Volume 10
Capítulo 219: Berserk, estava em seu coração desde o início
Go-go-go! Aquele som que soou como um estrondo da terra, e o som de impacto, "DON!", que ressoou no fundo do estômago, podiam ser ouvidos.
E então quem gritou de forma fofa, — Hyaah! — enquanto pulava foi Emily, que estava perseguindo o Professor Down.
Vanessa, que corria ao lado dela, não ficou nem um pouco perturbada. Talvez porque eram apenas as duas agora, a agente estava no modo de beldade fria, Vanessa-san, como quando as duas se encontraram pela primeira vez. Vendo a agente assim, Emily olhou para baixo sentindo-se um pouco envergonhada.
— Uma expressão de timidez... inestimável.
— Aa, hã-hã. Mesmo quando você está no modo de trabalho, seu interior ainda é Danessa.
Enquanto o som dos sapatos batendo no chão de metal retumbava, Emily deu um sorriso seco para Vanessa, que estava dizendo esse tipo de coisa com uma expressão rígida.
— De qualquer forma, Kosuke-san está fazendo isso de forma chamativa.
— Você está certa. Isso mostra o quão absurdo é aquele berserker.
— Um pedaço de carne... mas que diabos, aquilo…
Emily falou sua dedução para o sussurro de Vanessa. Estava de acordo com a resposta que Kosuke chegou. Foi uma dedução que mostrou a profundidade do pecado da humanidade.
A Quimera Berserker possuía a capacidade de regeneração e propagação contra a qual os humanos, em geral, não teriam chance. Quando Vanessa ouviu a verdadeira identidade disso, sua expressão mudou um pouco. Não era porque ela estava preocupada com Kosuke, era algo dirigido a Emily, que poderia falar sobre sua dedução com tanta calma.
— Entendo agora que ele tem habilidades absurdas, mas... Doutora Grant, você não parece estar preocupada.
Emily sentiu o olhar de Vanessa sobre ela. No entanto, a pesquisadora respondeu sem desviar o olhar para a frente.
— Estou preocupada. Não importa o quão forte Kosuke seja, há muitas maneiras pelas quais as coisas podem dar errado. Ele pode até se machucar. Foi a primeira vez que o vi tão furioso, então também estou me sentindo desconfortável que ele possa fazer algo imprudente.
— É-é mesmo?
Mesmo assim, Emily parecia relativamente calma. Vanessa inclinou a cabeça com isso. Vendo Vanessa assim, a garota sorriu de forma irônica enquanto continuava a falar: — Mas...
— Mesmo assim, aquela pessoa... é meu herói.
Foi por isso que ela acreditou. Que não importava o tipo de dificuldade que ele encontrasse, não importava o tipo de irracionalidade a que seria exposto, não importava em que tipo de aperto ele se visse, no final, o rapaz com certeza superaria tudo e cumpriria sua promessa. Ele salvaria as crianças, libertaria aquela existência lamentável da cunha deste mundo, enviaria voando aquele mercenário que estava podre até o âmago e então correria para o lado dela. Sim, ela acreditava nisso.
— É por isso que eu-eu tenho que fazer o que devo fazer. Vim aqui agindo de forma egoísta. Não posso me dar ao luxo de ficar confusa. Olhar para trás será um insulto para Kosuke, que acreditou em mim e me mandou na frente.
— ...
Vanessa continuou enviando olhares de canto de olho para Emily. E então, ela acenou com a cabeça, — Hã-hã. — como se tivesse entendido algo.
— Doutora Grant.
— O quê?
Emily olhou para frente e avançou sem hesitação. Um sorriso surgiu nos lábios de Vanessa enquanto ela falava:
— Você é uma boa mulher. Sem dúvidas, Kosuke-san também aceitará você. Deixe a reserva do hotel comigo.
— Bufuh!? O que-que você está falando!? Sério, do que você está falando, Danessa!?
Emily escorregou devido ao fluxo da conversa que de repente tomou uma direção vulgar. Ela quase beijou o chão. A garota se levantou com pressa e começou a correr mais uma vez, então com o rosto vermelho, ela lançou um olhar penetrante para Danessa. Ela preparou o disparo de seu soco de gato.
No entanto, a Vanessa em questão estivesse fazendo uma expressão confusa. Isso irritou Emily ainda mais.
— Doutora Grant. Em um filme ou peça, na última cena, o personagem principal vai beijar ou dormir com a heroína. Neste caso também, será melhor se for concluído com Kosuke-san e a Doutora Grant atuando em uma cena apaixonada na cama. Deixe a gravação comigo, Vanessa.
— Ce-ce-ce-ce-ce-cena na cama!? Idiota! Danessa sua idiota! De maneira alguma faremos algo assim! Não, não estou dizendo que nunca faremos isso, mas... é que, só pensei um pouco sobre isso, tipo "Eu também algum dia fareiiii", mas se Kosuke me pedir, não é como se eu fosse recusar… espere, isso está erraaaaaaado! Não é nada disso! Ou melhor, o que há com você!? O que você quer dizer com gravar hein!? Que tipo de atitude é essa!?
— Qualquer tipo de evento precisa ter uma lembrança sobre ele. Portanto, fique tranquila. Eu também vou participar no meio. Um apaixonado e úmido ménag-...
— Não diga nada mais!
Emily uivou. Sua seriedade já havia alcançado o limite máximo. Ao mesmo tempo, um soco de gato foi lançado. Aquele soco que foi desferido sob a habilidade de uma pessoa séria e com bom senso esplendidamente perfurou a bochecha de Danessa.
— ? Por que, fui socada?
— Esta pessoa já está perdida. Tenho que pedir a Kosuke para transformá-la em uma aldeã esplêndida.
Sem dúvidas, Vanessa era dotada da habilidade Quebradora da Seriedade. Emily estava se sentindo desanimada, mas ainda conseguiu se decidir a usar a opção final.
Assim, elas avançaram, passaram por várias portas e, em pouco tempo, as duas chegaram a uma passagem com um curso de água. Parecia que elas haviam passado por uma passagem subterrânea abaixo do centro de pesquisa e saíram na instalação de purificação de água.
Depois de passarem por um local que tinha várias coisas que pareciam canos e tanques alinhados, as duas colocaram as mãos na porta à sua frente. Vanessa fez Emily recuar enquanto entrava na sala.
Essa sala parecia estar localizada acima e era dedicada a um tanque de água. Metade da sala era ocupada por máquinas, enquanto o outro lado se tornou um local de irrigação.
Talvez este fosse um lugar para armazenar temporariamente a água que fluía do canal. Parecia que estava sendo aberto agora, então sob o chão havia uma forte corrente de água que fluía em direção a algum lugar.
Era uma sala verticalmente comprida, então elas podiam ver uma escada que continuava até um andar superior, uma passagem e, em seguida, uma porta. A porta do segundo andar estava localizada na extremidade sul da sala, e havia uma passagem em estilo de ponte que conectava as duas portas.
Emily e Vanessa enviaram seus olhares para a porta daquele segundo andar...
— Ah, profess-...
— Doutora Grant!
Havia um jaleco esvoaçante. Estava claro de quem ele era. Emily estava tentando gritar porque a figura de Down havia desaparecido do outro lado da porta. No entanto, Vanessa puxou Emily para perto dela com cautela.
Logo depois disso, gan!, um som alto entrou em seus ouvidos. Algo caiu atrás de Emily e Vanessa, na frente da porta que tinham acabado de passar. Quando olharam para trás com surpresa, havia uma grande caixa retangular do tamanho de uma mala ali. Foi a coisa que Down carregou, junto com uma bolsa de couro, quando ele escapou. Parecia que ele jogou na hora em que Emily e Vanessa entraram na sala.
O som da porta no segundo andar fechando ressoou.
Nesse momento...
— KIIIIIIIIIIIII!
Esses gritos atingiram os tímpanos das duas e, ao mesmo tempo, a caixa inchou por dentro e foi destruída. Parecia que não era feito de um material realmente resistente, já que as rachaduras se espalharam em um piscar de olhos e o fecho estalou.
No mesmo instante, algo saltou e atacou Emily e Vanessa. Vanessa colocou Emily atrás dela para proteção enquanto atirava.
No entanto, a velocidade daquela criatura não era normal. Além disso, seu movimento era estranhamente irregular, então a bala que Vanessa disparou errou o alvo.
Essa criatura chutou o chão e saltou em direção ao rosto da agente; no entanto, Vanessa apenas estreitou os olhos em silêncio, sem qualquer agitação. Sua longa perna desferiu um chute vertical para lidar com isso.
Go! A coisa foi chutada junto com o som vívido de ossos quebrando, em seguida, girou no ar antes de cair no chão a alguma distância.
— Aquilo é… um macaco?
— Parece que sim. Parece um adulto, mas vendo o tamanho daquele recipiente, parece que antes disso era um filhote.
Uma bala atingiu o filhote de macaco em um instante quando ele lentamente se levantou. No momento em que levantou seu rosto, um esplêndido tiro na cabeça exterminou o animal berserker, o Macaco Berserker, e assim ele desmoronou e fumaça branca saiu de seu cadáver.
No entanto, elas não podiam baixar a guarda. O motivo foram as presenças que se espalharam para cercar as duas... os Macacos Berserkir ainda somavam quatro no total.
— Estranho.
— … de fato. Doutora Grant. Por favor, recue devagar para a parede. Em direção à lacuna entre a máquina e o pilar.
Vanessa adivinhou o significado do murmúrio de Emily, e ela aumentou sua cautela ao máximo enquanto recuava como se fosse um escudo.
Sim, elas tiveram liberdade para se afastar. Os berserkir que geralmente corriam em linha reta seguindo seu instinto estavam a uma distância fixa de Vanessa e Emily, como se estivessem observando a situação, ou estavam apenas sendo cuidadosos.
Na verdade, estes Macacos Berserkir tinham cautela em relação ao perigo incutido dentro deles usando um método semelhante ao experimento do cão de Pavlov1. Foi um experimento para fazer berserkir, que apenas corriam para a frente de forma imprudente, lidarem até certo grau com armas de fogo. Ver o cano de uma arma e ouvindo um tiro, essas condições, juntamente com a consciência de que "algo doloroso apareceria voando", foram plantadas neles.
Podia-se ver se o experimento falhou ou não com isso. Os quatro Macacos Berserkir estavam cercando Vanessa e Emily. Sua cautela era clara de se ver. No entanto, eles também não recuaram devido à sua beligerância instintiva, ou seu desejo de comer.
Vanessa fez Emily se retirar para a lacuna entre uma máquina e um pilar antes de puxar o gatilho como se dissesse que não dava a mínima para essa cautela.
No entanto, os Macacos Berserkir que tentaram tudo o que podiam para não ficar na frente da arma já estavam fora da linha de fogo no momento em que o gatilho foi puxado.
— Então isso significa que, mesmo sem um antídoto, o progresso da conversão da droga em uma arma está avançando sem parar, não está?
Mesmo uma atiradora de elite como Vanessa não poderia acertar o alvo com facilidade diante dos Macacos Berserkir que estavam tomando ações evasivas com toda a sua força usando sua agilidade bestial.
Gachin! Tal som soou, e a câmara da arma foi fixada no lugar em uma posição de deslizamento. Ela estava sem balas.
Como se estivessem esperando por esse momento, os macacos saíram para atacar ao mesmo tempo.
Vanessa estava em perigo... era isso o que parecia.
— Uma agente do departamento de segurança não é tão mole que pode ser pega de surpresa por macacos.
Essas palavras murmuradas eram a verdade. A mão de Vanessa foi empurrada contra um dos macacos atacando, e no momento em que a mão fez contato, o macaco foi jogado para outra direção.
E então a agente deu um passo à frente sem pausa e jogou o cartucho vazio que ela tinha retirado. Um Macaco Berserker se aproximando da esquerda ficou em alerta com isso antes de Vanessa se agachar depressa e lançar um feroz chute giratório.
Ao se agachar, o macaco que se aproximava da direita perdeu a visão de seu alvo, e passou sobre a cabeça de Vanessa. O macaco que saltou da frente recebeu um chute feroz que surgiu de um ponto cego e foi atirado para longe.
O Macacos Berserkir da esquerda, que foi detido pelo cartucho vazio, apareceu voando. Vanessa já tinha recuperado sua postura, e ela empurrou seu braço mais uma vez.
O macaco abriu a boca com um grito, no entanto, no instante seguinte, ele sentiu um leve toque em seu braço, ao mesmo tempo em que seu campo de visão se inverteu, ele caiu em pânico. Então o animal notou que tinha recebido um impacto severo nas costas e estava olhando para o teto.
E então, o cano de uma arma surgiu em seu campo de visão. A percepção do perigo incutida nele ordenou que ele escapasse... mas era tarde demais. Pan! Um som ressoou e com ele um buraco se abriu na testa do Macaco Berserker.
O macaco que foi o primeiro a ser lançado em outra direção estava seguindo ao longo do teto e atacou por cima.
Mas, como esperado, não conseguiu alcançar o alvo. Uma mão que foi esticada em um movimento fluindo de forma suave tocou a cabeça do Macaco Berserker como se fosse uma carícia, e então ele foi forçado a um dar um mortal para trás com um impulso feroz. Até a habilidade física do macaco foi em vão, e o animal berserker caiu no chão. Ele então encontrou o mesmo destino do macaco anterior.
Sem tempo para se levantar, um tiro na cabeça espalhou seu cérebro.
O último macaco se movia como se estivesse rastejando no chão para morder a perna de Vanessa. Em um instante, um joelho caiu. Talvez por causa de seu instinto, o Macaco Berserker saltou para o lado na mesma hora, mas seu pulso foi agarrado.
Seu pulso foi torcido e sua articulação travada. Para um berserker que não sentia dor, era possível para ele se livrar sem se preocupar com um osso quebrado, mesmo assim, por alguns momentos, ele não poderia se mover enquanto seguia o limite de mobilidade de seu corpo. E então, o vetor de inércia e centro de gravidade do Macaco Berserker foram direcionados para aquele instante, e o animal foi pressionado para baixo com seu rosto contra o chão.
Um joelho caiu em suas costas para impedi-lo de se mover. Como o ponto certo foi pressionado, não havia espaço para usar sua força física. Nem sequer lhe foi dada a chance de lutar. O cano da arma pressionou na parte de trás de sua cabeça e disparou sua bala sem hesitação.
— Com isso acabamos com todos.
O olhar afiado de Vanessa correu pelos arredores.
O que ela usou foi uma técnica de jiu-jitsu2 e aikido3. O corpo de Vanessa era o de uma mulher. Não importava o quanto ela tentasse negar, era um fato que sua força física era inferior aos dos homens. Foi por isso que ela poliu inúmeras técnicas baseadas no provérbio "suavidade subjuga a dureza"4.
E quanto às poderosas habilidades ofensivas? Uma única bala serviria a esse propósito. Não importava o quão musculoso o oponente fosse, mesmo que fosse contra um monstro, ela poderia derrubá-los se apenas uma de suas mãos pudesse tocá-los. Quanto ao resto, ela só precisava puxar o gatilho.
Esta era a força de Vanessa que se dizia estar no nível superior em combate a curta distância entre os agentes que pertenciam ao departamento de segurança. Embora recentemente ela tenha sido chamada de Danessa, sua força era real.
Essa foi a razão pela qual ele criou este momento porque não subestimou as pessoas do departamento de segurança em nenhum momento. O momento em que Vanessa estava longe do alvo de proteção.
— Agente, proteja-a se puder.
— ... Doutora Grant!
Sem ser notado, o rosto de Down espiou pela porta do segundo andar com o cano de uma arma apontado... em ninguém menos que Emily.
Vanessa pulou na frente da garota como se estivesse voando. Foi ao mesmo tempo em que Down atirou.
Um som seco ressoou de forma consecutiva. O corpo de Vanessa estremeceu. Sangue fresco espalhou-se e sujou a bochecha de Emily.
— Kahah, gaa, a!
— Vanessa!
A mulher caiu no chão e rolou várias vezes. Ela então tentou se levantar imediatamente, mas o impacto obstruindo seus pulmões a impediu de respirar bem. Ela só conseguiu se agachar com a intensa dor que percorria todo o seu corpo, pois era incapaz de se mover.
Emily, cuja expressão facial mudou, correu para ela. Ela fez Vanessa se virar e a abraçou. O sangue podia ser visto fluindo de seu ombro, braço e coxa, mas Emily não conseguiu ver nenhum sangue do torso que foi baleado primeiro. Mesmo em pânico, a garota tirou a jaqueta do terno e deu uma olhada. Lá ela viu quatro balas esmagadas dentro de um colete à prova de balas que bloqueou os disparos.
Parecia que a jaqueta à prova de balas salvou sua vida por pouco. Embora, deixando de lado o ferimento à bala em seu braço e ombro, o sangramento em sua coxa estava em um nível que não podia ser ignorado. O mais provável era que uma artéria importante foi atingida.
— Como pensava, não sou bom em coisas assim. O que eu preciso fazer para atingir a cabeça, eu me pergunto.
Passos soaram enquanto Down avançava na passagem superior do segundo andar. Ele parou no meio do caminho e apontou sua arma enquanto olhava para os Macacos Berserkir derrotados. Não havia nenhum sentimento particularmente forte que pudesse ser sentido em suas palavras e voz, seja atirando em uma pessoa ou apontando uma arma para Emily. A pesquisadora mordeu o lábio com força.
Mas, agora não era hora de reclamar. Emily pegou um recipiente que parecia um frasco para experimentos do bolso de sua camisa. Ela abriu a tampa e fez Vanessa beber a metade enquanto despejava o restante pouco a pouco nas feridas.
No mesmo instante, o sangue que fluía como um rio estava diminuindo de forma evidente. A respiração dolorida de Vanessa também estava recuperando um pouco da regularidade.
— … meu Deus. Emily. Emily, por acaso, você melhorou "Berserk" neste curto espaço de tempo? Ou isso é fruto de uma ideia que você não contou a ninguém, nem a mim? Como esperado, você é realmente ultrajante.
Os olhos de Down brilhavam de forma ameaçadora para o remédio desconhecido que exibia uma capacidade de recuperação impossível para os remédios existentes.
No entanto, sua dedução estava completamente errada.
O que Emily usou foi um remédio curativo de outro mundo que Kosuke entregou a ela em preparação para o pior cenário possível. Como esperado, seu efeito não poderia dar uma recuperação completa até que as balas que permaneciam dentro do corpo fossem retiradas, mas foi capaz de pelo menos estancar o sangramento por completo, suavizando a dor e curando até certo ponto.
Vanessa não parecia poder se mover de forma apropriada, mesmo assim, ela transmitiu que estava tudo bem com seu olhar. Emily suspirou de alívio.
E então, seu olhar atingiu Down, que estava olhando para elas do segundo andar. Foi um olhar calmo, no entanto, uma raiva que não podia ser escondida estava presente.
— Professor. Você atirou em mim. Sem qualquer hesitação.
— … isso mesmo. Contudo, não quero que você cometa um equívoco. Não estava tentando te matar. Para um pesquisador como eu impedir aquela agente do departamento de segurança, não havia outra maneira senão essa.
Down, que sabia que não seria capaz de se livrar da perseguição desde o início, implementou uma estratégia que usava Macacos Berserkir para separar Emily da incômodo guarda-costas, e então atirou na garota para que Vanessa a cobrisse sem qualquer margem de manobra para se esquivar ou contra-atacar.
Em outras palavras, por não ter confiança de que seria capaz de atirar na agente, ele o fez de forma que a própria Vanessa entrasse em sua linha de fogo.
No entanto, isso não mudou o fato de que Emily estava em sua linha de fogo. Se Vanessa não chegasse a tempo, não havia provas de que a pesquisadora estaria segura.
— Mas, está tudo bem à sua maneira, mesmo que eu seja baleada. Não é verdade?
— ... não queria que você morresse.
Parecia que estaria tudo bem enquanto ela estivesse viva. Mas mesmo isso era suspeito, se era verdade ou não, era difícil dizer nesta situação.
— Professor, por favor me diga seu motivo. Vim aqui para ouvir isso. Com certeza, não terá sentido, e nada do que perdi voltará, mas... mesmo assim, quero ouvir seus verdadeiros sentimentos. Professor, esses cinco anos que passou comigo, com todos nós, houve algum significado nisso? Nós significamos alguma coisa para você? A coisa que você quer obter mesmo traindo todos nós, o que diabos é isso?
Essa pergunta foi dita como calma, mas parecia que a garota queria vomitar sangue.
Eles não eram uma família? Ele não a salvou quando ela foi encurralada? Ele não a amava? Os cinco anos que passaram juntos desde aquele dia, quando ela foi recebida como família, foi tudo mentira? Foi algo tão insignificante que ele poderia traí-los e abandoná-los com tanta facilidade?
Down olhou para baixo. Seu olhar para Emily estava calmo, mas havia uma escuridão em parte dele. Ele continuou apontando a arma sem baixar a guarda. E então, o homem respondeu:
— O que eu quero obter, é isso? Na verdade, é uma pergunta sem sentido. Mas, se você quer saber disso, então vou te dizer. Veja, Emily, só quero deixar para trás meu nome na história.
— Deixar seu nome, na história?
— Isso mesmo. Algumas pessoas têm seu nome inserido nos livros para serem lidos pelas gerações futuras, quero me tornar esse tipo de humano. Quero ficar na memória do povo, para sempre como um personagem historicamente grande. Você entende?
— Por-por algo assim...
— Como pensei, você não entende.
Talvez houvesse algum tipo de razão que o deixou sem escolha a não ser fazer algo assim. Talvez não houvesse outra maneira senão abandoná-los por causa de algo importante que o homem não poderia deixar escapar, não importava o preço. Esses tipos de pensamentos fugazes foram espalhados e descartados por Emily.
Emily tremia, talvez de raiva, ou talvez de frustração. Down mostrou um sorriso conturbado.
— É claro que você não entende. O medo de ser um humano que não importou se existiu ou não, ou o vazio de ser esquecido, ou a desesperança de desaparecer sem deixar para trás qualquer prova de sua existência.
— Tal coisa... esse tipo de coisa. Não tem como o professor ser uma pessoa cuja existência não importa! Quem poderia te esquecer? Eu!? Meus seniores!? Lizzi-nee!? Todos da sua classe, eles vão te esquecer!? Não há como isso acontecer! Não somos nós que recebemos seus ensinamentos, a prova de sua vida!?
Um grito que soou como súplica reverberou. Mas, mesmo essas palavras só fizeram Down mostrar um sorriso conturbado; ele então balançou a cabeça lentamente.
— Não é nada disso, Emily. Não é esse tipo de história insignificante. Eu falei, não falei? Quero deixar meu nome na história. Não é o suficiente só com a memória pessoal de todos vocês. Algo assim não pode apagar esse terror, esse desespero, esse vazio dentro de mim.
— Você está…
Suas palavras, seus sentimentos, não o atingiram. Emily entendeu ao ver os olhos de Down.
O que diabos o fez ficar assim? Emily não conseguia entender isso.
A pessoa chamada Reginald Down nasceu em uma família comum, graduou-se na universidade com um excelente resultado, entrou no caminho de um pesquisador, encontrou sua esposa, tornou-se um professor, sua esposa morreu de uma doença, ele acolheu estudantes angustiados e enviou muitos excelentes discípulos para o mundo. Emily ouviu essa história de Down.
Havia algum fator naquela vida que o levou à loucura?
— Você não pode entender? Acho que é assim para você. Mesmo que outras pessoas possam entender, Emily, você com certeza não pode.
— Por que, você acha isso?
— Porque, você é um gênio.
— Eh?
Emily Grant era um gênio. Por isso era impossível para ela entender Reginald Down.
Emily ficou perplexa depois de ouvir aquela declaração de Down. Ela sentiu como se todo o seu eu fosse negado. Emily, que estava sozinha porque era um gênio, quem lhe ensinou que tal coisa era irrelevante era ninguém menos que Down. Mas agora ele descartou a garota porque ela era um gênio.
— Você não vai entender o sentimento de uma pessoa medíocre que viu as costas de um gênio. Que o que alguém pode alcançar é decidido desde o início pela habilidade que essa pessoa recebe.
— Mas, mas professor, você é um excelente educador mesmo em toda a universidade, até mesmo os outros professores respeitam...
— É porque sou uma pessoa medíocre. Porque sou medíocre, entendo o que alguém não entende. Eu entendo o que precisa ser feito para que eles possam entender. Continuei procurando, é por isso que eu entendo o que as outras pessoas procuram. Entendo o que faz alguém feliz, e o que preciso fazer para empurrar as costas dos outros. Porque todos esses também eram caminhos que eu mesmo tinha passado. Isso é tudo.
Down suspirou profundamente e olhou para algum lugar distante com olhos vazios enquanto continuava suas palavras que soavam como se ele estivesse falando sozinho.
— Não importa quanto esforço eu acumule, os gênios superam todos esses esforços com facilidade. Quando pensava em algo, eles já criariam uma centena de ideias e produziriam resultados. O vazio que senti cada vez que isso acontecia, sem dúvidas é algo que eles não entendem.
Com certeza o que se refletiu dentro de seus olhos era a figura de seus alunos que já eram formados e tinham sido reconhecidos pela sociedade.
Emily não entendia. Toda vez que o professor via os seniores que saíam em programas de televisão ou em revistas, ele ficaria com uma expressão orgulhosa. Ele ficaria feliz como se fosse ele mesmo. Tudo isso foi apenas atuação?
Ele estava mesmo fervendo de emoções de ódio e ciúme, que ele deveria ser o único a ser elogiado, que ele deveria ser o único a receber a glória?
— Apesar disso, eles diriam que sou o professor deles e isso de alguma forma consolou meu coração. Tendo todos eles, incluindo você Emily, e todos na minha aula regular, me adorando como "o educador Reginald Down", isso me apoiou. Me deu aceitação e uma pequena satisfação de que isso era suficiente.
Sua afeição era real. Seu sentimento de querer se tornar a força dos outros era verdade. Mesmo que ele não pudesse subir no palco, Down foi capaz de manter-se são fazendo isso. A confiança e a gratidão de seus alunos de alguma forma desviaram-se de sua vaidade suja que deveria ser chamada de desilusão profunda.
— Então, por quê?
— Isso não é óbvio? Foi porque "Berserk" foi criado.
Um murmúrio vazou da boca da Emily:
— "Berserk", foi?
— Sim, "Berserk". Emily, você é sem dúvida um gênio. Aquela é uma droga milagrosa. Ela transforma os humanos em algo que não é humano, aa, isso mesmo. É um milagre! Quantas aplicações podem ser encontradas a partir dele se continuarmos a pesquisá-lo!? O resultado é claro! Será uma revolução do mundo!
— Pro-professor…
Down colocou uma mão em sua têmpora com a excitação e riu alto. Essa figura era mesmo anormal. A figura do bondoso e gentil Down dentro da memória de Emily estava desaparecendo.
— Não há dúvidas! Esta é uma grande façanha que deixará seu nome na história! Todos esses resultados deixados para trás por todos os meus alunos até agora são como lixo diante de "Berserk"! Você vai se tornar uma personagem histórica! E eu sou o pai disso! Deixarei meu nome como o pai de uma revolução! Você entende!? Não, é claro que não. É por isso que diante deste milagre você foi capaz de dizer besteiras como: "Isto é perigoso então vamos destruí-lo"!
— ...
Pan! Com um som seco, o chão próximo a Emily se abriu. O animado Down inconscientemente disparou a arma. Down se assustou com o som que ele causou e reajustou sua respiração, e então o homem mostrou um sorriso gentil com uma facilidade repugnante.
— Fiquei agitado naquele momento. Não importava o quanto explicasse sobre a "possibilidade" de "Berserk", você não mudaria sua decisão de destruí-la. Se tentasse te convencer, perderia sua confiança e minha posição como "pai". Também não havia margem de manobra em relação ao tempo. Afinal, não sabia quando você apagaria os dados.
— Foi por isso, que você a roubou?
— Isso mesmo. Havia um discípulo meu na liderança da Gama Farmacêutica, e contei com ele. Mas nunca em meu sonho mais selvagem teria pensado que seria uma organização do submundo que tinha esse tipo de instalação. Pensei que fosse a vontade dos céus. Até que enfim, chegou a hora da recompensa para este eu que continuou a realizar serviços apenas para outras pessoas.
Mas não poderia ser tão fácil. Não importava o quanto ele pesquisasse os dados roubados e a droga, o homem foi incapaz de criar o antídoto. A pesquisa sobre o uso de "Berserk" como arma estava produzindo dados e métodos de aplicação até certo ponto, mas o plano de Kaysis e dos outros para dispersar a droga antes de vender o antídoto estava chegando a um impasse.
Eles também só podiam fazer coisas extremamente simples com a aplicação também; ele era incapaz de criar algo que abalaria o mundo como uma "droga milagrosa".
Não importava o que acontecesse, ele carecia de algo decisivo para criá-los.
Sim, ele não tinha a existência de Emily Grant, que foi a criadora.
— No primeiro incidente, aqueles policiais e, em seguida, o agente Warren, eram todas pessoas sob o comando de Kaysis. Isso não é verdade? Tudo era para me encurralar e me direcionar para que só pudesse contar com o professor. Para me fazer pesquisar e desenvolver "Berserk" por própria vontade.
— Isso mesmo. Estava indo bem até o meio do caminho, mas… na verdade, todos eles estavam fazendo coisas desnecessárias. A agência de segurança, Rod e Dennis.
Houve o som de algo estalando. Veio de dentro do peito de Emily. Era o som de algo importante, algo realmente importante estalando e quebrando.
As cenas foram ressuscitadas em sua mente. O pesadelo que ela jamais conseguia esquecer.
Milo-oniichan morreu. Ele foi atropelado por um berserker, como se tivesse sido atingido por um caminhão.
Sam-oniichan morreu. Ele foi transformado em um berserker no final.
Jessica-oneechan morreu. Seu pescoço foi quebrado pelo gentil Sam-oniichan.
Dennis-oniichan morreu. Para evitar ser transformado em um berserker, ele atirou na própria cabeça.
Rod-oniichan morreu. Enquanto ele estava pedindo desculpas.
E então...
Hendricks-oniichan morreu. Para proteger Emily e todos os outros.
A garota pensava nele como seu verdadeiro irmão mais velho. Ele era lento em algumas questões, mas era sincero e gentil; uma pessoa que era como uma brisa agradável. Não havia ninguém que pudesse aliviar o coração estando ao lado deles como ele.
Lizzie-nee morreu. Com o objetivo de esconder Emily. Ela se fez de isca.
Ela era alguém que Emily idolatrava. Às vezes ela não era honesta, mas não havia nenhuma outra mulher tão gentil e adorável quanto ela. Ela teve um sonho. A cena de Hendricks e Lizzie de quem ela gostava muito se casando, sorrindo de felicidade.
Ela acreditava.
Que todos na classe de Down algum dia seriam capazes de testemunhar uma visão tão adorável.
Tudo isso...
— Então fui eu que puxei o gatilho.
— Hmm?
Emily desviou o olhar de Down, que inclinou a cabeça e se levantou lentamente. Vanessa chamou Emily com uma voz baixa que ainda estava dolorida, mas Emily apenas sorriu e desviou os olhos dela.
— Dou-Doutora Grant. Você, não pode. Isso é...
— Sinto muito, Vanessa.
Vanessa não podia esperar uma recuperação completa com as balas ainda permanecendo dentro de seu corpo. Seus órgãos internos receberam quatro tiros, embora o sangramento pudesse ser estancado, seus ossos quebrados ainda não estavam curados. Portanto, o melhor que ela pôde fazer foi estender a mão que tremia de tanto suportar a dor intensa. Mesmo assim, ela não conseguiu segurar a mão de Emily.
— Você não pode se mover, Emily?
Down apontou o cano da arma para Emily em pé mais uma vez.
— Se possível, não quero matar você. O que aconteceu com Hendricks e os outros foi apenas um acidente infeliz, não foi algo que eu desejei. É por isso que, você deve obedecer...
— Eu, puxei seu gatilho.
Os murmúrios da Emily cortaram as palavras do Down. Sua figura com a cabeça abaixada parecia muito triste. Seu jaleco desgastado parecia ser a representação de seu coração.
Down parecia não ter entendido o significado das palavras de Emily e inclinou a cabeça mais uma vez. A garota continuou suas palavras pesadas e sombrias em direção a ele:
— Você, não era uma pessoa virtuosa. Dentro do seu coração, havia uma loucura aninhada lá todo esse tempo. Uma presunção que é muito, muito mais forte do que nas outras pessoas. Um coração que deseja elogios, estava roendo dentro de você.
— ...
— Todos suprimem esses sentimentos. Os muitos veteranos, todos na sala de aula, sua família. Apesar disso, eu quebrei isso. O gatilho que você queria puxar, mas você conseguiu se conter, eu o puxei... eu despertei, o "Berserk" que estava dentro de você desde o início.
— Então, havia um "Berserk" em mim desde o início. Agora, você realmente disse isso, Emily.
Não estava claro como a expressão de Emily, que levantou o rosto lentamente, devia ser descrita. Ela parecia perturbada, parecia que choraria a qualquer momento, e parecia que estava resolvida sobre algo... era uma expressão estranhamente transparente.
— Fui quem puxou o gatilho que despertou o monstro, é por isso que... por isso que, vou ser quem puxará o gatilho para acabar com ele.
— … você irá, atirar em mim?
Havia uma pequena arma na mão que Emily levantou. Era a arma reserva da Vanessa. Parecia que a pesquisadora a pegou quando estava se levantando. Atrás dela, Vanessa gritou: — Você não deve, Doutora Grant! — com uma voz rouca.
— Emily. Você vai atirar em mim, quem você via como um pai? Esse eu, que te resgatou?
— Sim. Vou atirar. Eu vou, acabar com você.
— Por vingança?
— Não. É para o seu próprio bem. E então, por mim. Sem dúvidas.
— … entendo.
Os dois que uma vez se chamaram de pai e filha estavam agora apontando uma arma para o outro.
Não havia nenhuma ondulação de grande emoção que pudesse ser vista de seus olhares se cruzando. Mas, com certeza, eles estavam segurando emoções que não podiam ser expressas com palavras como um explosivo que estava a ponto de explodir. Talvez não fosse só Emily que estivesse assim, mas Down também.
— Então não há o que fazer. Adeus, Emily.
— Sim, adeus. Professor.
Os gatilhos foram puxados. Sons de estouro trovejaram.
Ao mesmo tempo, uma sombra surgiu no ar. Kin! Um som metálico ressoou.
A bala foi dividida em duas. A bala dividida desviou muito do alvo e perfurou a parede logo atrás.
— Ko-Kosuke?
Uma sombra caiu. Essa era, sem dúvidas, a entrada de Kosuke.
Nota do Autor (Ryo Shirakome)
Muito obrigado por ler essa história.
Muito obrigado pelos pensamentos, opiniões e relatos sobre erros de ortografia e palavras omitidas.
Vou terminar esse arco com mais dois capítulos.
Ficarei feliz se vocês leitores puderem apreciar a história até o fim.
Notas
1 – O condicionamento clássico é um processo que descreve a gênese e a modificação de alguns comportamentos com base nos efeitos do binômio estímulo-resposta sobre o sistema nervoso central dos seres vivos. O termo condicionamento clássico encontra-se historicamente vinculado a Ivan Pavlov (1849-1936), a "psicologia da aprendizagem" de John B. Watson (1878-1958), e Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), também conhecido como sistema de punição e recompensa ou ao "comportamentalismo" (Behaviorismo). O experimento que elucidou a existência do condicionamento clássico envolveu a salivação condicionada dos cães (Canis lupus familiaris) do fisiólogo russo Ivan Pavlov. Estudando a ação de enzimas no estômago dos animais (que lhe dera um Prêmio Nobel), interessou-se pela salivação que surgia nos cães sem a presença da comida. Pavlov queria elucidar como os reflexos condicionados eram adquiridos. Cachorros naturalmente salivam por comida; assim, Pavlov chamou a correlação entre o estímulo não-condicionado (comida) e a resposta não-condicionada (salivação) de reflexo não-condicionado. Todavia, ele previu que se um estímulo particular sonoro estivesse presente para os cães quando estes fossem apresentados à comida, então esse estímulo pode se tornar associado com a comida, causando a salivação; anteriormente o estímulo sonoro era um estímulo neutro, visto que não estava associado com a apresentação da comida. A partir do momento em que há o pareamento de estimulações (entre som e comida), o estímulo deixa de ser neutro e passa a ser condicionado. Pavlov se referiu a essa relação de aprendizagem como reflexo condicionado do sistema de punição-recompensa (ou Behaviorismo de Pavlov) e que levou ao desenvolvimento e aplicação em diversas áreas, como comportamento, educação, psicologia, psiquiatria, direito, relações humanas, gestão empresarial, treinamento, policiamento, urbanismo e várias outras.
2 – Jujutsu, mais conhecido na sua forma ocidentalizada Jiu-jitsu, ju-jitsu, é uma arte marcial japonesa (Bujutsu) que utiliza técnicas de golpes de alavancas, torções e pressões para derrubar e dominar um oponente. Sua origem não pode ser apontada com total certeza, o que se sabe por certo é que seu principal ambiente de desenvolvimento e refino foi nas escolas de samurais, a casta guerreira do Japão. Contudo, outros levantam a hipótese de ter proveniência sínica, pois também foram notadas influências indianas. A finalidade e o cerne de sua criação residem na constatação de que, no campo de batalha ou durante qualquer enfrentamento, um samurai poderia acabar sem suas espadas ou lanças, assim precisaria de um método de defesa desarmada. Dessa forma, os golpes tenderam para arremessos (nage waza) e luxações e torções (kansetsu waza), já que os golpes traumáticos não se mostravam eficazes, pois, no ambiente de luta, os samurais encaminhavam-se às batalhas usando armaduras. O guerreiro feudal japonês deveria estudar inúmeras modalidades de combate, pois deveria estar preparado para quaisquer circunstâncias, sendo obrigado a defender não somente sua vida mas a de seu líder, o daimiô.
3 – Aikido, ou aiquidô, é uma arte marcial japonesa desenvolvida pelo mestre Morihei Ueshiba (1883-1969), aproximadamente entre os anos de 1930 e 1960, como um compêndio dos seus estudos marciais, filosofia e crenças religiosas. O aikido é, frequentemente, traduzido como "o caminho da unificação (com) da energia da vida", ou "o caminho do espírito harmonioso". O objetivo de Ueshiba era criar uma arte em que os seus praticantes pudessem defender-se a si próprios a partir do ataque adversário. O cerne desta arte marcial orbita em torno do uso pragmático da energia num combate, no controlo desse fluxo. Os praticantes desta arte respeitosamente chamam seu criador de O-Sensei ("Grande Mestre"), ou "fundador".
4 – "Suavidade subjuga Dureza" é uma frase famosa tirada dos antigos clássicos chineses ("Três Estratégias" de Lao Tzu), e seu significado é que a flexibilidade supera a rigidez. As técnicas de Judô permitem que um combatente menor utilize a própria força do oponente para arremessá-lo. Tal exibição é frequentemente expressa usando a frase: "Suavidade subjuga a Dureza".