Volume 1
Capitulo 14: Antinatural
O tempo pareceu desacelerar quando avançaram um contra o outro. A distância entre eles diminuía rapidamente, os passos de Luke marcando profundamente o solo rochoso da montanha a cada passada.
Quando estavam a pouco mais de um metro, ambos saltaram ao mesmo tempo.
Aella girou o corpo no ar e atacou em um movimento amplo, desenhando um arco com a katana. Enquanto o golpe se formava, o Etheryn começou a se acumular na lâmina, uma energia vermelha que surgia do cabo e avançava até a ponta, pulsando conforme o corte descia.
Luke respondeu concentrando Etheryn no punho. Raios envolveram sua mão, estalando e se comprimindo enquanto ele avançava direto contra a lâmina.
O impacto foi imediato.
A katana e o punho colidiram, liberando uma explosão de energia que varreu a neve da montanha em um instante. Uma onda de choque se espalhou pela encosta, arrancando árvores do solo e lançando rochas montanha abaixo. Por um breve momento, uma coluna de luz vermelha de um lado e azul do outro se ergueu até o céu, rasgando as nuvens acima.
Ambos foram arremessados para lados opostos.
Luke foi o primeiro a se mover. Ele girou no ar e pousou com força, erguendo ambas as mãos enquanto seu Etheryn se expandia ao redor do corpo. Raios começaram a cair ao seu redor, rasgando o céu e atingindo o solo com estrondos secos.
Sentindo o perigo iminente, Aella avançou sem hesitar, mirando diretamente o coração dele. No mesmo instante em que se moveu, um raio com a grossura de uma árvore despencou dos céus em sua direção, descendo em velocidade anormal.
Instantes antes do impacto, Aella ergueu a katana acima da cabeça e firmou o corpo. O Etheryn vermelho se espalhou pela lâmina e ao redor dela, formando uma barreira instável no momento exato em que o raio a atingiu.
A energia explodiu contra o escudo improvisado, dividindo-se em dezenas de arcos menores que continuaram caindo sobre ela. O solo ao redor foi incinerado; rochas derreteram, transformando-se em poças de lava que borbulhavam sob seus pés.
Quando os raios cessaram, Aella ainda estava de pé, embora visivelmente desequilibrada pelos impactos.
Luke não deu espaço para reação.
Com um movimento rápido, ele lançou ondas de chamas com uma das mãos, enquanto, com a outra, moldava um enorme espinho de gelo que avançava em sua direção, crescendo de tamanho a cada metro percorrido, rasgando o ar enquanto se aproximava dela.
— Você está começando a me irritar, Aeternis… — sussurrou Aella, recuperando o equilíbrio enquanto os ataques avançavam contra ela.
No instante em que as chamas e os fragmentos de gelo estavam prestes a atingi-la, tudo parou. Os ataques ficaram suspensos no ar, envolvidos pela energia vermelha que emanava de Aella, vibrando como se estivessem presos a algo invisível.
— O quê…? — murmurou Luke, arregalando levemente os olhos. — Como ela parou isso?
Com um gesto calmo, quase indiferente, Aella tocou o espinho de gelo. Assim que seus dedos encostaram, a estrutura se despedaçou, fragmentando-se em inúmeros cacos que perderam toda a força e caíram na neve.
— Você conseguiu subjugar meu Etheryn?
— Sim — respondeu ela, com suavidade. — Foi fácil. Até porque você é fraco.
O brilho nos olhos de Luke vacilou.
— O que foi que você disse…?
— A verdade. — Aella sorriu, doce. — Você é só mais um de muitos.
— Vamos ver se você…
Luke piscou.
No mesmo instante, os fragmentos de gelo e as chamas foram arremessados de volta contra ele, disparando em sua direção com velocidade ainda maior. Ele reagiu por instinto, saltando para trás, desviando por um fio do próprio ataque.
Mas, antes mesmo de seus pés tocarem o chão, Aella já estava atrás dele.
Ela surgiu no ar, no exato momento do salto, o corpo girando com precisão perfeita. O chute veio pesado, acertando Luke ainda em pleno movimento. O impacto quebrou o ar ao redor e o lançou violentamente contra a encosta da montanha, onde ele colidiu com força antes de despencar na neve.
Luke tentou se levantar quase imediatamente. Sangue escorria pela lateral de seu rosto, sua visão ainda turva, os sentidos desorientados pelo impacto.
— É sempre muito divertido lutar contra alguém com um ego tão frágil quanto o seu — comentou Aella, sua voz ecoando à distância.
— Trapaceira desgraçada… — rosnou Luke, cerrando os dentes.
Ainda no ar, ela ergueu a katana, e uma quantidade absurda de Etheryn explodiu de seu corpo. A energia vermelha envolveu a lâmina enquanto o espaço ao redor começava a se deformar, dobrando-se como se estivesse sendo puxado por forças invisíveis. O ar tremia, distorcido, incapaz de manter sua forma.
Então, em um único movimento, Aella desenhou um arco no ar com a katana.
Não houve som imediato nem aparência visível; os instintos de Luke gritaram para ele sair dali.
Luke reagiu no último instante e se teleportou por reflexo, surgindo a poucos metros dali. Menos de um segundo depois, um estrondo colossal ecoou atrás dele.
Ele se virou. Uma montanha próxima havia sido cortada ao meio.
Não como uma rachadura ou uma explosão: o corte era limpo, preciso demais para ser natural. Onde a lâmina havia passado, o espaço estava quebrado. O ar parecia mais denso, ondulando de forma irregular. Pedaços de rocha caíam em ritmos diferentes: alguns despencavam com violência, outros flutuavam imóveis, e alguns deslizavam lentamente, como se o tempo ali estivesse fragmentado.
Raios vermelhos serpenteavam pela fenda invisível, e o som ao redor parecia abafado, distorcido, como se aquela parte do mundo estivesse fora de sincronia com o resto da realidade.
Luke estreitou os olhos, sentindo um arrepio percorrer o corpo.
— Esse golpe… Foi quase instantâneo…
Ele ergueu o olhar para Aella, um sorriso tenso surgindo em seu rosto.
— Distorcer o espaço-tempo com um único corte… Nada mal, aberração.
Luke se levantou lentamente, os olhos fixos em Aella. Esticou o braço em sua direção, mantendo o punho cerrado. A energia começou a se concentrar em sua mão e, em poucos instantes, um arco feito inteiramente de raios tomou forma, crepitando com violência.
Assim que o arco se completou, Luke puxou a corda invisível e disparou.
Três flechas de raios cortaram o ar em alta velocidade, rasgando a atmosfera enquanto avançavam diretamente contra Aella.
— Só isso que consegue, Luke? — provocou ela, sem sequer mudar a expressão.
Quando as flechas chegaram à sua frente, Aella moveu a katana em cortes rápidos e precisos, interceptando as três no ar.
Mas elas não se dissiparam.
As flechas desviaram para os lados, ainda carregadas de energia, contornando Aella em alta velocidade. Em um instante, mudaram de forma, os raios se conectando entre si até se fecharem ao redor dela.
Uma gaiola de eletricidade se formou, estalando e vibrando, cercando completamente o corpo de Aella.
A eletricidade da gaiola se intensificou, os raios se cruzando ao redor de Aella como barras vivas, zunindo alto o bastante para fazer o ar vibrar. O solo sob seus pés começou a rachar, incapaz de suportar a energia concentrada naquele ponto.
Luke abriu um sorriso torto.
— Acabou. Mesmo que não te reduza a cinzas, isso vai te manter presa até eu decidir como te matar.
Dentro da gaiola, Aella permaneceu imóvel por um instante. A cabeça levemente inclinada, como se estivesse avaliando algo trivial. Então, um riso baixo escapou de seus lábios — suave, quase gentil.
— Você realmente acha… — murmurou ela — que isso é uma prisão?
A katana em sua mão começou a vibrar. Não por causa dos raios, mas pelo Etheryn que lentamente se acumulava ao longo da lâmina. Uma energia vermelha escura se espalhou a partir do punho, escorrendo pelo metal como sangue vivo.
Os raios da gaiola tocaram essa energia… e enfraqueceram.
— O quê…? — Luke estreitou os olhos.
Aella deu um passo à frente.
No instante em que seu pé tocou uma das “barras” de eletricidade, a energia vermelha se expandiu em um pulso silencioso. A gaiola inteira tremeu, os raios se desorganizaram, estalando de forma errática.
Aella então girou o corpo em um movimento fluido, a katana descrevendo um arco amplo no ar.
O corte não fez som algum, a gaiola simplesmente foi partida.
Os raios foram cortados ao meio e dissipados, como se tivessem sido apagados da existência. O espaço ao redor dela ondulou brevemente, como água sendo tocada por uma lâmina invisível.
Luke não esperou para reagir.
No mesmo instante em que a gaiola caiu, ele desapareceu em um clarão azul e reapareceu acima de Aella, o braço já descendo com força total. Raios se concentraram ao redor de seu punho, formando uma massa instável de energia.
Aella ergueu os olhos.
O golpe caiu.
Ela desviou por um fio, o punho de Luke atingindo o chão da montanha com violência suficiente para abrir uma cratera. Rochas foram lançadas para o alto, derretendo parcialmente antes de voltarem ao solo.
Antes que Luke pudesse recuar, Aella já estava em movimento.
Ela surgiu à frente dele, tão perto que Luke mal conseguiu reagir. A katana veio em um corte horizontal, rápido demais para ser acompanhado pelos olhos.
Luke cruzou os braços, liberando Etheryn num impulso defensivo.
O impacto o lançou para trás.
Ele foi arremessado pela encosta da montanha, destruindo rochas e árvores no caminho, até colidir violentamente contra um paredão mais abaixo. O choque fez a montanha inteira estremecer.
Luke caiu de joelhos, ofegante. Sangue escorria de sua testa, misturando-se à neve derretida.
— Tch… — Ele limpou o rosto com o antebraço e riu, mesmo com a dor pulsando. — Você realmente não é uma nulificadora comum.
Aella caminhava em sua direção, cada passo firme, tranquilo demais para alguém em meio àquele caos. A energia vermelha ainda envolvia sua lâmina, distorcendo levemente o ar ao redor.
— “Comum”? — repetiu ela, a voz doce, quase divertida. — Que palavra estranha de se usar… quando você mal sobreviveu até agora.
Luke cerrou os dentes.
— Não pense que isso acabou.
Ele ergueu o braço novamente, e o céu respondeu.
Os raios começaram a se acumular acima deles, nuvens rodopiando em um turbilhão violento, como se o próprio clima estivesse sendo forçado a obedecer.
Aella sorriu.
Dessa vez, um sorriso largo. Faminto.
— Ótimo — disse ela, erguendo a katana e apontando-a para o céu. — Me mostre tudo o que você tem.
O céu rugiu.
Os raios acima deles se entrelaçaram, formando um núcleo de energia que iluminava a montanha como se fosse dia. O vento ganhou força, arrancando árvores pela raiz e lançando neve e detritos para todos os lados. O próprio ambiente parecia instável, pressionado pelas duas presenças.
Luke abriu os braços.
O Etheryn explodiu para fora de seu corpo, não apenas em raios, mas em camadas sobrepostas de energia. Faíscas azuis se misturaram a correntes de vento cortante, fragmentos de rocha se ergueram do solo, e chamas densas surgiram ao redor de seus braços, girando como espirais instáveis.
— Não vou perder aqui! — disse ele, a voz ecoando com múltiplos timbres, como se o próprio ambiente respondesse.
Aella girou a katana lentamente na mão.
A energia vermelha ao redor da lâmina se intensificou, ficando mais densa, mais silenciosa. Não havia explosões nem ruído, apenas uma pressão absurda, como se o espaço estivesse sendo comprimido ao redor dela.
— Você fala tanto… para alguém que está com dificuldades até para se manter de pé.
Luke avançou primeiro.
Em um único passo, o chão sob seus pés se partiu. Ele cruzou a distância entre eles em um piscar de olhos, impulsionado por uma rajada de vento comprimido, o punho envolto em raios e chamas descendo em um golpe direto.
Aella se moveu no mesmo instante.
A katana descreveu um arco curto e preciso. A lâmina se imbuía de energia vermelha conforme cortava o ar, e o impacto entre o punho de Luke e a espada gerou uma explosão híbrida. Eletricidade, fogo e o Etheryn de Aella se espalharam em uma onda que rasgou o terreno ao redor.
A montanha tremeu violentamente.
Luke rotacionou o corpo no ar, usando o impulso para desferir um chute lateral. Aella recuou meio passo, bloqueando com o lado da lâmina, mas ainda assim foi empurrada vários metros.
Antes que ela recuperasse a postura, Luke bateu o pé no chão.
Do solo, lanças de pedra e gelo emergiram ao mesmo tempo, envoltas por descargas elétricas. Aella saltou, girando no ar e cortando duas delas com movimentos limpos. A terceira explodiu ao passar próximo ao seu corpo, espalhando fragmentos congelados e faíscas ao redor.
Ela pousou com leveza.
Logo em seguida, avançou, aparecendo instantaneamente em frente a Luke e desferindo três cortes consecutivos. Cada movimento da katana deixava rastros vermelhos no ar, distorcendo o espaço ao redor do fio. Luke recuou, desviando por pouco do primeiro e bloqueando o segundo com uma barreira de vento.
O corte não o atingiu diretamente; porém, uma pequena montanha atrás dele foi aberta como papel, uma fenda limpa atravessando rocha, neve e ar.
Luke cerrou os dentes.
Ele ergueu ambas as mãos e liberou uma rajada combinada: fogo comprimido envolto em raios, impulsionado por uma explosão de vento. O ataque atravessou o espaço em linha reta.
Aella cruzou a katana à frente do corpo.
A energia vermelha se expandiu em uma camada distorcida, quase translúcida. O ataque a empurrou dezenas de metros para trás, quebrando o solo sob seus pés, mas não a atravessou.
Por um instante, os dois apenas se encararam.
O campo de batalha havia se tornado algo irreconhecível. Partes da montanha estavam suspensas no ar, presas em zonas onde o espaço parecia quebrado. Rochas flutuavam lentamente, enquanto outras caíam em queda livre acelerada. Fendas brilhavam em vermelho e azul, e o ar vibrava como se estivesse prestes a se rasgar.
Luke limpou o sangue do canto da boca, sorrindo apesar do cansaço.
— Heh… Faz tempo que não me pressionam tanto assim.
— E você aparentemente tem muito mais a me mostrar…
Naquele momento, o mesmo pensamento percorreu a cabeça dos dois:
"Quem acertar o próximo vence."
Luke reuniu todo o Etheryn restante, comprimindo os elementos ao seu redor até o ponto em que começaram a colapsar uns sobre os outros. Raios desciam do céu, chamas giravam ao redor de seu corpo, o vento rugia e o solo se desfazia sob seus pés.
Aella firmou os pés no chão, erguendo a katana com as duas mãos. A energia vermelha se condensou ao longo da lâmina, tão densa que o espaço ao redor começou a se dobrar visivelmente.
Por um breve instante, tudo ficou em silêncio. Então, os dois avançaram.
Cada passo fazia o ambiente ao redor se despedaçar um pouco mais. As energias colidiam antes mesmo de seus corpos se encontrarem, força pura rasgando o ar.
Aos poucos, eles se aproximavam, mais e mais, até que, conforme a distância diminuía, ficaram finalmente frente a frente.
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