Volume 10
Capítulo 201: A recordação de Emily Grant
Nota do Autor (Ryo Shirakome)
Este é um capítulo de exposição das lembranças do que aconteceu antes da cena do prólogo.
Parte 1
— Por que… por que isso está… como…
Enquanto sussurrava baixinho, Emily Grant estava andando pelo caminho que levava ao prédio de pesquisa da universidade com passos rápidos que produziam um som alto. Seus olhos azuis estavam perdidos sem compostura devido à sua mente que estava pensando em um ritmo agitado, como se para mostrar a impaciência e irritação dentro de seu coração, sua boca estava ocupada mordendo a unha do polegar sem parar.
Emily Grant.
Uma garota de cabelos loiros amarrados em uma trança lateral e olhos amendoados como os de um gato com um jaleco branco como sua marca registrada. Um gênio que, aos onze anos de idade, conseguiu ingressar na Universidade Percival, que possuía uma importante instituição de pesquisa em medicina na Grã-Bretanha. Ela era uma pesquisadora de primeira classe que já havia publicado várias teses muito bem avaliadas.
No início, quando ela se matriculou, devido à sua idade e resultados de exames que eram excelentes, ela recebeu muita atenção, além de traços de ciúmes, e foi tratada como um tumor. Portanto, a menina que ainda era jovem estabeleceu um muro defensivo usando blefes, teimosia e expressões compostas, criando o hábito de não deixar o que estava dentro de seu coração aparecer em sua expressão.
Por ser uma garota assim, sua situação atual não dava margem para esconder a agitação e a impaciência dentro de seu coração, o que era algo incomum, isso fez com que vários estudantes que podiam ser vistos espalhados pelo campus piscassem de surpresa.
Os alunos ao redor enviaram a Emily olhares intrigados ou curiosos, no entanto, a garota nem percebeu devido ao quanto estava imersa em sua mente. Apesar de estar imersa em seus pensamentos dessa forma, de repente, ela voltou aos seus sentidos devido à melodia que ecoou de sua pequena bolsa feminina.
Emily parou sem sequer se incomodar com sua trança balançando e procurou freneticamente na bolsa antes de enfim pegar o smartphone.
— Sim-sim, aqui é a Emily. É você, professor?
— Aa, sou eu, Emily. Onde você está agora? Você ainda está na sua sala? Você viu as notícias esta manhã?
Professor... Professor Reginald Down era alguém que costumava transmitir a atmosfera de um homem de bom humor em contraste com sua idade, que estava apenas na casa dos cinquenta, mas agora ele fazia perguntas com pressa e uma voz que era uma mistura de impaciência e perplexidade semelhante à de Emily um pouco antes.
O Professor Down era docente da Universidade Percival e o responsável pelo laboratório ao qual Emily pertencia. Ele tinha uma aparência habitual de "professor" com cabelos pretos curtos que tinham alguns fios brancos misturados, um corpo que estava mais para o lado dos gordinhos, óculos grossos e ele carregava um cachimbo de tabaco. Na verdade, se alguém apenas falasse “professor” nesta Universidade Percival, a maioria dos estudantes se lembraria do Professor Down.
Sua aparência, que era "mesmo" a de um professor, também era uma das causas, mas, além disso, ele era excelente como educador. Não era como se o próprio Professor Down tivesse grandes realizações, mas muitos de seus alunos eram pesquisadores de primeira que fizeram grandes contribuições para a sociedade, todos falavam de forma unânime que "O Professor Reginald Down era o professor a quem eles deviam muito".
Embora ele não tenha deixado para trás nenhum resultado específico na sociedade científica, analisando o status de professor, o fato de ele receber um laboratório e como todos os outros educadores demostravam respeito na reunião do corpo docente da universidade, estava claro o quão alta era sua capacidade como docente.
— Não, chegarei ao laboratório em breve. E o professor?
— Eu também estarei no laboratório em breve. Pela sua voz, parece que você viu as notícias.
— Sim, eu vi junto com Hendricks-senpai e Lizzie-senpai. Ambos estão entrando em contato com os outros senpais. Saí de casa antes deles.
— Entendo. Então, todos virão para o laboratório, não virão?
— Sim, depois de encontrar Rod-senpai e os outros, Hendricks-senpai e o resto também seguirão em direção ao laboratório.
— Entendido. Então, vamos falar dos detalhes no laboratório. Emily, sinto muito. Com certeza, você está muito ansiosa agora. Embora eu tenha participado dessa conferência, lamento não ter voltado para casa ontem.
As palavras carinhosas do Professor Down, que pareciam vir de seu coração, quase fizeram com que o olhar de Emily se enchesse de lágrimas por um momento.
A casa de Emily era muito longe desta universidade. Para realizar seu sonho, ela deixou seus pais aos onze anos e depois se mudou para o dormitório ao mesmo tempo em que se matriculou na universidade.
A princípio, Emily, que recebeu olhares inquisitivos, sussurros impensados, ciúmes e era tratada como uma doença, colocou uma máscara de obstinação: — Vim aqui para estudar! Eu estou, totalmente bem. —, mas tal blefe de uma garotinha que sentia a solidão de distanciar-se da família e com o coração exausto da solidão todos os dias de ir e vir entre a universidade e o dormitório, não podia ser sustentado por muito tempo.
Por ter um intelecto que se elevava acima do resto, até certo ponto, ela estava acostumada a expectativas excessivas e tratamento especial por parte do ambiente. Para que seu coração não se machucasse devido a esse ambiente, seus pais se empenharam em adotar uma política educacional que permitisse a Emily viver uma vida que não era diferente das crianças normais. O profundo amor deles também fez a garota ter a mesma sensibilidade que uma garota normal.
Por causa disso, o coração de Emily, que só estava sendo sustentado pela carta de seus pais, que sem dúvidas a alcançaria uma vez por semana, não apenas com a escrita, mas também com a mesada... estava perto do limite.
Tal crise para um coração jovem, parou de repente em um determinado dia.
"Se você quiser, que tal ficar em minha casa?"
Quem a chamou com essa oferta foi o Professor Down. Como alguém que tinha a reputação de maior educador da Universidade Percival, ele tinha uma residência relativamente grande localizada em uma área residencial tranquila como sua casa. O Professor Down, cuja esposa morreu cedo devido a doença e sem filho próprio, muitas vezes explicava com um sorriso irônico que era solitário viver sozinho em uma casa espaçosa, por isso oferecia uma hospedagem a estudantes que não tinham suporte financeiro.
Acontece que havia um quarto vazia e, na época, uma jovem pesquisadora que assistia à palestra dele parecia a ponto de ser esmagada. O Professor Down não aguentou ver isso e fez tal oferta enquanto estendia a mão para Emily.
Havia muitos irmãos e irmãs mais velhos na casa. Em vez de chamar isso de hospedagem para estudantes, eles eram como uma família. Eles faziam refeições juntos, estudavam juntos e criavam memórias de estudantes universitários juntos.
Essas palavras do Professor Down foram um tesouro insubstituível para Emily.
— Emily? Qual o problema? Você está bem?
— ... eu estou bem, professor. Muitíssimo obrigada.
Quatro anos após o início de sua mudança. Como sempre, mesmo agora nessa situação, ele forçava seu cérebro pelo bem da garota, como se ela fosse sua própria filha. Para Emily, ele era como mais um pai. Na medida em que seu verdadeiro pai, Carl Grant, estava se irritando: — Meu papel de pai foi roubado!
Ela sentiu o coração perturbado pelas notícias chocantes que viu esta manhã com Hendricks e Lizzie e estava aos poucos se acalmando.
Emily disse que estava bem mais uma vez para o Professor Down, que estava preocupado com ela e desligou o telefone, ela então começou a caminhar em direção ao laboratório, desta vez com passos firmes.
Parte 2
Uma grande instalação localizada dentro da Universidade Percival, o Centro de pesquisa do edifício C. Dentro de uma das salas, uma atmosfera opressiva pairava no ar.
As pessoas presentes eram as responsáveis pelo laboratório, o Professor Down, Emily, e os alunos do educador, que, como Emily, moravam na casa do Professor: Hendricks Wesk e Lizzie Ashton. Além disso, havia Rod Hurst e Dennis Litton, que também eram alunos do Professor Down.
— Isso-isso é apenas coincidência, não é? Não é? Não é isso?
Rod, que era bonito, mas tinha um ar frívolo sobre ele, estava compartilhando seus pensamentos desejosos com uma expressão estranhamente rígida.
Ele era uma feminista com estilo próprio, que tinha uma personalidade exatamente como sua aparência sugeria, alguém que não podia deixar de chamar a atenção se visse uma garota, mas, ao mesmo tempo, ele também era o animador da classe. Com um clima sério como esse, ele seria o primeiro a fazer piadas para melhorar o ambiente.
Mas, mesmo alguém como ele, quando viu o monitor do PC exibindo as notícias desta manhã que foram escolhidas da internet, como esperado, até mesmo sua capacidade de conversação habitual estava sem brilho.
— A "causa" desse fenômeno, você acha que existem muitos deles? Além disso, neste tipo de momento?
Dennis ergueu os óculos com o dedo do meio enquanto refutava sem esconder sua expressão amarga. Seu cabelo era curto, sua camisa estava abotoada até o pescoço e havia seus óculos. Ele, que era o mais sério nas aulas de Down, assim como sua aparência indicava, muitas vezes brigava com Rod, mas sua refutação desta vez foi diferente do seu habitual sinal de declaração de guerra.
Como Rod entendeu isso, ele também fechou a boca com a mesma expressão de Dennis.
— Inchaço rápido dos músculos, poder de recuperação anormal, comportamento sem raciocínio... não conheço nenhuma doença ou remédio que cause esses tipos de sintomas. Exceto “aquilo”…
As palavras duras de Hendricks fizeram Emily ao seu lado tremer e se contrair. Hendricks era um veterano que começou sua estadia na casa de Down desde antes da chegada de Emily, uma existência que já era como um verdadeiro irmão mais velho para a garota, que a apoiava em casa e também na universidade.
O próprio Hendricks também não entendeu a princípio como abordar uma garota jovem e genial e só a olhava de longe, mas com os dois morando debaixo do mesmo teto como auxílio, ele sabia que, além do intelecto dela, Emily era uma garota com emoções normais, e desde então ele cuidou dela como se a menina fosse sua verdadeira irmãzinha.
Era um conhecimento comum entre os membros da turma Down e amigos íntimos que, quando Emily simplesmente falava "senpai", ela estava se referindo a Hendricks.
As palavras que vieram do mais velho em quem Emily confiava e amava do fundo de seu coração, fizeram com que ela, a criadora "daquilo", tremesse como um gatinho. Hendricks percebeu isso e deu um tapinha na cabeça da garota com um movimento suave, enquanto dizia: — Desculpe Emily. Eu não quis culpar você.
— Hendricks. Preste atenção ao que você diz. Afinal, minha irmãzinha é delicada.
— Não, Lizzie. Não é como se ela fosse sua irmã...
— Calado! Ou melhor, você já não acariciou demais a cabeça dela! Venha, Emily, sua irmãzona está aqui?
Emily, que obedientemente recebeu o carinho de Hendricks, foi roubada com rapidez por Lizzie, que a abraçou em seus seios. Ela então disse: — Está tudo bem, entendeuuuu, afinal, a irmãzona está com vocêêêê. —, enquanto a consolava como uma criança dizendo: — Boa menina, boa menina.
Como era de se esperar, esse tratamento foi embaraçoso para uma garota que tinha dezesseis anos, o que fez Emily esquecer a atmosfera séria e fugir do seio de Lizzie dizendo: — Espere, Lizzie-nee! Eu disse para você parar de me tratar como uma criança! É embaraçoso!
Lizzie tinha longos cabelos ruivos amarrados com um elástico que balançavam em seu ombro até a parte da frente. Embora sua atitude fosse rígida, ela era na verdade uma mulher extremamente prestativa com emoções profundas. Ela estava no mesmo ano que Hendricks e se mudou para a casa de Down do mesmo período. A verdade era que ela tinha sentimentos de amor por Hendricks.
No começo, com o modo como Hendricks cuidava de Emily, o relacionamento de Lizzie com a garota era tenso, mas a figura de Emily, que perseguia seu sonho com ela, aos poucos comoveu a garota mais velha e agora ela era a irmãzona da colega.
Emily também sabia sobre o amor de Lizzie, então às vezes ela dizia de forma provocadora: — Você deveria se casar com ele. — entre outras coisas, mas cada vez que Emily a provocava assim, o rosto da colega ficava vermelho e ela ficava em silêncio. Essa aparência era a de uma mulher adorável que até Emily, que era do mesmo sexo, sentiria algo.
No momento, a trança que também se tornara a marca registrada de Emily, assim como seu jaleco, embora nunca tivesse dito isso a ninguém, era algo que ela imitava em sua oração de querer se tornar uma mulher amável e adorável como Lizzie. No entanto, era um pouco embaraçoso copiar a aparência, então Emily não amarrava o cabelo para a frente por cima do ombro, mas para o lado.
Dentro da sala, o clima suavizou um pouco com o diálogo das duas irmãs. O Professor Down sorriu um pouco com isso e tossiu de forma breve. Com isso, Emily e os outros concentraram suas atenções nele. Mesmo tendo um relacionamento harmonioso, eles não faziam pouco caso das palavras do professor Down a quem respeitavam. Sua tosse era o sinal para que relaxassem suas mentes.
— Como Hendricks disse, há apenas um fenômeno que pode transformar um humano nisso. Não direi que nada mais possa fazer isso, mas mesmo assim, esse tipo de transformação radical... é impossível. É muito provável que isto seja o "H3-α4".
O Professor Down declarou isso enquanto seu olhar se voltava para o monitor mais uma vez. Lá, a figura de um homem com uma grande constituição coberta por uma armadura de músculo foi projetada, o homem estava fora de controle, como um animal sem raciocínio.
Aquele homem nem sequer mostrou reação à voz da polícia dizendo para ele parar. Longe disso, ele bateu o corpo na direção do poste próximo e, de forma inacreditável, o quebrou, depois o homem girou o poste quebrado com uma mão e transformou os dois carros da polícia em volta dele em metal amassado.
Essa violência fez os policiais começarem a atirar, mas o homem rugiu, e mesmo sem prestar atenção nas balas que afundavam em seu corpo, ele atacou a polícia com velocidade inacreditável e os assaltou. Os oficiais atingidos foram jogados no ar como se fosse uma piada e seguiram a trajetória de uma parábola. A visão disso foi como uma cena em um filme de baixo orçamento.
A pessoa que filmou o vídeo era um transeunte que estava naquele local por acaso, o vídeo parecia ter sido feito usando um smartphone, porque a pessoa fugiu o mais rápido que suas pernas permitiam depois que a polícia saiu voando, causando um borrão enorme no vídeo. Em pouco tempo, o responsável pelo vídeo se afastou o suficiente enquanto dizia sem parar: — Ó meu Deus! — e dirigia a câmera do smartphone para a cena mais uma vez.
Gritos e rugidos furiosos surgiram de toda parte. A polícia estava lutando de forma desesperada, o que foi comprovado pelo som retumbante de tiros e, em meio a tudo isso, o momento chegou em pouco tempo.
De repente, o homem enfurecido parou e caiu de joelhos como se fosse uma máquina que ficou sem eletricidade. E então, naquele lugar que estava em tumulto, um leve som angustiado podia ser ouvido vindo do enorme homem, era um som que parecia dizer que seu pescoço estava sendo estrangulado.
Logo depois disso, uma transformação apareceu no homem grande. Seus músculos, que poderiam ser confundidos com uma armadura, estavam visivelmente começando a encolher. Não, talvez fosse mais apropriado expressar o fenômeno como "murchar". No meio de ser observado pelas pessoas estupefatas dos arredores, o homem grande cobriu o rosto com as duas mãos e gemeu de angústia, seu corpo murchou até ficar do tamanho de um homem adulto normal, e então suas mãos se separaram do rosto enquanto seu corpo convulsionava em pequenos estremecimentos.
O rosto do homem que se tornou visível a partir desse momento era diferente do brutal e sem raciocínio que ele mostrou até agora, era o rosto de um jovem que parecia comum, que poderia ser encontrado em qualquer lugar, não, até gentileza podia ser visto nesse rosto. Aquele jovem fez uma expressão que quase explodiu em lágrimas por um momento, mas, no instante seguinte, ele levantou uma voz angustiada mais uma vez enquanto desabava com as duas mãos cobrindo o rosto.
O corpo do jovem caído murchou em piscar de olhos, ele perdeu umidade, rugas profundas foram esculpidas em sua pele e os ossos que perderam a carne começaram a se destacar. Depois disso, o jovem não se mexeu mais.
Os policiais se entreolharam, depois assentiram e se aproximaram do jovem com cuidado. Quando eles não receberam nenhuma resposta, mesmo depois de chamá-lo, para checar a situação, um policial usou o pé para mover a mão do jovem que ainda estava rígido, e então o oficial gritou e recuou.
Não havia como evitar isso. O rosto do jovem que eles viram antes estava completamente desidratado como uma múmia, reduzido a um estado trágico.
O apresentador das notícias estava falando sobre esse incidente anormal com uma expressão grave, especulando se a causa era um novo vírus ou uma droga.
— Mas-mas professor. Como isso pode ter acontecido lá fora... em primeiro lugar, os únicos que sabem sobre a existência disso somos nós... mesmo que os dados e a parte depositada estejam dispersos e gerenciados estritamente, ainda assim...
A dúvida de Emily escapou em uma voz que parecia estrangulada. Ao ouvir isso, a verdade que os membros do laboratório tentaram não pensar surgiu em suas cabeças.
"H3-α4".
Esse era o nome do medicamento subproduto criado por acidente pela pesquisa de Emily.
A pesquisa de Emily era criar um medicamento específico para a doença de Alzheimer. Essa doença era a causa que estava mudando a amada avó gentil e dócil de Emily, pouco a pouco. Ela foi a razão pela qual a garota estava determinada a se matricular em uma universidade aos onze anos de idade. Era um problema em um território que muitos pesquisadores ainda não haviam alcançado, e também era o trabalho da vida de Emily.
Essa pesquisa, que obteve a cooperação do Professor Down, Hendricks e companhia, que eram estudantes de pesquisa, foi algo que colocou seu elemento central no ponto referente a regeneração dos neurônios destruídos. Foi também um caminho que muitos pesquisadores no passado haviam experimentado.
O que nasceu desse processo de pesquisa foi o "H3-α4". Se fosse usado, o músculo quebraria e se regeneraria repetidas vezes e incharia num piscar de olhos, todo tipo de lesão externa se recuperaria instantaneamente devido à superatividade das células.
De forma óbvia, havia deméritos. Como compensação pelo drástico fortalecimento muscular, o usuário perderia o raciocínio e a vida. Se alguém fosse injetado com uma pequena dose, ele poderia durar cerca de uma semana a dez dias, no entanto, no caso de alguém ter sido injetado até pouco antes do limite das células se autodestruírem se tornarem incapazes de suportar a estimulação drástica, a pessoa morreria em menos de uma hora em troca de obter poder de regeneração que nem sequer podia ser comparado com o caso anterior.
Inicialmente, Emily e seus colegas pensaram que poderiam abrir um caminho para criar uma droga maravilhosa depois de testemunhar o resultado dramático desse "H3-α4", mas depois de ver os ratos de laboratório se transformando de forma brutal sem poderem parar o estímulo drástico e a perda do raciocínio, eles esconderam essa droga como algo perigoso demais.
Eles dispersaram os dados, até disfarçaram os produtos químicos usados, depositaram cada informação em locais diferentes e os colocaram sob controle estrito.
Portanto, deveria ser impossível para o medicamento ser roubado. Porque, em primeiro lugar, as pessoas que sabiam da existência de "H3-α4" eram apenas os membros do laboratório Down. Eles estavam todos neste lugar agora, exceto várias pessoas que não puderam se reunir aqui porque não puderam vir na mesma hora.
— … ei, e quanto a Jessica, Sam e Milo? Até esses três devem saber das notícias, certo? Por que eles não estão vindo? Por acaso, esses caras...
— Pare com isso Rod. Não podemos duvidar de nossos amigos neste tipo de momento.
Rod estava prestes a dizer "aquela possibilidade" que todos estavam evitando de forma intencional, mas o Professor Down o deteve. Todo mundo estava olhando para o Professor Down com expressões ansiosas.
— Existem muitas outras possibilidades. Nós somos o “Laboratório Down”, não somos? O gênio de Emily é retumbante não apenas nesta universidade, mas também em toda a sociedade científica. É um fato bem conhecido que todos os meus louváveis alunos são realmente excelentes. É possível que alguém que tenha vindo aqui para roubar outra coisa e tenha acidentalmente percebido a existência de "H3-α4" e o roubou. Um pesquisador não pode ignorar nenhuma possibilidade, não importa em que situação esteja.
As palavras do Professor Down fizeram Rod coçar seu rosto sem jeito. Quando Dennis falou de forma sarcástica com Rod, ele respondeu dizendo: — O que você falou!? — No entanto, a conversa foi feita com a atmosfera habitual, sem nenhum sinal de paranoia um contra o outro.
— Então... professor. Nós, o que devemos fazer agora? Como esperado, é melhor irmos à polícia?
Hendricks pediu conselhos ao Professor Down para voltar ao tópico. O Professor Down cruzou os braços e gemeu: — Hmm... —, enquanto refletia por um tempo, e logo ele levantou o rosto.
— Essa é minha sugestão, mas, por enquanto, acho que devemos manter esse assunto em segredo.
— Não vamos conversar com a polícia?
— Sim. Mais cedo ou mais tarde teremos que conversar, não importa o que façamos. Contudo, acredito que, no momento, o que devemos priorizar é preparar o antídoto para "H3-α4" mesmo que seja apenas um segundo mais rápido. Sem dúvidas, levaria muito tempo se houvesse uma investigação sobre esse tipo de droga incomum. Seria uma perda de tempo.
— Mas-mas professor. "H3-α4" é…
— Imagino que sim. De fato, não encontramos uma maneira de parar o estímulo. No entanto, ainda existem várias abordagens que ainda não testamos. Falamos sobre destruir os dados da pesquisa e também os materiais, mas não será tarde demais para fazer isso, mesmo depois de testarmos essas abordagens. Esta pesquisa já vazou para o exterior, não há garantia de que a segunda ou terceira vítima não apareçam. Nesse momento, o escopo do dano mudará dependendo de haver ou não um antídoto.
Ouvir a sugestão do Professor Down fez Emily reprimir seu impulso que desejava destruir os dados e o produto da pesquisa o mais rápido possível. Hendricks e os outros também estavam balançando as cabeças: — Com certeza, mesmo se fizermos isso depois de experimentarmos essas abordagens...
— Emily. Entendo muito bem o seu sentimento de querer fazer isso desaparecer logo deste mundo. Eu penso da mesma forma. Mas, a responsabilidade de criar isso é nossa. Então, antes de sucumbir ao nosso terror e apagar tudo, devemos fazer o que pudermos. Estou errado?
— … professor. Sim, você não está errado. Eu acho que a possibilidade é quase mínima... mas, se estamos apenas tentando...
Vendo a expressão dolorida de Emily, a expressão do Professor Down também distorceu um pouco, então ele acariciou a cabeça da garota com sua gentileza habitual.
No final, eles decidiram que sua política a partir de agora seria tentar várias abordagens para criar um antídoto para o vazamento do "H3-α4", mantendo todo o assunto em segredo do mundo exterior e também proibindo os membros do Laboratório Down que não estavam aqui de falarem a respeito disso. Com isso decidido, cada membro do laboratório Down começou a se mover para fazer o que podia.
Parte 3
— E? Quero perguntar sobre a história detalhada logo. Posso te pedir para falar?
Dois dias após a reunião em que os membros do laboratório Down decidiram ficar calados sobre a droga e continuarem sua pesquisa, havia dois homens na frente de Emily e dos outros. Os dois eram policiais que vieram investigar o "caso Berserk", causado pela pessoa que consumiu o "H3-α4" e foi chamado assim nas notícias para se referir a ocorrência de dois dias atrás.
Se fosse perguntado como a polícia poderia chegar ao local em que Emily e os outros estavam depois de apenas dois dias, isso deveria ter acontecido porque alguém havia falado com as autoridades. Para Emily e os outros, essa foi uma visita repentina e completamente inesperada. Qual era o significado dessa decisão que até os fazia sentir-se culpados, se as coisas fossem terminar assim ...
Emily olhou para o Professor Down, procurando ajuda. O Professor Down estava cruzando os braços enquanto fazia uma expressão complicada, mas então...
— Bem, também podemos obter um mandado e, em seguida, procurar no local, se existe mesmo essa droga aqui ou não, entendem? No caso de encontrarmos a droga, bem, acho que as chances de a encontrarmos são nove em dez, talvez o professor e as outras pessoas aqui sejam presas como cientistas loucos que arrastaram pessoas não relacionadas para o experimento de sua própria pesquisa.
— Me dá um tempo! Não há como fazermos algo assim!
Emily enfim perdeu o controle ao ouvir as palavras do policial e gritou. Os olhos do policial de meia-idade brilharam de forma feroz no mesmo instante.
— Em outras palavras, você está admitindo que a droga existe?
— ... isso, isso é…
Emily ficou abalada com isso. O Professor Down, que estava ao lado dela, balançou a cabeça, vendo isso e sentindo que não havia o que fazer, ele disse à polícia sobre a existência de "H3-α4". Ele também contou como o item foi roubado e que eles não entraram em contato com a polícia porque estavam correndo contra o tempo para fazer o antídoto.
— ... se essa história é verdadeira ou não, bem, que tal ouvirmos os detalhes na delegacia para fazer o julgamento?
— Não relatamos isso porque pensamos que seria assim. Detetive, eu imploro, mesmo sabendo que não é razoável. Você pode esperar mais uma semana? Pelo menos até que a abordagem que estamos testando no momento esteja mostrando resultados preliminares. É possível que talvez possamos fazer um antídoto.
— Por favor, não diga algo tão irracional, professor. Não importa o quão alto seja o seu cargo ou seu prestígio como professor, você ainda é a testemunha mais importante de um caso com muitas baixas, entende? Como você pode ver, nem sequer estamos chamando você de suspeito aqui, estamos até dando a você a opção de vir conosco ou não. Espero que você possa entender quanta consideração já lhe demos.
— Mas isso…
A expressão do Professor Down parecia dizer que ele estava mastigando centenas de insetos amargos. Vendo o Professor Down assim, por algum motivo, o policial de meia-idade mostrou um leve sorriso nos lábios. E então, esse olhar se moveu para o lado do Professor, para Emily, que parecia ansiosa com o olhar perdido. E então ele disse que estava tudo bem se fosse no local, mas ele queria falar com a garota sozinha.
Quando o Professor Down perguntou, desconfiado, o porquê, o policial de meia-idade respondeu que queria ouvir a história da garota que era o ponto principal do desenvolvimento de drogas em um local sem seu guardião.
— Eu... que mal haverá mesmo que ela esteja com seu guardião?
— Deixe-me perguntar o contrário, que mal haverá mesmo que o professor não esteja com ela?
Depois de serem informados disso, o lado do professor Down, que alegou que eles tiveram a droga roubada deles, não podia nem recusar. Quando Emily também disse bravamente: — Está tudo bem professor. —, o Professor Down só podia concordar, mesmo que estivesse preocupado.
Emily e os dois policiais se encararam dentro da sala da qual o Professor Down havia saído.
— Muito bem, acho um pouco difícil de acreditar, mas, é verdade que você é a jovem desenvolvedora dessa droga criadora de monstros?
Logo após a saída do professor, a atitude até agora de alguém que prestava atenção ao decoro desapareceu por completo. O policial de meia-idade de repente pegou um cigarro surrado enquanto perguntava. A aparência de seu cabelo penteado para trás, gravata solta e terno amarrotado faria outras pessoas se sentirem incomodadas. O homem que parecia ser seu parceiro, parecendo um pouco mais jovem, sentado quieto ao seu lado enquanto tomava nota, também estava enviando um olhar avaliador para Emily.
A garota estava um pouco assustada com os dois homens que de repente mudaram suas atmosferas, mesmo assim, ela de alguma forma fingiu serenidade usando o blefe que aprendera à força quando se matriculou na universidade.
— Isso, mesmo. Eu, a desenvolvi. Ou melhor, talvez eu devesse dizer, que foi por acidente, que a droga foi criada.
— Hmmmmm. Que chocante. Veja aqui, isso não parece com um filme? Para que uma droga possa transformar um humano nesse tipo de monstro existir, sou detetive há muito tempo, mas nunca ouvi falar de algo assim.
— … mas, o que você quer dizer?
O policial de meia-idade que sorria muito, por algum motivo, estava fazendo com que o índice de desconforto de Emily aumentasse depressa. Talvez fosse porque o policial estava se divertindo lendo o interior do coração de Emily, e, no momento seguinte, ele disse algo inacreditável:
— Os dados dessa droga, que tal você nos entregar tudo isso?
— Hã?
As pupilas de Emily se transformaram em pontos, tentando entender o que essa pessoa estava dizendo. Vendo a expressão de Emily, o policial de meia-idade sussurrou: — Mesmo que você seja chamada de gênio ou algo assim, você é muito lenta, huh? —, como se ele achasse isso problemático enquanto continuava:
— Sem dúvidas haverá muitas pessoas interessadas nesse tipo de droga anormal e adorável. Vai render um bom dinheiro. Por isso, estou lhe dizendo para entregar todos os dados.
— O que, o que você está dizendo!? Você-você é policial, certo!? Você entende o que está dizendo!?
— Que mocinha barulhenta que só consegue resmusgar, hein. Quando você se tornar uma oficial da polícia por tanto tempo quanto eu, encontrará muitas histórias deliciosas. Mocinha, você sabe quanto é o salário de um policial? É algo risível, sabia? É por isso que apostarei minha vida em algo que tenderá muito dinheiro. Você precisa valorizar conexões com dinheiro que encontra por acaso. Apenas esses benefícios colaterais são perdoáveis, não concorda?
Não havia como isso ser perdoável. Ela não sabia quanto era o salário de um policial, mesmo assim, não havia como, que estavam sobrecarregados encarregados demissão de proteger as pessoas e apreender criminosos, serem os mesmos homens diante de seus olhos. Esses caras eram os chamados policiais corruptos ou imorais! Assim, Emily percebeu sua verdadeira natureza a partir de seu conhecimento de filmes de drama.
— Não há como perdoar isso. Eu-eu direi, sobre isso para outros policiais! Eu absolutamente não entregarei os dados! Apenas vão embora agora!
Ao ver Emily, que se levantou com o canto dos olhos erguidos como um gato ameaçador, o policial de meia-idade deu de ombros como se estivesse encarando uma criança com a qual não se podia raciocinar.
— Então, o professor e os outros estudantes de pesquisa, eu me pergunto, talvez todos eles devam assumir o pecado do assassinato?
— Eh…
— Eu disse isso antes, não disse? Espero que você possa pensar em quanta consideração já lhe prestamos, não concorda?
— ... seu-seu covarde...
Emily gritou com raiva quando ouviu o policial de meia-idade ameaçando de forma implícita que, se ela não quisesse que o professor Down, Hendricks e os outros fossem presos com uma acusação falsa, então... havia até emoção de ódio brotando dentro dela em direção aos patifes que estavam se disfarçando de policiais que tornariam suas pessoas importantes, que eram como família para ela, de reféns.
O policial de meia-idade deu de ombros sem se importar com a reação de Emily e se levantou com a conversa encerrada.
— Decida logo, tá? Será sua família ou a droga, entendeu?
— ...
Deixando Emily para trás, que não conseguia dizer nada, os policiais saíram da sala. Em troca, o Professor Down, Hendricks e os outros entraram com expressões preocupadas.
O Professor Down percebeu o estado incomum de Emily e perguntou se algo aconteceu. Assim, ele mostrou uma expressão chocada com a resposta que Emily lhe deu:
— Que diabos, que diabos há com isso! Eles são policiais, não são!? Por que diabos eles estão nos ameaçando! Eu não entendo!
— Acalme-se Rod.
— Você acha que eu posso me acalmar com isto!? Dennis, você não está irritado, hein!?
— De forma óbvia, eu sou um idiota Rod. Mas, o que vamos fazer se não nos acalmarmos? Mesmo que nossa importante irmãzinha tenha sido ameaçada, se todos ficarmos abalados assim, estaremos seguindo o jogo deles.
— ... isso é, você está, certo, mas…
Rod, cujo punho tremia de frustração, e Dennis, que suprimia a raiva em seu coração enquanto suspirava.
A situação inacreditável com essa ameaça da polícia também abalou de forma visível Hendricks e os outros. Em meio a essa situação, o Professor Down, que estava forçando o cérebro com os olhos fechados, abriu a boca:
— Também há a opção de denunciar isso a outros policiais, mas… agora não sabemos quantos camaradas eles têm, então não posso dizer que é uma boa opção. Na pior das hipóteses, existe também a possibilidade de que eles nos prendam e levem Emily embora. No momento, não podemos deixar Emily sozinha.
— Isso, mesmo. Mas, então, o que fazer... eles logo voltarão para ouvir nossa resposta, não é?
Hendricks perguntou ao Professor Down com sentimentos atormentados. Mas, talvez fosse o esperado de um adulto com a sabedoria da idade, pois o professor parecia ter a resposta:
— Vamos entrar em contato com o departamento de segurança nacional. Agora que o caso foi exposto até aqui, as coisas não estão no nível em que podemos continuar nos escondendo. Considerando o quão perigoso é o "H3-α4", existe uma grande possibilidade de fazer com que a secretaria de segurança se mova.
— Entendo. O sistema deles é diferente do da polícia. Se recebermos proteção do departamento de segurança, a polícia não poderá se intrometer.
Hendricks assentiu de acordo. Lizzie, Dennis e os outros também estavam balançando as cabeças, pensando que não havia outra maneira senão essa. Contudo, apenas Emily ainda estava olhando para baixo com uma expressão complicada.
— Emily, está tudo bem. Não importa o que aconteça, eu, nós com certeza faremos algo a respeito.
— Lizzie-nee… sim, obrigada.
Ao ouvir as palavras de Lizzie, que a abraçou para garantir, Emily escondeu o rosto no peito de Lizzie enquanto retornava palavras de gratidão.
Entretanto, a ansiedade girando dentro do peito de Emily, em vez de diminuir com as palavras confiáveis de sua irmã mais velha, parecia que estava ficando mais forte. Ela não pôde deixar de sentir algo, como uma premonição ruim enrolando-se em seu coração, como se algo fatal estivesse se aproximando com passos altos.
Emily estava olhando para as costas do Professor Down, que entraria em contato com o departamento de segurança sem saber ainda que esse sentimento ameaçador se tornaria realidade.
Nota do Autor (Ryo Shirakome)
Muito obrigado por ler essa história.
Muito obrigado pelos pensamentos, opiniões e relatos sobre erros de ortografia e palavras omitidas.
Sobre o nome da droga, eu queria checar um pouco mais e escrevê-la adequadamente com um nome que parecia provável, mas...
Foi impossível. Não havia tempo. É sério. A atualização para a próxima semana também está em um estado perigoso.
E então, bem, isso é um spin-off, por favor, perdoem a explicação insuficiente.
PS
Muito obrigado pelos muitos comentários de "Não me importo".
Graças a isso, consegui fazer essa atualização.
O misterioso senso de unidade que os ilustres leitores de Narou mostram às vezes, Shirakome adora isso.