Volume 4

Capítulo 85: A coisa espreitando no oásis

A coisa aparecendo no oásis tinha dez metros de comprimento, contava com inúmeros tentáculos que se debatiam e uma [Pedra Mágica] brilhando em vermelho estava em seu interior. Um 〈Slime... essa era a palavra mais adequada para descrevê-la.

Contudo, seu tamanho era anormal. 〈Feras Mágicas do tipo 〈Slime tinham um metro de comprimento, no máximo. Além disso, não deveria existir nenhum com poder de manipular a água a seu redor. Ele deveria apenas ser capaz de manipular tentáculos que eram parte de seu próprio corpo.

(Randzi): “Mas o que... o que é essa 〈Fera Mágica? Isso é... um 〈Vachram?”

Randzi murmurou em completa surpresa. O 〈Vachram era uma 〈Fera Mágica parecida com 〈Slime deste mundo.

(Hajime): “Bem, eu não me importo com o que isso seja. No fim, esta não é a coisa contaminado o oásis? Dessa forma, ele provavelmente tem uma magia peculiar que excreta veneno”

(Randzi): “… o que você está pensando deve estar correto. Porém, Hajime-dono pode derrotar ele?”

Enquanto Hajime e Randzi estavam conversando, o 〈Vachram do Oásis ainda estava atacando furiosamente utilizando seus tentáculos. Yue e Tio estavam lidando com esses tentáculos com ‖Magia de Gelo e ‖Magia do Fogo, respectivamente. Hajime também estava os interceptando enquanto usava [Donner] e [Schlag], e embora ele mirasse no núcleo em forma de [Pedra Mágica] vermelha, ele não podia atingi-la com facilidade, já que a [Pedra Mágica] se movia ao redor do corpo do monstro, como se ela tivesse vontade própria.

Vendo os Artefatos de Hajime e as magias de Yue e Tio, Randzi desistiu de ficar espantado e decidiu apenas ignorá-los, o que o permitiu ser capaz de calmamente fazer a pergunta anterior para Hajime.

(Hajime): “Nnnnn… yeah, não há motivos para se preocupar. Eu o peguei agora”

Respondendo despreocupadamente à pergunta de Randzi, Hajime calmamente colocou [Schlag] em seu coldre e usou ambas as mãos para preparar [Donner] enquanto semicerrava seus olhos, acompanhando a trajetória da [Pedra Mágica] em movimento. Seu braço direito estava esticado para a frente e o cotovelo do braço esquerdo estava levemente flexionado. Seus pés, um posicionado para frente e o outro para trás. Era a postura de tiro chamada de Postura Weaver¹, a pose para disparar [Donner] com precisão.

Os olhos de Hajime se apertaram drasticamente, exatamente como os de um falcão, capturando por completo o movimento daquela [Pedra Mágica]. Assim…

] KABOOM!! [

Com um som explosivo e seco, uma linha de luz cortou o ar como se fosse puxada por uma força magnética. A [Pedra Mágica] em movimento, enquanto ignorava a lei da inércia, foi atravessada pelo clarão, e podia se dizer que a [Pedra Mágica] foi voluntariamente atingida.

O impacto e o calor do canhão eletromagnético instantaneamente aniquilaram a [Pedra Mágica], e, ao mesmo tempo, o 〈Vachram do Oásis perdeu seu poder e a água que ele manipulou voltou ao normal. ] WoOoOoOSHHHH! [. Uma enorme quantidade de água se derramou. Randzi e seus subordinados estavam observando as ondas geradas.

(Randzi): “… acabou?”

(Hajime): “Ah, agora não há mais reação de |Poder Mágico no oásis. No entanto, eu não sei se aniquilar a causa é igual a purificá-lo”

Com as palavras de Hajime indicando que ele facilmente repeliu a causa da situação desesperadora de |Ancadi|, Randzi e seus subordinados ficaram confusos. Mesmo assim, como a causa certamente foi exterminada diante de seus próprios olhos, um dos subordinados de Randzi foi examinar a substância da água em pânico.

(Randzi): “… como está?”

(Subordinado): “… não, ainda está contaminado”

Randzi perguntou com um tom de expectativa, mas seu subordinado estava sacudindo sua cabeça desapontado. Eles sabiam que as pessoas foram infectadas pela água extraída do oásis, mas eles não podiam esconder sua decepção depois de descobrirem que a água ainda estava contaminada, mesmo que o 〈Vachram do Oásis não estivesse mais lá.

(Tio): “Bom, não há motivos para tu ficares desapontado. Com a causa desaparecendo, a contaminação não avançará. E a água do oásis vem da água fresca do rio subterrâneo, então o oásis será capaz de voltar a seu estado normal se a água contaminada se esgotar”

Tio disse isso a Randzi e seus subordinados para confortá-los, assim Randzi e os outros começaram a se animar, mostrando seus anseios. Suas aparências, com Randzi, o governante de |Ancadi|, no meio, mostrava o quanto eles amavam esta nação. Esse era um país que existia em um ambiente severo, então o patriotismo era alto.

(Randzi): “… entretanto, eu me pergunto o que a 〈Fera Mágica parecida com 〈Vachram estava fazendo no deserto... ele é um novo tipo de 〈Fera Mágica que veio do rio subterrâneo?”

Se recompondo, Randzi inclinou sua cabeça enquanto olhava para o oásis. E Hajime foi a pessoa que o respondeu.

(Hajime): “É apenas um palpite meu, mas... isso provavelmente é trabalho da raça dos Demônios, não é?”

(Randzi): “!?!?!? Raça dos Demônios? Hajime-dono, você deve saber de algo para ser capaz de dizer isso, estou certo?”

Randzi estava surpreso com as palavras de Hajime, mas ele instantaneamente recuperou sua compostura e incentivou Hajime a explicar. Randzi estava olhando para Hajime, aquele que garantiu a água e exterminou a causa da contaminação, com respeito e confiança. Não havia mais o traço de suspeita que havia no início.

Hajime imaginou que o 〈Vachram do Oásis era uma nova 〈Fera Mágica criada com a ‖Magia da Era dos Deuses que a raça dos Demônios tinha. Havia a peculiaridade do 〈Vachram do Oásis, além do fato de que a raça dos Demônios também estava mirando Aiko em |Ur| e os heróis em |Orcus|.

Esse era provavelmente um dos planos da raça dos Demônios, utilizar suas 〈Feras Mágicas. A raça dos Demônios estava investigando e apagando elementos perigosos e desconhecidos e o ponto crucial no Norte do continente antes da guerra. As provas eram a forma como eles atacaram Aiko, uma existência que poderia afetar o suprimento de comida, e os heróis de outro mundo que a ⟦Igreja dos Santos invocou para lutar contra a raça dos Demônios.

Quanto a |Ancadi|, esse era um ponto crucial no suprimento de comida, já que ele era uma parada dos produtos marinhos de |Elisen| e também produzia uma enorme quantidade de frutas e outros alimentos. Além disso, se |Ancadi| fosse atacado, seria difícil pedir ajuda devido a sua localização no meio do |Grande Deserto|. Assim, não seria estranho para a raça dos Demônios tornar |Ancadi| um alvo.

Escutando isso, Randzi soltou um baixo gemido com uma expressão angustiada.

(Randzi): “Eu ouvi sobre as 〈Feras Mágicas. Nós também fizemos nossa própria investigação sobre isso, porém... eu nunca imaginei que eles poderiam criar algo como isso... quão ingênuo eu fui”

(Hajime): “Bem, não havia nada que você pudesse fazer, não é? Afinal, até a |Capital Real| não recebeu a informação sobre novos tipos de 〈Feras Mágicas. Além disso, o caso onde o grupo do ⌈Herói foi atacado aconteceu recentemente. E isso deve ter criado comoções em toda parte agora mesmo”

(Randzi): “Talvez esteja na hora de eles fazerem um movimento, huh... Hajime-dono... apesar de você se apresentar como um Aventureiro... esses Artefatos e poder, como imaginado, você é o mesmo que Kaori-dono…”

Sem dizer nada, Hajime encolheu seus ombros, assim Randzi parou de questioná-lo, pensando que Hajime deveria ter seus próprios motivos. Não importava que circunstância fosse, isso não mudava o fato de que o grupo de Hajime salvou |Ancadi|. Não havia motivo para fazer qualquer questionamento inútil para seus benfeitores.

(Randzi): “… Hajime-dono, Yue-dono, Tio-dono. Permitam que este Duque de |Ancadi|, Randzi Fuad Zengain, mostre sua gratidão em nome desta nação. Vocês salvaram este país”

Dizendo isso, Randzi e seus subordinados curvaram suas cabeças. Não era algo simples para o próprio Duque curvar sua cabeça, porém, independentemente de Hajime ser ou não um ⟦Apóstolo de Deus, Randzi ainda iria se curvar. E apesar de apenas pouco tempo ter se passado, Hajime entendia que Randzi possuía um extraordinário patriotismo. Esta também era a razão para seus subordinados não impedirem Randzi de curvar sua cabeça para alguém que se apresentou como um mero Aventureiro, e eles também se curvaram. Tal personalidade também foi passada para seu filho, Viz. Seus gestos, discursos e comportamentos eram semelhantes.

Na direção deles, Hajime estava com um largo sorriso enquanto dizia...

(Hajime): “Ah, vocês expressaram sua gratidão. Aliás, por favor, não se esqueçam deste enorme favor”

Ele esperava que eles retribuíssem este favor. Bem, isso não era algo novo. Hajime disse, “Não, por favor, não se preocupem com isso. Isto é algo natural para se fazer como uma pessoa”, casualmente e humildemente, assim, Randzi ficou automaticamente perplexo pensando que Hajime despreocupadamente disse que havia algo que ele queria. Na realidade, o próprio Randzi não se importava em dar algo a ele como agradecimento para os salvadores do país, mas ele não esperava que isso fosse ser dito tão diretamente.

Hajime pensava que não havia necessidade para gratidão, já que era necessário para ele tornar |Ancadi| segura porque ele precisava confiar Myuu a eles, e também havia o pedido de Kaori.

Contudo, como eles queriam mostrar sua gratidão, não seria ruim ter mais pessoas como aliadas em momentos de emergência, então ele claramente os disse que isso era um favor. Hajime pensou que Randzi iria corresponder com sinceridade, mas ele também era um político, então Hajime precisava se certificar disso.

(Randzi): “Ah, ahh. É claro. Isso será lembrado para sempre... mas, ainda há muitas pessoas sofrendo em |Ancadi|, eu posso pedir sua ajuda em nome delas?”

Essa era uma situação com que Randzi estava acostumado, como um político e como um nobre, mas Randzi estava um pouco perplexo devido as palavras tão diretas de Hajime. Pouco depois, como se ele tivesse chegado a um acordo, Randzi concordou com um sorriso sem graça. Posteriormente, ele pediu a Hajime que providenciasse [Pedra Serena] para salvar as pessoas infectadas.

(Hajime): “Meu objetivo original era o |Grande Vulcão Guruyuen|. Assim, não há nenhum problema em recolher esse material. Contudo, quanto eu devo coletar?”

Com Hajime facilmente aceitando seu pedido, Randzi esfregou seu peito em alívio, em seguida, ele disse a Hajime o atual número de pacientes e a quantidade necessária que deveria ser coletada. Embora fosse uma quantidade considerável, não seria um problema porque Hajime possuía a [Caixa do Tesouro]. Aventureiros normais não poderiam ser capazes de salvar todos os infectados, então Randzi estava agradecendo a Deus por ter conhecido o grupo de Hajime.


Acompanhada por Shia dentro do centro médico, Kaori trabalhava como uma tempestade. Ela simultaneamente extraía |Poder Mágico dos pacientes em situação mais urgente e preenchia o [Conjunto de Cristais Mágicos]. Ela também atrasava o progresso da doença nos pacientes reunidos dentro de um raio de dez metros a partir dela e usava ‖Magia de Cura ao mesmo tempo para recuperar os pacientes de seus estados enfraquecidos.

Shia estava usando sua força hercúlea para mover os pacientes imobilizados de uma vez. Ela não estava os movendo usando a carroça, mas ela erguia a carroça cheia de pacientes e pulava por cima das construções, indo e vindo das instalações médicas. Ela fazia isso porque era mais eficiente para reunir os pacientes em estado mais urgente ao redor de Kaori, ao invés de fazer a ⌈Curandeira se locomover entre as instalações.

Este método criou um espetáculo inacreditável estrelando a garota com orelhas de coelho que deveria ser incompetente, o que fez com que muitos pacientes começassem a pensar que sua doença tinha ficado ainda pior, assim criando tal ilusão. Desespero escorria das instalações médicas, criando um caos desnecessário.

A própria equipe médica usava magia de alto nível em sucessão, e eles ficaram assombrados quando viram Kaori usando várias ‖Magias de Cura simultaneamente como se fosse algo natural. Assim que seu espanto passou, eles passaram a ter um profundo respeito por Kaori, e tratavam os pacientes de acordo com as instruções dela.

Hajime e os outros se aproximaram do grupo reunido ao redor de Kaori. Depois disso, Randzi falou em voz alta sobre a água sendo garantida e como a causa tinha sido eliminado, o que resultou em todos gritando de alegria ao mesmo tempo. Sorrisos começaram a voltar para as pessoas que estavam em desespero com a quantidade de mortes e com a forma como eles não podiam garantir água no meio do deserto.

A informação foi imediatamente transmitida para as outras instalações. As pessoas infectadas recuperaram suas energias porque eles só precisavam resistir mais um pouco e eles seriam salvos.

(Hajime): “Kaori, nós vamos desafiar o |Grande Vulcão Guruyuen|. Então, quanto tempo você pode aguentar?”

(Kaori): “Hajime-kun…”

Dentro das instalações médicas cheias de gritos de alegria, Hajime caminhou até Kaori, que não parou de tratar os pacientes, e a indagou.

Kaori ficou muito feliz assim que ela viu Hajime, mas ela imediatamente ficou com uma expressão séria, observando um espaço vazio. Em seguida, ela terminou seus cálculos, se virou para olhar Hajime e o respondeu com, "Dois dias". Ela deve ter julgado que esse era o limite tanto para seu |Poder Mágico quanto para a resistência dos pacientes.

(Kaori): “Hajime-kun. Eu, eu vou ficar aqui e vou tratar os pacientes. Por favor, colete a [Pedra Serena]. Ela parece ser um mineral valioso... mas ninguém exceto Hajime pode fazer isso porque uma enorme quantidade é necessária. Eu sinto muito... mesmo sabendo que Hajime-kun não se importa com este mundo…”

(Hajime): “Se for só isso, então eu posso coletá-las enquanto avanço dentro do vulcão. Não vai importar se eu precisar procurar na superfície... resumindo, eu só preciso conquistar o |Calabouço| mais rápido. Aliás, não há motivos para você se desculpar. Afinal, isso é algo que eu mesmo decidi... além disso, eu não poderia apenas deixar Myuu em um lugar onde pessoas desmaiam e morrem, poderia?”

(Kaori): “Fufu… entendo. Então, boa sorte, e deixe Myuu-chan comigo”

Kaori escutou sobre os Deuses Loucos e o propósito da viagem de Hajime no caminho para |Ancadi|. Ela também ouviu que Hajime iria voltar para o mundo original deles mesmo que isso significasse abandonar este mundo. Ele também a disse para voltar para Kouki e os outros se ela não pudesse concordar com o plano dele. Ouvindo tudo isso, a vontade de Kaori não vacilou; ela queria continuar acompanhando Hajime.

Mesmo neste caso atual, se Hajime decidisse abandonar |Ancadi|, e mesmo que ela tentasse persuadi-lo, ela iria apenas desistir se não houvesse efeito.

No entanto, era verdade que ela queria se tornar a força para o povo de |Ancadi|, se ela pudesse. Ela estava involuntariamente olhando para Hajime com um olhar suplicante no momento em que Hajime estava pensando sobre sua decisão. Ela não estava convencida de que seu desejo seria o mesmo que a decisão de Hajime, mas o olhar de Kaori deve ter influenciado a decisão dele, já que ele encolheu seus ombros um pouco com um sorriso sem graça quando recebeu esse olhar.

Por esse motivo, a forma como parecia que Hajime estava seguindo o desejo egoísta dela fez com que Kaori ficasse com um sentimento complicado.

Entretanto, Hajime apenas sacudiu sua mão indiferentemente para Kaori, quem se desculpava. Imaginando o sentimento de Kaori, ele a disse para não se incomodar, já que isso era algo que ele tinha decidido. Ela sorriu para Hajime, que estava preocupado com ela, apesar de dizer isso de uma forma grosseira, e quem despreocupadamente mostrava uma atitude paterna. Ela o olhou com um olhar repleto de confiança e afeição.

(Kaori): “Eu também darei o meu melhor... assim, por favor, volte em segurança. Eu vou estar esperando…”

(Hajime): “… o-okay”

Kaori, que semicerrou seus olhos carinhosamente e exalava a aura de uma esposa que estava se despedindo de seu marido que seguia para o campo de batalha, fez com que Hajime gaguejasse involuntariamente.

Desde antes, Kaori era uma pessoa honesta. Mesmo quando eles estavam no Japão, Kaori impiedosamente desfazia os equívocos de Kouki, jogando bombas em Hajime, o que resultava na classe sofrendo com a tempestade de ciúmes... isso tinha se tornado a rotina deles. E ela estava sendo ainda mais sincera desde o dia que ela se confessou a ele.

De alguma forma, Hajime conseguiu desviar seu olhar, mas o lugar para onde ele olhou... era onde Yue estava. Ele viu; Yue estava observando Hajime em silêncio com olhos sem vida e inorgânicos. Era realmente terrível. Ele inconscientemente mudou seu olhar para outro lugar, e Kaori estava lá, sorrindo com afeição…

Mas vendo a atmosfera de Kaori, nossa estrela, Myuu, soltou uma bomba.

(Myuu): “Kaori-oneechan, Kaori-oneechan parece a Yue-oneechan de antes. Kaori-oneechan vai beijar Papaiiii?”

(Tio): “Oya? Então tu viste aquilo Myu?”

(Myuu): “Uhhhh? Myuu viu a cena pelo espaço entre seus dedos. Yue-oneechan parecia tão adoráveeeel. Myuu também quer beijar Papaiiii”

(Tio): “Uuuum. Até esta não fez isso, sabias? Então, Myuu precisa esperar até ficar maior”

(Myuu): “Uuuuu”

As palavras inocentes de Myuu fizeram Hajime falar, "Esta imprestável!", uma raiva injusta direcionada a Tio. Como imaginado, com, “Esses olhos! Esses olhooos! Muito bom!”, Tio começou a se excitar, mas isso já era algo trivial.

Quanto ao motivo, uma Hanya² segurando uma Katana apareceu bem ao lado de Hajime. Logicamente, era Kaori.

(Kaori): “… o que isso significa, ah? Hajime-kun não foi trabalhar em algo? Então, por que você beijou Yue? Me diga, como chegamos a isso? Havia alguma necessidade para isso? Enquanto eu estava desesperadamente tratando os pacientes, vocês dois estavam se divertindo, ah? Vocês até se esqueceram de mim? Ou melhor, nós nos separamos apenas para vocês ficarem sozinhos?”

Com olhos sem luz, Kaori estava encarando Hajime com uma Hanya atrás dela. Suor frio escorria pelas bochechas de Hajime. Hajime queria dizer que isso aconteceu devido ao consumo de sangue; ele e Yue não se separariam até que se beijassem. Porém, mais rápida do que ele, Yue avançou.

Hajime esperava que ela resolvesse o mal-entendido, mas ele foi um tolo por esperar isso de Yue neste tipo de situação.

Yue e Kaori olharam uma para a outra, e Yue estufou seu peito de forma solene. Sorrindo depois de dizer "Fu"...

(Yue): “… foi delicioso”

Ela informou Kaori.

(Kaori): “Aha, ahahahahaha”

(Yue): “Fufu, fufufufufufu”

Risadas sinistras surgiram das duas lindas garotas e ecoaram dentro do centro médico. Até este momento, a equipe do centro médico e os pacientes pensavam em Kaori como uma santa, mas agora, eles estavam espantados e viravam seus rostos para longe, assim seus olhos não se encontrariam com os dela.

Era algo que não poderia ser evitado. Ninguém iria considerar uma pessoa com uma Hanya balançando uma Katana em suas costas como uma santa. Além disso, a pessoa que estava a confrontando tinha um dragão envolto por nuvens negras e relâmpagos. Eles não podiam fazer nada além de querer desviar o olhar.

Para Kaori e Yue, que estavam se encarando enquanto riam, Hajime suspirou e rapidamente decidiu se aproximar para desferir um peteleco na testa de cada uma. ] Shwip! [. Um som inacreditável surgiu do impacto dos petelecos. Yue e Kaori espontaneamente gemeram e se agacharam. Com olhos marejados, elas olharam para cima, expressando, "O que você está fazendo?", o que fez Hajime mostrar uma expressão admirada.

(Hajime): “Kaori. Não é como se eu e Yue quiséssemos fazer esse ato. Você entende, não é? Além disso, Yue é minha amada. Não precisamos de sua permissão para fazer isso”

(Kaori): “Uh… então é isso... mas eu não acho que essa seja a verdadeira razão…”

Irritada com isso, Kaori se opôs a Hajime. Hajime suspirou mais uma vez e disse, "Yue, você também, não há necessidade de sempre implicar dessa forma". Contudo, "Hmph!", Yue virou seu rosto e se recusou a escutá-lo, "Esta é uma luta entre mulheres... não há motivos para Hajime interferir".

Randzi e os outros só podiam ficar parados no lugar com a carnificina repentina. Shia refletiu, "Eu notei que recentemente minha presença tem diminuído". Tio ainda estava ofegando muito, enquanto Myuu ficou em seu modo irritado porque Yue e Kaori estavam brigando de novo.

Hajime desistiu de controlar a situação e decidiu ir para o |Grande Vulcão Guruyuen| o mais rápido possível. Kaori não era a única que ficaria ocupada no centro médico, e embora Hajime tenha dito a Randzi com antecedência, ele mais uma vez disse ao Duque para tomar conta de Myuu. Sorrindo sem graça com o relacionamento entre Hajime e seu grupo, Randzi prontamente concordou em cuidar de Myuu.

Myuu foi persuadida de antemão, mas assim que ela percebeu que Hajime estava partindo, ela olhou para baixo com uma expressão solitária. Hajime se ajoelhou para ficar na altura de Myuu e encarou sua cabeça.

(Hajime): “Myuu, eu estou indo. Seja uma boa menina e espere por mim, okay?”

(Myuu): “Uh, Myuu vai ser uma boa garota. Então volte depressa Papai”

(Hajime): “Ah, eu vou voltar o mais rápido possível”

Agarrando a bainha de suas roupas com força com ambas as mãos, Myuu estava segurando suas lágrimas. E a cena de Hajime gentilmente acariciando Myuu, mesmo que eles não fossem ligados por sangue, fez com que todos os vissem como nada além de um pai e sua filha. A atmosfera fria pós carnificina se tornou calorosa. Hajime empurrou as costas de Myuu na direção de Kaori. Yue, Shia, e Tio se moveram em ordem.

Hajime estava a ponto de se virar, quando Kaori o chamou.

(Kaori): “Ah, Hajime-kun… é que, tenha uma viagem segura”

(Hajime): “Ou, por favor, tome conta de Myuu”

(Kaori): “Un… a propósito, é que... posso pedir por um, beijo? Como... um beijo para desejar uma viagem segura”

(Hajime): “… é claro que não pode. Ou melhor, de onde saiu isso?”

(Kaori): “Na bochecha é suficiente, entende? Ainda é um não?”

Embora ela estivesse se inquietando com bochechas coradas, o tom de Kaori era inesperadamente poderoso. Aparentemente, sua rivalidade com Yue fez com que ela pensasse que não devia se segurar nesses momentos. Hajime se lembrou que tinha notado que Kaori era proativa na época em que eles ainda estavam no Japão, mas a Kaori de depois de se confessar a ele era ainda mais.

Hajime ignorou a garota com orelhas de coelho que dizia, "Ah, então eu também!", atrás dele e decidiu recusar Kaori categoricamente, mas ele foi atacado por um inimigo inesperado.

(Myuu): “Myuu tambéééém. Myuu quer beijar Papai também!”

Kaori se aproveitou de Myuu, que inocentemente se esticava na direção de Hajime. Hajime queria dizer muitas coisas e fugir dela (Myuu não era tão forte afinal), porém, finalmente...

(Myuu): “Papai, Papai odeia Myuu?”

Dizendo isso com olhos marejados, Myuu se segurou para não chorar.

No fim, Kaori, Myuu e, por algum motivo, Shia, foram beijadas em suas bochechas. E, desta vez, em um local onde muitos pacientes estavam deitados, eles estavam assistindo com olhares calorosos, apesar de eles não saberem o motivo. Posteriormente, Hajime, como se estivesse fugindo, seguiu para o |Grande Vulcão Guruyuen|.

A propósito, embora Tio também quisesse um beijo, Hajime impetuosamente a insultou porque ela estava sendo convencida demais, o que resultou em ela ficando ainda mais excitada. Vamos apenas dizer que isto se tornou algo abominável.


Notas

[1] A Weaver Stance é uma técnica para atirar com pistolas ou revólveres. Ela foi desenvolvida pelo vice-xerife do condado de Los Angeles, Jack Weaver, durante uma competição de estilo livre de pistolas no Sul da Califórnia no final da década de 50.

[2] Hannya é uma máscara dotada de dentes ameaçadores, boca grande e chifres. Existe um conceito de um inferno no budismo japonês em que Hannyas são a representação dos confusos sentimentos humanos como a paixão, ciúme, e ódio, todos capazes de transformar homens e mulheres nesse terrível monstro. O que justifica o porquê de atores do tradicional teatro japonês se utilizarem de tal máscara em suas performances nas representações das histórias (desde o século 19) para transmitir uma identidade, uma personalidade nebulosa aos seus personagens. A Hannya é a máscara Noh mais divulgada no Ocidente.



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