Arena Coreana

Tradução: Filipe

Revisão: Themis


Volume 2

Capítulo 78: Deixando o Ninho (2)

Acordei e pulei do sofá. Min-jeong, superando todas as dificuldades, conseguiu se equilibrar no assento, continuando a dormir perto de mim.

Me perguntei por que estávamos assim.

Ah.”

Lembrei que, na noite anterior, nós estávamos assistindo um filme na TV de 85 polegadas.

“Passamos nossa primeira noite na casa nova no sofá? E a cama king size?...”

Com facilidade, carreguei a Min-jeong para a cama. Tentei sair logo depois de deixá-la, mas ela me agarrou com os dois braços. Nossos lábios se tocaram e eu tirei a camisa dela com uma mão. Ela não pareceu gostar muito da última parte, já que se afastou um pouco, ainda sonolenta, pelo que percebi. Dei um beijo de leve nela, peguei o meu smartphone e saí do quarto.

O terraço de 60 metros quadrados era grande como um jardim. Enquanto caminhava por ele, fiz uma ligação.

— Deu tudo certo no seu exame?

A pessoa na linha era o Odin.

— Sim, eu terminei com segurança.

— Isso é bom, eu também. Não havia nada difícil, mas me pareceu uma calmaria antes da tempestade.

— Como assim?

— Você se lembra do Visconde Bastian?

— Claro.

— Me disseram para me preparar para uma guerra com ele. Isso foi no último exame.

— Guerra?

— Isso mesmo. Aquela vez, o exército que enviamos para te ajudar foi derrotado por eles. Não posso ignorar isso.

Tinha um sentimento de que a situação na Arena estava correndo de uma forma não natural naquele momento.

— Se isso for o exame, seria correto assumir que as divindades de Arena querem que o Visconde Bastian seja atacado?

— Esse é o meu palpite também. O exame foi como foi por causa disso, já que o objetivo seria montar um ataque contra o Visconde Bastian.

— Eu acho que tudo o que está acontecendo tem os elfos da Montanha Marrom como centro.

— Elfos? Por acaso, você está com os elfos?

— Sim.

— Que surpresa. É provável que além de você, não exista outra participante que possa entrar em contato com eles.

Dei uma explicação simples dos acontecimentos na Montanha Marrom para ele.

O Clã Prata dos licantropos a Leste da Montanha Marrom.

Visconde Bastian ao Norte.

No Sul, os repugnantes zumbis que se rastejavam pelo penhasco.

O sentimento de que os elfos seriam atacados por todos os lados não saía de mim.

— Se o Visconde Bastian fez um acordo com o Clã Prata, os humanos que tentaram sequestrar uma criança elfa nos últimos tempos poderiam ter ligação com ele.

— Hmmm… 

— Você sabe algo sobre algum mago de magia negra?

— Magia negra é uma das magias proibidas pelas nações anteriores. No começo, parece que era um campo para estudos sobre juventude eterna e imortalidade.

— E se as hordas zumbis que atacam os elfos, o Clã Prata, o Visconde Bastian e a magia negra estão todos ligados?

— Você quer dizer numa visão geral? Claro que se olharmos dessa forma, também podemos afirmar que a situação está sendo orquestrada por algum grupo que tem como alvo os elfos.

— Poderia esse grupo ser o objetivo final dos exames?

— Essa seria uma conclusão precipitada.

— Talvez.

— Não precisa dificultar as coisas para nós. No fim, tudo o que temos que fazer é completar os exames que nos foram dados.

Odin continuou.

— Eu vou acabar com o Visconde Bastian no próximo exame. No seu lado, você deve enfrentar os zumbis ou os licantropos.

— Sim, penso o mesmo.

— Então, destruindo dois dos três vai quebrar a aliança.

— Certo, eu só preciso completar o exame que eu receber.

— O exame deve nos falar qual caminho seguir.

— Sim.

Eu tinha uma opinião diferente nessa parte. Pensava que deveríamos antecipar o que os deuses queriam de nós. Por isso tive um crescimento tão explosivo: fiz exatamente isso.

— De qualquer forma, desejo tudo de bom para você no próximo exame.

— Para você também.

— E… 

— Pode falar.

— Ouvi que o Presidente Park Jin-seong teve uma recuperação completa.

— Sim.

— Qual o tempo de descanso que você recebeu desta vez?

— Foram 60 dias, ainda tenho 58.

— Posso lhe pedir uma coisa?

— Sua filha?

— Você é rápido para pegar as coisas.

Era algo óbvio, já que ele falou da recuperação do Presidente Park Jin-seong.

— Seria possível a minha filha ficar com você até o final do ano?

— Tudo bem, não teria problema algum.

— Obrigado. O quê você gostaria como compensação?

Pensei sobre isso com cuidado.

Primeiro, nem pensar em dinheiro, eu já tinha um monte.

Se possível, queria algo que fosse útil na Arena. Ele era um nobre lá, no final das contas.

— Soube que elfos estão sendo vendidos como escravos na Arena.

— Existem desgraçados que fazem isso. São sempre famílias nobres cheias de si, eles pensam que um escravo difícil de se capturar, como um elfo, serve para enaltecer o status deles. Eu acredito nos direitos humanos do nosso mundo, então esse tipo de coisa me faz vomitar.

— Seria muito difícil você juntar o máximo de escravos elfos que conseguir, comprar eles e enviá-los para onde estou?

— Escravos elfos?

— Sim. Com isso, a família Odin e os elfos da Montanha Marrom poderiam fazer uma aliança.

— Que ótima ideia! — Odin aceitou, exaltado. — Estou no meio das preparações para a guerra, então juntar escravos elfos não vai ser fácil. Mas se pudermos construir relações amigáveis com os elfos da Montanha Marrom, vale a tentativa.

— Então considere essa a minha compensação.

— Isso é tudo? Isso é algo vantajoso para mim.

— O bem é bom. Se fizermos isso e isso ajudarmos os elfos, essa será uma contribuição da minha parte também.

— Entendido. Vou fazer isso, você está construindo uma ponte com os elfos para mim.

— Ótimo.

— Eu avisarei você antes da chegada da minha filha.

A ligação terminou assim.

Voltei para o quarto e encontrei uma Min-jeong despida gesticulando para mim.

“Será que ela pensa que eu saí emburrado por ela ter se recusado mais cedo?”

Vendo ela assim, esqueci de todos os pensamentos mundanos.

“O bem é bom.”

Decidi fingir que estava emburrado pela rejeição de mais cedo.

 

***

 

O outro quarto vazio iria ser para visitas, como Min-jeong sugeriu. Compramos uma cama pequena e uma penteadeira, de modo que, não importava quem viesse: estaria confortável por alguns dias.

“Quando a filha de Odin vier, ela pode dormir ali.”

Enquanto víamos as coisas para o quarto, decidi arrumar o terraço também. Para o meu treino, peguei um saco de pancadas e um boneco de madeira para prática de artes marciais e montei eles do lado de fora.

Não tinha certeza se seriam de ajuda nos treinos mesmo, mas pensei que valia a tentativa. Eu tinha um monte de dinheiro, e o impulso para comprar foi grande. Pensei: “por que não comprar um boneco de artes marciais?”, e, por fim, acabei gostando mais disso do que havia pensado.

Como um novato nesse campo, eu não sabia como usar ele. Mas, assistindo vídeos de artistas marciais no Youtube, aos poucos, fui capaz de copiar os movimentos.

Com a “capacidade física” no nível intermediário 1, tive uma certa facilidade em replicar os movimentos dos vídeos. Logo, fui capaz de compreender as sequências e em pouco tempo já estava praticando como se fosse uma luta real.

Com uma arma em cada mão, praticava com o boneco de madeira, aplicando os golpes conforme avançava pelos “braços”, mirei as armas para o corpo do boneco.

Meus braços se moviam cada vez mais rápido. Com o “fortalecimento corporal” nível intermediário 5, meu corpo era como o aço, mesmo com os punhos flexionados não me machucaria com o ricochete dos disparos.

Devido a isso, enfrentei o boneco de madeira como se fosse meu oponente, usando livremente minhas armas para combate corpo a corpo.

“Só não sei se isso será efetivo mesmo em uma luta real.”

Por hora, não só fazia isso como forma de passar o tempo, mas também pratiquei chutes no saco de pancadas.

Avancei com tudo que tinha e pulei, tentando dar um chute triplo. No ar, girei o meu corpo e chutei. Com uma mão apoiando no chão, girei, chutando mais duas vezes seguidas.

Pratiquei esse movimento difícil como esse, porque, quando enfrentasse os zumbis no penhasco, eu aplicaria vários chutes enquanto segurando na encosta. Treinei para o caso de surgir uma situação em que eu não pudesse controlar o centro de gravidade do meu corpo enquanto chutava.

Oppa, venha comer!

Pude ouvir a voz de Min-jeong de dentro da cobertura. Só então parei minha prática e fui para a cozinha. Quando vi o banquete que estava na mesa, fiquei encantado.

— Você fez tudo isso?

Hehehe, é um dia especial, marinei isso ontem.

Costelinha de porco refogada.

Dei um beijo na bochecha dela e comi como um louco. Min-jeong me olhava toda feliz. Nesse momento, ela parecia como uma esposa.

Esses detalhes nos faziam parecer recém-casados.

Mesmo que o relacionamento tenha começado sem muita pretensão — mais pelo desejo —, quanto mais eu saia com ela, mais a via como uma mulher agradável.

“Se eu completar todos os exames, me casar não seria uma má ideia.”

Não tinha como saber como nossos sentimentos poderiam mudar mais adiante, não me atrevi a pensar muito nisso. Já que eu sabia que eu poderia morrer a qualquer momento nos exames, não podia fazer muitas promessas. Então, ainda não queria me incomodar com isso.

Ah, certo, Min-jeong.

— Sim, oppa.

— Eu vou ter uma hóspede estrangeira logo.

— Estrangeira?

— Sim, é a filha de um conhecido, eu disse que cuidaria dela até o fim do ano. Tudo bem?

— A filha de alguém… bem, quantos anos ela tem?

— Não tenho certeza, mas acho que é bem nova.

Ufa.

Min-jeong soltou um suspiro de alívio, hahaha.

— Então tudo bem. Mas não se ela tiver mais de 15.

— O que você quer dizer com maior que 15? Você não está me deixando com uma distância etária muito grande?

Min-jeong riu do meu desapontamento.

Alguns dias depois, recebi uma ligação de Odin.

— No horário daí, Isabella vai chegar às 8:40 da manhã.

— Isabella?

— Você pode chamar ela de Bella. Se você ver a criança loira mais bonita que existe, essa é a Bella.

Que mudança súbita. Essa docilidade toda me pegou de surpresa.

Na manhã seguinte, fui para o aeroporto de Incheon no horário que o Odin falou. Min-jeong insistiu em vir junto e ficar no banco do passageiro.

— Antes de eu ver ela com os meus próprios olhos, não posso dizer que ela não será uma rival.

— … não é como se todas as mulheres do mundo dessem em cima de mim.

Hmph! Você não está conversando com essa rapariga, né?

— Como eu já disse, não estou.

— Então me mostre seu smartphone.

— Pegue.

Desbloqueei o celular e entreguei para ela. Ela deslizou pelo histórico até que, de repente, começou a fazer alguma coisa.

— O quê você está fazendo?

— Não é nada.

— Você não está fazendo nada estranho?

— Não mesmo.

De repente, meu telefone vibrou.

Huh? Você tem uma ligação.

— Deixa eu ver.

Quem ligava era…. 

[Esposa Adorável]

— … 

Hehe, você não vai atender?

Ela havia digitado rápido aquela hora, e o resultado era esse. Atendi a ligação.

— Alô.

— Oi.

— Verdade que essa pessoa é a minha esposa?

— Hehehe, é sim.

— Essa é a pessoa que perambulava pelos clubes com a Hyun-ji, certo?

— Aw, qual é, já faz um bom tempo que parei com isso. Não é mais engraçado.

— É mesmo verdade? Não poderia a natureza de ir se divertir nos clubes, voltar de repente?

— Não tem como, meu marido é um pouco stalker.

— Que porcaria, isso deve ser cansativo para você.

— Ninguém discorda disso. Ele me incomoda tanto todas as noites, meu quadril anda doendo ultimamente.

— … 

— Não bastasse isso, do nada ele ficou muito melhor. Isso não é suspeito? Com que tipo de puta ele deve ter praticado?

“Isso, minha querida, é graças ao aumento no meu ‘fortalecimento corporal’. Quem poderia ter previsto que a melhora também atingiria este ‘departamento’.”

— Isso é porque… o seu marido é um gênio.

Com essa resposta, ela explodiu em gargalhadas, segurando a barriga enquanto se curvava de tanto rir.



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