Shelter Blue Brasileira

Autor(a): rren


Volume 1

Capítulo 3.1: Músicas de um lírio sem nome

Como se fosse o fluxo da água correndo pelo caminho de um rio, três semanas passaram desde o primeiro e turbulento dia em que Jun retornou a essa cidade. Um longo tempo de paz e tranquilidade que chegava até a dar sono. Momentos de calmaria num cotidiano que passaram sem parar, ensinando os alunos a se matar, da forma mais gostosa possível. No entanto, é claro, nem tudo que era bom poderia durar para sempre.

Era só uma questão de continuar esperando o que estava prestes a ocorrer, acontecer. Algo tão previsível que se tornava cômico.

— Pode entrar!

Ao sinal do professor, uma figura adentrou a sala e caminhou até o centro sem pressa. Tratava-se de um garoto, mas não qualquer um, era o garoto. Esse mesmo que usava o uniforme escolar padrão da academia em que se encontrava, com um blazer branco, camisa de colarinho e calças pretas — nele, ajustado de forma mais impecável possível, indicando uma etiqueta de alta classe. No resto, a pele dele era clara, seus cabelos prateados e seus olhos da cor do ouro.

A princesinha finalmente deu as caras...

— Muito prazer! Me chamo Mikio Asano. Farei parte dessa classe nos próximos anos — uma apresentação incrivelmente monótona, aliás, perante a presença dele, ninguém sequer ousou mexer um músculo por um mísero milímetro. Tirando Jun, que teve a incrível audácia de soltar um bocejo e apoiar a bochecha na mão.

Deixando a dúvida iminente de lado, logo de cara; sim, ele era um One. Entretanto, por mais surreal que dê a imaginar essa situação de ter tamanha soberania numa escola de Zeros, a grande realidade era que isso é bem normal, para falar a verdade. Entre as quatro instituições que ficam em pontos localizados ao redor da muralha, traçando uma cruz em direção à torre no centro do domo, existia um fato curioso.

Elas não são feitas propriamente para a famigerada real humanidade, mesmo assim, ainda há aqueles na posição mais baixa da própria sociedade que têm que frequentar a mesma instituição que os Zeros. Mesmo assim, ficam em turmas separadas e sequer chegam a se misturar com o outro tipo.

Quando conseguiram criar esse “refúgio para os jovens”, assim possibilitando que não fossem mandados para o campo de batalha tão cedo, logo de cara e sem ter qualquer experiência, foi quando esse acontecimento excêntrico aconteceu. Para os Ones, quanto mais próximo estiverem em status com o reinado, maior será o seu ranque social. E como não queriam gastar dinheiro com aqueles considerados da menor categoria possível, ao frequentar o mesmo local de ensino que os outros, só os tacaram para esses novos lugares. Isso era, sem sombra de dúvidas, muito interessante.

— Pode escolher um lugar vazio para se sentar — comentou o professor, demonstrando um profundo desconforto.

Mas voltando a falar desse moleque inusitado que deu as caras nesse dia. Todos esses casos definitivamente não eram o dele. Além de ser um One, ele também era o One! E até mais, se duvidar... Aliás, era ninguém menos do que o príncipe desse povo, propriamente.

— Então o bruxo realmente veio… — cochichou Seiji, aproveitando-se de uma agitação momentânea na sala.

— Uma vez que mio visse, ela faria isso uma hora ou outra…

— Compreensível. Aliás, é pela família, né?

O último comentário de Seiji era descaradamente um deboche, mas não teve como evitar de franzir as sobrancelhas, embora visse isso com a mesma entonação. De todo modo, isso era uma piada de mau gosto, por mais que desejasse que fosse apenas uma impressão — o legítimo herdeiro para suceder o trono nesse sistema de monarquia idiota e ultrapassado, usando de sua influência para matricular-se numa escola quase que totalmente para Zeros. E tudo isso para se aproximar de seu irmão bastardo, que, na visão dele, devia ser considerado menos do que um plebeu.

Eram filhos do mesmo país, mas esse detalhe não se aplicava a esse caso. O que importava era a cor da aura que tinham e nada mais.

Mikio então sentou-se numa carteira no outro lado da escada do auditório, e essa já era uma distância que Jun considerava próxima demais e ameaçava invadir seu espaço pessoal. Quando tivesse chance, com toda a certeza, iria para outro lugar na intenção de ficar o mais distante que pudesse dessa criatura nojenta.

Com uma forte sensação de desconforto e inquietação, que o impedia de prestar atenção em qualquer coisa na aula, o tempo foi passando. Ele batia o pé e a perna tremia, sem falar que, por mais que se portasse numa postura de quem estava levando o que via a sério, com os cotovelos apoiados na mesa e o queixo por debaixo das mãos, Jun se encontrava perdido em pensamentos.

No instante em que o sinal tocou, ele então puxou o seu melhor amigo à força pelo braço, quase o fazendo deixar suas coisas para trás, na intenção de ir embora desse lugar de uma vez, como um foguete. Fez isso apenas concentrando-se no seu destino sem olhar para os lados. A porta de saída. Queria de todas as formas que aquele sujeito de cabelos prateados sequer chegasse perto do seu campo de visão. Fazia a menor ideia de como reagiria se isso ocorresse de novo. Só tinha a certeza de que não seria de forma positiva.

— Eu tô estressado, preciso fazer algo para pôr a cabeça em outro lugar — tratava-se de um pedido de ajuda para Seiji.

— Hm… Vamos ver…

O garoto de cabelos azuis então cruzou os braços e fez uma pose de quem queria se demonstrar pensativo. Ele olhou para o alto, murmurou por alguns segundos e ficou em silêncio. Enquanto isso, Jun ficou o observando com cara de bobo, apenas escutando o som das batidas de espadas dos confrontos entre os outros estudantes nas quadras ao redor.

— Eu já sei! É isso daí mesmo que vamos fazer — ele dizia, convencido, batendo de leve na sua palma com o outro punho.

— Fazer o quê?

— Um duelo, ué? Que nem os velhos tempos, sabe?

Eles vão até a área indicada para fazerem isso e então Jun levanta seu blazer e leva a mão até o cabo escondido na parte de trás da sua cintura. Sacando a adaga da sua nova bainha, agora feita de um material reforçado, preparando-se para iniciar o combate.

— Vamos da forma clássica. O uso de aura apenas para reforço físico e vence quem quebrar a postura do outro.

— Beleza.

Seiji respira fundo e revela sua arma com a lâmina de ponta curva, ativando-a em seguida e revelando uma katana de cor púrpura. Jun faz o mesmo com a sua, enquanto repara em um certo detalhe. Toda vez que esse objeto atinge sua forma completa, ele sente como se uma grande quantidade de aura fosse usada de uma vez, só para isso que era algo simples. Talvez por isso ser mais potente que as demais? Pelo péssimo controle que ele tem? Ou quem sabe os dois? De qualquer modo, ele fazia a menor ideia.

Os dois, então, entram em formação para dar início ao embate. Seiji faz a pose que se assemelha à de um legítimo samurai, embora não fosse um, enquanto Jun posiciona a espada na sua lateral e deixa o braço esquerdo na frente, indicando que estava prestes a partir em arrancada.

— Agora!

Jun investe na direção do adversário com tudo. E o garoto de óculos permanece parado na mesma posição, mostrando um semblante confiante. Ele já sabia que o seu adversário estava só esperando a hora para rotacionar o corpo e desviar, deixando que cursasse e aproveitando o movimento contínuo para golpeá-lo com a guarda baixa. Já possuía memorizadas todas as estratégias de Seiji, aliás, já fizeram milhares de duelos como esse antes.

Portanto, ao invés de fazer um ataque para frente, o espadachim de cabelos vermelhos brande sua lâmina para trás. O metal ricocheteia um contra o outro, empurrando a arma do adversário para baixo. Aproveitando-se disso, Jun então aproveita o impulso e, dando uma pirueta no ar, direciona um corte na horizontal.

Entretanto, Seiji obviamente não se deixaria ser abalado com um simples movimento improvisado como esse. Ele contra-ataca facilmente de forma precisa e assim as lâminas entram em um embate frenético. As ações de Jun são todas bloqueadas em meio a uma postura de batalha impecável de seu inimigo. Estava claramente em desvantagem, sem falar que a arma que usava — podendo ser usada com ambas as mãos, ou somente uma — lhe era um tanto estranha e desconfortável de usar, uma vez que nunca praticou com algo assim.

E o garoto de mechas escarlates só ficava cada vez mais frustrado. Sem usar a aceleração, ou concentrar a aura na espada, seu adversário conseguia facilmente lidar contra ele. A impressão era de que estava sendo levado na brincadeira. Seiji realmente era um espadachim melhor. Jun não queria aceitar que se tratava de alguém tão incapacitado, caso não pudesse usar sua habilidade.

Faíscas voaram sem parar, em meio ao repetitivo som de ferro se batendo. Essa performance, de dois indivíduos que lutavam continuamente sem perder a compostura, claramente chamou a atenção de alguns curiosos ao redor. Entretanto, isso estava prestes a chegar ao seu grande fim.

Com uma forte rajada de cortes, não havia como Seiji resistir por mais tempo. Iria fazer movimentos pesados e rápidos para que a postura de seu amigo fosse quebrada com tudo. Essa era a estratégia que tinha em mente. E assim fez. Porém, no primeiro impacto que ocorreu, a lâmina da cor da noite atravessou a outra como se fosse nada, partindo-a em duas.

— Poxa, era pra quebrar a postura, não a minha katana! Com isso, eu desqualifico você desse duelo.

— Foi… — ainda estava processando o ocorrido — foi sem querer…

Ele então olhou para o objeto na sua mão. Tinha certeza de que sequer havia concentrado sua magia naquilo uma vez. Entretanto, embora jurasse, os fatos lhe diziam o contrário, pois logo pôde perceber um fraco fluxo de poder fluindo, quase transparente, em volta do corpo metálico. E mais uma vez, a falta de controle dele era tão ruim a esse ponto? De deixar a energia escapar devido ao calor do momento? Outra vez se encontrou perante um enigma sem resposta.

Revisitando todas as situações que passou utilizando-se da posse disso. Jun, de fato, conseguia sentir seu peito doer toda vez que usava essa espada e, após qualquer luta, a sensação de fadiga presente que permanecia era consideravelmente maior do que o comum. Isso indicava que ele ainda era fraco. Um incompetente. Se fosse alguém com um bom domínio de seu poder, com toda a certeza, conseguiria manter o domínio dessa arma excêntrica sem problema algum.

Entretanto, essas reflexões sobre o que podia ter dado errado precisaram ser deixadas de lado. Um som de palmas muito irritante chamou sua atenção.

— Uau! Isso foi surpreendente!

Jun respirou fundo e mordeu os lábios. Seus dedos estavam trêmulos e algo em seu interior suplicava para impedir seu corpo de se mover. Ainda assim, ele teve a coragem de dizer:

— O que você quer?

Saindo de dentro da pequena multidão, o tal do One deu as caras. Com um sorriso amigável, ele foi se aproximando de Jun, que era cada vez mais tomado pelo ódio no momento, ameaçando explodir internamente.

— Eu apenas queria ver o meu irmão.

— Certo… Você acabou de ver agora, está feliz? Se for assim, não querendo pedir muito, vossa alteza, poderia fazer o favor de ir embora…

Ao ouvirem essa conversa, sussurros começaram a ecoar entre os poucos alunos ainda presentes ao redor. Se ainda restava alguma esperança de Jun ter um cotidiano escolar tranquilo, no padrão do que é sua realidade, agora tinha acabado de morrer completamente.

Contudo, se tentasse tirar algo positivo disso, até que era possível. Por mais que isso seja algo vergonhoso para os Ones, Zeros ainda podiam nascer entre eles, o que era mais do que perfeito. Seria incrível um rumor de que uma criança sem o dom dourado nasceu entre a realeza deles, pois pegaria incrivelmente bem para a imagem deles, o que, do ponto de vista de Jun, era algo positivo.

— Eu pensei que você tinha morrido.

— Também pensei o mesmo de você... Mesmo assim, pelo visto, parece que apenas ficou vivendo num paraíso, enquanto ainda tinha um pai que continuava a procurar por essa criança, na esperança de que esse não tivesse sido o seu real destino.

— Até então, nunca havia conseguido permitir que me deixassem sair... Não tinha como eu sequer saber disso!

— Não interessa. Sempre teve a capacidade de ir atrás e descobrir, mas não fez. Preferiu continuar como um mimado, enquanto o resto de sua família lutava pra viver.

Jun apenas se virou de costas para Mikio e andou até o lado do amigo, que até então só observava a toda situação em silêncio com uma expressão séria. Enquanto ele teve que ficar longe dos pais, sendo enviado quase todos os dias a um campo de batalha para morrer, vivendo em um local hostil que era atacado constantemente, esse daí apenas ficou no bom e no melhor, usufruindo dos mais altos privilégios sem questionar. Não queria saber de alguém que negligenciou seu próprio lar por tanto tempo.

— De todo modo, se não fosse por minha causa, teriam iniciado outro ataque quando descobriram que aquela arma que entregaram era falsa.

— Realmente, não seria nada inteligente acabar com quem ainda os mantém vivos. E também já deve ter sido humilhação demais terem perdido para Zeros, menos do que pessoas. Se continuassem, isso viria a público para sua nação uma hora ou outra.

— Não é disso que eu estou querendo falar.

— Eu sei, já entendi que está aqui pra me vigiar. Se não podem ter o que querem de volta, então é melhor garantir que não saia do controle. Embora tenham o poder, ainda não podem nos matar, pois aí quem teria que lutar seriam vocês.

— Não veja as coisas por esse ponto.

— Bem, tanto faz, acho que você sirva pra algo, pelo menos.

A espada longa gradualmente encolhe, retornando ao seu estado de adaga. Jun a guarda na bainha, recolhe do chão parte do que acabara de quebrar e chama Seiji para ir embora. Por ora, tinha que dar um jeito de arranjar uma nova katana para o amigo. Mesmo com uma certa empatia injustificável que o fazia ter um sentimento desagradável ao tratar seu irmão biológico assim, ele continuaria.

Esse era um passado que, para ele, já foi. A família que teve uma vez na infância agora era algo que não existia mais. Ficar trazendo essas memórias ruins de volta era algo que não valia a pena, pois ficar se lamentando não iria fazer essa realidade retornar. Ele não podia ficar parado, tinha que continuar progredindo. Jun uma vez prometeu para si mesmo que viveria assim. Só assim ele poderia ser capaz de conquistar a força para mudar esse mundo por completo e garantir que todas as escolhas que fez, tudo pelo que teve que passar e todos os pecados que cometeu não tenham sido em vão. Tinha que haver uma justificativa.

Se não fosse por causa das últimas palavras dela, sendo como uma maldição faz com que eu ínsita em continuar, mesmo que tudo suplique pra parar. Tenho que dar um sentido a isso.

 

* * *

 

Um estralo ecoou e se propagou por todo o ambiente que se acendia mais rápido que um piscar de olhos. O som colidiu com os móveis e tentou voltar, mas desapareceu antes que pudesse chegar, assim restando apenas o silêncio. Jun fechou a porta e começou a andar.

Ele retirou a bainha presa ao redor da sua cintura e colocou ela em um suporte próprio para as adagas na parede. No momento, só a dele se encontrava lá. O garoto continuou a andar pela sua própria casa, escutando o som dos próprios passos e nada mais, além disso.

Essa residência tinha o típico visual moderno, podendo-se dizer que estava muito acima da média. O piso tinha a textura de madeira, combinado com outros elementos, para destacar entre a cor predominantemente branca, exceto pelos objetos aveludados para se sentarem que eram escuros. As paredes da sua grande parte são quase totalmente feitas de vidro, mas no presente possuía uma camada escura tecnológica a cobrindo, apenas permitindo ver uma silhueta borrada bem de leve do exterior, embora fosse espelhado do lado de fora, a luz noturna ainda atrapalhava.

— Eu cheguei… — Ele comentou, em um tom desanimado, pois mesmo que existisse a esperança, não havia ninguém para o responder. E sua voz ecoou até desaparecer.

Foi quando observou uma entrada se mover suavemente. Um certo brilho surgiu seu olhar, entretanto logo se acalmou.

É só coisa da minha cabeça… É claro que não vai ter ninguém aqui, meu pai até avisou que dormiria no trabalho, de novo…

Ele foi até o quarto que viu o movimento e, para nem uma surpresa, foi só uma janela que esqueceram de fechar, o que ele fez agora para parar de ventar. Ainda assim, não teve como deixar de reparar o que tinha presente nesse lugar. Num canto, vários tipos de vestido presos em cabides, no outro algum tipo de suporte de luz para iluminar o local, junto de uma câmera. Sem falar de outros equipamentos que entendia menos ainda para o que serviam, possuía também um microfone e um notebook, ao lado de folhas de papel com uma caneta jogada por cima do texto que não foi terminado de escrever. Aqui era onde sua mãe costumava a trabalhar.

Saindo, ele olhou para os cômodos organizados de forma impecável, mas porque já fazia muito tempo que não tinha ninguém para bagunçar. Estava até começando a acumular pó. Ele limparia isso mais tarde, mas por hora, apenas iria tirar seu uniforme para preparar algo para comer. Tinha que ser criativo e usar mais coisas para fazer refeições mais complexas, antes tudo que tenha nesse apartamento comece a estragar, e ele era só um.

Cruzou pelo quarto do seu pai que estava com a porta escancarada e, não teve como não deixar de reparar num lado da cama todo bagunçado, e o outro que continuava igual, independente de quantos dias passassem. De qualquer forma, ele foi até o seu e adentrou o local, jogou seu blazer por cima de uma mala que estava sempre no chão e colocou um suéter vermelho.

Ao lado da parece de vidro em que poderia se ver o exterior caso não estivesse escura, tinha um beliche. O de baixo estava intacto, mais o de cima com os lençóis jogados, pois era o que ele usava e tinha se esquecido de arrumar nessa manhã. Tinham alguns brinquedos espalhados e atirados em lugares que deviam ter permanecido nos últimos seis anos sem sair, e duas escrivaninhas, uma com alguns desenhos inacabados e outra com uma coleção de mídias de jogos eletrônicas.

Desde que retornou, Jun não mexeu em nada e até então se recusou. Exceto pelo momento em que ele reparou em algo que lhe chamou atenção. Na superfície de uma das mesas tinha um quadro, nele estava o retrato de duas crianças, uma de cabelo vermelho e outra prateado remetendo a cor cabelo da mulher que abraçava as duas, quanto o primeiro ao do homem que tirou a foto de não apareceu. O garoto deixou esse retrato virado para baixo, pois não queria ter que ficar vendo de novo.

— De todo modo, deixa eu fazer isso logo… — pensou em voz alta, respirando fundo enquanto tomava coragem para a ação que estava preste a realizar

Jun pega o seu celular e vê notificações de mensagens; eram de Rie, a garota que conheceu no primeiro dia ao voltar para essa cidade e continuou a conversar desde então. A responderia mais tarde, por hora, tinha que fazer uma ligação para um certo alguém.

— Alô, aconteceu algum problema? — Ao receber a chama, essa vou a primeira coisa que ouviu, em um claro tom de preocupação.

— O que foi? O seu filho não pode mais ligar pra você sem que esteja ocorrendo uma catástrofe?

— É claro que não, eu só não estou acostumado em ver você ligar por vontade própria.

Realmente, Jun estava bastante ansioso em ter que tomar esse tipo de atitude, uma vez que sempre que podia ele evitada as ligações do seu pai. No entanto, agora ele não tinha outra escolha a não ser recorrer a ele.

— Bem, obviamente, eu tenho um motivo para querer falar com você. Queria saber onde tem um ferreiro nessa cidade, pois não consegui achar no mapa.

— É claro, no mapa comum não mostra esse tipo de coisa. Mas, tudo bem, eu tenho um amigo de longa data que atua como isso.

— Pode me mandar o endereço?

— Eu vou mandar. É capaz dele saber quem você é logo quanto te ver, pois eu já falei bastante e, também, dependendo do horário que você for, talvez se encontre com alguém que já conhece…

A voz de Isamu se mostrava um tanto ansiosa. Jun não conseguia afirmar o sequer deduzir o motivo, mas tinha o pressentimento de que ele queria dizer algo a mais.

— Tem outro endereço que vou deixar com você. Acho bom você ir lá e ver com os próprios olhos, depois de toda aquela explicação que te dei… Bem, agora tenho que voltar para o trabalho — O capitão das forças de ataque desliga a ligação.

E o sentimento que possuía, então, se provou verdade. Se era o que estava pesando, o seu coração batia forte só de imaginar. Ele ainda não estava preparado para ver isso. 

 

* * *



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