Volume 1
Capítulo 11: O fim do brinde
Seus olhos estagnaram naquele momento. Viu ser engolido junto às entranhas que entravam, por aquela boca repleta de dentes afiados.
O sangue quente pingava e virava vapor, e pedaços de carne se pediam na neve.
A aura aterrorizante daquele ser, lhe deu enjoo. Quando se curvou para frente, a sensação do suco gástrico correu pela garganta.
Ao tranca-la, levantou a cabeça novamente. Se deparou com os olhos vermelhos, que notaram sua presença.
Mesmo tentando contê-las, as lágrimas caíram sem aviso prévio. O que poderia ser um aviso, era a dor insuportável no peito.
Ardia e gritava, vendo os pedaços jogados pela floresta branca. Seu coração foi partido novamente, vendo que aquilo não era um sonho.
Seus olhos arregalaram, a presença atingiu seu corpo paralisando-lhe. Mas diferente de Carlos, ele encarou ele de volta.
Quando aquele lobo assumiu as quatro patas, rondando-lhe como um predador prestes a caçar.
As lágrimas pararam de cair. O ar ficou ainda mais difícil de se respirar, era pesado, grotesco. E impregnava em sua garganta.
Ingeriu aquele miasma negro, quando de repente soltou gemidos de confusão.
Ele colocou as mãos sobre a cabeça e ajoelhou. Seus joelhos tocaram a neve, estalando com o choque de temperatura.
A neblina se intensificou ao ponto de não ver mais o seijuu, no fundo não queria encontrá-lo.
Em meio aos grunhidos de dor, e lágrimas confusas. Ele parou. Quando sentiu algo espreitando a suas costas.
— Você matou, matou ele.
Uma voz de ódio deu lugar quando as lágrimas se secaram. Pingando na neve uma última vez, pequenos raios saltaram de suas costas.
Estes que começaram a disparam na neblina, perfumado e acertando algumas árvores.
Aqueles olhos não diminuíram sua hostilidade em relação ao elfo. Continuou a vê-lo se desmanchar em sofrimento, mas seus olhos saltaram quando o mesmo o enxergou mesmo com a neblina.
Cosmo se levantou, apertando com forca a lâmina de Orion. Enquanto aquele ser transbordando de ódio, afiava as garras.
Quando se desvinculou da pilha trás de si, apenas uma coisa passava em sua mente.
Matar.
— Por sua culpa, Ken vai chorar.
Ele começou a caminhar.
— Espero que nem mesmo o inferno aceite você. Se eu souber onde você estiver, irei até lá para mata-lo.
Seus olhos eram tão selvagens quando os dele. Cerrados até que parou de andar, de frente a uma nuvem densa.
As pupilas quase sumiram diante todo aquele ódio no olhar de Cosmo. Rasgando seu inimigo em sua própria mente, franziu a sobrancelha.
— Eu sabia que não podia confiar em vocês.
Aquele que rosnava a sua frente, era familiar. Mas ele não pensou muito nisso, só queria destroçar aquela criatura que crescia diante dele.
Após se esfaquearem com o olhar, os golpes colidiram e as lâminas foram repelidas.
O lobo demoníaco golpeou com sua garras, que mais pareciam uma lâmina. Cosmo respondeu com sua arma com brilho dourado.
A força e velocidade daquele ataque emitiu um chiado. Mesmo tendo a mesma força e velocidade, era quase uma competição para ver quem era o mais ágil com as lâminas.
Os golpes eram consecutivos, um repelindo o outro. Cosmo golpeou por cima, sendo bloqueado por um ataque veloz que empurrou-lhe para trás.
Os raios rodeavam o campo de batalha. Coisas que pareciam dois pontos de cores distintas, corriam e se chocavam em alta velocidade.
— Raen!
Raios escaparam de seu corpo, conduziu ataques em alta velocidade. Lançando raios para cima do lobo que desviou pulando, por pouco não foi fritado assim como as árvores.
Suor escorreu de sua testa, ao levantar a lamina e bloquear o ataque vindos das costas, Cosmo girou o corpo.
— Raen! — Ele girou a lâmina, criando uma tempestade de raios.
Seu corpo parou de girar ao sentir Orion cortar algo. Um rastro de relâmpagos foi emitido de seus olhos, quando chutou o corpo para longe e um braço caiu na neve.
Aquele golpe fez ele dar um suspiro gelado, seco. O nó em sua garganta se desfez, e um sorriso se formou em seus lábios cortados.
Ao decepar o braço da criatura com um ataque giratório, ele novamente alinhou a lâmina em seu campo de visao.
Confiante, observou a criatura que deveria ser Loki, se contorcer em agonia. Segurando o ferimento em meio aos gritos.
O sangue pingou do ferimento, mas era negro e lento. Era mais denso e quando tocava a neve emitia uma aura negra, semelhante a um odor da morte.
Rosnou e girou o corpo rapidamente, seus olhos estagnaram naquele braço jogado na neve. Agarrou ferozmente com seu braço restante, encaixando com cuidado revolta ao toco que parará de sangrar.
As veias saltaram e um som de carne veio aos ouvidos, fazendo seu estômago girar. Cosmo torceu o rosto para aquela situação nojenta. O sangue transbordou do ferimento é assim formou uma nova pele, conectando ambas partes.
Aquele ser estranhamente desfez o sorriso, que antes era vil e absoluto. Mesmo quando recebia golpes poderosos sendo eletrocutado com seu “Raen”, ainda sorria desenfreadamente.
Acompanhou o suor descer por suas costas, se viu novamente naquela densa neblina, e o fedo piorava.
Seus olhos vermelhos queriam o levar a morte.
— Esta é sua última chance, não estrague... — Assim sussurrou para si mesmo, enquanto se preparava para o golpe que viria.
Loki se colocou novamente em quatro patas. O fedor negro se tornou vermelho sangue, rodeando seu corpo.
Seus pelos se arrepiaram, seu corpo ficou exponencialmente maior. As garras se retraíram enquanto salivava, sedento pela sua morte.
Quando ambos saltaram, faíscas emitiram de seu encontro. Como se duas energias opostas se chocarem, e se repetissem, garra por lâmina.
Cosmo soltou um grunhido, após ser jogado para trás junto a lâmina. Voltou a golpear segurando-a com as duas mãos.
Mesmo que a dor e o impacto deslocasse seu ombro, afiou os olhos para cortar seu inimigo que avançou com a boca aberta.
Seus olhos arregalaram-se, quando golpeou, cortou o ar. O vento sobrou os cabelos loiros após isso, e ele olhou ao redor confuso.
— Hã? Cadê?
A criatura com quase dois metros de altura, sumiu diante de seus olhos, em um passe de mágica.
Um rastro vermelho passava por suas narinas, e o cheiro de sangue queimou seus pêlos nasais.
Quando as presas perfuraram sua carne, seu olhar deslizou para baixo. Seu corpo congelou, por um momento não sentiu a dor das presas perfurando os nervos.
Era como se seus olhos perdessem a cor, por um momento sua consciência esvaiu. Sem entender o que havia acontecido, só pode urrar como um animal.
— AAAaaaAAAAAhhhHHHH… !!! Aaargh… Aah…!
Aquela sensação veio com atraso, e seus olhos arregalaram-se ao ver as presas que fincavam-lhe. Sangue escorria da batata de sua perna, quase totalmente dentro da boca de Loki.
Os olhos da fera se tornaram totalmente vermelhos, o sangue tomou todo o espaço em branco como uma precessão.
Sem forças para segurar a Katana, ele largou ela na neve pelo choque. Tentou afastar as presas que fincavam-lhe, com veias saltando pela testa.
— Solta... seu filho da... AaaaaaAAAaahHHH!
Quando moveu as presas alguns centímetros da sua carne, voltou a urrar pois aquele que lhe devorava chacoalhou a cabeça igual cachorro brincando com sua carne.
Seu corpo girou, e girou. Novamente girou. Até que a carne rasgou e se desprendeu de sua perna.
Fora jogado para longe do campo de batalha, onde a neve despejou encima de si ao colidir com duas árvores — partiu uma delas.
Metade de sua perna foi arrancada, o sangue pintava a neve com um vermelho lindo. Mas o estado do que um dia foi sua panturrilha, não era nada belo.
Pode ouvir o som da carne ser mastigada, triturada. Enquanto seu corpo se afundava na dor agonizante. Não pode nem mesmo sentir a dor das costelas recém quebradas.
Seus olhos ficaram aéreos. Carne mastigada, sangue, ossos expostos, céu, flocos de neve. Tudo aquilo se moveu lentamente, como se o mundo congelasse naquele inferno.
Se levantar não era uma opção, nem mesmo músculos tinha. Foram arrancados junto da metade que lhe faltava.
Então é assim, não é?...
Pode ver o brilho que intensamente o chamava mesmo naquela neblina tensa.
Me perdoa, eu não vou poder te vingar...
Mais uma vez as lágrimas escorreram, os lábios tremeram e olhar se entristeceu. O coração vibrou e uma angústia eterna se instalou.
Perderá mais um companheiro, outra vida escorregou por seus dedos. Como daquela vez, ele só pode ficar irritado e descontar sua raiva em algo que se movesse em seu campo de visão.
Após aquela tempestade, Mabel foi levada pela neve causada do impacto do grande e misterioso trovão.
Procurou ela até anoitecer, enfrentou a tempestade com unhas de dentes. Era tão patético que nem isso pôde realizar, nem mesmo uma pessoa.
A frustração corroeu aquele que se chamava de Cosmo Laerte. Destruindo totalmente sua confiança, ao falhar, ao perder seu único amor.
E agora ele perdeu seu melhor amigo, mesmo que negasse profundamente aquilo.
Mesmo com as brigas incessantes com Carlos, não deixou de ajudá-lo todas vezes que desmaiava. Cenários em que estava em perigo no campo de batalha, sendo imprudente por confiar demais na sua resistência.
Foi esse mesmo homem, que demonstrou tanta intolerância, o mesmo que estendeu a mão para ele durante aquela tempestade, e tiro-lhe da área de perigo.
Franziu a testa, enquanto alfinetava a si mesmo. Queria odiá-lo, dizer que a morte dela fora sua culpa.
Ele se odiou por pensar algo assim, de alguém que salvou sua vida.
Mesmo que alcançasse suas mãos delicadas e pálidas, não poderia salva-la. Mesmo correndo ainda mais rápido, não séria a tempo.
E essa conclusão era mais dolorosa que suas próprias alfinetadas.
Queria pelo menos morrer tentando, para que essa sensação de impotência não o atingisse mais tarde.
Seu bêbado idiota...
Aquelas palavras não lhe pertenciam, apenas servia para mascarar a culpa que sentia por odiá-lo.
Seus olhos voltaram a ter cores, quando aquela luz se aproximou dele. A silhueta de um homem alto estendeu a mão para Cosmo, totalmente ensanguentado.
Aquele homem sorria em um semblante alegre, protetor e confiante. Carlos pegou a mão de Cosmo que arregalou os olhos ao reconhece-lo.
— Tu é muito fraco, nem bebeu ainda!
— O que você...
— Vamo, limpa essa cara de choro aí e bora matar aquele cuzão!
Ainda segurando sua mão, ele deslizou os olhos até sua perna em estado crítico.
— Eu... Te odiei...
— Pagando mais uma rodada, por mim tudo bem!
Ele deu uma gargalhada sincera, enquanto puxava o braço deslocado de Cosmo. Ao ficar de pé, tocou a perna confuso.
— O quê!?
— Sabe Cosmo... — Ele firmou o aperto de mãos. — Eu acho que você é capaz disso. Mabel certamente se apaixonaria se você vencesse alguém tão poderoso.
— ...
Seu corpo estava perdendo o brilho, mas o toque era real. Sentia algo quente e reconfortante em suas mãos.
— Eu não consigo continuar... você morreu por minha causa.
— E você vai morrer por isso também? Que idiotice.
Carlos franziu o cenho exclamando:
— Você não é herói, Cosmo. Nunca foi. Mas quando quer proteger alguém... você se move. Então se move, porra. A gente ainda tem aquela dívida no bar, lembra? Não quero que meu nome fique sujo depois de morto.
Aquelas palavras o acertaram fundo, mais do que pudesse imaginar. Como se aquela mão o puxasse para fora daquele buraco que ele mesmo cavou.
— Tô indo nessa... Já fiquei tempo demais. Vai lá e vive, caralho.
Quando arregalou os olhos ainda mais, seu amigo havia se transformado em vários pontos amarelos.
Seus olhos brilharam junto daquela cena. Os pequenos espíritos se moviam de um lado para o outro como se dançassem, irradiando um brilho forte.
Sentiu que ainda apertava algo, sem mover as mãos ele percebeu. Ao ver a lâmina serrilhada, apertou o cabo da lâmina de Orion com um sorriso no rosto.
— Duvido você beber mais que eu...
Sua perna ainda estava destruída, o seu corpo se sustentava de uma forma inexplicável. Sua única perna restante tremia, quase cedendo.
Mas deveria apostar tudo. O cheiro fez ele ter náuseas, o gosto azedo na garganta e a saliva descontrolava, o fez entender que era seu limite.
Mas colocou um sorriso no rosto, e ajoelhou a perna lesionada com cuidado. A outra que ainda lutava para sustentar o peso do corpo, também se dobrou, na altura da cintura.
Era uma pose que conseguiria usar um único ataque, e como a pressão nas pernas era imensa, provavelmente quebraria.
Ele cruzou os braços com a lâmina apontada para as costas, formando um x. Enquanto olhava fixamente para a neblina tensa.
Ele fechou os olhos para aquilo. Não sentia dor a algum tempo, os arrepio acabaram, e enjoou. Tudo se foi quando abriu os olhos novamente, emitindo um som que ecoou por toda vila.
— Raen... — disse essas palavras com calma e serenidade.
Raios por toda parte. Atingindo árvores e pedaços das casas e até ele mesmo
Seus olhos abriram em um branco infinito, sem pupilas. Seu corpo todo emitia raios fracos em uma aura amarela única.
A pressão dos raios afastou a neblina por um momento, em um instante pode encontrar o alvo.
Todos os ossos tremeram, mas seu corpo enrijeceu. As veias da testa, braços e pernas salvaram como nunca.
— Te desafio ser mais rápido agora.
A criatura ergueu a cabeça confusa, pela luz que piscou em sua visão antes de escurecer.
Ele saltou com sua única perna que ainda funcionava. O som dos osso se quebrando foi abafada pelo trovão, similar a uma tempestade de raios.
Ele se moveu em uma velocidade quase imperceptível a olho nu, golpeando o monstro.
— Gokken!
O corte dissipou toda neblina. Loki nem piscou quando seu corpo caiu, com tudo acima da cintura valorizado.
O corte que se assemelhava a uma estrela fez um buraco no Seijuu. A floresta toda tremeu, enquanto o corpo afundava na neve.
O sangue negro se espalhou, emitindo uma aura fraca e negra.
Cosmo caiu de bruços logo depois do ataque, seu corpo estava dormente e não respondia a seus comandos.
— Ah... É claro...
Ele riu. De si mesmo, por ser tão idiota. Os olhos observaram a neve enquanto uma sensação quente o tomava por completo.
Mais que isso, a sensação predominante era reconfortante, um soco no estômago. Mas, era como sua salvação.
Missão comprida...
Se permitiu descansar os olhos naquele momento, sendo observado por um par de olhos vermelhos que se estreitaram.
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