacerado e transformado em brasas e vapor. E as ondas de choque aumentavam cadenciadamente e se misturavam em um turbilhão de ondas de impacto.

Contudo, em um ato de fúria repentino, contorcendo seu corpo da forma mais aterrorizante possível, aquilo gira a sua cabeça sem quebrar o seu pescoço e a estica abrindo a mandíbula em direção ao garoto de cabelos castanhos.  Criando uma forte pressão na atmosfera a besta fecha a boca e então devora tudo adiante de si. Hiro foi partido ao meio, o pelo menos foi o que inimigo esperava ter feito, pois em meio a uma arrancada Jun voa para o alto e dispara em queda e crava sua espada na cabeça da mesma em um impacto potente explodindo a mesma, assim permitindo que o seu aliado consiga escapar.

— Não se apressa tanto que isso pode te pega desprevenido — Jun comentou enquanto entrava em postura de combate ao final de sua última ação, sem abaixar sua guarda.

— Eu sei… foi erro meu. Acabei me animando um pouco com o estrago que estava conseguindo fazer — E Hiro também entra na postura para atacar, olhando aquele rosto medonho que se reconstruiu em segundos.

Como se fosse um elástico vivo o braço da criatura se estende de modo que se apresenta como um barbante prestes a se partir. As garras tentam arranhar os garotos, mas em movimentos ágeis eles desviam com maestria. Jun aproveita a oportunidade e disfere um golpe com sua espada para partir o membro em dois, porém a peles apenas se deforma e é empurrada contra o fio sem demonstra um mínimo sinal de que fora arranhada.

Aquilo, então é puxada de volta em direção a dono com uma força extrema. No entanto, foi só nesse momento que finalmente conseguiram descobrir qual era função naquilo da articulação da criatura. Chegava ser surpreendente que tal mecanismo pudesse existir, vindo de um existência tão selvagem. A lâmina que saia dos cotovelos retornavam contra Jun como se fossem uma foice.

Ele acelera e sente toda a sobrecarga de energia percorrer pelo seu corpo de forma intensa. Indo ao limite do possível onde seu corpo conseguia aguentar chegar em poucos instantes, o jovem de cabelos vermelhos usa uma arrancada. E então somente o som de uma explosão de impacto é escutado. Aquela corrente de força o golpeia em cheio e faz com que saia voando, assim caindo e se debatendo contra o solo de forma lamentável a arma que até então empunhava.

Tinha conseguido escapar do ataque letal, mas agora estando de mãos vazias e totalmente vulnerável. O braço da besta ricocheteia e causa um barulho de estralo ao retornar para o tamanho original. A distância em que seu equipamento se encontrava no instante era considerável para que fosse recuperar sem a ameaça agisse antes, precisava de alguma distração.

— Hiro, tenta manter o monstro ocupado até eu pegar uma espada de volta. Não deve demorar, só alguns segundos — comentou começado a se mover em simultâneo.

— Tudo bem! — exclamou o garoto de olhos magenta, bloqueando na mesma hora um ataque do oponente com suas duas adagas.

Usando dos membros como chicotes a bestas tentava esmagar Hiro com todos os meios que conseguia, contudo ele a superava em tudo. Embora utilize de um reforço físico comum, seus movimento são ágeis e precisos, e o mesmo deve ser dito para os seus ataques, uma vez que são capazes de criar rasgos por mais que aquela pele tão fina como uma corda ainda não consiga ser partida.

Entretanto, foi quando algo inesperado ocorreu. Com o comprimento outra vez retornando ao tamanho original a aberração dá um grito. No começo aparentava ser apenas para intimar, mas logo se mostrou ser uma mera impressão, pois isso se tratava de um sinal do que estava por vir. As lâminas que saiam de suas acusações crescem e se tornam drasticamente maiores e afiadas.

Ignorando completamente a lógica de que um possível esqueleto pudesse existir no interior, aquilo se estica. Contudo em uma rajada como se fosse um tiro de canhão em que, ao invés de seguir em linha reta giram como uma navalha feroz com corpo coberto por uma energia sombria se contorcendo de forma horrenda.

O garoto com o rabo de cavalo então se depara com um ataque eminente. Jun no desespero ao coletar sua arma de volta, dispara sem pensar. Talvez fosse pela emoção, ou quem sabe devido a única vontade de alcançar seu amigo antes que o pior acontecesse, mas deixou que um pequeno rastro prateado fosse deixado no ar.

E avançou, avançou como numa antes. Nessas frações de segundos ele só desejavam alcançar aquela linha de carne e acertá-la para que o movimento parecesse. Ainda assim, independente do quando almejasse, ele não foi rápido o bastante. Deixou que aquilo chegasse até Hiro e causasse uma forte rajada de uma potência que faz toda a terra tremer a partir o que existia adiante de forma avassaladora.

Um grande dados é causado a parede de pedra que dividia a praia, e partes são arrematadas por todos os lados. O garoto que estava na área do ataque então é visto voam pelos ares. Jun simplesmente congelou perante a cena a sua frente. Hiro que até então se mostrava estar dominando a batalha contra o monstro havia conseguido escapar da rajada com um salto espetacular.

Os movimentos em círculo dos braços então cessam ao um deles ficar preso entre as rochas. A besta que tinha seu dorso fazendo um formato de espiral com seus espinhos de cristais espalhados, retornam ao formato normal. Hiro aterrissa e então encara o oponente que lhe devolve um sorriso deformado e sanguinário, demonstrando toda sua fúria presente.

Entretanto ao esse ponto o destino dessa batalha já estava definido. Não havia como essa criatura superar os dois de forma alguma. Ambos partem em arrancada contra o inimigo em simultâneo com suas armas preparadas para fatiá-los até deixar de existir, desse modo com as adagas duplas desenhando milhares de linhas freneticamente, e Jun preparando uma estocada em linear vindo em que do ar ao pular.

A questão era que esqueceram de um fator crucial nessa sequência de ataques. O braço esticado ainda se matinha travado entre a própria destruição que causara e eventualmente iria retornar ao seu comprimento normal. Então, foi exatamente isso que ocorreu. Uma foice capaz de dilacerar qualquer coisa em meio sua trajetória, foi disparada contra Hiro em seu retorno.

Em uma ação extremamente veloz, o garoto de cabelos castanhos dá uma cambalhota no ares para trás e outra vez escapa com precisão do golpe que se mostrava ser inevitável. Todavia, para sua supressa, antes memos que seus pés possam tocar o chão é recebido por uma navalha que gira furiosamente na sua direção.

Só que nessa hora a besta não esperava que seria recebia por uma rajada avassaladora, bem em cheio na sua cabeça. Com sua espada, Jun causa um impacto que atravessa todo o corpo do inimigo até chegar ao solo criando uma cratera e fazendo com que uma forte onda pressão se propague no ar. O sangue então cobre a sua visão.

No entanto, o líquido não vinha da posição onde estava. Tudo que ele acertou foi empurrado para os lados, mas o vermelho que enxergava voava para cima.

A única coisa que ele pensou no momento foi em acelerar. Avançar contra aquilo e então atravessar a parede molhada que bloqueava tudo a sua frente. É o que ele faz, e nem percebe que deixa de conter a aura no seu interior permitindo que comece a vazar. Ele só queria olhar para a cara do seu amigo.

Queria se deparar com seu amigo em uma postura convencida, já se preparando de vez para finalizar o núcleo sólido da besta que agora passaria a se regenerar lentamente. Precisava ver as suas ires imbuídas por uma luz magenta vivida, junto de um par de adagas tomadas pela mesma, prestes a cortar qualquer coisa que venha encontrar. Tocar nele e sentir o calor causado devido a árdua batalha e se certificar que estava dando tudo de si.

Portanto ele estendeu a mão e fez com que todo o sangue se dissipasse graças ao poder intenso que escapava dele. Assim, ele finalmente encosta em seu companheiro.

— Então é por isso que você… — comentou o jovem com o rabo de cavalo ao avistar Jun com a energia de coloração incomum ao seu redor.

O tato causado pelo toque se tratava se um muito gélido.

— Hiro! Hiro! — Jun gritou e então paralisou, sentindo aquilo se tornando cada vez mais e mais frio ao ponto de descongelar.

Ele cai contra o chão e se depara com uma poça fervente que começava a se expandir e chegar aos seus dedos, aliás não tinha mais no que se sustentar. Foi junto de seu aliado ao ser derrubado com o tronco contra o chão do modo mais ridículo possível. Era vergonhoso, pois caiu como se fosse um saco de lixo imundo ao ser arremessado e se espatifar de forma cómica.

A situação não podia ser descria de outro modo a não ser “lamentável”. O olhar de Jun arregalado e no total choque de uma paralisia que removia todas as forças para movimentar um musculo sequer, só intensificava tudo. E diante de si estava o outro, atirado de um jeito sofrível, ou pelo menos parte dele. Ao outra metade que constituía da sua cintura para baixo estava espatifada próxima as águas do mar.

 A pele de Hiro estava pálida o bastante para não haver mais cor. Nas ires deles, já não havia cor alguma. Apenas um vazio profundo e sem cor. Mesmo assim, o desejo dentro dele ainda ansiava para continuar.

— A besta… eu preciso… a besta… se não…

Sua voz se tornava mais baixa, gradualmente. Mas ele não perdia a sua motivação. Jun conseguia entender muito bem o que ele suplicava, aliás, ouviu isso dele milhares de vezes. Esse garoto ainda almejava lutar. Ele queria derrotar aquilo para que sua família não tivesse consequências no futuro. Hiro recém estava conseguindo tirar sua mãe da situação miserável que se encontrava. Portanto, precisava matar o monstro para que pudesse continuar e mudar sua realidade.

Contudo, agora ele sequer podia se mexer… Não passava mais do que uma presença miserável atualmente. Algo sem qualquer valor, ou capacidade de realizar uma mínima ação. Era a perfeita definição de um Zero.

E Jun sempre teve o poder para protegê-lo, para impedir que isso ocorresse. Se tivesse usado a aura desde o início, seu amigo não estaria assim, eles facilmente teriam eliminado a besta rapidamente. E mesmo assim não fez.

— Eu tenho que…

O som, então sumiu sem deixar nada a mais além do silêncio.

— Hiro…? Ei, Hiro!? Fala alguma coisa! Me diz algo, droga! Hiro! Hiro… Hiro…

E nem uma resposta pode ser escutada. Somente um forte rugido ao fundo em meio a passos que faziam a terra tremer tornando-se cada vez mais pesados, rápidos e descontrolados. A besta novamente recuperada já corria em sua direção.

Jun larga o corpo, pega sua espada e se levanta. Uma primeira gota de sangue escorre pela sua mão e cai até a superfície se espalhando. E assim, uma segunda descendo lentamente continuar a pingar. Uma sobrecarga de energia percorre por todo o seu corpo, linhas prateadas são expulsas do mesmo, e ele dá um passo virando-se agora para a sua presa.

Ele concentra a energia outra vez e repete sem parar. Uma dor imensa o retalha por dentro. E entre a sobrecarga e os milhões de fluxos de poder que passam, se cria uma dentro da mesma. Aura jorra em um jato arranhando a sua pele. A cor prateada, então se rasga em partículas abstratas continuamente devido a intensidade, assim fazendo com que cortes sejam feitos na sua pele expelindo sangue, mas que rapidamente se tornam vapor.

Então, dá um segundo passo e parte em arrancada ultrapassando uma barreira invisível. Para na frente da besta e com um único corpo arranca o seu braço o fazendo se fragmentar onde fora tocado. E finalmente o som de um forte estrondo pode ser escutado.

O membro, ou pelo menos o que restou dele, aparentando possuir vida própria se estica e volta a grudar no corpo no mesmo segundo. Ela o estica e tenta o arranhar com suas garras, mas o garoto apenas se inclina de leve e deixa que o ataque passa num disparo intenso. Contundo, obviamente iria retornar com uma força elástica em instantes para fatiá-lo como Hiro usando daquela lâmina como uma foice.

Jun se mantém imóvel e sem ao menos indicar que iria olhar para o ataque eminente ele estende sua mão vazia. Ele então agarra o objeto afiado que crescia a partir da articulação, ou pelo menos foi o que mostrou tentar realizar. A pressão causada devido a alta velocidade de seu movimente fez com que aquilo fosse dilacerado de tal modo que parecesse ser líquido, sem que esquecer chegasse a encostar;

A criatura grita de dor e move-se freneticamente, fazendo o movimento giratório de antes com o braço restante, na sequência. Contudo, antes que sequer pudesse completar a circunferência, Jun a contorna até as costas e com um corte horizontal, fatia o inimigo ao meio. Um arco de energia se propaga pelo local e derruba a parede de pedras.

A energia jorra fazendo seu cabelo e jaqueta do uniforme balançarem em um ritmo frenético. Ele continua dilacerado o monstro pela metade repetidas e repetidas vezes, escuta cada grito de dor e continua para que eles não terminem nunca. E quando se cansou, cravou a espada no crânio daquilo e concentrou a energia de modo que ficassem incandescente. Jun fazia questão que o interior daquilo fosse torrado de dentro pra fora lentamente e não importava se tentasse reagir, a aura que o rodeava destruía tudo o que tentava o tocar.

Ela faz com que toda a carne dessa aberração explora em milésimos e, como o esperado a besta se regenera na mesma hora e parte para contra-atacar. Porém antes que as garras chegassem a alcançar o garoto, ele se move a retalha com a sua lâmina. Linhas de energia são desenhadas, atravessam a pele do ser e continuam avançando, rasgando o chão e criando ondas no mar adiante.

A dor em seu peito causada pela aceleração era insuportável, porém ele não pararia até que não, sobram quaisquer pedaços dessa aberração. Portanto, a finalizaria de uma vez com esse último golpe.

Puxa o braço para trás e aponta a espada para o peito da besta. O metal é preenchido por um brilho reluzente numa mistura de prata e carmesim. A luz envolve sua ires com força, parte num dash em disparada e perfura aquilo no meio. Empurra com a mão para o alto e usando suas últimas forças, faz com que uma rajada de poder suba e atravesse o céu quebrando o vidro abaixo do que se regenera em segundos, se espalhando numa espiral no final.

— Me desculpa — fala para Hiro, mesmo que não pudesse mais escutá-lo. E então cai contra o chão, perdendo a consciência graças ao uso nocivo da habilidade, em meio a cacos de escuridão que se dissolveram no ar.

 

* * *

 

Havia uma brisa agradável no local, junto com um aroma bastante artificial. Foram essas as primeiras informações que Jun conseguiu processar ao acordar. Agora, precisava descobrir onde se encontrava.

Tratava-se de um quarto de hospital. As janelas tinham cortinas de um verde bem clarinho e, no momento, estavam abertas. Em um dos lados, havia um suporte com soro, ao qual estava ligado no seu braço. E no outro, lá estava uma figura conhecida, sua avó, que logo abriu a boca ao percebê-lo acordado:

— Então, enfim, você acordou…

— O que aconteceu? Por que estou aqui?

— Pelos danos causados na última batalha, não bastou apenas usar magia para curá-lo. Portanto, trouxemos você para cá.

De fato, na sua última luta, ele acabou passando dos limites. Por causa da emoção momentânea, perdeu a cabeça e usou algo além de suas capacidades, o que não deveria ter feito em hipótese alguma.

— E o Hiro!? — exclamou, sem ao menos pensar.

— Infelizmente, acabou morrendo em combate…

O choque causado por essas palavras o paralisou durante alguns segundos. Mesmo tendo visto o amigo naquela situação terminal, de alguma forma, ainda restava a esperança de que talvez… Mas, é claro que não.

— Você acabou recorrendo a uma aceleração dupla para enfrentar a besta, não é mesmo? — Havia um ar de decepção na voz dela.

— Sim. Eu acabei fazendo isso.

— Meu Deus… Por quê? Eu tinha dito para você jamais usar isso, independente da situação. Tem noção da consequência que esse ato causou para você? — Em suas palavras, existia uma certa dor.

Acelerar enquanto está sob o efeito da habilidade causa uma sobrecarga. Ao realizar isso, a velocidade, os reflexos e a agilidade são dobrados, porém, cria-se um fluxo de energia tão alto que parte a película que dá coloração à aura de One, enquanto retalha o usuário por dentro. Os danos deixados após o uso sempre eram consideráveis.

— Você teve muita sorte dessa vez, mas, claramente, restaram sequelas. Seu núcleo de aura acabou sofrendo um pequeno dano, contudo, irrecuperável. É muito provável que, após uma certa quantidade de tempo, a energia comece a machucá-lo ao acelerar.

Então quer dizer que, a partir de agora, ele teria um limite de tempo para usar seu único e maior trunfo? Seria esse o preço por deixar seu amigo morrer? Ele não queria acreditar.

— Não é um estado que vai levá-lo a um coma ou, no pior dos casos, à morte; ainda poderá lutar. Mesmo assim, não será mais tão fácil aprimorar a técnica como antes. Será um processo extremamente lento.

E, junto disso, ele também teria algo que o impediria de se tornar mais forte. Jun conseguiria alcançar todo aquele poder que obteve por instantes e que o levou a esse estado, com todas as limitações atuais? Ou quem sabe, talvez isso seja apenas o merecido.

— Bem, esta é a última vez que vou te avisar quanto a esse assunto. Se continuar a fazer uma aceleração dupla outras vezes, os danos só irá piorar cada vez mais até que uma hora você vai morrer ao realizar o ato.

 

* * *



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