Ascensão Estelar Brasileira

Autor(a): Lótus


Volume 1

Capitulo 13: Visitante

[Um tempo antes da liberação de Etheryn - Uma nave próxima a Júpiter] 

O silêncio do espaço infinito era quebrado apenas pelo zumbido suave dos sistemas de navegação da nave.  Através da ampla janela de observação, Júpiter se revelava em toda sua grandeza.

Luke estava recostado em sua cadeira de comando, com os pés apoiados displicentemente sobre o painel de controle. Seus olhos, de um azul elétrico intenso, observavam com desinteresse a paisagem cósmica à sua frente. Seus cabelos loiros eram cortados de forma simétrica, cada fio perfeitamente alinhado, combinando com a jaqueta preta e a camisa branca.

O silêncio foi interrompido pelo som agudo de uma chamada entrante. Luke revirou os olhos, sabendo exatamente quem era antes mesmo de atender. Com um movimento preguiçoso, ele pressionou um botão no braço da cadeira.  

Um holograma azulado se materializou no centro da cabine, a figura austera de um homem de meia-idade, com postura militar rígida, cabelos grisalhos perfeitamente alinhados e um uniforme ornamentado com insígnias que denotavam alta patente. 

— Luke! — A voz do homem ressoou pela cabine. — Você só está permitido voltar para nosso planeta quando achar os três Aeternis fugitivos. Já se passaram meses e você ainda não apresentou resultados concretos.  

Luke respirou fundo, enquanto passava sua mão em seus olhos. 

— Tá bom, tá bom, não precisa ficar repetindo isso todos os dias. Você sabe que eu sou o mais habilidoso da minha geração. 

— Olha como fala com seu superior, rapaz! Para você, é, senhor Jojack! 

— Certo, senhor insuportável — disse ele, enfatizando o "senhor". — Agora para de me atrapalhar. Tenho uma missão para completar, lembra? 

O rosto de Jojack ficou vermelho de raiva. 
— Mais respeito comigo, você… 

Luke pressionou o botão de encerramento antes que Jojack pudesse terminar a frase. O holograma desapareceu em um piscar de olhos, deixando apenas o zumbido da nave.  

— Sinceramente, esse bando de fracos me irrita — murmurou Luke para si mesmo, girando lentamente na cadeira. — Nós somos provavelmente a raça mais forte que existe, e eles têm medo de apenas três fugitivos só porque um deles tem um poder que é superestimado? 

Ele riu, um som seco e sem humor que ecoou pela cabine vazia, se levantando e indo até a janela de observação.  

— Os Aeternis estão cada vez mais patéticos. Me mandando sempre essas missões ridículas, desperdiçando meu potencial… E se eu…? 

Luke se afastou da janela, voltando para o painel de controle com passos decididos. 

Com movimentos precisos, Luke acessou os sistemas da nave, navegando por telas holográficas até encontrar o que procurava. Com um toque final, desativou o rastreador que o ligava a central. 

— Agora sim, sem ninguém me irritando todos os dias vai ser mais fácil. Agora, por onde começar? 

Como se respondesse à sua pergunta, um alerta suave soou pelo sistema da nave. Uma notificação piscou na tela principal: 

ANOMALIA DETECTADA: LIBERAÇÃO DE ETHERYN NÃO CATALOGADA – PLANETA TERRA – NÍVEL MÉDIO DO SETOR: 1/10
NÍVEL LIBERADO: 4/10 

— Defina rota para o planeta Terra, ative o sistema de camuflagem e prepare para entrada atmosférica.  

A nave respondeu com um zumbido suave, os motores ganhando vida enquanto os sistemas de navegação traçaram a rota. 

[Na Terra – Próximo da vila]  

A nave de Luke pairava silenciosamente sobre a floresta densa que cercava a pequena vila japonesa. Através do sistema de visualização avançado, ele observava o movimento dos habitantes, criaturas tão frágeis e efêmeras que mal conseguia compreender como sobreviviam neste universo hostil. 

— Primitivos… 

O sistema de detecção emitiu um sinal suave, indicando que a fonte estava próxima, no topo da montanha que se erguia imponente atrás da vila. 

 Luke ativou o sistema de pouso, guiando a nave para uma clareira na floresta, longe o suficiente da vila para não ser notado, mas perto o bastante para que pudesse investigar a pé. 

Quando a nave tocou o solo, Luke se levantou, ajustando suas vestes, uma jaqueta preta com detalhes em azul elétrico e uma camisa branca por baixo, um visual que não destoava tanto dos padrões terrestres. 

— Vamos ver o que temos aqui — disse para si mesmo, enquanto a porta da nave se abria silenciosamente, revelando a floresta. 

O ar da Terra era diferente, mais denso, carregado de umidade e aromas orgânicos que seus filtros nasais mal conseguiam processar. Luke franziu o nariz, desconfortável com a sensação, mas avançou mesmo assim, seus passos silenciosos sobre o solo coberto de folhas.  

A caminhada até a vila foi rápida. Luke se movia com a graça e velocidade de um predador, seus sentidos aguçados captando cada movimento, cada som da floresta ao seu redor. Quando as primeiras construções surgiram entre as árvores, ele diminuiu o ritmo, adotando uma postura mais casual. 

Casas tradicionais japonesas com telhados inclinados, pequenos jardins meticulosamente cuidados, e ruas estreitas onde pessoas iam e vinham em suas rotinas diárias. Luke observava tudo com um misto de curiosidade e desdém.  

Enquanto caminhava pela rua principal, absorvendo os detalhes e buscando qualquer sinal do que teria gerado aquela anomalia de Etheryn, uma mulher de meia-idade virou uma esquina apressadamente, colidindo diretamente com ele. 

O impacto, que para Luke não foi mais que um leve toque, fez a mulher cair para trás. Ela ergueu o olhar, assustada, seus olhos encontrando os dele. Por um instante, Luke viu algo naqueles olhos, uma tristeza tão visível neles. 

— D-desculpe! — disse ela, se levantando e se curvando rapidamente. 

Então, seus olhos percorreram as roupas de Luke, e uma expressão de curiosidade substituiu o medo inicial.  

— Desculpa a pergunta do nada, mas você é daqui? Suas roupas e seu estilo fazem parecer que não… 

Luke a analisou por alguns segundos, ela era frágil, como todos os humanos, mas havia uma dignidade em sua postura, uma gentileza em seu olhar que o fez reconsiderar sua habitual arrogância. Não valia a pena ser cruel com alguém tão insignificante, especialmente quando ela o tratava com respeito. 

— Não, não sou daqui. Estou apenas investigando algo. Preste mais atenção enquanto anda. 

A mulher se curvou novamente, um gesto automático de deferência. 
— Perdão novamente… ando meio perdida ultimamente. Meu filho... ele foi atrás do monstro da montanha, e tenho um pressentimento terrível. 

— Monstro da montanha? Conte mais sobre isso. 

A mulher pareceu surpresa com o súbito interesse, mas havia algo no tom de Luke, uma autoridade natural, que a fez responder prontamente.  

—  Dizem que há gerações, um monstro habita o topo da montanha, matando qualquer um que se aventure lá. Meu marido... — Sua voz falhou por um instante. — Meu marido foi morto lá, há dez anos. E agora meu filho foi buscar vingança. 

— Entendo — disse ele, seu interesse genuinamente despertado. — E esse monstro... alguém já o viu e sobreviveu para contar?  

— Poucos — respondeu a mulher, seus olhos se desviando para a montanha que se erguia ao longe. — Aqueles que voltam nunca são os mesmos. Alguns enlouquecem, outros ficam mudos para sempre. Dizem que é uma criatura que não é deste mundo.  

— Qual é o seu nome? — perguntou ele, sua decisão já tomada.  

— Emi. — respondeu ela, parecendo um pouco surpresa com a pergunta. — E o seu?  

Um sorriso lento se formou nos lábios de Luke. 
— Meu nome é Luke! 

Emi deu uma risada nervosa, claramente desconfortável com a intensidade repentina. 
— Entendi — murmurou ela, desviando o olhar.  

— Seu filho… — continuou Luke, seus olhos fixos nela. — Como ele é?  

— Sora tem 18 anos. — respondeu Emi, uma nota de orgulho maternal em sua voz. — Cabelos longos e negros. Ele é tudo o que me resta.  

Luke olhou na direção da montanha, seus olhos estreitando-se ligeiramente enquanto calculava distâncias e possibilidades. 
— Como recompensa por você ter me servido de forma útil, trarei seu filho de volta! Considere-se sortuda que eu esteja com bom humor.  

Os olhos de Emi tremiam, esperança, medo e confusão misturados.
— Você... você pretende ir à montanha?  

Luke não respondeu. Simplesmente virou-se e começou a caminhar na direção da montanha, seus passos decididos e sua postura confiante.  

Emi ficou parada, observando-o se afastar, uma sensação estranha percorrendo sua espinha. 

Ao chegar na floresta, Luke avançou com uma facilidade e velocidade sobrenatural, seus passos mal tocando o solo coberto de neve. À medida que se aproximava da montanha, sentia uma forte presença, mas não conseguia entender o que era. 

Quando chegou a um ponto mais elevado da floresta, Luke parou, fechando os olhos e concentrando-se. Podia sentir agora, uma liberação súbita de Etheryn. 

Luke havia planejado uma aproximação mais cautelosa, observar a situação antes de intervir. 

— Quer saber? — decidiu ele, um sorriso predatório se formando em seu rosto. — Eu vou chegar lá agora mesmo. 

Com um movimento fluido, ele liberou uma fração mínima de seu Etheryn. Eletricidade azul se formou ao seu redor, envolvendo-o, então em um piscar de olhos, ele desapareceu. 

A explosão rasgou o céu num brilho azul brutal. 

O chão tremeu. Estilhaços da cabana voaram como lâminas, madeira e neve espalhando-se pela encosta. 

Aella interrompeu o movimento da katana no último instante, os olhos se estreitando. 

Uma voz masculina ecoou:
— Então é só uma Nulificadora? Hora de exterminar uma praga. 

Aella virou-se, irritada.
— Quem é você que ousa destruir minha casa? 

Entre os destroços, flutuava um homem loiro, alto, cercado por eletricidade, com um sorriso arrogante. 

— Eu não costumo falar meu nome pra lixo como você. Mas faz tempo que não mato uma Nulificadora. Pode me chamar de… Luke. 

Ao encostar no chão, em um movimento tão rápido que parecia teletransporte, Luke surgiu diante de Aella. Seu pé direito se projetou para frente em um chute devastador, visando o centro do peito dela. 

Aella bloqueou o golpe com sua katana no último segundo. O impacto foi brutal, o metal da lâmina vibrou sob a pressão, e mesmo com o bloqueio, a força do golpe a arremessou para trás, seus pés deixando sulcos profundos na neve enquanto ela lutava para manter o equilíbrio. 

Luke aproveitou o momento para olhar rapidamente para Sora, que jazia semiconsciente na neve, pálido pela perda de sangue. 
"Cabelos negros e longos... deve ser esse o humano." 

Sem hesitar, Luke se abaixou, colocando a mão nas costas de Sora. 
— Bom, você sobreviveu contra uma aberração dessa sendo tão fraco, vale a pena te salvar. 

Uma luz azulada envolveu Sora, e em um instante, seu corpo começou a se desfazer em partículas luminosas, como se estivesse se transformando em raios. Em segundos, ele havia desaparecido completamente, transportado para o centro da vila, onde receberia ajuda rapidamente. 

Aella, que havia recuperado o equilíbrio, observou a cena com olhos estreitos. Um sorriso lento e predatório se formou em seus lábios. 
— Um Aeternis… — murmurou ela, sua língua deslizando sobre os lábios como se saboreasse a palavra. — Vai ser minha melhor refeição depois de anos. 

Aella entrou em postura de combate, liberando uma quantidade absurda de Etheryn de seu Kor.

Luke ficou surpreso. A energia que emanava dela era muito mais poderosa do que havia antecipado. Ela era extremamente forte, talvez uma das criaturas mais poderosas que já havia encontrado em um setor com aquele nível. 

Ele a encarou.
— Como se alguém do seu nível pudesse me derrotar, não seja tão patética. 

— Hm, é o que veremos jovem Aeternis. 

Luke sorriu, aceitando o desafio. Seu próprio Etheryn se intensificou a aura elétrica azulada ao seu redor, crescendo em brilho e intensidade. Além do azul predominante, outras cores começaram a surgir: marrom, verde e vermelho. 

O céu acima deles escureceu ainda mais, e raios começaram a cair ao redor, atingindo o solo com estrondos ensurdecedores. 

Por um momento, os dois se encararam, então, como se respondessem a um sinal invisível, ambos avançaram simultaneamente, seus corpos cortando o ar com velocidade que rasgava o ar. 

A terra ao redor deles tremeu com o impacto iminente, e a neve começou a derreter com o calor da energia liberada. 

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