Volume 11
Capítulo 237: A determinação da rainha
Parte 1
Dentro do corredor de um magnífico palácio antes do amanhecer, passos apressados ecoaram.
Os criados que já começavam a trabalhar voltaram o olhar maravilhados com os passos barulhentos, então suas expressões ficaram espantadas porque reconheceram a figura do oficial superior com uma expressão sombria. Isso aconteceu porque o oficial superior da Nação Divina não era uma pessoa que tinha o hábito de acordar antes do amanhecer.
O oficial superior atravessou várias passagens, e em pouco tempo, chegou em frente a uma sala que era guardada por soldados portando armas de fogo. Mesmo que os guardas tenham reconhecido o rosto do oficial superior, eles instintivamente se colocaram em guarda vendo seu estado incomum.
— Vocês, anunciem minha chegada a Sua Majestade, depressa! É uma emergência!
— Silas-sama. Mas sua majestade ainda está no meio de seu descanso...
O oficial superior que levantou uma voz zangada, Silas, foi atendido por um dos guardas, mas ele o interrompeu com uma voz ainda mais furiosa: — Eu não me importo, acorde-o! Depressa! Eu disse que isso é uma emergência!
— En-Entendido! — Um dos guardas gritou para dentro da sala. Depois de um tempo, quem saiu foi uma mulher usando roupas finas com uma expressão descontente. Quando o guarda explicou a situação, a expressão da mulher foi ficando ainda mais descontente mesmo enquanto ela voltava para dentro da sala.
Silas estava batendo o pé em irritação enquanto esperava. Os guardas estavam se agitando de forma desajeitada vendo isso.
Depois de um tempo, a mulher descontente agora mostrou seu rosto com as roupas em ordem. E então ela pediu a Silas para entrar.
O homem entrou na sala empurrando a mulher para o lado e ignorou a pequena maldição dela que veio por trás enquanto se dirigia para a porta dentro da sala. O quarto em que ele estava atualmente era uma sala de recepção, antes de se tornar um quarto.
Ele bateu na porta com um pouco de força, então obedeceu à voz que disse: — Entre. — Vinha de dentro uma voz que soava deliberadamente mal-humorada, e ele abriu a porta.
— Silas. Você tem mesmo um motivo para me tirar da cama?
Era um homem que passava da meia-idade. Ele estava tragando o álcool colorido que foi despejado em um copo enquanto perguntava isso. Embora sua aparência estivesse apenas envolvida por um roupão, seus olhos afiados brilhando e a expressão sombria tinham a pressão que dominava qualquer um que o visse.
Este homem era o rei da Nação Divina do Céu Qwailent; o usurpador Gregor Cluzet Qwailent.
Este rei, que viveu até agora roubando de outras pessoas desde o tempo que tinha consciência do que estava ao seu redor, viraria as costas com facilidade para os outros, mesmo que fosse seu confidente de confiança. Silas sabia disso. A violência avassaladora deste homem, e sua engenhosidade que fez uso total dessa violência, e depois sua atrocidade que foi tingida por sua natureza pilhadora, sua aura que vinha de tudo isso não era apenas uma ilusão.
Essa atmosfera faria Silas se encolher, entretanto, desta vez, o homem apenas engoliu sua saliva e abriu a boca.
— A nave-mãe Ostinato caiu. Ela foi abatida.
— ... o que você disse?
Uma nave-mãe sendo abatida nunca havia acontecido desde a fundação do país. Os olhos de Gregor se abriram um pouco a partir desse relato. Sua pressão foi aumentando ainda mais do que antes enquanto ele incitava Silas: — O que aconteceu? — a continuar.
— Ontem à noite, uma nave de batalha do céu que pertencia à Ostinato voltou sozinha. O piloto era um homem chamado Higgs do esquadrão Glowser. Sua sanidade foi quase toda perdida, então foi difícil questioná-lo sobre a circunstância, mas de acordo com ele, eles foram atacados por dois monstros no meio de uma batalha contra Avenst, e então, Ostinato foi abatido.
— Monstro? É sobre o esquadrão de Bovid? Na verdade, sua habilidade é parecida com a de um monstro, mas...
— Não, não é isso... ele disse que foram destruídos por um homem que disparou um bombardeio no nível do canhão principal de uma nave-mãe sozinho, e um dragão negro que voava na velocidade do som enquanto manipulava chamas e vento.
— Refaça o interrogatório. Não importa como você analise isso, ele deve estar louco. Não me diga, você não está me acordando porque engoliu esse tipo de bobagem, certo...?
Gregor, cujo descontentamento estava aumentando de modo drástico, deslizou o dedo em direção à arma colocada na mesa. Ele devia estar pensando que se Silas era esse tipo de incompetente, então não precisava mais dele.
Silas continuou seu relatório mesmo enquanto suava frio.
— Claro, estou relatando isso depois de confirmar que não é um absurdo. Após o questionamento, enviamos uma chamada para Ostinato usando comunicação de ampla área. Mas, não houve resultado. E então quando enviamos uma unidade de investigação no local onde Ostinato caiu...
— Era verdade?
— Sim.
A unidade de investigação a que ele se referiu era uma unidade que investigava sobretudo a terra. Eles estavam quase sempre desarmados, em troca, sua aeronave era rápida e fortemente blindada, os membros da unidade também usavam roupas de proteção especial que poderiam os proteger contra a invasão da chuva negra por um tempo.
O componente da chuva negra que caía por muitos anos na terra também foi incluído na umidade do ar, então mesmo se alguém não fosse tocado diretamente, seu corpo seria corroído apenas por respirar o ar. Para investigar o terreno, o que era necessário não era um dispositivo respiratório que purificasse o ar, mas roupas de proteção seladas com um tanque de oxigênio.
Portanto, mesmo que fossem chamadas de unidade de investigação, sua atividade na terra era limitada pelo tempo...
— Era uma unidade de investigação enviada com urgência, então eles não procuraram muitos detalhes, mas...
Silas estava sem palavras. Seus lábios se distorceram como se ele estivesse hesitando e escolhendo as palavras com cuidado. Gregor o instou: — Não importa, apenas informe o que aconteceu! — com irritação.
— Parece que o exterior de Ostinato, sua torre de artilharia tripla, bem como o fundo traseiro da nave foram totalmente arrancados. As naves de batalha do céu a bordo estão quase todas desaparecidas, a maioria dos pontos importantes foram arrancados como se fossem explodidos de dentro. E então… quanto aos tripulantes…
— Hmph. Eles foram aniquilados, não foram?
— Sim. Mas, parece que a causa não foi só a chuva negra.
Dizendo isso, Silas retirou um armazenamento de dados de gravação de vídeo dentro da nave-mãe que foi trazido de volta pela equipe de investigação. A expressão do homem ficou pálida por alguma razão. Gregor recebeu o armazenamento de dados enquanto parecia suspeitar e o inseriu em seu console pessoal.
O que foi projetado na tela foi:
— Aquele cara, aquele cara está vindo! Fuja, depressa!
— Pare, sou eu! Não atire!
— Nãããão, cheeeegaaaa! A voz não vai embora! Alguém, ajud...
— Aa, aAAAAAAAAAA!
— Morra, MORRAAAAAA!
Era uma cena de caos e loucura que faria qualquer um cobrir os olhos. A gravação só estava mostrando os tripulantes de Ostinato. No entanto, todos estavam lutando, gritando ou fugindo desesperadamente como se estivessem sendo perseguidos por algo invisível.
E então, as pessoas que perderam a sanidade cedo atacaram as pessoas próximas, e balas perdidas da tentativa de contra-atacar atingiriam outras pessoas... depois disso, foi exatamente como uma pedra que rolava por uma ladeira. Era uma prova inquestionável de que a loucura criada pelo terror invisível e a paranoia excessiva se voltou contra os camaradas diante deles.
— O que é isto…
— ...
Silas não conseguia responder ao murmúrio que inconscientemente saiu da boca de Gregor.
Em pouco tempo, quando a loucura atingiu o auge, todos os lugares dentro da nave explodiram de forma não natural e Ostinato enfim caiu no chão. O relâmpago dentro do mar de nuvens destruiu ainda mais o interior da nave, mas alguém devia estar exibindo seu último ato de bravura porque a aeronave recuperou seu poder de flutuação por um momento antes de cair no chão e de alguma forma evitar a destruição completa. Mesmo assim, a nave ainda expôs uma figura que parecia atroz só de olhar.
— Silas, o que aconteceu a Ostinato?
— Não sei. Não podemos confirmar a existência de um intruso pelo registro da nave. O que é “aquilo” que assustou os tripulantes... ou talvez, pode ser o “monstro” que Higgs estava falando.
O interior da sala ficou mortalmente silencioso. Era um silêncio assustador que faria alguém querer expressá-lo dizendo que era como se até os insetos estivessem prendendo as respirações.
— E sobre o registro da batalha contra Avenst? Você saberá o que é “aquilo” que Ostinato enfrentou, não é...?
— É que, por causa das explosões de uma causa desconhecida, todos os registros dentro da nave, exceto este, foram destruídos e não puderam ser recuperados.
Talvez isso também tenha sido obra do “monstro”... mesmo sem colocar em palavras, os dois pensaram a mesma coisa.
O silêncio governou o local por um tempo. Gregor estava olhando através da janela no céu que estava se aproximando do amanhecer enquanto de repente abraçava sua bebida. Ele bebeu direto da garrafa. Seu teor alcoólico era alto, e grande quantidade havia sobrado, mas ele o secou sem se sentir incomodado com isso.
E então, ele jogou a garrafa no chão e ela se rompeu em pedaços. Limpou a boca com grosseria e olhou para Silas com um olhar feroz e brilhante.
O corpo de Silas saltou enquanto alucinava como se estivesse sendo encarado por uma fera selvagem. Gregor deu um sorriso que exibiu sua natureza brutal e deu sua ordem.
— Convoque os capitães das naves. Cada um deles, exceto a frota de defesa.
— Mas o que, é que…? Sua Majestade, você enfim vai cuidar daqueles caras?
— É. A luta daquele pessoal de Avenst foi uma diversão adequada. Não sei o que eles estão tentando iniciar, mas desta vez eles exageraram. Vou fazer com que desapareçam agora.
De nenhuma maneira Avenst teve sucesso em aplicar táticas de guerrilha contra a Nação Divina. Em primeiro lugar, havia uma diferença esmagadora de recurso e tecnologia entre os dois lados. Se Gregor tivesse vontade, seria uma questão trivial aniquilá-los.
Eles estavam apenas sobrevivendo porque a batalha que aconteceu de forma imprevisível tornou-se a diversão de Gregor. Isso era tudo.
Mas, como era esperado, a vangloriada nave-mãe da Nação Divina sendo derrubada era uma situação que ele não conseguia ignorar. Como eles se apresentavam como um país do deus que governava o céu, não poderiam ter sequer um arranhão de algo como piratas. Isso dizia respeito à dignidade da nação.
Portanto, ele os esmagaria com todas as suas forças, exceto a frota que ficou para trás para a defesa do país. Ele os exterminaria deste mundo, não deixando um único grão de poeira para trás.
Silas abaixou a cabeça sem dizer nada e girou em seus calcanhares a fim de realizar sua tarefa.
— Pensando bem, aquela princesa também deve estar em uma idade adequada neste momento... kukuh, talvez também não seja ruim receber sangue real. Ou talvez, deva até mostrar como a última realeza cai diante dos sobreviventes.
Um riso encantado ecoou.
Gregor Cluzet Qwailent; ele era sem dúvidas um usurpador.
Parte 2
A gigantesca nave-mãe Avenst estava atracada no vale de uma montanha de nuvens.
A nave-mãe do país divino Ostinato, que Hajime abateu, também era gigantesca, mas Avenst era duas vezes maior do que a outra.
Embora, se fosse questionado se sua majestade ultrapassava Ostinato por ser superior em tamanho, então a resposta não poderia ser outra além de “não”.
Afinal...
— A torre de artilharia tem muitas roupas secando....
— No convés há uma plantação se espalhando por toda a parte.
Hajime e Tio, que observavam Avenst se aproximando aos poucos usando binóculos, murmuraram de forma espontânea.
Sim, a nave-mãe Avenst estava terrivelmente pacífica do lado de fora. As torres de artilharia e das armas no exterior estavam ligadas entre si por arames e roupas foram penduradas em uma fileira. A calcinha de uma senhora estava pendurada na ponta do canhão principal. Para ser sincero, os dois não puderam evitar de sentir suas forças drenadas ao verem a cena.
Além disso, havia uma esplêndida plantação no convés. Havia muita gente cuidando dela com dedicação mesmo agora. E então, em cima desse convés, crianças corriam. Havia até um audacioso que deslizou por algo que parecia um escorregador que se estendia para o lado de fora do convés até o fundo da nave.
— É-é mais ou menos tratado como a “capital real”, por isso está anexando importância ao sustento ou algo do tipo... em primeiro lugar, Helmut tinha coletado o núcleo do dragão monarca que se tornou sua força motriz, portanto, apesar de possuir armas, elas não funcionarão de forma satisfatória. E assim, se for esse o caso, então é melhor usá-las para uso prático e válido...
Roze deu esse tipo de desculpa com as bochechas corando um pouco pela vergonha.
Na verdade, esta nave-mãe Avenst era a aeronave de guerra que o príncipe uma vez criou usando o núcleo de dragão de seu parceiro. Embora seu núcleo de dragão tenha sido retirado por Helmut, agora mesmo ele estava se movendo usando apenas o núcleo do céu, e o máximo que poderia fazer era apenas voar.
Percebendo que Hajime lançou um olhar questionador sobre o que fariam se fossem descobertos pelo inimigo, Roze estufou o peito e apontou com o dedo:
— Está tudo bem. A maioria das armas não está funcionando, mas a espessura de sua armadura é de primeira classe, mesmo entre as aeronaves existentes na atualidade. Mesmo que seja atingido pelo canhão principal de uma nave-mãe, é capaz de suportar vários tiros com espaço de sobra. E mais, os dirigíveis que protegem Avenst estão sempre ao seu lado.
Olhando mais de perto, havia um dirigível atracado ao lado da nave-mãe Avenst.
Dirigível Averia: era a nave-irmã do encouraçado Rozeria de Roze. Se fosse preciso comparar, Rozeria dava importância à velocidade e capacidade de manobra, por outro lado, o Averia era um encouraçado que dava importância ao poder de fogo.
— Essas duas naves protegeram os descendentes do Reino dos Dragões Avenst até agora — disse Roze com orgulho.
Hajime estava olhando para tal garota enquanto inclinava a cabeça em perplexidade dentro de seu coração.
“Apenas duas naves, além disso, a nave-mãe deles nem mesmo está no nível de um contratorpedeiro... eles estão realmente navegando de forma contínua até agora enquanto estão sobrecarregados com a proteção? Mas quanta diferença de habilidade existe entre os dois lados? Não, mesmo assim…”
Hajime voltou seu olhar para Tio. Por coincidência, ela também voltou seu olhar para o rapaz naquele momento, então seus olhares se encontraram e suas expressões mostravam que ambos ficaram sem palavras. A própria Roze disse que eles haviam protegido todos até agora, mas talvez, isso foi possível pois... assim, os dois chegaram a mesma conclusão.
Enquanto faziam isso, a nave-mãe Avenst estava se aproximando cada vez mais.
De modo natural, a existência do dirigível Rozeria também foi notada pelo outro lado, por isso as pessoas que estavam cuidando da plantação, e também as crianças, estavam se reunindo em direção a uma vaga no convés alvoroçado. Aquele ponto devia ser o local onde Rozeria embarcaria.
Roze acenou com as mãos de forma enérgica. Uma grande ovação surgiu apenas com isso. Parecia que sua popularidade estava se tornando a de uma rainha.
Os irmãos Crow, Bovid e os outros do esquadrão de naves de batalha do céu também vieram ao convés e começaram a preparação para a transferência para Avenst.
Quando o dirigível chegou ao lado de nave-mãe Avenst, o convés do Avenst estava lotado de pessoas. Embora Hajime o tivesse consertado até certo ponto, Rozeria estava em um estado terrível. Parecia que isso era o bastante para fazer a expressão das pessoas que recebiam a rainha ficar pálida.
— Todos, não há necessidade de se preocuparem. Fomos atacados por Qwailent, mas é como vocês podem ver! Eu e Kuwaibel estamos seguros!
— Piih!!
Quando Roze ergueu Kuwaibel bem alto com ambas as mãos, gritos de alegria ocorreram mais uma vez. Roze abraçou Kuwaibel de volta em seu peito e ergueu uma das mãos para acalmar os aplausos e, desta vez, ergueu a voz com uma expressão branda.
— Mas, muitos pilotos ofereceram suas preciosas vidas para nos deixar sobreviver. Por favor, direcione seus sentimentos para os bravos guerreiros que não podem voltar para casa. E por favor, os saúdem com um aplauso. Fomos protegidos por eles.
Os pilotos das naves de batalha do céu estavam alinhados no convés. Uma voz sóbria ressoou em vários pontos das pessoas que não viram as figuras de seus familiares que eles viram partir. Bovid e outros colocaram os punhos no peito e olharam para o céu. Essa era a saudação no Reino dos Dragões. Eles ofereceram uma oração silenciosa para seus camaradas que tinham ido antes deles.
As pessoas no convés naturalmente também ofereceram uma oração silenciosa.
A oração silenciosa se espalhou no céu onde soprava uma brisa suave.
A oração continuou por um tempo, em seguida um homem velho apareceu na frente da multidão.
— Roze-sama, bem-vindo de volta.
O homem de cabelo branco com esplêndido bigode curvou a cabeça profundamente com as costas eretas.
— Vovô. Estou de volta. Houve algum problema?
— Nenhum, não houve nada. Este Sabastian Orto está encarregado de cuidar deste lugar durante a ausência de Roze-sama. Nenhum problema ocorreria tão facilmente enquanto eu estiver aqui.
Este homem, que respondeu com calma, mas com uma confiança clara, parecia ser o servo de confiança de Roze. Sua aparência, sua maneira de falar e sua atmosfera eram as mesmas de um mordomo, apesar das roupas normais de trabalho que usava. Hajime e Tio começaram a pensar a respeito desse homem.
Esse pensamento era:
“Quase.”
Hajime e Tio retorquiram de forma espontânea. “Se ao menos o nome dele não começasse com ‘Sa’, mas com ‘Se’, seríamos capazes de provar a existência da regra implícita compartilhada por um universo paralelo de que falar de mordomos significa falar de ‘Sebastians’, no entanto...!”, foi o que eles pensaram.
Quando a dupla do mundo alternativo que não leu a atmosfera do lugar ficou com uma expressão complicada, Roze confundiu essa expressão pensando que os dois estavam ficando entediados, e então começou a descer a rampa em pânico. Ela fez isso enquanto chamava o nome de Hajime e Tio, anexando “-sama”.
De modo natural, não havia como as pessoas não suspeitarem quando ouviram sua rainha chamando os outros com tamanho respeito, e como seu representante, Sabastian fez uma pergunta:
— Roze-sama, posso perguntar quem são essas duas pessoas?
— Eles são convidados. Este cavalheiro é Hajime Nagumo-sama, e esta senhora é Tio Klarus-sama. Eles ficarão em Avenst por um tempo. ... eles são pessoas importantes, muitíssimo importantes, então, por favor, cuide delas com absoluta educação.
— … importantes, pessoas, para, Roze-sama?
O olhar do vovô capturou Hajime. Sabendo o significado daquele olhar, Hajime desviou o olhar. “Foi porque você disse ‘pessoas importantes’...”, Hajime retrucou dentro de seu coração.
— Sinto muito por ser rude, mas, Roze-sama, mais especificamente que tipo de conhecidos eles são para você? Por acaso, eles são de Qwailent?
— Não, Vovô. Eles não estão relacionados com Qwailent. É que, sobre suas origens, dizer isso aqui é um pouco...! De qualquer forma, peço isso ao Vovô, aconteça o que acontecer! Por favor, dê a eles nossa maior hospitalidade! ... custe o que custar, temos que agradar Hajime-sama.
A última frase foi dita em um volume baixo que não podia ser ouvido pelas pessoas ao redor, mas Sabas, que possuía os ouvidos de um excelente mordomo, entendeu com perfeição. Sabas, que cuidou de Roze desde que ela nasceu, amava a garota como se ela fosse sua própria filha.
E essa sua mestra que deveria até ser chamada de sua amada filha estava agora desesperadamente tentando agradar um homem que ele não conhecia...
“Tá legal. Eu não entendi nada disso. Em outras palavras, ele é um inimigo, não é?” O velho concluiu.
Claro, Roze sussurrou isso no sentido de que ela desejava que Hajime ficasse satisfeito com Avenst. Ela entendeu que se Hajime se sentisse assim, então não importaria o que Tio quisesse, e assim Roze fez essa declaração, mas os olhos do Vovô Sabas, que não sabiam nada sobre isso, se transformaram nos olhos de um assassino. Enquanto sorria de forma amigável e gentil.
— Então é isso. Muito bem, prepararei agora mesmo o quarto e a refeição. Nagumo-sama, Klarus-sama, se algum de vocês precisar de algo, peça qualquer coisa a este Sabas sem qualquer reserva.
Como esperado do guardião que atendia diretamente a realeza. Ele mostrava modos elegantes enquanto sorria de forma amigável, e gentilmente exibia os olhos de um assassino.
Pensando que por enquanto ele deveria esclarecer o mal-entendido antes que esse vovô lhes causasse problemas, Hajime abriu a boca:
— Aa, Senhor Sabas? Vou dizer isso porque parece que você está tendo um mal-entendido, o que a rainha está dizendo não significa isso, tá bem? Ou melhor, sou um homem casado. Veja, esta mulher aqui é minha esposa.
Dizendo isso, Hajime agarrou o braço do Tio e a jogou para a frente. Por algum motivo, Tio baixou a cabeça graciosamente ao dizer: — Prazer em conhecê-lo, obrigada por sempre cuidar do marido desta. —, ela fez uma saudação como se estivesse se encontrando com o superior da empresa onde seu marido trabalhava.
Parecia que era algo que ela queria tentar dizer pelo menos uma vez depois de ver um drama na TV. Tio estava lançando olhares para Hajime dizendo: — Como foste? O que achas? Esta pareceu uma esposa agora?
Hajime sorriu pensando que agora não era esse tipo de situação, mesmo assim, ele acariciou o cabelo de Tio sem reservas. As bochechas de Tio estavam tingidas de vermelho de um doce prazer diferente de quando ela levava um tapa.
Mesmo visto de lado, era óbvio que a relação dos dois não era algo superficial.
Quando Hajime tentou olhar para Sabas pensando que o mal-entendido devia estar resolvido... na verdade, parecia que o mal-entendido de que ele era um canalha visando sua importante mestra foi resolvido, mas em troca, um novo mal-entendido parecia ter sido criado.
Os olhos de Sabas, cujo corpo tremia por toda parte, estavam marejados com tristeza.
— Roze-sama… o vovô se sente muito triste.
— Eh? Eeh? Qual-qual é o problema vovô?! Por que de repente você está com vontade de chorar?!
Roze ficou abalada. As mãos do Vovô gentilmente agarraram os ombros de Roze, e ele abriu a boca em repreensão:
— Roze-sama, você não deve cometer adultério.
— Vovô, sua cabeça está bem?
Roze inclinou a cabeça se perguntando: “Ele enfim começou a ficar senil?”. Atrás dela, os irmãos Crow estavam fazendo expressões espantadas, enquanto Bovid estava segurando sua gargalhada com desespero.
— De fato, o Vovô esteva cuidando de Roze-sama estritamente. Estou de olho em Roze-sama até mesmo no que diz respeito ao amor. Mesmo que no momento não haja quase ninguém com uma linhagem que seja um bom partido para Roze-sama, não tem como eu te entregar para qualquer homem. Portanto, as cartas de amor para Roze-sama daquelas pessoas que não sabem sua posição, as rasguei e descartei todas depois de inspecioná-las, mas...
— Eh?! Por favor, espere um segundo. Essa é a primeira vez que ouvi sobre isso! Alguém me escreveu uma carta de amor? Aqui em Avenst? Ou melhor, o que você quer dizer com inspecioná-las e depois as rasgar?!
A popularidade de Roze em Avenst era alta. E então, ela estava morando com as pessoas na mesma aeronave, e estava sempre conversando com eles, além disso, ela estava tratando a todos de forma amigável. Ela estava ostentando tremenda popularidade entre os homens jovens.
Claro, Roze era idolatrada como uma rainha, e aqueles homens não acreditavam que seriam capazes de construir um relacionamento bom com ela, o máximo que eles fizeram foi escrever os sentimentos de seus corações e os enviar para ela. E isso foi feito por um número considerável de pessoas.
No entanto, Roze nunca tinha recebido algo como uma carta de amor nem uma única vez. Ela também nunca tinha se confessado. Ela estava nessa idade, então não era como se não tivesse interesse por isso, mas a garota pensava que ninguém estava pensando nela dessa forma porque sua posição social estava no caminho.
Mas, ela nunca pensou, que era assim porque...
Roze pressionou taciturnamente sua pergunta para o vovô, mas ela não alcançou os ouvidos do velho taciturno.
— Roze-sama, por favor, desista de sua ideia! Visar um homem casado... Antes mesmo de pensar na moral como realeza, já é um erro com ser humano! Por favor, pense de novo e pare com essa ideia de roubar um amor!
— Sério, o que você está dizendo Vovô?! Vou te enfiar no canhão principal de Rozeria e te atirar para longe, entendeu?!
O povo de Avenst se agitou: — Sua majestade está tentando roubar um homem casado... caramba! —, ou: — Ela raptou um homem com quem está satisfeita, junto com sua esposa... como esperado de nossa rainha. —, e até mesmo: — Minha, carta de amor... —, alguns também diziam: — Ou melhor, quem é aquele homem que roubou o coração de Roze-sama? —, ou: — Aqueles peitos. Aquela linda mulher de cabelos negros é sua esposa... que inveja, estou com ciúmes. —, ou: — Você, gosta mais desse tipo de mulher do que de mim? Então, estou ansiosa para um encontro no próximo mundo, tá legal? —, ou: — Espere, isso foi uma piada! Só tenho sentimentos por você! Ah, espere, não me empurre! Eu vou cair, vou cair, pare, aaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! —, essas vozes podiam ser ouvidas.
Roze levantou sua voz em negação. No entanto, colocando de lado o grupo masculino, o mal-entendido do grupo feminino também não foi esclarecido. Parecia que o grupo de mulheres de Avenst sabia muito bem que sua rainha, que estava nessa idade, era uma pervertida.
Roze, que recebeu olhares calorosos direcionados a ela, não importava o que dissesse, gritou: — Isto é um mal-entendidooooooo!! —, essas palavras ressoaram pelo céu azul.
Dois dias se passaram desde que Hajime e Tio chegaram na nave-mãe Avenst.
Durante esse tempo, o casal recebeu a maior hospitalidade possível de Roze e dos outros.
No primeiro dia, Roze reuniu o alto escalão e partilhou as informações sobre as circunstâncias e antecedentes de Hajime e Tio, de modo que os oficiais, com Sabas presente, cujo mal-entendido foi resolvido logo, deram a sua hospitalidade por iniciativa própria, na medida em que mostrava que estavam desesperados. Hajime e o Tio degustaram um tratamento um pouco parecido com o de um VIP.
Eles estavam desfrutando da variada culinária que usava os ingredientes misteriosos deste mundo. Os alimentos eram fundamentalmente grãos, frutas e vegetais, mas esses produtos tinham sabor extremamente bom pela graça do efeito do núcleo do céu, somado à habilidade do cozinheiro, era o suficiente para satisfazer a ambos.
Eles também foram conduzidos a uma ilha flutuante que possuía um grande lago. A água que saía da ilha flutuante dispersava-se no ar e se transformava em névoa branca que cobria toda a ilha, aquela visão deveria ser chamada de região secreta que foi coberta por um véu místico, a tal ponto que apenas por poder olhar para aquilo fez com que os dois pensarem que valeu a pena vir a este mundo.
Além disso, os núcleos do céu que estavam brilhando no entorno do lago, pareciam possuir a propriedade para levar a umidade para o ar e transformá-la em água de nascente. O fato de sua natureza ter sido sutilmente alterada devido a essa área e o meio ambiente fez com que o sangue de Hajime, como um Mestre da Transmutação, fervesse.
O rapaz também trocou um pedaço de cristal divino com os artesãos de Avenst que estavam manuseando o núcleo do céu, e eles tiveram uma discussão. Eles se deram muito bem. A expressão de Hajime, que compreendia as várias naturezas do núcleo do céu, parecia satisfeito consigo mesmo.
Houve também a questão do mal-entendido sobre o amor ilícito de Roze com o casal se espalhando, mas o povo da Avenst também entrou em contato com os dois forasteiros com imensa curiosidade. Alguém com certeza os chamaria quando entrassem na nave.
E a melhor coisa na opinião dos dois era que eles eram capazes de enxergar a coexistência de dragões e humanos.
Humanos e dragões voavam ao redor para patrulhar e reparar o exterior da aeronave, para colher na ilha flutuante e entregar bagagens, e às vezes apenas para secar as roupas. Humanos e dragões que se tornavam parceiros eram muito poucos, mesmo assim, o bom e velho modo de viver deste mundo poderia ser encontrado ali. Era algo que Tio admirava muito.
Em geral, o país a bordo da nave chamada Avenst condizia muito com a preferência de Hajime e Tio, fosse nas características das pessoas, nos seus valores e também na sua forma de convivência. Era um país confortável. No mínimo, foi muito melhor do que a característica do país que tentou matá-los sem questionar e cuspiu um comentário ultrajante para Tio logo na primeira vez que se encontraram.
E então, quando Tio e Hajime saudaram a manhã do terceiro dia, eles estavam curtindo o suficiente esta nação chamada Avenst e este mundo.
Os dois esperavam sabe-se lá quantas vezes o sol aparecer no convés frontal da nave-mãe Avenst.
Então, uma voz que estava cheia de leve nervosismo e determinação os chamou:
— … Hajime-sama, Tio-sama. O que vocês dois pensam sobre nosso país?
Quando os dois olharam para trás por cima do ombro, lá estava Roze, que segurava Kuwaibel nos braços como de costume. Não, não era apenas ela, os irmãos Crow e Bovid, Sabastian, e então os principais oficiais de Avenst, começando com o capitão do dirigível Averia, estavam lá. Todos estavam com uma expressão complicada como um viajante que foi obrigado a ficar em pé em uma encruzilhada.
— Acho que este é um bom país. Eu posso até pensar nisso como confortável, mesmo sem a hospitalidade.
— É, mesmo? Fico contente em ouvir isso.
A expressão de Roze, que ouviu isso, mostrou um sorriso sem graça. Ela devia ter adivinhado. Que pensar que se eles pudessem alcançar a emoção dos dois, talvez Hajime mudasse de ideia e lhes desse ajuda, tal pensamento não funcionou.
— Como esperado, algo como o status de ser nosso herói, não é suficiente como compensação, é?
— Você já sabia disso desde o início, certo? Um homem que mudará de ideia com facilidade depois de receber tanta hospitalidade, você acha que esse tipo de homem pode se tornar um herói que salvou um país? Algo assim simplesmente não está na minha natureza, e nem mesmo me convém.
— Fufu. De fato, quando penso sobre seu ato ao encurralar a nave-mãe inimiga, o título de herói não combina mesmo com você, Hajime-sama.
— Agora você disse isso, rainha-sama. ... em contrapartida, parece que foi você que se ficou um pouco mais relaxada.
Enquanto a expressão dos principais oficiais parecia frustrada e aflita, era apenas Roze, cujos olhos estavam contendo resignação junto com uma determinação vaga.
Roze respirou fundo com Hajime apontando isso.
— Talvez. Durante esses dois dias, estive olhando para vocês dois o tempo todo. Mesmo quando vocês dois estavam se divertindo, vi que seu coração não vacilou. Por quê? Mesmo que todas essas pessoas possam morrer, como você ainda pode abandoná-las? “Que pessoa terrível”. Eu também tive esse tipo de pensamento.
— Hmph? Você pensa diferente agora?
— Estarei mentindo se disser que estou pensando de forma completamente diferente. Porque não importa o que aconteça, sou uma aliada absoluta de Avenst. Mas, de alguma forma, os dois, não são pessoas desumanas que não demonstram interesse por nós... vamos ver, se tivesse que dizer, passei a pensar em vocês dois como uma “árvore grande”.
Hajime inclinou sua cabeça não entendendo o que Roze quis dizer. Em resposta a isso, Roze conversou enquanto escolhia suas palavras. Os oficiais que estavam com uma expressão complicada também concentraram seus ouvidos à fala da rainha.
— Uma existência inabalável que apenas existe. Às vezes, nos protege da chuva fria ou suaviza a luz do sol. Mas, ela nunca iria estender seus ramos porque foi pedida, esse tipo de existência.
— Essa é uma frase estranhamente adequada...
Roze deu uma risadinha enquanto dizia: — Estou honrada com seus elogios. — por ver que conseguiu fazer Hajime piscar.
O céu do leste começava a ficar iluminado pouco a pouco. O amanhecer estava próximo. Roze virou seu olhar para o céu que estava começando a clarear enquanto adicionava mais palavras. Os oficiais do alto escalão também estavam ouvindo em silêncio.
— Naquele momento, quando o sol se pôs, os dois me disseram que “este mundo é lindo”. Eu tinha esquecido disso por todo esse tempo, mas sem dúvidas, mesmo quando acabamos neste estado, este mundo é lindo. Mesmo que seja tão bonito, mesmo que tenha sido quebrado assim, a humanidade ainda não está se arrependendo. ... pensei, só um pouco. Recuperar nossa nação, derrotar Helmut e, em seguida, retomar o mundo ao que era antes disso... há algum significado nisso?
Os oficiais estavam começando a ficar barulhentos. Isso era natural. Afinal, a rainha deles estava dizendo algo que soava como se ela negasse a continuação da humanidade.
— Um pensamento destrutivo, hum? Mas acho que você estava nos persuadindo a considerar tudo de forma bastante desesperada, não estava?
— É claro. Porque era algo que pensei muito pouco, não estou jogando fora o nosso desejo mais profundo ou qualquer coisa parecida.
Suspiros aliviados escaparam dos arredores. Os oficiais do alto escalão estavam esfregando os peitos.
Em meio a isso, Roze conversou com Hajime, que estava inclinando a cabeça se perguntando o que ela queria dizer:
— Sem dúvidas, não há significado nisso.
— No seu desejo mais profundo?
— Não. Em sermos salvos.
Kuwaibel gritou soando vagamente preocupado. Foi Kuwaibel quem procurou ajuda de Hajime e Tio na primeira vez. No entanto, ele não procurou ajuda para quebrar o impasse na perigosa situação daquela época. Ele estava procurando a salvação do próprio Reino dos Dragões da presença avassaladora de Tio que seus sentidos detectaram como um dragão monarca.
Adivinhando o que Roze quis dizer, a expressão dos oficiais parecia tomada pela surpresa e se transformou em um olhar um pouco conturbado.
— Nós com certeza temos que nos salvar por esforço próprio. Caso contrário, no mundo, depois de salvo, trilharemos o caminho que mais uma vez o destruiu... é o que eu penso.
— Porém, acho que vai ficar tudo bem se for o povo do Reino dos Dragões cuidando disso.
— Não. Enquanto não massacrarmos todas as pessoas na luta contra Qwailent, aqueles vivendo neste mundo não serão apenas o povo do Reino dos Dragões. Mesmo se dissermos a eles para viverem em arrependimento depois de ter tudo terminado por uma existência sobrenatural, que tipo de persuasão poderia ser encontrada nesse tipo de palavras?
Depois de terem seu país destruído por uma existência incompreensível que de repente apareceu, não havia como o povo prestar atenção à pregação das pessoas de um país morto que nem sequer lutou.
O poder avassalador que Hajime e o Tio exibiram foi um veneno letal em certo sentido. Se tal poder pudesse ser usado, então o portador sem dúvidas seria capaz de forçar sua vontade. Visto do ponto de vista de pessoas que lamentavam de forma impotente, as pessoas, que estendiam as mãos em direção ao seu desejo mais querido, não era um exagero dizer que tal poder fosse chamado de magia com encanto inigualável.
Portanto, Roze, que se encantou e se tornou cativa daquele poder onde então pediu ajuda, ao ver a figura de Hajime e Tio vivendo um cotidiano realmente normal, demonstrando admiração e maravilhamento com tudo no trivial e corriqueiro, parecia que sua mente fervente recuperou a calma.
— Na verdade, deveríamos também dizer: “Não se envolvam, este é o nosso problema!” sobre a subjugação de Helmut, mas...
— Você está muito diferente de dois dias atrás, hein. Bem, essas são palavras admiráveis, mas... minha esposa disse: “Esta quer espancar Helmut violentamente até que tu não consigas mais reconhecê-lo!”, então desista disso.
— Não-não, Mestre? Esta, não falou esse tipo de coisa...
Na verdade, Hajime também pensou que queria dar uma olhada em um dragão “maligno”. Eles não estavam falando de um mero dragão. Era um dragão “maligno”. “Isso não está deixando sua alma agitada?!”Como essa era uma cena séria, ele leu o clima e manteve esse pensamento apenas em seu coração.
— Entendo. Em seguida, lutaremos no mundo sem chuva. Oraremos por seu sucesso na subjugação de Helmut. E então, se possível, ficaremos felizes se você se lembrar de nós, a Nação dos Dragões Avenst, ó, horrível dragão cavaleiro de outro mundo.
— Eu já te falei sobre isso! Rezarei, para que o desejo mais caro de vocês, rainha e pessoal, possa se tornar realidade. Ou melhor, o que foi esse “horrível cavaleiro dragão”, hum? Como eu pensava, você está guardando um pouco de rancor, não está?
— Quem sabe, mas do que você está falando? — Roze disse isso enquanto ria.
Parecia que ela não estava planejando pedir aos dois para se tornarem seus representantes na guerra.
Havia dois tipos de vitória. Uma vitória significativa e uma vitória sem sentido. Sem dúvidas, o caminho que Roze e os outros estavam percorrendo era repleto de adversidades, mas se eles estivessem pela primeira, teriam que lutar por conta própria. Seu sorriso era brilhante, devia ser porque ela percebeu isso e se decidiu.
Os oficiais estavam com uma expressão preocupada com a decisão de sua rainha, mas quando Roze olhou para trás e perguntou: “Há alguma objeção?” com seu olhar, eles baixaram a cabeça unanimemente. E então, quando eles inclinaram a cabeça em resposta, a mesma determinação e resolução de Roze estavam presentes naqueles olhos.
— Hajime-sama, Tio-sama. Fico feliz de poder conhecer os dois. Por favor, fiquem bem.
— Sim, vocês também. Não vou esquecer das pessoas do céu que estão vivendo junto com os dragões.
— Roze-dono. Esta reza pela felicidade ilimitada para tu e para teu importante povo.
O sol da manhã mostrou o seu rosto. Uma luz quente encheu o mundo além do mar de nuvens.
Hajime e Tio balançaram a mão com o Roze, e assim, eles estavam prestes a partir...
— Broca de Cruz!!
De repente, Hajime gritou. Em seguida, o enorme clarão lançado do sol assaltou o flanco da nave-mãe Avenst.
O Sinergista se defendeu desse ataque usando uma barreira formada pelas Brocas de Cruz que implantou secretamente há dois dias quando eles chegaram a esta aeronave.
O som e o impacto abalam o mundo. Roze gritou e ela estava prestes a cair, mas Tio a ajudou a ficar de pé.
Como a barreira não cobria toda a aeronave, o clarão extremamente violento estava fazendo a nave-mãe Avenst inclinar com sua onda de choque. Os oficiais no convés estavam caindo de joelhos.
Foram dez segundos, ou um minuto?
O clarão disparado do sol estava desaparecendo como se estivesse derretendo ao ar vazio.
— Se escondendo no nascer do sol, eles estão agindo com inteligência.
Quando Tio e Roze viraram seus olhares em direção à luz do sol ouvindo o murmúrio de Hajime...
Havia incontáveis pontos pretos.
Não era apenas um ou dois. Um grande número de pontos podia ser vistos dentro da luz do sol que iluminava o mundo com uma luz forte.
Não, aquilo, o que apareceu com o sol nas costas usando essa luz para esconder suas figuras era...
— A frota de Qwailent... sem chances, por que eles estão aqui?! — As palavras de Roze, que soaram como um grito, ressoaram.
Nota do Autor (Ryo Shirakome)
Muitíssimo obrigado por ler esta história todas as vezes.
Muito obrigado pelos pensamentos, opiniões e relatos sobre erros de ortografia e palavras omitidas.
Só, mais um capítulo... entendido?