Shelter Blue Brasileira

Autor(a): rren


Volume 1

Capítulo 4.1: Dias eternos

Quando foi que ele começou a escutar música? De fato, já não se lembrava mais. Desde o começo isso sempre esteve tão presente na vida que, de certo modo, não seria inacreditável de cogitar que tenha sido desde o nascimento. E agora, o que lhe restava era a mera memória de uma linda melodia em que sua beleza foi esvaída de vez.

Foi tudo tão rápido, de forma brusca e repentina que mal pode processar todos os acontecimentos. Talvez ele jamais consiga ser capaz de acompanhar sequências de coisas tão velozes como foram essas. No momento, Jun tratava-se somente de um garoto de doze anos, abandonado pela mãe e mandado para um lugar muito distante por seu pai para viver com alguém que sequer conhecia.

E em meio a todo esse medo e insegurança — como lâminas que não paravam de atravessá-lo sem parar —, ele continuou escutando as canções nos seus fones de ouvido tão queridos. Tentando buscar por aquelas alegres lembranças que uma vez lhe trouxeram paz, porém sua mente não parava de ser atormentada por uma bagunça de pensamentos e emoções que o fazia segurar com força ao ponto de amaçar o suporte de metal acima de sua cabeça se fosse capaz. Desejava por respostas, mas não tinha como obtê-las.

Entretanto, foi nesse instante que algo tomou sua atenção por completo.

Nesse trem-bala que se movia por túneis que cruzavam o subterrâneo, tão rápido de modo que sequer dava para entender o que tinha do lado de fora quando raramente saía, foi possível avistar algo por alguns minutos; uma vista do oceano. Tal imensidão que nunca havia presenciado antes para valer, embora também estivesse presente na sua cidade natal. A diferença era que não possuía uma parede poligonal o cortando logo no início.

Contudo, esse aqui possuía um fenômeno de tamanha raridade que dessa vez de fato jamais teve alguma ideia de como era pessoalmente. Se não estava enganado, arco-íris era o nome desse fenômeno. Algo que o aqueceu de uma vez só, trazendo para seu mundo atual se tornava cada vez mais acinzentado, cores sem fim lhe dando uma sensação de vida que imaginou ter se apagado quando foi enviado para cá.

E então, repentinamente acabou, ao chegar na estação. Ele suspirou e saiu lentamente do trem, angustiando o que estava por vir.

— Por que está me olhando atravessado?

— Eu não conheço você. Estou averiguando se posso confiar.

Uma mulher com cabelo vermelho, dividido ao meio com duas mechas longas na lateral e preso atrás por um rabo de cavalo. Aparentava estar na casa dos quarenta anos, ou pelo menos estar no meio dela. Nem dava para se imaginar que essa pessoa, Miyako Asano, se tratava da sua avó de lado paterno. Só sabe que de fato é essa pessoa, pois recebeu uma foto antes de vir para esse lugar. E também não é como se retratos de família fossem inexistentes na sua casa e já tinha vindo visitá-la muito era muito pequeno, desconsiderando a falta de lembranças dessa época por muito novo.

Ele ainda lembra que alguma vez ouviu falar se sua mãe a necessidade de antigamente ser extremamente comum que os zeros tivessem filhos muito jovens, mas que felizmente isso tem se tornado cada vez menos necessário na atualidade. Ao completarem os dezesseis anos era quase obrigatório arranjar um parceiro e formar uma família antes que fosse tarde demais. Indo pro campo de batalha, muito provavelmente morreriam uma hora ou outra. Como a aura dificultou o nascimento de novo bebés, assim sendo necessário insistir diversas vezes até dar certo, surgiu uma pressa para descendentes. Jun não entendia grande parte do que isso significava, porém acreditava que esse devia ser o caso dela.

— Vê como você fala com a sua avó, moleque! — disse ela batendo na cabeça dele com a lateral da mão em simultâneo.

— Ai! Ai!

— Até que você possa se proteger por conta própria, vai ficar sob a minha guarda. Então, caso queria ter uma vida agradável terá que aprender a se comportar.

— Fala a velha que agride os mais jovens…

— Ah!? Eu ouvi alguma coisa!?

— Como assim? Minha boca se manteve fechada a todo momento. Acho que você já deve estar ficando gagá, só pode.

E a cabeça de Jun, no mesmo instante, foi golpeada por uma segunda rajada de impacto. Após isso, foi levado para fora da estação e começou a andar pela cidade com aquele indivíduo agressivo.

Estava fascinado com tudo que olhava ao redor, pois era completamente diferente de onde veio. As casas eram feitas de um material translucido que lembra cristais, mas que não é possível de se ver através deles, em uma arquitetura onde eram esticados como se cada construção fosse uma minitorre. Próximo as praias, havia palmeiras e coqueiros, árvores inexistentes no seu antigo lar. O ambiente inteiro tinha um ar tropical.

Outro detalhe muito notável era que todo o lugar foi feito em cima de imensas ilhas voadoras nas quais de mostravam que faziam parte de uma montanha colossal antigamente, mas que agora é interligada por cenas de pontes. A cidade ia afinando conforme mas alto estava e se fosse comparar com seu antigo lar, era quase certeza que os Ones ficavam na parte mais alta. E também se destacava pelas árvores e outros tipos de vegetações constituídas unicamente de folhas roxas, num tom muito vibrante.

Contudo, ainda sem conseguir deixar a paisagem de lado por um momento, ainda possuía um detalhe muito surpreendente que se assemelhava ao seu local de origem. Embora a grande parte fique em pedaços de solos flutuantes era repleto de rios e cascatas, que umas deixavam a água cair e outra subir. Jun e sua avó não saíram um único momento da superfície de verdade, mas atravessavam por todo esse ambiente num barco que funcionava como um táxi.

No ponto mais alto em que já começava a sumir no horizonte certas ilha passavam a ter muralhas rodeando suas cidades, esse que devia servir para dividir a humanidade das suas armas abaixo dela. E com apenas a sua silhueta sendo visível de onde se encontrava, lá estava a torre que tocava o falso céu de vidro mais amplo e vertical do que estava acostumado. Essa, no entanto se diferenciava um pouco da que conhecia, pois não possuía dois anéis, mas duas pontas que se ramificaram a partir do centro da estrutura.

— Chegamos, vê se acorda moleque! — disse a avó dando um tapinha nas costas do neto, avoado com tudo que observava à sua volta.

Ela paga a passagem para o dono do barco e os dois começam a andar. Aquele cenário típico que viam até então diminuía gradualmente conforme se distanciaram. As árvores roxas ainda estavam presentes, contudo devido a calçada de pedras que caminhavam só dava para vê-las junto de campos na volta. Estava indo para uma região distante da cidade.

Foi quando pararam em frente ao que se mostrava ser uma casa ao lado de algum tipo de dojo. E de lá, como se estivessem esperando ansiosamente a cada segundo, duas crianças vieram correndo da entrada.

— Seja bem-vinda, senhorita Miyako — O garoto falou educadamente.

— O Seiji quase botou fogo na casa toda com aquela frescura, de novo! — E a garota disse em um tom de revolta.

— Ei! Você tinha dito que não ia dizer nada!

Um moleque de óculos com cabelo num azul de tom escuro e olhos violetas, acompanhado de uma moça com cabelo longo de cor púrpura e olhos verdes. Os dois possuíam pele de coloração levemente mais escura e aparentavam ter quase a mesma idade que a de Jun.

— Tá, mas nada chegou a pegar fogo, não é mesmo? — perguntou a senhora com uma feição assustadoramente ameaçadora.

— É claro que não. Obviamente, eu consegui impedir esse idiota a tempo. Mesmo assim, acho que você devia dar uma punição a ele.

— Hmm… Se nada foi destruído, então está tudo bem — E a mais velha soltou um suspiro.

Jun rapidamente tentou processar o que acabara de presenciar, um tanto desacreditado. Ela, realmente só iria deixar essa situação que poderia ocasionar risco a alguém, passar? Essa mesma que por nada lhe deu uma duas porradas na cabeça de graça? Não fazia o menor sentido. Isso era injusto.

— Deixando esse problema insignificante de lado, quem é esse daí? — perguntou o quatro olhos apontando o dedo para Jun.

E a garota, em reação a essa atitude debochada e despreocupada fechou os punhos e acertou a nuca dele numa rajada.

Será que tomo mundo aqui é violento dessas forma?

— Isso aqui é a cria daquele meu filho imprestável que nunca vem ver a mãe. Ou seja, meu neto. A partir de agora ele vai viver junto conosco. Ele será o irmãozinho caçula de vocês, de consideração é claro.

— Ei!? Que história é essa!? — Jun levanta a voz — Saiba que eu já tenho um irmão. Eu só tenho que descobrir o que aconteceu com a minha mãe que vou voltar para lá o quanto antes. Aqui não é a minha casa.

— Ai, ai… Quando é que você vai se tocar que não tem mais a sua mãe? E também, que aquilo que chama de irmão provavelmente nunca mais vai querer saber de você?

— Cala a sua boca!

— Hein!? O que foi você disse, moleque!? — A mesma face amedrontadora brotou nela outra vez, no entanto para Jun isso não significava nada.

— Eu mandei você calar a boca, não ouviu? É surda, ou quer que eu desenhe para entender?

E ao som dessa fala nesse instante, todos ficaram no mais completo silêncio. A única coisa que pode se escutar foi o som do tapa que Jun tomara na cara em cheio ecoar pelo ar. Entretanto, a responsável por essa ação por mais inesperada que seja não foi a senhora Miyako, mas a dona da seguinte fala:

— Quem devia calar a boca é você! — Aquela garota de cabelos púrpura com uma expressão de indignação, exclamou.

Na hora, Jun não conseguiu entender o porquê dela ter feito isso e principalmente dessa reação. Não havia lógica alguma, pois ela sequer o conhecia, ou sabia os motivos que causaram essa discussão. Então, o que a fez ficar tão indignada? O sentido era que qualquer apenas quisesse bater nele sem motivo algo, como se o mundo inteiro o odiasse por existir e não tolerasse a sua existência, seja nesse lugar ou no que uma vez foi o seu lar com uma família que não existe mais. Estava sozinho.

Sem obter qualquer resposta para essa questão enigmática, todos adentram na casa ao lado do dojo nesse clima desagradável ocasionado por Jun.

A estrutura era feita de madeira, porém possuí uma arquitetura moderna ao invés da clássica e humilde que a aparência exterior levava a esperar ter. As outras duas crianças foram mandadas irem para a cozinha, e Jun foi levado pela sua avó para um quarto que seria o seu a partir de então sem que a atmosfera negativa ao menos se mostrasse querer diminuir. O teto do lugar era inclinado e possuía uma janela para o céu, porém tirando a porta de entrada, também havia uma outra na parede estranhamente que fazia a menor ideia para o que devia servir.

De todo o modo, ele ficou lá tirando as suas coisas da mala que trouxe junto e as organizando naquele lugar, solitário. Foi quando se deparou com o par de fones de ouvido que carregava com sigo na segurança do seu bolso até então. Aquilo foi um presente dado pela sua mãe — alguém que agora se encontrava em um local muito distante dele e mal sabia onde poderia ficar, ou se ainda vivia.

Na tentativa de acalmar a cabeça, ele se deitou na cama após terminar tudo e passou a escutar as melodias. Claramente, não era nada feito pela sua própria mãe, mas sons que ela costuma a escutar juntos de todos. Bem, como agora estava separados só lhe restava fazer isso por si mesmo na tentativa de buscar as memórias daqueles momentos que não podem mais voltar.

— Hm, então você gosta de música? — falou a mesma garota que lhe deu um tapa antes, saindo de dentro daquela porta estranha.

— Então, quer dizer que há privacidade nessa casa…

— Bem, as coisas funcionam assim por aqui, então é bom já ir se acostumando de uma vez. E de todo o modo, responda logo a minha pergunta — Ela apontava com o dedo para Jun.

A garota andou até o lado dele e ficou o encarando escorando a cabeça sobre as mão, como se falasse: “Anda! Anda! Não me faz esperar!”, e assim ficou aguardando numa feição nada intimidadora.

— É… acho que sim. Deve ser por causa da minha mãe que é cantora.

— Que legal! Então você escuta pra lembrar dela?

— Na verdade, agora soa mais como uma tortura.

Ela cruza os braços, inclina a cabeça para o lado e fica olhando ele com uma cara de julgamento. O comportamento dessa garota era algo enigmático para ele, de fato.

— Ué? Se isso te faz mal, então por que você continua escutando?

— Porque eu não quero que ela vá embora.

— Mesmo sabendo que não vai mais poder vê-la de novo? — Totalmente insensível ela fez essa pergunta. Não duvidaria se na realidade ela tivesse a intenção de fazer com que ele acordasse para o mundo, ou algo do tipo.

Jun apenas ficou em silêncio, estático sem saber como reagir. No fundo, ele sabia que isso que ela falara se tratava da cruel e triste verdade, por mais que não quisesse acreditar com todas as suas forças. A sua voz interior gritava para não dar ouvidos a isso, pois se ouvisse significaria que tudo que passou até então não tinha mais valor.

— Se quer fazer algo, então faça. Ao invés de ficar parado aí se lamentando, será melhor superar o que te machuca e fazer algo. Assim não vai ter nada te impedindo, portanto não haverá mais limites para o que é capaz de fazer. Pode até mudar o mundo se quiser.

Escutar isso chegava a ser um tanto cruel por um lado, no entanto ao mesmo tempo até que fazia sentido. Era uma opção que algo no seu interior o impedia incessantemente de fazer. Jun não queria superar. Ele queria resolver o problema com as próprias mãos, mas do que adianta desejar algo assim se sequer tinha como alcançar no momento? E até mesmo é provável que jamais seja. Ainda tinha um grande receio quanto a tudo isso. De um jeito ou de outro, incrivelmente se mostrava ser uma solução em meio a uma enxurrada de coisas impossíveis de serem resolvidas atualmente.

— Assim, você vai poder viver a vida ao máximo e fazer aquilo que gosta.

E ao som dessa última palavra lhe veio uma memória a mente, a daquela fala de sua mãe: “não há nada mais agradável e divertido do que fazer aquilo que gosta”. Então, considerando tudo isso que acabara de escutar em mente, mesmo que decidisse deixar essas músicas de lado, portanto que continue fazendo aquilo que quer ainda estaria fazendo o que ela gostaria; o que desejaria para os seus filhos.

Sendo assim, se ele garantisse de viver com tudo e da melhor forma possível não haveria mais motivos para ter arrependimentos. Contudo, continuava a olhar com receio para os fones na sua mão. Significava deixar de lado os problemas além do seu alcance para serem resolvido.

Conseguiria seguir adiante e criar uma nova vida, agora sob o seu controle e garantido que não haja mais arrependimentos. Mesmo que tenha medo dessa escolha.

— Aliás, eu me chamo Aimi Ikeda. Desculpe pelo tapa de antes. Espero que a gente consiga se dar bem, maninho — terminado com um tom de deboche, ela então sai do quarto pela estranha porta na parede.

 

* * *

 

A ponta de madeira bateu contra o chão fazendo um som ecoar por toda a sala, assim direcionando a atenção para o centro. Nesse dojo em um estado elegantemente bem cuidado lá se encontrava duas pessoas, sendo elas Jun e sua avó Miyako. Contudo, do lado de fora, sentada numa cadeira de cozinha e apenas observando a situação que estava prestes a se desenvolver, estava Aimi.

— Hoje nós vamos começar o seu treinamento para não ser um imprestável durante as batalhas — exclamou a avó mantendo a pose de autoridade máxima, enquanto Jun apenas sentado no chão com a pernas cruzadas.

Já se passou uma semana desde a sua chegada. Até então só conversou um pouco com Aimi e trocou uma ideia ou outra com Seiji, no qual ainda não foram muito com a cara um do outro. Isso o faz imaginar que o papo sobre serem irmãos de consideração jamais vai lhe descer.

— Primeiramente, vamos começar com você gerando uma pequena quantidade de aura na palma da mão e para criar uma pequena chama. Já deve saber como fazer isso, ao menos, certo?

— Sei. Cheguei a aprender o básico com a minha mãe.

E assim, ele estendeu o braço para frente. Linhas luminosas se entrelaçam até chegar na ponta dos dedos, começam a girar em espiral e então criam o formato de uma chama que lembravam mais a uma broca.

— Agora entendo… faz todo o sentido que ela tenha se responsabilizado de ensinar isso especialmente só para você.

— Minha nossa! O que é isso!? — gritou Aimi em surpresa dando um salto de cima da cadeira. Aliás, o que ela acabara de ver muito provavelmente se tratava de algo que sequer sabia que existia. Uma aura de cor prateada — Espera, então que dizer que você é um One!?

— Não, ele é um Zero. O nome One é dado apenas para aqueles que possuem uma aura de cor dourada, essa é a regra absoluta que eles mesmo decretaram para si.

No início Jun não conseguia entender direito como isso funciona, pois sua mãe tinha a energia da mesma cor que a dele e mesmo assim era uma Zero, embora tenha nascido entre o povo dourado. Portanto, ele sempre ficava muito confuso quando falavam que jamais deveria mostrar o seu poder para os outros, no entanto a questão estava na forma como o seu poder brilhava. A existência deles significava uma ameaça para a soberania e igualdade absoluta da outra raça, pois mostra que eles não são únicos de fato.

— Mesmo assim, em hipótese alguma você deve mostra isso para qualquer um além da sua família. — E ela só confirmava o que já sabia — Caso qualquer One descubra a respeito disso eles virão imediatamente matar você, portanto caso não queria que aquilo que ocorreu na sua última cidade se repita de novo, você vai me prometer isso.

— Eu prometo. — Como já estava escutando essa conversas repetidas vezes a algum tempo, agora tinha a plena confiança de que ela não estava mentindo para ele e assim iria acreditar nela.

— Ótimo. Então, agora vamos paro seu treinamento. A habilidade que vou ensinar a vou permitirá que consiga lutar sem precisar mostrar sua aura, quando forem mandado para o campo de batalha aos treze anos. Até lá você terá que dominar a aceleração.

Ele já conhecia que sua avó acabara de mencionar. Uma vez que chegou a ver seu pai utilizar isso mais de uma vez o que sempre o faz ficar extremamente confuso, pois ele aparece de repente um lugar para outro totalmente diferente do outro num instante.

Então quer dizer que isso é algo de família? Agora está começando a ficar interessante.

— Ao concentrar a aura em todo o corpo muitos fatores são aprimorados, como resistência e reflexos. Para efetuar com sucesso o uso dessa habilidade você terá que identificar o ponto desse fator que aprimora a velocidade para assim isolá-lo e então intensificá-lo.

Isso foi tanta informação dada de uma vez só que ele ficou mais do que perdido. Por onde que ele iria começar? Como diabos iria isolar um fator em específico? Desde quando existem fatores? Já estava só prevendo tudo que iria passar.

— O ideal é você seguir o nome da habilidade e ir aumentando a velocidade aos poucos, pois assim vai adaptando o seu corpo para suportar a corrente de poder. Mas inicialmente você deve ativar com uma sobrecarga de energia, o que deve limitar até onde deve conseguir ir, porém o que é mais fácil.

Fazer essa última opção quer dizer que a etapa de ajuste da potência da magia não existiria, o que significa que só iria até onde conseguisse se reforçar fisicamente de uma vez. O quão veloz pode ser, teria uma barreira na qual só pode ser superada caso melhore nos outros fatores, ou caso contrário passaria a sofrer danos.

— No começo você vai torrar mais aura que o necessário e isso pode causar danos a você, como fadiga e dores no corpo. E para não terminar desmaiando, ou morrendo de cansaço, Aimi irá usá-lo para praticar a sua magia de cura. Assim os dois saem ganhando.

— Eu estou ansiosa para vê-lo implorando pela minha ajuda.

— Bem, e já vou deixando claro desde o começo, Jun. Você jamais, em hipótese alguma, deve acelerar quando já estiver acelerado. É claro, caso não queira sofrer danos irrecuperáveis para sua vida.

Desse modo o aparente intensivo treinamento teve seu início. Seguindo as instruções de sua avó — dentre comentário que aparentam ser xingamentos a parte —, ele tentou isolar o tal fator em específico.

Em diversas vezes as sua energia simplesmente transbordava fazendo seu corpo doer e até mesmo a vazar o arranhando. E Aimi sempre acabava soltando um feitiço nele para que fosse recuperado, chegando ao ponto dela se mostrar estar competindo com sigo mesma para ver se consegue currar mais rápido que da última vez. Durante cada vez Jun imaginou que estivesse prestes a morrer.

 

* * *



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