Volume 1
Capítulo 16: Fim da linha
Kaleek foi afastado com um golpe poderoso de Tod, golpeado nas costelas quebradas enquanto soltava um grunhido feroz de dor. Sendo jogado para trás se sustentou com o peso do próprio corpo no processo, e se lançou novamente segurando a adaga.
Devolvendo o chute que foi desferido, Tod ri ao levantar o machado, que por instinto foi evitado ao tomar distância. Saltos laterais lhe deram a visão mais ampla do campo de batalha, repleto de respingos de sangue na neve.
O golpe partiu o chão e levantou a neve formando uma pequena cortina entre eles. Os olhos atentos aos movimentos, foram rápidos o suficiente para bloquear e repelir o machado do homem com cabelos trançados.
Que moveram-se junto com o vento, atravessando tudo no processo. Quando sua lâmina que foi brandida novamente, golpeou de cima para baixo, um ataque destruidor que poderia cortar seu crânio foi evitado.
— Há!
— Donma!
Kaleek se protegeu com um pilar de gelo que surgiu diagonalmente na frente do machado, que ao estilhaça o pilar, tinha perdido de vista seu alvo. Aquele que o brandiu voltou a bloquear os ataques de gelo a distância, que subiam ainda mais a neve e dificultavam a visão.
Sem deixar seu corpo descansar ou a mente pensar, ele disparava ataques consecutivos sem nem mesmo respirar em intervalos, até por quê eles não existiam.
Kaleek ao gritar o elemento outra vez, se defendeu com o gelo que tomava o fio da lamina, se despedaçando após cada ataque. Surpreso, ele recuou percebendo o perigo nos olhos do agressor.
— Você tem confiança demais, é igualzinho seu pai!
Distanciando-se ele criou pilares entre eles, feitos com gelo puro, que foram explodidos em vários pedaços pelo machado gigantesco de Tod. Seus saltos velozes e consecutivos, não o deixaram nem mesmo piscar, e lá estava ele novamente presentes a cortar seu rosto.
Um rasgo se abriu no rosto pálido, e novamente Tod foi jogado pelos ares. Desta vez, ele caiu de pé com um movimento impecável. Quando os olhos se cruzaram com a aproximação, de forma baixa e serena e um sorriso que fez seu estômago congelar.
— Vocês dois poderiam ter morrido juntos, seria mais divertido se a dívida fosse para o garotinho.
Kaleek franziu o cenho, vendo uma possibilidade de interceptação, por trás das falácias de seu inimigo, avançou sem nem pensar duas vezes segurando a adaga com um brilho vil.
O ataque ímpeto do garoto fez Tod arregalar os olhos, seu machado bloqueou um ataque que atingiria o coração. Uma força descomunal, que ele duvidaria que pudesse vir de um garoto daquele.
Na verdade os músculos se flexionavam ao limite, as veias saltaram nos braços e testa. Um ataque que jogou o grande machado pelos ares, após o outro ter falhado, ele finalmente encontrou a brecha que procurava.
Atingindo os dedos de Tod, cortados e arrancados da sua mão, ele usou toda força para jogar longe a lâmina que ainda segurava com os três dedos que restava. O gelo se estilhaçou após mais um golpe, mas pequenos fragmentos ficaram nos dedos que caíam.
— Morre de uma vez.
Kaleek chutou o estômago de seu oponente que não resistiu, foi apenas jogado na neve como se fosse resto de carne. Que rolava e se espatifava repleto de um odor asqueroso, como se fosse carniça.
— Toquei na ferida!? — Ele levantou e assim disse enquanto segurava ao não ferida.
— Lava essa boca cheia de bosta!
Sendo afastado pelo ataque, tod sorriu enquanto ainda estava de joelhos. Mesmo tendo perdido sua arma, que caíra no chão e rapidamente congelada, ainda sim ele arrumava uma maneira de provocar Kaleek.
Furioso ele avança sem relutar, seus olhos vidraram no pescoço que estava prestes a ser perfurado.
— Isso é uma coisa ruim, garoto.
Sabia das propriedades da adaga após quase experimentar na pele, por sorte a vítima foram somente seus dedos. Estando desarmado, seria um real problema se fosse atingido naquele momento.
Por isso, sorriu ao deslizar as mãos até a suas costas, onde uma bolsa era escondida por baixo do manto. Era mediana, mas suficiente para guardar um par de lâminas.
Queimando como metal superaquecido, aquelas lâminas tocaram a adaga de Kaleek, e delas emitiram faíscas e uma fumaça que tomou suas visões.
Pela temperatura, o gelo derretia assim como o fogo apagava com o contato dos pares de lâminas em contato. Sem poder ver, ambos saltaram para longe do desse embate.
— Que merda é essa agora! — Veias saltaram em sua testa, enquanto berrava para a cortina de fumaça.
Esperando impaciente a fumaça abaixar, Kaleek continuou com a lâmina levantada. Os olhos que não se desviavam por nada, se arregalaram ao ser revelado o homem por trás da nuvem de vapor.
Aquele que por algum motivo ainda carregava armas com si, se levantou com duas foices. Lâminas que queimavam intensamente, praticamente derretia em um tom vermelho ardente.
— Feuer.
Estalando o pescoço com movimento circulares, voltou seu olhar ordinário para o garoto que berrou de volta.
— Por quê você não morre!?
— Oh, que fofinho o Rigel Júnior...
Tendo o nome do seu pai mencionado por aquela boca imunda, voltou a avançar. Desta vez, atacava e logo se afastava novamente, tendo sua lâmina bloqueada todas as vezes.
O calor desta aproximação era grande até por breves segundos, eram ataques ímpetos e perigosos, tendo a possibilidade de ser carbonizado a qualquer contato de sua pele.
Após atacar repetidamente sem sucesso, parou ao se segurar em uma árvore. Este breve segundo de pensamento foi o suficiente para Tod direcionar as duas lâminas em sua direção.
Com um corte, partiu a árvore em dois pedaços e logo a incendiou. Kaleek que fechou um dos olhos ao saltar para se salvar, resfolegou com certa dificuldade.
Segurou o peito acelerado, o quente que fervia chegava doer em suas veias, na verdade seu corpo todo doía. Tinha parado de sentir dor depois de um breve momento, que acabou voltando em uma péssima hora.
Você tem que aguentar...
— Voltando ao assunto, não acha que seu pai foi egoísta? Deixar uma criança, sozinha. Com suas dividas todas como uma “herança” é patético. Extremamente patético. Por ser patético, é a cara dele.
Ao cessar os ataques, manter-se em uma distância segura, ele logo voltou a tagarelar e insultar seu pai.
— Você, só sabe falar isso, é?
— Hã!?
— Acho que essa sensação, é inveja. Por que com ele vivo você não poderia fazer o que bem intende, né?
Tod riu.
— Que piada foi essa? Caramba, não sabia que você era tão engraçado, ha há!
— ...
Mesmo com aquelas palavras de desprezo, ele percebeu a veia que saltou na testa do homem. Contudo, ela logo sumiu após a sua risada forçada.
— Pois eu também tenho, uma piada...
Quando ele curvou o corpo como um apresentador, os olhos afiados do homem se levantaram e um som assolou todo ambiente. O som alto que fez ele cobrir os ouvidos, olhando para a explosão atrás de Tod.
A catedral era o local onde Ellen e Zae batalhavam, pelo menos foi o que Kaleek pensava ao ver uma grande explosão que destruiu metade da construção.
Boquiaberto, Kaleek amoleceu o punho e caiu de joelhos, derrubando a adaga na neve e franzindo a testa com força. Pequenas palavras soavam como gargarejos, e seus olhos se arregalaram de forma que poderiam saltar das órbitas.
Os destroços que voavam tomaram a atenção de Tod toda para si, um sorriso ordinário brotou em seus labios, não percebendo o corpanzil que se aproximava em alta velocidade.
— Mas que-.
O corpanzil fincou as presas em seu peito e arrastou ele para dentro da floresta, quando assim levantou os olhos repletos de ódio, viu se tratar de uma criança montada em um javali gigante.
— Essa é, a missão de resgate de Kenny Byfrost!
Na qual o perfurava as presas de Kelmoth nas costelas de Tod, que cuspia sangue nos olhos do animal, o fazendo sacudir desprendendo o corpo musculoso.
O sangue se espalhou como chuva vermelha, o seu ódio transbordou em forma de berro de dor. O sangue transbordava em sua garganta, inchando seus pulmões em pleno ar.
Daquela vez, seu corpo não só foi perfurado, mas jogado contra um tronco de madeira — A ponta do tronco estava lascada e esculpida em um formato pontiagudo. Empalado, o espeto humano só pôde ofender a criança que o encarava com uma expressão assustada.
— Seu arrombado! Eu vou matar vocês, vou matar você e seu animal idiota!
Espantado com tanto sangue sendo esguichado de Tod, guiou Kelmoth até onde Kaleek estava, mas antes mostrou a língua para o sujeito empalado em uma estaca de madeira.
— Seu merda...
Durante um breve momento, tendo suas entranhas perfuradas e o sangue todo sendo drenado para fora. Tod se manteve na posição de um sacrifício, humilhado e cego pela ira que sentia por aquela criança que se distanciou depressa.
Com os cabelos balançando ao vento, alcançou o local onde ocorreu o impacto, não encontrando Kaleek. Aquele que viu ao torcer o pescoço, correndo até a catedral.
Suspirou o vento gelado, de forma irregular e descontrolada enquanto tropeçava na pedras parcialmente engolidas pela neve. Tal afobação era direcionada para o local da explosão onde se aproximou depressa.
Suas mãos alcançaram a parede gelada, e logo Kaleek se dirigiu a porta que tinha sido arremessada com a força da explosão. Com olhos atentos e arregalados, enquanto perguntava para si mesmo.
— Cadê... Cadê, cadê!?
Seus olhos rodavam todos os cantos daquela igreja em ruínas, mas não encontrou nada além de uma grande poça de sangue no centro da sala. O sangue escorria e pintava a igreja de vermelho.
Fios dourados o chamaram a atenção, ele pisou no sangue que emitiu uma pequena onda de choque, e um som de gotas pingando ecoaram no salão. Boquiaberto, ele caminhou pelo sangue de forma lenta.
A franja caiu sobre sua testa, e ele franziu a mesma ao se aproximar de um pilar caído. Murmúrios conflitavam como se eles discutissem entre si, levando Kaleek para aquela grande poça vermelha.
Além do centro, outra poça o chamou atenção. Aquela que enterrava os cabelos loiros, agora manchados de sangue. Seus joelhos bateram com força contra o chão, subitamente ele arregalou os olhos e franziu a testa ainda mais.
De frente para os escombros, ele esticou os braços e começou a retirar, pedra por pedra. A força contida nos braços que latejavam de dor, era algo que nem mesmo ele entendia.
Talvez fosse pela dor, ou pelo medo de não encontra nada além de fios de cabelos. Porém o destino não era tão cruel, foi o que pensou antes da expressão de alívio se desmanchar ao retirar a ultima pedra.
O choque o atravessou, obliterando a última centelha de esperança. Sua alma se estilhaçou, e o rosto se retorceu em uma dor tão crua que nem mesmo o toque da pessoa mais importante poderia restaurar.
— Ellen... acorda...
Ele implorou, orou. Rezou. Mas ela não o respondia. Seu rosto era tingido de desespero e dor, os dentes expostos e pele da bochecha e rosto parcialmente queimadas o fizeram estremecer ao tentar tocá-la.
As lágrimas caíram sem perceber, quando se viu melhor estava diante de um cadáver que derramava às entranhas sobre seus pés. O corpo cortado ao meio, não resistiu ou deu um sinal de vitalidade.
Kaleek experimentou o desespero. Era um veneno amargo que adormecia a mente, atormentando o corpo, e o fazia sentir como se um buraco fosse aberto no corpo. Por um instante, pensou que era real.
Kaleek abraçou o cadáver de sua amada, afundado nos restos de carne. O sangue quente encharcava suas roupas — não havia conforto ali, apenas o calor áspero da morte.
O corpo foi carbonizado, seu braço direito arrancado e dilacerado junto da metade de seu corpo. Seu olho direito que explodiu rolou pela catedral ate um canto escuro.
Sentiu dor, muita dor. Sua existência se tornou dor. Ele não sentiria mais nada além disso pelo resto da sua vida, pois sua única bandagem, seu único remédio havia morrido sem deixar nada para trás.
Seus lábios tremeram, atingindo um estado de transe. Ele berrou, um berro de dor que era imensurável. Uma dor que não poderia ser colocada em palavras, algo que perfurava seu peito junto de um abraço, levando Kaleek ao seu limite.
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