Volume 10
Capítulo 200: Você, muito bem...
Parte 1
— Eu mato você, Sr. K, te mato. Assassino virtuoso? Não faça pouco de uma pesquisadora! Eu absolutamente, te matarei, você está morto.
Com a lâmpada ocasional na rua e a luz do carro vindo da pista oposta como as únicas fontes de luz, do banco de trás do interior silencioso do carro, palavras que pareciam uma maldição eram proferidas em sussurros.
Vanessa, que estava dirigindo, olhava para o espelho retrovisor enquanto observava a figura de Emily, que se fez minúscula no banco de trás, segurando os joelhos, os olhos parecendo peixes mortos, com a boca sempre transmitindo seu ressentimento e amargura, e a figura de Kosuke ao lado da garota, encharcado de suor frio, afastando-se o máximo possível dela.
Olhando para o casaco do jovem, que foi colocado a seus pés e a janela que estava aberta, apesar do ar frio que entrava no carro como se para dispersar algum cheiro de dentro do carro, era possível entender que a causa dessa situação não deveria ser dita.
Os olhares de Kosuke e Vanessa se encontraram através do espelho retrovisor. Kosuke estava balançando a cabeça enquanto tremia com olhos lacrimejantes, seu olhar estava direcionado para Vanessa como se procurasse ajuda.
Sem dizer nada, Vanessa desviou o olhar. Gon! Por trás, houve um som que soou como uma cabeça batendo na janela de vidro.
"... no entanto, o Sr. K, é realmente... uma pessoa misteriosa, não é?"
Enquanto sentia o olhar do banco de trás que estava enviando um sinal de SOS esfaqueando suas bochechas, Vanessa falou isso dentro de seu coração.
Sr. K.
Ele era um assassino com história e aparência desconhecidas que apareceu há cerca de dois anos, assassinando figurões com segurança estrita, um após o outro. Parecia que ele não estava ligado a nenhuma organização, se alguém fizesse um pedido usando o método especificado, ele executaria qualquer tipo de assassinato, por mais difícil que fosse dependendo do valor da recompensa.
Até o departamento de segurança ao qual Vanessa pertencia o colocou em uma lista negra como uma pessoa perigosa há um ano. Sua habilidade em matar era inquestionável, mas, além disso, mesmo quando a agência de inteligência do Estado o investigava, as informações captadas eram sempre falsas. As investigações em grande escala haviam sido iniciadas há meio ano e ainda continuavam até agora, mas sua verdadeira identidade ainda não havia sido descoberta. Foi o suficiente para compreender o quão perigosa essa pessoa era apenas por esse fato.
Contudo, enquanto o Sr. K possuía tanta habilidade, mesmo quando sua descrição foi analisada e comparada com todas as pessoas registradas na lista negra existente, não havia sequer uma única pessoa que pudesse ser vista como ele entre as opções conhecidas. O departamento de inteligência estava agora concentrando sua atenção em Sr. K, considerando-o um novato.
A propósito, o departamento de segurança nacional possuía o direito de investigar e o direito de prender em uma ampla área a respeito de um crime grave que envolvia a segurança do Estado, além disso, o departamento de inteligência nacional, que era uma agência que executava coisas como a proteção de pessoas importantes, era literalmente um serviço secreto. Cada departamento estava dividido em subdivisões, mas vamos omitir isso por enquanto.
Por um tempo, Vanessa ingressou em uma equipe que investigou um caso de assassinato causado por esse Sr. K. O modus operandi1 do assassinato era extremamente simples, e os traços dele brincando em seu trabalho eram inexistentes, duas balas nos órgãos vitais, matando o alvo com tiros precisos. Ele não deixou mensagem que parecesse a de um assassino que se deliciou ao trabalho ou fez qualquer declaração de seu crime. E assim, quando ele aceitava uma solicitação e concordava com ela, não importava quão difícil fosse, ou mesmo quando os detalhes do contrato estavam equivocados e o nível de dificuldade subia, ele nunca parava até cumprir sua missão. Sua política profissional poderia ser vista a partir desse fato.
O Sr. K era sem dúvida um assassino atroz. No entanto, por mais frio e desumano que fosse, ele era um profissional que só cumpria seu contrato, independentemente do que acontecesse.
Ela foi traída por Kimberly, seus camaradas foram aniquilados e, antes que ela pudesse se unir aos reforços do quartel-general, ataques contínuos surgiam sem pausa do inimigo que a encontrava. Ela foi forçada a fugir, incapaz de sair da situação isolada e desamparada. Para proteger Emily em tal situação, havia uma necessidade de gastar um trunfo, mesmo que fosse por apenas mais um momento.
Permitir assassinato no processo de guarda... foi uma escolha que Vanessa fez com amargura. Quando este caso terminasse, uma ação disciplinar com certeza a aguardaria.
Em primeiro lugar, ela não sabia se o pedido dela chegaria ao Sr. K, ou mesmo se o atingisse, ele o aceitaria e estaria dentro da faixa em que seria capaz de se conectar a elas sem demora. Ele, que estava escondendo sua verdadeira identidade, responderia ao contato? A essa altura, essa escolha já era uma aposta.
Afinal, o conteúdo de seu pedido era uma missão de guarda. De modo natural, em tal missão, o protetor tinha que estar próximo do alvo de proteção, e isso significava que o Sr. K precisaria expor sua verdadeira identidade. O Sr. K também era conhecido por ser um especialista em disfarce, mas ainda assim, era um risco para ele se expor em campo aberto.
Para não dizer como, se o Sr. K investigasse só um pouco, ele que era forte na guerra de informações, sem dúvidas notaria que o cliente era uma pessoa relacionada ao governo.
Portanto, Vanessa fez contato com a fraca esperança de atrair o Sr. K de alguma forma com o valor da recompensa, mas, de modo inesperado, a resposta do Sr. K foi "Eu aceito". Vanessa estava desconfiada, mas o matador exigiu uma grande quantia de dinheiro e explicou que sua proteção seria feita enquanto ele se escondia, então a mulher aceitou e fechou um contrato com ele.
"No entanto, ele expôs sua figura naquele lugar. Eu nunca imaginei que ele fosse japonês com uma idade que ainda pode ser considerado adolescente. Ele está disfarçado? Ainda assim, não consigo encontrar nenhum disfarce, mesmo a partir dessa distância, esse rosto se parece com o rosto natural dele. Se esse é o rosto verdadeiro dele, então o que ele está pensando?"
Era difícil proteger alguém no interior de prédios à distância. Não havia como alguém proteger outra pessoa dentro de uma casa usando um rifle de longo alcance e coisas do gênero. O Sr. K deveria ter entendido isso desde o início. Foi por isso que Vanessa pensou que talvez ela tivesse sido enganada pelo assassino e fez a preparação e o acordo prévio com Emily sobre o uso de uma granada de atordoamento e pulou para a sala no andar de baixo.
Dentro de seu coração, ela pensava que se seu perfil sobre o Sr. K estava errado, era possível que ele fosse um homicida diabólico ganancioso por dinheiro. Vanessa não descartou a possibilidade de o Sr. K mostrar suas presas para elas.
"Mesmo agora, olhando para sua personalidade, existe a possibilidade de ele estar disfarçado..."
Quando a mulher olhou mais uma vez no espelho retrovisor, a expressão de Kosuke estava visivelmente mais brilhante, como se estivesse dizendo: — Até que enfim, você olhou para cá! — E então, ele estava enviando sinais com os olhos para Vanessa enquanto lançava breves olhares para Emily.
... um assassino virtuoso que estava muito perplexo com uma garota e procurando ajuda de forma desesperada.
"Eu não entendo…"
Do banco de trás, uma pequena voz de: — Ó, você, agora mesmo, seus olhos se encontraram com os meus, certo? Por que você está desviando os olhos! — estava chamando ela. O Sr. K que ela imaginara antes e a figura do adolescente japonês que sussurrava: — Eiii, espera! Não me ignore. Não me diga, mesmo que estejamos andando no mesmo carro, eu já fui apagado de sua consciência...? — com olhos lacrimejantes, essas duas imagens não podiam ser conectadas dentro de Vanessa, não importava quanto tempo ela ponderasse sobre isso.
— Com licença, Sr. K.
— !!! Eu não sou o Sr. K, mas, o que foi?
Vendo Kosuke, que inclinou o corpo para a frente, parecendo um pouco feliz quando foi abordado, Vanessa mais uma vez fez o pedido que ela já havia feito e sido rejeitado.
— Peço desculpas, mas posso pedir para você me substituir e dirigir o carro? Como esperado, tornou-se um pouco difícil para mim.
— Eh? Não, eu já lhe disse antes, mas não posso dirigir, nunca dirigi. Ainda não fiz o teste para minha carteira de motorista. Ou melhor, mesmo que eu tenha feito o teste de licença no Japão, está tudo bem para eu dirigir um carro em um país estrangeiro?
— ... você realmente nunca dirigiu um carro antes?
— Nunca. Eu nunca dirigi uma scooter2. Por isso é impossível. Desculpe fazer você dirigir enquanto está ferida, mas…
— Não, não é como se houvesse algum problema em minha consciência, e eu também consegui parar o sangramento.
Depois que eles escaparam do hotel acabado, Vanessa e os dois chegaram ao carro. Naquele momento, Vanessa estava ferida, embora não fosse um grande problema, em preparação para os perseguidores, ela pediu a Kosuke para dirigir, mas naquele momento ele recusou pelo mesmo motivo de agora.
No início, Vanessa pensou que ele estava brincando ou que estava se mantendo livre para uma batalha, mas quando ela viu Kosuke franzindo a testa e parecia se sentir culpado, ela passou a pensar que era a verdade que ele realmente não podia dirigir.
Sr. K, que realizou assassinatos de pessoas importantes, não apenas na Grã-Bretanha, mas em todo o mundo, não havia como ele não poder dirigir, porém...
"Ou melhor, por que ele ainda está negando ser o Sr. K, mesmo nesta situação? Por acaso, ele está pensando que pode esconder sua verdadeira identidade assim? Não, não, de jeito nenhum isso é verdade…"
Dentro de Vanessa, o Sr. K estava se tornando cada vez mais uma pessoa estúpida.
Por um momento, um pensamento de: "Talvez ele não seja o Sr. K.", como Kosuke disse a ela, flutuou dentro de sua mente, mas essa ocultação terrível na medida em que ninguém o notava, sua aura experiente que não vacilava mesmo quando uma arma era apontada para ele, e então sua habilidade que lhes permitiu escapar sem disparar um único tiro enquanto usava apenas o cinzeiro do hotel... não importava como ela analisasse isso, era impensável que essa pessoa pudesse ser uma "pessoa comum".
Portanto, dentro de Vanessa, suas impressões sobre Kosuke não podiam se encaixar em um quadro completo, e sua avaliação dele estava indo na direção de "misterioso" ou "bizarro".
Vanessa não tinha como pensar, mesmo em sua imaginação, que a capacidade de ocultação era a capacidade dolorosa que ele possuía desde o nascimento, ou que havia uma pessoa perto dele que disparava um canhão eletromagnético, então ele estava acostumado a armas. Além disso, Kosuke não disparou uma arma porque ele simplesmente não tinha uma. Como esperado, Vanessa nem pensaria em tal possibilidade...
O Sr. K era um assassino de aluguel. Kosuke era certamente um assassino virtuoso, mas ele não era o Sr. K. Ele era incapaz de realizar os feitos que poderiam ser feitos normalmente pelos assassinos da Terra. Mas, ele tinha muita experiência quando se tratava de matança e carnificina.
A impressão de Vanessa sobre o caráter de Kosuke provocou essa confusão.
— Ei-ei, esse tópico foi deixado de lado até agora, mas, esta garota, o que faremos com ela? Parece que seu rancor por mim já atingiu um nível que só pode ser considerado uma maldição. Mesmo que seus olhos estejam mortos, parece que ela está começando a mostrar um leve sorriso. Ah, agora mesmo, ela estava rindo, "Kekeke", você ouviu isso!? Isso com certeza é uma péssima notícia!
Kosuke olhou para Emily com uma expressão convulsiva e um corpo trêmulo. Vanessa olhou para a figura da agora que até agora parecia que poderia cair no lado negro a qualquer momento, então deixou de lado o desconforto que sentia pelo rapaz e enfim falou com Emily.
— Doutora Grant. Por favor, anime-se. Eu já lhe disse que a situação era essa. Não há nada para se envergonhar.
— … Vanessa.
Dentro dos olhos vazios de Emily, um pouquinho de luz estava aceso e ela levantou o rosto. O olhar de Vanessa encontrou o da garota através do espelho retrovisor, e seu rosto sem expressão se desfez um pouco quando seus olhos se aliviaram. Ela então formou mais palavras de consolo para a pesquisadora:
— Além disso, você também não fez xixi quando me conheceu? Depois de tanto tempo...
— Uuaaaaaaaaaaan, eu sou apenas uma garota mijonaaaaaaa!
Correção, ela formou palavras para dar um golpe final. Kosuke respondeu: — O que você está fazendo, adicionando mais sal a ferida dessa forma!? — Emily enterrou o rosto nos joelhos mais uma vez, e desta vez ela estava segurando a cabeça com as duas mãos enquanto ficava ainda menor do que antes.
O caos no banco de trás estava fazendo a expressão de Vanessa ficar um pouco confusa, e ela fez o possível para recuperar a situação.
— Está-está tudo bem, Doutora Grant. Se eu e o Sr. K ficarmos calados, ninguém saberá. Algo não conhecido é o mesmo que algo que não existe.
Foi uma linha de argumentação realmente forte. Isso atingiu de forma suave o coração tempestuoso de Emily como uma brisa refrescante. Embora, talvez esse raciocínio funcionasse se fosse apenas Vanessa, mas, como esperado, se fosse algo sabido por alguém do gênero oposto, além disso, do gênero oposto cuja idade era próxima à da garota, o dano à sua mente era alto demais. Ela não podia ficar convencida apenas com isso.
— Ma-mas…
O olhar de Emily se voltou repetidas vezes para Kosuke. Mas, como se quisesse dizer que ela já havia calculado esse fator, Vanessa falou palavras reconfortantes para Emily com uma expressão que poderia ser vista como um olhar satisfeito:
— Doutora Grant. Por favor, fique tranquila. O Sr. K é japonês.
— E-e?
— No Japão, existe esse tipo de frase: "Na verdade, isso é uma recompensa".
— Quê!? Qual é o significado disso?
As palavras suplicantes de Kosuke de: — Eu já disse, não sou o Sr. K. Eu sou o Kosuke. — foram lindamente ignoradas como uma brisa passageira. Emily estava inclinando a cabeça com as palavras de Vanessa. E então, Kosuke, que adivinhou o significado das palavras da mulher, tentou detê-la: — Espere um segundooooooo! —, mas...
— Isso significa que, se for feito por uma garota bonita, o que quer que seja, trará alegria, um benefício colateral. Sim, se a outra parte for uma garota bonita, mesmo que eles sejam pisoteados na virilha, mesmo que levem um soco na cara, mesmo que sejam abusados com palavras duras, e então, mesmo que seja urina! Pelo contrário, isso será uma recompensa para eles!
— O que-que-que-que-que-que você disseeee!?
O mundo desconhecido para a garota gênio Emily Grant, quão profundo era o carma dos japoneses? Um arrepio percorreu a expressão de Emily. Kosuke gritou: — Pareeeee! Não agrupe todos os japoneses em uma única categoria! —, porém, tal coisa foi ignorada e as palavras de Vanessa continuaram:
— Doutora Grant. Você é uma garota bonita e o Sr. K é japonês. Em outras palavras, o Sr. K, que recebeu a urina da Doutora Grant, está dançando loucamente de alegria dentro de seu coração!
Que lógica perfeita. Não havia brecha nisso! Vanessa bufou com orgulho e concluiu suas palavras de consolo:
— Portanto, Doutora Grant, mesmo que você tenha feito xixi enquanto estava sendo carregada pelo Sr. K, embora com isso ele tenha ficado completamente encharcado, para ele, isso foi uma recompensa inesperada. Ele te deve uma. Se você usar isso como pretexto e pedir para ele manter o silêncio, ele com certeza concordará com isso com alegria. Não, ao contrário, ele ficará feliz com essa condiç-...
— Você, cale a boca jáááá! Ou melhor, por que você conhece esse tipo de subcultura...
— Este-este-este-este-este, pervertido! Como você pode ficar feliz com meu-meu, xi-xixi... algo assim caindo em você! Que tipo de problema você tem!?
Kosuke cortou as palavras de Vanessa, mas, no mesmo instante, Emily, cujo rosto estava vermelho brilhante, agarrou o colarinho do rapaz e começou a sacudi-lo para frente e para trás, fazendo o jovem gemer e fazer com que suas palavras ficassem presas na garganta. Emily estava gritando: — Esqueça isso! Esqueçaaaa isso! Esquece isso agoraaaa!! — enquanto balança Kosuke de forma desesperada.
Parecia que, depois de vislumbrar o mundo anormal, o estado mental de Emily, que já estava no limite, enfim entrou em um estado meio perturbado. A parte de trás da cabeça de Kosuke bateu na porta, mas Emily não mostrou nenhum sinal de perceber isso.
Além disso...
— … Doutora Grant.
— O quê!
— Não é como se eu não entendesse sua tentativa de apagar a memória do Sr. K, mas…
— É isso mesmo, e daí!?
— Não, se você ficar nessa posição montada em cima dele... Doutora Grant, você nem tirou as meias, então as roupas do Sr. K agora estão ficando ainda mais encharcadas com "aquilo" da Doutora Grant.
— !?
— O Sr. K, não ficará ainda mais feliz?
— Você, parece que quer me enquadrar como um pervertido até o fim, hein. Pode vir, se você quer brigar, então eu aceito! Vamos para fora! Eu vou te espancar!
Emily, que entrou em pânico, bateu a parte de trás da cabeça na porta devido ao seu excesso de entusiasmo e segurou a cabeça enquanto se contorcia de dor. Ao fazer isso, sua saia foi levantada, a meia preta que envolvia suas pernas esbeltas ficou exposta, sua cor foi estranhamente alterada, mas foi uma sorte que a mente de Kosuke agora fosse a de um guerreiro que acabara de encontrar seu odiado inimigo e se dirigisse a Vanessa, então ele não percebeu.
Contudo, assim como Vanessa avisou, "aquilo" estava firmemente embebido nas calças de Kosuke...
O gemido de Emily, que sentiu dor na parte de trás de sua cabeça e sua vergonha entrando na velocidade mach devido a mais uma vez encharcar o outro naquele líquido, e os gritos furiosos de Kosuke para Vanessa, fizeram com que a mulher inclinasse a cabeça pensando: "Por que diabos ele está ficando com raiva?"…
Dentro do carro em fuga no meio da noite, essa era a continuação dos eventos no hotel acabado: caos.
Parte 2
Era um motel ao longo da estrada, com um outdoor deslumbrante iluminado por néon chamativo e velho. Dentro de um dos quartos, havia as figuras de Vanessa, cuja parte superior do corpo estava coberta apenas por suas roupas íntimas, e Kosuke, bem ao lado dela com o rosto estranhamente corado.
— Nn.
— Oops, desculpe. Isso doeu?
— Não, não há problema. Em vez disso... você é hábil.
— Bem, esse é meu limite. Mas eu tive muitas chances de praticar.
— Sim, seus movimentos parecem experientes.
Não era como se os dois estivessem fazendo algo indecente. Depois que eles entraram no motel e se acalmaram por um momento, Kosuke tratou o flanco de Vanessa com o kit de emergência que ele tinha.
Em primeiro lugar, ele aprendeu tratamento de primeiros socorros até certo ponto em Tortus (eles foram ensinados para o caso de ficarem sem poder mágico e não poderem usar magia de cura), e depois de retornar à Terra, ele também aprendeu por autoeducação e indo até os locais de tratamento médico nos campos de batalha, então a habilidade de primeiros socorros do rapaz era alta. Suas viagens pessoais pareciam já estar valendo a pena.
Ele espalhou o agente hemostático, pressionou uma gaze limpa na ferida e um curativo enrolado em volta dela. Durante esse momento, ele também estimulou a cura dela com um método que não existia neste mundo.
— Legal, isso ficou bom, eu acho. Seus órgãos vitais não foram atingidos e a veia importante também não está ferida. A bala, você mesma tratou disso, hein. Eu acho que você vai ficar bem, porque seus primeiros socorros, logo no início, foram feitos de forma correta. Mas, há o risco de infecção, e não é um ferimento leve. Você precisa receber tratamento médico logo.
— Entendo. Contudo, agora não é hora de dizer isso. Embora você tenha nos procurado, pode-se dizer que ainda estamos em uma situação isolada e desamparada... pelo menos até que os reforços possam assumir a proteção da Doutora Grant, não há como eu descansar.
— Isso é, bem, talvez seja isso mesmo.
Vanessa vestiu sua camisa enquanto mostrava uma expressão grave, no entanto, em seguida, ela mostrou um sorriso irônico enquanto olhava para Kosuke.
— Dito isto, acho que nem posso operar com meus 50% originais, então daqui em diante, parece que, Sr. K, você ficará consideravelmente sobrecarregado.
— … não, olhe aqui, eu já disse isso muitas vezes, mas eu não sou o Sr. K. Eu sou o Kosuke. Eu sou um estudante no Japão. Nesse tipo de situação, não é melhor entrar em contato com o verdadeiro Sr. K mais uma vez...
Kosuke não admitiu que ele era o Sr. K, não importava o que acontecesse, o que fez Vanessa pensar em compartilhar a dúvida que ela estava abrigando. Seu olhar penetrante estava tentando procurar a verdadeira intenção do Sr. K.
Mas, antes que ela pudesse começar, o som da água que Kosuke tentou ignorar da melhor maneira possível parou ao mesmo tempo que o som de uma maçaneta girando. Kosuke estremeceu em reação e de repente ficou quieto. Por alguma razão, sua expressão estava ficando estranhamente nervosa, mas... isso não podia ser diferente. Porque ele era um menino.
Um som farfalhante e vívido do outro lado da porta de vidro fino vazou um pouco e tornou-se audível...
— … qual é o problema de vocês dois, ficando em silêncio assim?
Da porta que estava entreaberta, apenas metade do rosto de Emily espiou com curiosidade. Seus olhos continham uma clara cautela. Em especial contra Kosuke.
O rapaz se focou na figura de Emily, que tinha acabado de tomar banho por apenas um momento, e então logo desviou o rosto para o lado. A visão foi relativamente brutal para ele.
Emily era sem dúvidas uma garota bonita. Uma garota dessas estava mostrando uma aparência em que usava apenas uma blusa e uma saia curta com os cabelos úmidos soltos. Dois botões ao redor do peito estavam desabotoados e sua linda nuca estava exposta. Suas meias pretas estavam sujas, assim, ela não as usava. Em outras palavras, as pernas delgadas e finas de Emily estavam sendo expostas sem nada as escondendo.
— Doutora Grant, não é nada. No momento, acabei de receber tratamento.
— Entendo. Vanessa, você está bem? Você levou um tiro, não foi? Você está mesmo bem?
— Sim, talvez isso deva ser chamado de uma pequena misericórdia. Ainda não estou me sentindo no meu limite. Não é uma ferida que pode ameaçar minha vida.
Emily correu para Vanessa enquanto ainda estava descalça e subiu na cama enquanto olhava preocupada o ferimento da mulher.
Naquele momento, o olhar de Kosuke, que também estava voltando para Vanessa, notou a saia de Emily que estava de quatro olhando o flanco de Vanessa. A lâmpada da sala tinha um tipo de cor quente, então a sala estava escura, "aquela parte" ficou escura e não podia ser vista, mas...
"Ei, espere, a meia suja foi jogada fora, mas, e quanto a roupa íntima... o que aconteceu com ela?"
A eletricidade percorreu os músculos de Kosuke. Sem chances, sem chances…
— Você não está... usando aquilo?
— !?
Emily apertou a saia com uma força descomunal enquanto assumia se sentava sobre as pernas dobradas. Seu rosto estava tingido de vermelho e seus olhos amendoados brilhavam com vergonha e raiva.
— Ah, não, isso foi...
— Não havia o que fazer! Ainda não está seco!
— Ah, sim.
— Sr. K, como esperado, isso foi muita falta de delicadeza.
— Sim, estou envergonhado.
A pessoa com em quem ela acabara de fazer xixi agora apontava seu estado sem calcinha, no entanto, no momento, ele era alguém que as salvara, então a pesquisadora também não poderia apenas descontar sua raiva nele, Emily-chan sem calcinha se arrastou para a cama e ficou encolhida enquanto segurava a cabeça.
Como esperado, Kosuke também estava ciente de que ele havia cometido uma gafe verbal, então pediu desculpas a Emily que estava tremendo debaixo do cobertor, enquanto deixava escapar sua impressão: "Esta garota, ela é uma pessoa que costuma encolher, hum." Claro, isso foi dito dentro de seu coração.
— Quero falar sobre o que faremos daqui para frente, tudo bem?
Vendo Emily que ouviu as desculpas de Kosuke e espiou seu rosto de dentro do cobertor como um gato com sua cautela em alerta total, Vanessa abriu a boca com uma expressão séria.
Em contraste com a concordância da pesquisadora, o rapaz levantou a mão para detê-las.
— Antes disso, você pode me dizer algo primeiro? Você não pode entrar em contato com pessoas que podem ajudar vocês duas agora? Desde que chegamos aqui, eu não vi nenhum sinal de Vanessa-san entrando em contato com alguém... eu adivinhei de alguma forma, mas Vanessa-san, você é membro de uma organização estatal, não é? Por que você não faz um relato e solicita reforços de sua organização?
Essa foi a principal premissa necessária para que a conversa progredisse. Kosuke salvou as duas porque Vanessa quase foi morta e também porque Emily procurou ajuda. Como esperado, Kosuke não conseguiu traçar uma linha em relação a outras pessoas ao ponto em que ele podia fingir não ver alguém sendo morto diante de seus olhos.
Mas, ao mesmo tempo, ele também não podia continuar ajudando Emily e Vanessa e julgar Kimberly e seu grupo como maus sem entender a situação. Ele escolheu fugir com essas duas naquela cena, mas se Vanessa contatasse seus camaradas e organizasse uma força que pudesse se opor a Kimberly e seus homens, Kosuke planejava desaparecer.
Por esse motivo, antes de ouvir sobre os detalhes da circunstância, ele pediu a Vanessa para entrar em contato com seus companheiros, mas...
— Doutora Grant, vou falar sobre aquele assunto… sobre “Berserk”. Está tudo bem?
— … sim. De qualquer forma, passamos pelo estágio em que ele pode estar escondido. Eu não ligo.
— Ei, vocês. O que vocês estão fazendo me ignorando de forma tão natural? Basta entrar em contato com seus companheiros.
Vanessa perguntou a Emily (ignorando Kosuke) com um ar sério, Emily olhou para baixo enquanto concordava (também ignorando Kosuke) com uma voz que estava desaparecendo. Sua expressão estava coberta por uma sombra que era mais escura que a criada pela lâmpada velha da sala. A sombra de Kosuke estava ficando mais fina.
O rapaz, que até agora só via a figura de Emily perturbada, ou tremendo, ou louca de raiva, estava preocupado com o fato de uma garota estar coberta com essa sombra muito profunda. Mesmo assim, ele exigiu uma explicação de Vanessa: — Eeei, por que você não está contatando seus camaradas? Eeei, vamos lá, me responda!
— O começo desse assunto é o medicamento que é o subproduto criado durante o curso da pesquisa da Doutora Grant, "Berserk" chegando ao exterior.
— Eu não posso ouvir! Não consigo ouvir nada! Algo parecido com esse remédio com um nome chuuni, eu não sei de nada...
— "Berserk" é a raiz da palavra "berserker"3, o poderoso guerreiro de deus que se enfurecia no campo de batalha sem diferenciar inimigo ou aliado. Não se sabe quem o nomeou com essa palavra, mas é um nome bastante preciso. Afinal, "Berserk" é o pior remédio com o efeito da “Berserkerificação”. Assim como o nome indica, a vítima não pode voltar a ser um ser humano normal.
— ...
Além de Emily, que estava segurando os joelhos com uma expressão sombria, Kosuke também estava sentado com a mesma postura enquanto tapava os ouvidos e balançava a cabeça em negação. O som de Vanessa falando estava perfurando os ouvidos do rapaz, como se os sons estivessem sendo enfiados em sua cabeça à força.
— A Doutora Grant se tornou um alvo para as pessoas que buscam esse conhecimento. Este é um incidente sério que está relacionado com a segurança do país, então, para sua proteção, nós, o departamento de segurança nacional, agimos, mas... a traição de Kimberly aniquilou toda a equipe, exceto eu.
Talvez pensando em seus companheiros, Vanessa estreitou os olhos levemente enquanto adicionava mais palavras:
— No começo, eu pensei que era apenas a traição de Kimberly, mas... pensando bem, eu não consegui contatar os reforços. Essa é também a razão pela qual eu entrei em contato você na preparação para o pior cenário possível... de qualquer forma, essa situação é suficiente para me fazer pensar em uma "possibilidade" em relação ao quartel-general. Até que eu possa ter clareza sobre esse assunto, não posso entrar em contato com a sede.
— Aa, sim. Você meio que respondeu a minha pergunta. Mas, houve muitas coisas desnecessárias incluídas aí…
Kosuke estava revirando o conteúdo do que ouviu dentro de sua cabeça enquanto abaixava o olhar, e então o rapaz olhou para o teto.
À frente de seu olhar estava o teto manchado em vários pontos e a lâmpada elétrica que afastava a escuridão da noite. As manchas negras profundas que representavam má vontade e a escuridão da noite que tentava engolir a luz da esperança... era como se essas coisas estivessem representando a situação atual de Emily e Vanessa.
Ele acidentalmente veio a este país devido às instruções do demônio rei-sama, ele encontrou essas duas por acidente no café em que parou, ele acidentalmente precisava esperar a programação do avião e entrou por acidente no hotel onde essas duas estavam.
Que brincadeira do destino.
Embora estivesse sobrecarregado com o título desagradável do homem com a sombra mais fina do mundo, o mundo o descobria apenas nesse tipo de momento.
Mesmo assim...
— Já era tarde demais quando fui invocado para outro mundo, hein.
Sim, para o grupo do rei demônio que sobreviveu àquele mundo rigoroso, envolver-se com esse tipo de caso era com certeza uma situação sem retorno.
— ??? Sr. K?
— Qual o problema?
Vanessa e Emily inclinaram as cabeças, incapazes de entender o significado do sussurro de Kosuke.
Balançando a cabeça e dizendo: — Não foi nada. — enquanto sorria com ironia para as duas, pensando que era difícil para sua consciência fugir desse assunto sem ouvir a história delas, por enquanto, Kosuke decidiu prestar atenção à explicação.
Nota do Autor (Ryo Shirakome)
Muito obrigado por ler essa história.
Muito obrigado pelos pensamentos, opiniões e relatos sobre erros de ortografia e palavras omitidas.
Acima das estantes totalmente carregadas de light novels (área preenchida por tipo), café respingou…
As light novels foram tingidas de preto. O coração de Shirakome também está tingido de preto.
O mundo está sempre cheio de coisas que não deveriam ser assim...
Notas
[1] Modus operandi é uma expressão em latim que significa "modo de operação". Utilizada para designar uma maneira de agir, operar ou executar uma atividade seguindo geralmente os mesmos procedimentos. Tratando esses procedimentos como se fossem códigos. Em administração de empresas, modus operandi designa a maneira de realizar determinada tarefa segundo um padrão pré-estabelecido que dita a forma esperada de como proceder nos seus processos, rotinas etc. No caso dos assassinos em série, o mesmo modo é usado para matar as vítimas: este modo identifica o criminoso como o mesmo autor de vários outros crimes.
[2] Motoneta, motinha, ou scooter, também conhecido pelas marcas genéricas lambreta e vespa, é um veículo motorizado de duas rodas no qual o condutor condiciona suas pernas para a frente de seu tronco, sobre uma plataforma, em vez de para os lados, como ocorre nas motocicletas.
[3] Berserkir (plural para Berserker) foram guerreiros nórdicos ferozes, que estão relacionados a um culto específico ao deus Odin. Esses guerreiros entravam em tamanho estado de fúria em combate que dizia-se que suas peles podiam repelir armas. Alguns eruditos modernos sugerem que a fúria dos berserkir poderia ter sido induzida por consumo de álcool e um cogumelo de espécie amanita, que causa uma variação emocional imensa, dependendo da pessoa o efeito do cogumelo poderia causar efeitos contrários aos desejados, por exemplo, depressão ou até mesmo calma, por isso tais guerreiros eram tão escassos e admirados.