Ataque as Torres! Brasileira

Autor(a): K. Luz


Volume 1

Capítulo 12: Soldados

As pessoas voltavam correndo para a torre; os portões eram fechados às pressas. Dante e Otávio voltaram por último, certificando-se de que ninguém ficaria para trás. Um estrondo ecoou no fechar absoluto.

O silêncio era sombrio.

Amedrontados, a maioria se reuniu no fundo do lugar, restando-lhes observar a movimentação do Dante, que corria para as escadarias dando instruções, ao menos até ser parado pelo outro policial.

— Não, fique aqui perto dessas pessoas! — Otávio continha o impulso de correr do amigo com seus braços estendidos. — Eu cuido de cima e qualquer coisa te aviso.

— Por quê?!

— Porque é você em quem essas pessoas confiam. Elas precisam da sua figura aqui! Já foi difícil o suficiente quando sumiu para vistoriar o lugar. 

Dante cerrou os dentes e punhos, mas aceitou. Depois, apontou para cima — para a sala acima do saguão. Seria necessário ir pelas escadarias para alcançá-la. Com a indicação. ele instruiu: 

— Vão e façam buracos que sirvam como janelas por lá. Os façam em cada extremo da sala. A altura é boa o suficiente para ficarem seguros e ainda terem um campo de visão notável.

— Certo!

Otávio subiu com parte dos homens. Enquanto corria, lembrava-se da conversa que teve com o companheiro ao mandarem os outros fugirem para dentro da torre:

— Quantos são?

— Dois — respondeu Dante. — Estão perto e armados, mas não tive tempo para ver com o quê. Provavelmente espadas.

— Fala sério! Dois daqueles gigantes…!

— Não, esse são diferentes. (...) 

Otávio e os demais chutavam os tijolos com força, expulsando-os de seus encaixar com dificuldade. Do outro lado, fizeram o mesmo. O vento adentrava cada vez mais intenso, convidado de vez no formar dos buracos, balançando as roupas e cabelos dos homens.

— Lá estão eles! — avisou um, imediatamente. 

O grupo foi pego pela tensão ao observarem o aspecto dos monstros: caminhando na areia eram como pessoas — homens — e seus físicos sofriam com a magreza, beirando os dois metros de altura. Usavam panos para cobrir os olhos e o restante superior da cabeça. A pele amarelada os fundiam ao deserto, distingui-los provava-se difícil mesmo que se tornassem nítidos com a proximidade das poucas dezenas de metros.

Eles empunhavam espadas enferrujadas e, com as mãos livres, arrastavam uma sacola grande.

— Reporte o que vimos para o Dante — ordenou Otávio para um dos aliados, que foi apressado para cumpri-la.

Olhando de novo para os estranhos, o quadro de tons deturpados apareceu na cabeça do policial com a palavra soldado destacada.

— O que vamos fazer?! — perguntou um ao lado.

— Esperar.

Enfim perto do edifício, os monstros começavam a rodeá-lo para chegarem aos portões.

— Ei! vocês! — Com a cabeça do lado de fora do buraco, Otávio tentava chamar suas atenções. Ao ouvirem os gritos, os soldados se assustaram e largaram o saco, em seguida, olharam para cima em poses tortuosas. — Conseguem me entender?! O que querem aqui?! Respondam!!

Restou o silêncio.

As criaturas se entreolhavam. Temendo que não tivessem o entendido devido ao barulho do vento, o policial repetiu suas palavras, mas continuava sem resultados.

— Aquilo! — notou um dos homens, apontando para a sacola. — Vejam!

Todos que viam pelo buraco foram pegos pela estranheza, pois o que havia na sacola de panos eram grandes pedaços de carne com ossos transpassando-os.

— Absurdo… Que tipo de animal teria esse tamanho?! — Os comentários entre eles se descontrolavam à medida que o tempo passava. A falta de humanidade nas expressões dos monstros encarando-os, parados, fazia um pavor crescer dentro dos seus corações.

— Conseguem me ouvir?! — tentou Otávio, novamente.

— Grrrriaaaahh!! — Foi o bravejo que teve de resposta. Presenciava o abrir da grande boca com dentes disformes e apodrecidos, uma cena que era impregnada no fundo das suas memórias.

Os soldados estavam irados e no surto, um dele saltou no muro e segurou-se nas frestas dos tijolos. Depois de segurar a espada na boca, ele começou a escalá-lo numa velocidade espantosa.

— Não pode ser! — disse Otávio. — R-rápido, peguem as rochas!

As pedras estouravam na parede e poucas conseguiam alcançar o monstro. O grupo apressava-se em repor os objetos e dá-los aos no buraco, que arremessavam com o peso das suas vidas nisso. Uma delas quicou e afundou no rosto do soldado; no seu estouro, a criatura perdeu a compostura e seus dedos soltaram os tijolos, levando-o a uma queda direta para o chão.

Revigorados pelo êxito, os homens comemoraram com brados. Na areia, o derrotado estava nocauteado.

— Roberto, vá contar ao Dante o que aconteceu — disse Otávio para o mesmo mensageiro de antes. — Certo, conseguimos conter o monstro! Mas não abaixem a guarda! Quebrem a parede para termos a garantia de algo para jogar! O outro pode tentar escalar em bre… Espera, o outro? — procurou-o, mas nenhum sinal. — Ele não havia ficado no chão?! Onde está?!

— Será que foi para os portões?

O policial o caçava com o torço para o lado de fora. Esquerda, direita e baixo — menos acima, que era onde o magricelo estava quieto como uma aranha. Próximo do inimigo, ele segurou-se firme com uma mão no tijolo e alongou o corpo enquanto pegava a espada.

Prestes a dar um golpe no pescoço do homem, o monstro baforou; Otávio jogou-se para dentro e desviou da lâmina, caindo sobre seus companheiros.

À frente do buraco surgiu a cabeça do soldado e para os homens desarmados, restava rastejarem para trás, hesitantes.

— Corram para baixo!!! — disse Otávio, assumindo o papel de criar iniciativa. E com a ordem eles fugiram sobre sua cobertura.

O monstro com os braços dobrados, trazia-se ao interior.

— O que aconteceu?! — falou Dante, que junto ao povo presenciaram os seus desesperos.

— Ele conseguiu entrar! — Otávio e os demais espalhavam-se pelo saguão. As pessoas pelo lugar ficaram mais tensas com as notícias, temendo então igualmente tanto os portões e escadarias. A torre deixou de ser segura, com a facilidade que o invasor teve para adentrar, ela poderia muito bem virar seus caixões a qualquer momento.

— Feridos? 

— Não houve baixas. Todos vieram comigo.

— Não todos… 

Otávio precisou de instantes para entender, vendo a expressão do Dante se amargurar.

— A sala do médico, onde fica?

 

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As escadarias continuavam escuras como horas antes, mas o paredeiro desconhecido do invasor a temperava com o medo da morte. Subir os degraus tornava-se uma tarefa além de cansativa para os homens, que eram torturados pelos sons dos próprios passos.

A divisão montada para a busca foram os policiais juntos do Armstrong e outros dois — apenas os adultos jovens, que poderiam fugir rápido se ocorresse uma desgraça.

O mundo não havia mudado na sala em que o médico estava com Karlos, Diego e sua filha. Terminando de dar um pouco de água na boca do rapaz em coma, o senhor arrumou sua bolsa e levantou-se, preparando-se para sair.

— Pena que não há uma cama para ela — comentou ao ver Eva dormindo com o pai sendo usado de almofada.

—  Realmente uma pena. Todos estamos estressados por estar nesse lugar desconhecido longe de nossas, mas para ela, que teve alguém querido quase morto, deve ser ainda pior.

— Bem, vamos confiar nas autoridades para nos tirar daqui, tenho certeza que vão conseguir. Agora, se me dar licença, vou descer para verificar melhor o cadáver do monstro. Deixarei o jovem para seus olhos e, se acontecer algo, venha me chamar imediatamente.

— Obrigado, Dr. — Também levantou-se, tendo o devido cuidado para deixar a cabeça da filha numa posição confortável sobre seu manto abandonado. — Irei acompanhá-lo pela escadaria. Na sua idade é perigoso andar por degraus tão velhos.

— Ha ha ha! Me subestimando! Tudo bem, ajude esse velho. 

Diego girou a maçaneta e lentamente abriu a porta para descobrir que, do outro lado, havia o monstro. Congelaram, desacreditados, mas estava lá: o absurdo.

A aberração partiu a madeira numa investida e, com sua espada, perfuraria o homem; Diego agarrou seu pulso e fez o ataque ir para o lado, em seguida avançou e o acertou com o ombro, jogando-o para fora da sala.

Vendo o monstro caído de cima, o coração do mestre espadachim estava a mil. Sua expressão trocou como do dia para a noite, repleta de suor. O médico estava paralisado atrás e Eva continuava a dormir.

“Quem é esse?”, pensou Diego. Presenciava, impotente, a criatura levantar-se e a diferença de altura — e espécie — era intimidadora. “Um monstro?… Por que tem algum aqui?”

A situação se inverteu, quem olhava de cima era o soldado, que estava ileso. Um som gutural escapava da sua boca. A espada na sua mão destacava-se na sua mão à medida que apertava o cabo.

“Isso… não importa agora!” Ao recuperar sua intensidade, Diego ficou em alerta, mantendo as mãos levantadas. A que usou para desviar o ataque de antes estava vermelha até perto do pulso. “Mesmo sendo tão magro, quase deslocou minha mão… A força dessa coisa não é normal.”

As três pessoas que tinha que proteger atrás — suas meras existências — clareavam a mente do homem das preocupações desnecessárias.

“Venha!”

O monstro ao ataque levantou a arma; uma figura negra de olhos brilhantes e torcidos colidiu contra sua cintura, envergando-o ao agarrá-lo, depois o carregou junto para fora dali numa investida insana. Pasmos — ambos a aberração e Diego — ficaram confusos, presos ao tempo.

Os rastros das chamas amarelas eram o que restavam.

Dante explodiu os degraus na queda com o monstro. 

— Otávio!! — gritou o policial ao montar o monstro para contê-lo.

— Aí está! — arremessou a espada de madeira do Karlos, essa foi aparada com destreza, pronta para o uso.

Ao virar o torço, Dante golpeou a face da criatura com a espada, amassando-o contra o chão. Os dentes do invasor misturavam-se no ar com pedras que sua nuca cavara no impacto, foi quando ele teve uma reação violenta que o levantou junto do policial.

Em resposta, Dante o cotovelou no pescoço antes que fosse mordido e, com a distância respeitada, o acertou de novo com a espada, jogando-o para o lado. A parede estremeceu com a pancada das suas costas. Da sua boca, o sangue vomitado sujou o peitoral. 

Pelos degraus de baixo vieram Otávio, Armstrong, Roberto e outros dois homens, que pararam na entrada da sala médica, perguntando se todos estavam bem. Antes que pudessem subir mais, Dante os parou com o gesto da mão aberta.

— Ainda não acabou. — Diante do levantar da besta, sua expressão enrijecia numa intensidade profunda. 

O monstro se jogou contra Dante e o pegou, feito que espantou os homens.

A espada de madeira caiu. 

As chamas amarelas estouraram pelo chão e parede. Contra o suposto fim, Dante destacava-se ao apertar a cintura do oponente com tanta força que ela era espremida; o monstro vomitou sangue e largou a espada enferrujada devido à dor. Desesperado, ele golpeava as costas e cabeça do policial com os punhos.

— Ei ei! Desse jeito…! — falou Armstrong, preocupado. Notando que o policial era machucado pelas pancadas do invasor, ele pretendia ir prestar ajuda, mas foi parado ao ter o ombro segurado pelo Otávio.

— Intervenção não é necessária. Estamos falando do Dante, acredite na decisão dele, senão vai atrapalhá-lo.

— Mas…!

— Não se preocupe, quando ele tá sério desse jeito, ninguém pode pará-lo. Ainda mais nessa excelente forma em que está agora.

Ouvindo essas palavras, Armstrong se conteve mesmo que lhe faltasse forças para acreditar de verdade que tais palavras valeriam contra uma aberração dessas.

Dante expirou densamente e, do seu semblante ensanguentado, levantou o olhar afiado. Devido ao aperto, o monstro enfim paralisou com o dano, foi quando então o policial inspirou fundo e se derrubou ao lado, batendo a cabeça do oponente no chão com toda sua força e peso. O piso cedia em fragmentos banhados pelo esguicho de sangue.

De pé, o vitorioso se certificava de que havia terminado o trabalho. A reação demorou para os outros perto, seus ânimos cresciam a cada instante, mas o feito seguia absurdo demais para acreditar.

O silêncio estava para ser quebrado pelo Roberto, que se encontrava mais atrás do grupo, levantando os braços e, ia gritar, ia, porém foi interrompido pela espada que atravessou seu peito.

Dante ficava atormentado, sendo o único a ver o homem ser morto pelo ataque covarde do segundo soldado.



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