Shelter Blue Brasileira

Autor(a): rren


Volume 1

Capítulo 3.4: Músicas de um lírio sem nome

Desde o seu último encontro com Jun na oficina de derreio do seu avó adotivo, uma semana se passou. Agora era sábado e Rie estava esperando pelo garoto no mesmo parque com as calçadas de tijolos de antes, onde foram atacados. Contudo, na atualidade já não existia mais o perigo de serem perseguidos por enquanto, pelo menos.

Pensar nisso a deixava extremamente nervosa e ansiosa. Como se fosse um raio a cair, o tempo acabou passando extremamente rápido desde que conheceu ele. E enquanto isso, o que foi que ela fez? Não criou nem uma música nova, continuou sendo ignorada por todos e ainda permanece sendo vista com a garota que debocha da Lily, a lendária cantora entre os Zeros.

Ficou empacada, apenas reagindo com o que acontecia ao seu redor. Rie não pode desperdiçar um minuto sequer, em hipótese alguma. Ela tinha medo do futuro incerto que estava por vir e jamais deveria ficar parada, pois os segundos nunca paravam de contar. Precisava fazer algo.

— Você demorou! — exclamou ela ao avistar a figura com cabelos de um vermelho de mesma tonalidade que o vinho.

— Me desculpa, mas dessa vez a culpa é sua — E ele apontou um dedo pra Rie.

Com uma face convencida, Jun ergueu a mão com a tela do celular ligada e disse:

— Viu só? Eu cheguei aqui um pouco mais de uma hora antes do combinado.

— De todo o modo, isso é bom — Ela bate as palmas — Assim você pode cumprir aquilo que está me devendo — E o encarou com um rosto sapeca.

— Certo, tudo bem. Eu te pago um sorvete.

— Um segundo encontro.

— Bem, realmente, no seu caso parece que se preparou para um… Não me diga que planejou fazer isso desde o começo? Como você sabia que viria mais cedo? — Ele falava incrédulo.

O comentário do garoto claramente se referia a aparência atual dela que, diferente do costume, não estava usando o seu habitual conjunto com o blazer escolar que já estava enjoada de tanto usar. Algo um tanto engraçado de ouvir nessa situação, pois não havia usado nada que fosse fora do que costumava usar cotidianamente.

Estava utilizando um vestido de lã azul com gola alta e que deixava os ombros de fora, junto botas pretas e meia-calça escura. Ela colocou brincos também e passou uma leve maquiagem antes de vir, porém essa última parte Rie costumava a fazer todos os dias para o seu próprio agrado.

— Eu vou ver isso como um elogio, hehe… Mas fique sabendo que isso é apenas o visual que uso casualmente.

— Nossa, que desperdício… Se já está tão linda assim, nem imagino como seria fora do padrão, isso eu realmente queria ver… ah, como eu queria…

— Comparado a você que só tá usando uma cor é melhor, com certeza. — Ela fala estufando o peito e apoiando a mão sobre ele orgulhosa. No fundo, está adorando o que o garoto fala a respeito dela, mas precisa não deixar transparecer.

— Ué, mas eu não posso ficar usando o mesmo suéter vermelho todos os dias.

Como mencionado pelo garoto, ele estava com um suéter no qual ficava por cima de uma camisa com colarinho, calça jeans e tênis de passeio. Entretanto tinha um detalhe muito crucial nesse conjunto. Todas as roupas eram pretas, invés da cor que ele mencionou anteriormente e Rie o viu usar quando foi na sua casa. Isso até faz ela pensar que ele não queria chamar atenção ou ser percebido que estava andando junto dela. Ou seria por ele ter andado meio deprê nos últimos dias? Ela não tinha como afirmar

— Ainda bem que você vai ter um lindo momento de paz antes de receber a sua punição comigo — disse ela, claramente na intenção de cutucar a ferida.

— Uma paz e uma punição muito adorável, diga-se de passagem… — Jun direciona um olhar de canto para ela.

Rie iria ficar toda boba se ele continuasse agindo assim cada vez mais, embora o fato de vê-lo levando a parte do encontra a sério a deixe muito feliz. Bem, o que estão fazendo nesse tempo vago não tem outra forma de se ver a não ser essa, o que é emocionante. Está muito contente também em vê-lo agir como antes, ao invés do modo distante daquele dia em que visitou a loja de seu avô. Contudo, ainda não dá para negar os efeitos daquela crise dele.

Como o incrível Jun desobedeceu às ordens e realizou uma missão, o que havia sido proibido de fazer — e que no fim acabou fazendo gratuitamente de idiota —, agora estava sofrendo as consequências dos seus atos. A partir de hoje nos fins de semana, por coincidência, ou por ser arquitetado, ele iria trabalhar no mesmo lugar em que Rie já atua a algum tempo, mas que diferente dele ela já fazia vontade própria. E não duvida que o capitão tenha armado isso, seja pelo motivo que for. Garantir que dois usuários com o mesmo tipo de aura que os dois ficassem juntos era algo positivo, aparentemente.

— Vamos indo, então? Senhorita Koike?

— Se você começar a me chamar assim, eu vou te bater.

— Ok. A partir de agora, farei quantas vezes for possível. — Ele dizia com um sorriso sapeca como quem estava arquitetando uma grande maldade.

E assim, ela andou até a frente dele e o encarou por um segundo para deixá-lo confuso, quanto com a ponta da bota dá um chute na perna do garoto.

— Não foi por falta de aviso — fala com um sorriso artificial.

Jun olha para ela de volta com uma cara de sofrimento, porém Rie ignora. Embora fosse quase impossível de deixar risos escaparem graças ao grunhido semelhante ao de uma chaleira que ele soltava. A garota apenas pega no pulso dele e começa a levá-lo junto.

— De qualquer forma, vamos logo, meu querido Asano — E mais uma vez falava no tom de alguém quem brincava com a cara do outro, mudando drasticamente de feição de uma hora para a outra.

— Você é impossível…

— Hehe…

Os dois foram até a primeira carrocinha que encontraram, então. Dessa vez para a felicidade de Rie ninguém fugiu com a chegada deles que, por mais bobo que fosse, deu um certo alívio para ela. Ficava feliz que estava conseguindo ter um momento de calma como esse. Não possuía mais o risco de ser atacada repentinamente, ou quaisquer outras coisas que envolvesse batalhas. Apenas lazer. Um encontro com um garoto que conhecera há um mês, que recém estava começando a ganhar alguma intimidade.

— O que o casal gostaria de pedir? — disse o vendedor na recepção.

— Duas casquinhas… por favor… — respondeu Jun um tanto atrapalhado.

Considerando a situação e a imagem que eles formavam por estarem andando juntos, sozinhos, é de se esperar que fossem confundidos dessa maneira. De fato, Rie se também sentia incrivelmente tímida ao escutar aquelas falas, porém era algo que não tinha como evitar.

Contudo, deixando o constrangimento de lado, após o garoto comprar as casquinhas de chocolate, foram se sentar num banco para tomá-las. E Rie se maravilhou com o sabor até sentir a sua cabeça começar a congelar.

— Hm, mas é uma boba…

— Ah, fala o cara que ficou no mundo da lua aí, deixando tudo derreter…

— Nossa! É mesmo!!

Ela não se aguenta que começa a rir de leve perante ao garoto que começou a tomar o sorvete na presa para não se sujar. É quanto ela percebe ele se arrepiar todo de uma vez só e perante essa cena, não tem como ela evitar de soltar a seguinte provocação:

— Parece que quem acabou tendo o cérebro congelado foi você…

— Camal aí… — Ela aperta os olhos abaixa e faz um gesto de espera com uma das mãos erguendo o braço em direção a ela — Tá bom, eu consegui sobreviver, acho que estou seguro…

Ela não consegue expressar o tanto em palavras de horrores que ela está se divertindo ao lado dele, até parecia que eram feitos um para o outro. No entanto, deixando suas fantasias de lado por um momento, ele decidiu focar numa dúvida curiosa que brotou a respeito dele:

— Você até que fica olhando bastante pro céu, normalmente. É por achar bonito, ou algo do tipo?

— Na verdade, não. É porque isso me dá uma certa agonia… tipo, eu não consigo parar de imaginar o que pode ter do lado lá e não poder sair pra ver.

Por causa desse assunto, Rie olhou para dois pássaros ciscando no gramado do parque. Possuíam um corpo translúcido coberto por uma energia vermelha que dava a impressão que eram feitos de chamas.

Será que aquelas criaturas já chegaram a ver o lado de fora, alguma vez?

Ela ficou se perguntando em pensamentos, ao mesmo tempo que tentava imaginar o lado de fora. É claro, era já viu fotos em livros e até mesmo na internet, porém era muito antigas, pois foram tiradas numa época em que ainda não tinha magia no planeta e até mesmo as ilhas voadoras que têm dentro dessa cidade, ou fadas e outros seres.

— É sei que esse domo não existe à toa. Com diz o modelo desse tipo de cidade. serve com um grande abrigo que dá segurança para as pessoas. Ou apenas a ilusão, pois aí não teriam escolhido a cor azul para nomear essa capital, uma vez que significa segurança e confiança.

— Ainda assim, é melhor ter essa sensação do que passar todos os dias com medo de ser atacado a todo instante.

— Bem, acho que isso só serviria para os Ones.

— Realmente, de fato.

A mistura de cores naquela vastidão até que lhe era agradável, mesmo que fosse apenas a silhueta do que estava após a parede de vidro sustentada por linhas poligonais. Contudo, ficar olhando diretamente para aquilo por muito tempo acabava trazendo o mesmo nervosismo e a ansiedade de antes, que por anos habitava dentro dela.

— Isso não alivia a de que todos os dias, vou dormir com medo de não possa mais acordar no seguinte… Eu gostaria de ir lá e o desespero de que jamais dê tempo para conseguir é torturante.

— Ainda temos uma vida inteira para isso, não há motivos para ter ansiedade.

— Pensar desse jeito acaba sendo mais torturante ainda! — exclamava ela, agoniada.

— Hm… se for assim, eu acho que tenho uma ideia. É claro que não veio inteiramente de mim, porém acredito que já está na hora de colocar um novo sentido nisso… — Ele ergueu o dedo indicador em anúncio para o que estava prestes a dizer.

De algum modo, havia um certo peso nas palavras dele. Tinha algo a ver com o que aquele garoto chamado Seiji discutiu com ele no outro dia, talvez? Rie gostaria de saber, no entanto para isso precisaria criar coragem para perguntá-lo diretamente.

Por hora, apenas escutaria o que ele tinha para falar:

— Se quer fazer algo, então faça. Não fique parado. Prove para todos de que você é capaz, independente do que digam sobre você e assim viva a vida ao máximo tendo certeza de que tudo que fez não foi em vão. Supera o passado, mas não o esqueça, pois saber o que fez, ou o que aconteceu é importante… por mais doloroso que seja…

Rie não sabia dizer se essas palavras foram da boca para fora, ou se era algo que ele realmente queria expressar. No entanto, independente do que for, isso a tocou. A fez se perguntar o que estava fazendo até agora. Entre todo o nervosismo e ansiedade que a atormentava sem parar até então, será que apenas botar tudo para fora era realmente o necessário? Ela gostaria de algo a mais. Desejava deixar de ser vista apenas como um deboche ambulante de uma cantora que nem existe mais.

— Pelo menos, isso é algo que gostaria de dizer para mim mesmo… — Jun tentando disfarça uma certa vergonha.

A garota queria se sentir viva como nunca antes. E mostrar para todos que realmente estava nesse mundo. Que a vissem e a notasse. Mesmo que o que esteja por vir seja extremamente doloroso, como Jun disse.

— Eu nunca vi as coisas por esse ponto de vista antes. Acho que isso, de alguma forma, me dá uma ideia… obrigada.

Uma suave brisa cruzou, fazendo com que os pássaros batessem suas asas. Eles voaram e atravessaram o céu graciosamente, indo o mais longe possível. Um pena caiu suavemente e Rie tentou a pegar com sua mão, porém quanto ela a tocou se desfez em inúmeras partículas que foram empurradas pelo vento junto de seu cabelo que balançava. Foi quando as aves desapareceram do outro lado da imensa grade poligonal, partindo para fora da ilusão, assim indo de encontro a um mundo sem limites.

De certo modo, ela chegava a invejar essas criaturas. Imaginava como seria se ela pudesse ser alguém livre para ir onde e quanto quiser como elas. No entanto, não sabia o que podia ser feito para conseguir ser assim.

— Ainda assim, todas as vezes que esse discurso passa na minha cabeça, eu me questiono o que me faz deixar de fazer algo. E após pensar, sempre chego à conclusão de que não há nada, ou ninguém, me impedindo. Ainda assim… contínuo. Chega a ser cómico.

Era como se esse garoto estivesse lendo os pensamentos dela. Por mais que ele não soubesse de nada, parecia o oposto. E os olhos de Rie não paravam um único instante de estarem totalmente fixados naquela figura. Foi como se um feitiço mágico tivesse sido jogado nela nesse instante.

— Por isso tem um lugar que eu quero ir antes da tal punição. Se não há nada que me impeça, então já está na hora de começar a fazer. Continuar em conflito e me contradizendo só mais me destruir cada vez mais — disse Jun levantando do banco logo na sequência.

— Bem, também tem um lugar que eu quero passar antes de ir. Vai ser rápido, então acho que deve dar para ir antes.

— Tudo bem. Aonde é?

— Se eu falar vai perder toda a graça.

— Que chato…

— Hehe.

E assim, os dois foram andando pelas calçadas de tijolos, até deixar o parque para trás, adentrando a cidade coberta pela vegetação, feita de vidro e mármore. Todas as ruas e construções ficavam ao redor de diversos lagos e rios, aliás, aqui foi construído em cima de resquícios de uma ilha ao redor do mar. Tratava-se de um clima agradável, ainda mais em um dia pacífico como esse que dava para ver as pessoas navegando em barcos ao redor.

Após caminhar por poucos minutos, Rie fez Jun parar na frente de uma loja de roupas e esperar por ela. O garoto, obviamente, reagiu negativamente ao perceber que foi levado num lugar desses. Porém, ela ignorou e seguiu adiante. Já tinha um objetivo em mente, portanto, não iria demorar quase nada.

E como o pretendido, voltou logo em seguida, dizendo:

— Toma, isso um é presente pra você! — falou com um sorriso gentil em sua face.

— Por… por quê?

A garota estendia com as suas duas mãos um cachecol vermelho, do mesmo tom que o cabelo de Jun.

— Como você só está usando preto hoje, eu tinha que fazer algo a respeito disso para você não causar uma má impressão quanto te apresentar no seu novo trabalho. E também, serve como um agradecimento pelo sorvete.

— Mas isso não é, tipo, um pouco chamativo demais?

— Ah, fica quieto. Você já olhou para cor do seu cabelo?

— É, você tem um ponto bastante valido. Fui refutado.

— Toma!

Contra a vontade Jun, Rie o puxou pela gola da camisa e começou a enrolar o tecido do pescoço dele. E ela fez questão de deixar aquilo perfeitamente arrumado.

— Viu só? Você até ficou mais bonito assim — Ela esconde os braços atrás das costas e dá um grande sorriso, levemente corada.

— Hm… Como assim, mais?

— Você me entendeu. Desse jeito, fica mais estiloso, seu bobo.

Ele ficou olhando para o seu novo visual com uma cara envergonhada. Para Rie, essa cena chegava a ser um tanto fofa. De todo o modo, logo Jun voltou ao normal e, do mesmo jeito de sempre, disse:

— Bem, agora vamos pro lugar que eu quero ir.

E após essa fala, os dois voltaram a andar pela cidade, agora com Jun guiando o caminho. Atravessaram uma ponte em arco para chegarem no outro lado de um rio e contornaram o mesmo. Se fosse ver o caminho que traçaram até agora num mapa, ficaram a todo momento se movendo ao redor da área do parque de antes.

Mas, enfim, chegaram na frente de um prédio, inteiramente de vidro, em que adentraram. Jun conversou com uma recepcionista e, após assinar alguma coisa, partiu com ela por um elevador. Rie, de alguma forma, estava muito nervosa, pois fazia a menor ideia para onde estava indo. E também, se a sua presença estava incomodando ele, já que aqui era um hospital.

— Com licença… — disse enquanto empurrava a maçaneta de uma porta.

Deitada numa cama, coberta por um lençol branco, com o soro preso num suporte onde um longo fio era preso ao braço, no lado de um vaso de flores estava uma mulher. Era de uma beleza absurda. Possuía cabelos de um, prata reluzente, iluminados pela luz solar que vinha da janela. Uma pele tão clara e olhos de cílios longos que, no momento, se encontravam fechados.

— O nome dela é Yuri Asano e essa é a minha mãe. Você, claramente, já conhece ela como a Lily.

Na face de Jun estava presente uma expressão de angústia. E perante a isso ela se sentia mal. Então era por causa disso que ele dizia que não gostava de música? E também por nunca ter falado dela até então? Desde o começo, Rie sabia que Lily se tratava mãe de Jun, uma vez que o capitão, que a acolheu durante a infância, lhe falou. Contudo, não sabia que essa era a situação em que se encontrava.

— Entre a realeza dos Ones, nasceu uma garota que despertaria uma aura prateada e por causa disso, a viram como uma bruxa e então a sentenciaram à morte, porém conseguiu escapar e viver entre os Zeros. Chega a ser irônico.

Agora ela conseguia entender as coisas um pouco melhor. Por um momento ela chegou a se questionar da origem desse poder de Jun e finalmente teve sua resposta. Ela já sabia que existiam aura de outras cores com esse mesmo brilho metálico — que na verdade se assemelhava mais a cristais, como aquele vistos na caverna no outro dia. Sua magia também, mas devido a certas questões ela tem dificuldade para fazer chegar a esse mesmo tipo de brilho, embora tenha seu lado positivo, pois a ajuda a se camuflar.

Devido a todo esse orgulho geminado nos últimos anos, apenas o dourado é visto com algo especial e verdadeiro, fazendo com que todos que não sejam dessa cor devam ser mortos. Chega a ser assustador pensar no tanto de crianças que podem ter sido mortas para continuarem com essa ideologia de pureza.

— Claramente, eles não desistiram de ir atrás. E foi o que aconteceu quando era mais jovem. Eu não sei o que ocorreu, mas foi por causa disso que o núcleo de aura dela foi danificado e aos poucos começou a se apagar até levá-la a esse coma. E tudo isso aconteceu ao mesmo tempo que ela me protegia para ser mandado embora dessa cidade e ficar em segurança. Meu irmão foi capturado, mas como despertou como One ficou vivendo entre eles.

Ele andou até o lado da cama, parou e a observou de perto. Por um instante a sua mão se moveu para segurar a dela, porém não chegou a tocá-la, apenas voltou e fechou o punho. A garota não conseguia expressar o peso que tinha na expressão nesse momento.

— Se eu não tivesse só descoberto isso recentemente… tudo que aconteceu até agora poderia ter sido diferente…

Rie continuou a observar aquela figura com um coração partido em cacos, assim caindo em sono sem fim. Fazia a pergunta se será que ela ainda sonha com algo? Lá no mundo da sua cabeça, talvez ainda esteja cantando para alegrar a todos. Essa era uma mulher muito forte que, no entanto acabou sendo pega numa armadilha infinita na qual a impediu de continuar e expressar tudo que tinha a oferecer a esse mundo. E até mesmo sua família.

Yuri Asano, também conhecida como a lendária cantora Lily — a pessoa que até o momento ela apenas debocha. E também a figura que Rie queria seguir e almejava se tornar. Também imagem de como ela iria ficar, caso o seu tempo continuasse a desperdiçar.

 

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