Volume 2
Capítulo 77: Deixando o Ninho (1)
— Você percebeu alguma coisa diferente em mim?
Se quiser assustar um homem, faça essa pergunta. Ainda bem que a “coisa diferente” era bem perceptível.
— Você cortou o cabelo?
— Hehe, sim.
Min-jeong deu uma volta, ela — que tinha um cabelo longo e liso — agora ostentava um corte chanel tingido de castanho. Não sabia se era um permanente, ou o que poderia ser, mas com certeza estava bem bonita.
Fazia um ano que eu não a via, então não importava como, ela estava cativante.
— Por que mudou o seu corte de cabelo assim do nada? Você tomou um fora?
Ela sorriu.
— Vou me formar no colégio logo.
A graduação seria apenas no próximo ano, mas as aulas já haviam se encerrado há alguns dias. Ela estava falando sobre o final da sua vida colegial.
— Você vai se mudar assim que se graduar?
— Ainda estou procurando um lugar. Vou me mudar assim que conseguir um.
Pensei por um momento e falei: — Também estou pensando em me mudar. Quer ir para a mesma vizinhança?
— Sério?!
— Sim, já era hora mesmo. E eu também tenho dinheiro suficiente.
— Wow! Então nós vamos continuar juntos?
— Hehe, eu vou atrás de você, não importa onde estiver. Você não sabia que eu sou um pouco stalker?
— Eu não sei sobre o lance de stalker, mas você sem dúvida tem um pouco de marido pau mandado.
— Ugh, não posso negar isso.
— Hehehe.
Min-jeong colou ao meu lado. O cheiro do cabelo dela era tão bom… eu estava sentindo o seu aroma pela primeira vez em um ano. De repente, ela olhou para mim com a cabeça inclinada.
— Isso é estranho.
— O quê?
— Por que parece que nós não nos vemos a algum tempo?
— Ah, sério?
— Sim, parece que você é um namorado que foi para a guerra e essa é sua primeira folga.
Estremeci.
— O que em mim te faz pensar assim?
— Você estar tão emocionado?
— …
O sexto sentido era mesmo afiado, parecia sobrenatural. Assistimos a um filme e bebemos alguma coisa, enquanto conversávamos, na maior parte sobre o tipo de vizinhança para nos mudarmos.
Ela disse que a empresa que iria trabalhar ficava no Complexo Digital Gasan.
— Meu irmão mais velho disse que Bucheon é um bom bairro para se viver. Tem um monte de lojas, mercados e bons imóveis.
— Verdade? Então vamos pesquisar agora mesmo sobre Bucheon.
Baixei um aplicativo imobiliário no meu smartphone e verifiquei Bucheon. Min-jeong também estava pesquisando bastante.
Eu busquei por ordem do mais caro. No topo estava um apartamento em uma cobertura. O preço era de sete milhões de reais.
Talvez devido ao alto valor do condomínio, vi vários comentários sobre isso ser quase como um aluguel.
“Bem, eu estou cagando dinheiro.”
Condomínio alto ou não, isso não me importava. Vários quartos, dois banheiros e uma vista da cidade como se fosse uma tela plana.
Mais ainda: a área externa era de 60 metros quadrados. O terraço espaçoso era bem maneiro. Pela foto, era descrito como terraço, mas não era diferente de um jardim.
“É barato, eu deveria pegar esse.”
Não era assim barato na verdade, porém na minha conta na Suíça eu tinha mais de 150 milhões de reais.
— O que você está vendo?
De repente, Min-jeong olhou para a lista das casas que eu estava vendo e ficou em choque.
— Heek! Você vai comprar essa?
— Acho que sim.
— Não é muito caro?
— São apenas sete milhões.
— Apenas…
Ela olhou para as coberturas, uma a uma, com um estranho olhar no rosto.
— Legal, não?
— Estou com inveja! Como seria legal se eu pudesse morar num lugar assim!
— Entre nós dois, você pode vir quando quiser, a qualquer hora.
— Você quer dizer isso mesmo?
— Claro.
Para ser sincero, eu queria que fossemos morar juntos, mas resolvi começar com um “venha quando quiser”.
Se ela viesse bastante, ficaria mais tempo comigo que na pequena kitnet dela, e uma hora ou outra, seria natural para ela se mudar.
“He he he.”
Depois de ficar sozinho por 12 meses, minha mente havia seguido por caminhos traiçoeiros.
— Será que eu uso esse como meu quarto? Já que ele possui um banheiro e um closet.
— Sim! E esse quarto aqui poderia ser o seu escritório.
— Escritório? Eu na verdade não tenho nenhum trabalho.
— Mas você pode colocar seu computador, livros e fazer deste uma sala para todos os fins.
— Ah, isso parece legal.
— E o quarto restante pode ser para visitas! Um quarto para os convidados dormirem! Decorado como um quarto de hotel.
— Legal.
— Hehe, não é?
Os olhos de Mi-jeong brilhavam, e ela deu várias sugestões como se fosse a casa dela e, a cada sugestão dela, eu concordava e sorria.
“Tudo bem Min-jeong, essa casa é sua.”
— Ayyy, você deve estar tão feliz. Parece a casa dos ricos nos filmes. Veja esse terraço, que incrível!
— Você não acha que seria legal ter um cachorro dos grandes nele? Talvez um husky siberiano.
— Aw, isso seria demais.
A expressão dela parecia como se a qualquer momento fosse perder a respiração. Pensei que esse era o momento e soltei minhas palavras.
— Este quarto, eu posso fazer ele para visitas como você disse, aí você pode vir quando quiser e passar a noite nele, não?
A expressão dela mudou de repente.
— Quarto de visita? Você não querer que eu durma ao seu lado, mas vai me mandar para o quarto de visita?
— Huh? Uh, não.
— Humph…
“Ela está fingindo estar emburrada. É, ela está mesmo fingindo estar emburrada.”
Eu tinha que descobrir porque de repente ela fingia estar emburrada.
“O quê será?...”
Sem dúvidas, era uma encenação esperando por uma resposta.
“Hmmm, será que é isso?”
Eu dei para ela a melhor resposta que pensei, e testei ela.
— Eu pensei que seria muita pressão se eu pedisse para você morar comigo, então.
— Ah, oppa…
Agora ela fingiu estar surpresa e comovida. Coisa fofa.
— Mas, isso não é muito rápido para nós?
“... veja essa criança.”
Eu havia dado a resposta que ela queria e, ao invés de agarrar isso, ela continuou fingindo. Se ela fosse ser assim, as coisas mudavam um pouco.
— Você acha?
— Sim…
— É você está certa, acho que eu estava sendo um pouco egoísta. Desculpe por pressionar você.
— Uh, não, está tudo bem.
Ela tinha uma expressão de hesitação. Mas, se era isso que ela queria, decidi puxar um pouco mais.
O namorado tinha uma cobertura luxuosa, veríamos se ela conseguiria voltar para o seu apartamento simples.
Com a conversa de morarmos juntos terminando daquela maneira, o rosto da Min-jeong mostrava profundo arrependimento. Terminamos de beber e levantamos, quando ela disse: — Vamos para o meu apartamento hoje. Vou fazer algo para você comer.
Ela parecia bem animada.
— Certo, você vai preparar algo delicioso para mim?
— Eu vou fazer o que você mais gosta. Podemos pegar as coisas no caminho.
— Certo.
No caminho de volta, paramos em uma loja e pegamos algumas coisas, carne de porco, cenouras, cebolas, tudo isso entrou na cesta, Min-jeong parecia super determinada.
“Se aguente.”
Eu me sentia tão feliz. Voltamos para casa e ela ficou ocupada na cozinha, onde fez um delicioso ensopado de porco para mim.
“Quanto tempo faz que eu não como carne.”
Eu comi só o que os elfos forneceram por um ano, fiquei emocionado enquanto comia minha refeição. Esvaziei duas tigelas de arroz.
— Está satisfeito?
— Sim, estava uma delícia.
— Então, quer tomar um banho juntos?
— … Huh?
Min-jeong segurou a minha mão e seguimos para o banheiro.
Naquele dia, depois de ter usado a “timidez” na direção errada, ela cozinhou uma refeição generosa e depois fomos para a cama, o caminho completo para me deixar feliz. Nua, ela estava encolhida no meu abraço e sussurrou.
— Foi bom?
— Sim.
Nesse dia, foi como se eu tivesse ido para o céu.
— Hehehe, nós estando desse jeito, parece que somos casados, né?
“Eu entendi, pode parar de me importunar.”
— Vamos morar juntos, Min-jeong.
— Aw, isso de novo.
Como se fosse mania, tímida de novo. Esse é um costume ruim dela? Indecisa?
— Ahh, desculpa. Eu disse que não tocaria nesse assunto, mas lá fui eu de novo.
— Quê?
Min-jeong estava num dilema.
— Não vou tocar mais nesse assunto, me desculpe.
Então.
— Droga!
Em súbito ataque de raiva, ela beliscou minha coxa, eu gritei e depois gargalhei.
***
Primeiro, tomamos nossa decisão de morar juntos. Dinheiro não era um problema. Depois, reuni toda a minha família e avisei que estaria me mudando, todos concordaram.
Diferente do meu antigo eu desempregado, agora eu tinha um trabalho de verdade e me mudar na minha idade não era nada incomum.
— Você já tem um lugar?
Fiz que sim com a cabeça: — Tenho um lugar decente.
Claro, o tamanho da minha riqueza ainda era um segredo para a minha família, já que eles questionariam a origem do meu dinheiro. Diferente da estúpida Hyun-ji, minha mãe e irmã mais velha não iriam acreditar na minha história inventada.
Depois de comunicar minha família, fui direto no dia seguinte para Bucheon. Me encontrei com o agente imobiliário que havia contatado antes, e juntos fomos verificar a cobertura à venda.
— É legal.
O lugar era muito mais legal do que parecia nas fotos, a sensação de grandeza era nítida.
— Não há outro imóvel como esse por aí. Se tem dinheiro, essa é a casa que qualquer um gostaria de viver.
— Eu posso pagar em dinheiro. Tem como dar um desconto?
— Cara, mesmo agora já está bem barato…
— Então não consegue nada?
Com a minha pergunta, o agente imobiliário falou: — Hmmm, vou conversar com o proprietário e reduzir o que conseguir.
Informando que eu pagaria à vista em dinheiro, o proprietário aceitou reduzir para 6,9 milhões. Não era como se eu estivesse sendo mesquinho, mas, se pudesse pagar menos, eu pagaria menos.
Assinei os papéis, fiz a transferência do valor e a cobertura se tornou minha.
— Você pode me achar uma boa kitnet também?
— Por quê uma kitnet?
— Para usar para várias coisas.
Se a minha mãe ou a minha irmã mais velha viessem visitar, ou os pais da Min-jeong aparecessem, ou em um possível término com a Min-jeong. Todas essas situações eu poderia fazer uso desse apartamento.
Na cobertura, equipamentos como geladeira, fogão a gás, fogão elétrico, forno e máquina de lavar louça estavam incluídos, porém, fora isso, estava completamente vazio.
Tendo comprado com pressa em um dia, eu não sentia como se aquela fosse a minha casa. Balancei a cabeça e murmurei: — Devo comprar uma cama antes?
Pensei em pegar uma cama king size. Usando a agenda do celular, eu fiz uma lista de coisas que precisava comprar
“Cama, escrivaninha, computador, TV, mesa, sofá. O quê mais?”
Salvei a nota e enviei para a Min-jeong. Logo ela já respondeu.
[Yoo Min-jeong^^: utensílios de cozinha, talheres, coisas para o banheiro, coisas para o banho, estante, ah e você tem um armário?]
[Eu: Sim, cada quarto tem um closet instalado]
[Yoo Min-jeong^^: Não podemos escolher os móveis juntos?]
[Eu: Por que não? Vamos morar juntos nessa casa mesmo]
[Yoo Min-jeong^^: Auwn ❤]
E, assim, eu me tornei independente.
***
No dia seguinte, fui ao shopping com a Min-jeong, andamos pelas lojas e pegamos alguns móveis. Uma cama king size, uma mesa de escritório de design moderno, mesa de jantar, sofá, dentre outras coisas.
Peguei uma penteadeira para a Min-jeong, e, pensando nisso, também precisava de alguma coisa para arrumar o meu cabelo, passar coisas na cara e tudo mais.
— Ahhhh, estou tão feliz!
Min-jeong estava extasiada gastando todo aquele dinheiro. Poder comprar o que quiser, sem se preocupar com dinheiro… isso era muito bom.
Na área de eletrônicos, decidimos pegar uma TV de 85 polegadas.
— Assistir novelas nessa TV será como estar no cinema.
— Um cinema…
“Seria bom ter um som de qualidade”, pensei enquanto ponderava sobre qual sistema de áudio escolher.
Eu não era doido por um computador, mas comprei o mais completo que achei. O grande perigo das compras impulsivas!
Compramos tudo que precisávamos em um dia.
— Acho que somos loucos.
A empolgação ainda era visível no rosto corado de Min-jeong.
— Bem, são todas coisas que vamos precisar mesmo.
A diferença era que tudo era caro.
Em casa, aguardamos a chegada dos itens que havíamos comprado. Cada vez que os entregadores traziam algo, mais ali começava a se parecer com um lugar para se viver.
— Uau! Eu preciso tirar uma foto disso!
A gigantesca TV e o sistema de som estavam sendo instalados. Vendo isso na sala de estar, Min-jeong tirou uma selfie, não aguentando se segurar.
— Peraí, você não vai mandar essa foto para a Hyun-ji, né?
— Ah, certo, não vou mandar.
“Não posso relaxar.”
Hyun-ji sabia que eu tinha bastante dinheiro. Também entendeu quando fomos para a Europa, mas ela não sabia o quão rico eu era. Se ela descobrisse o tanto que tinha na minha conta bancária, não dava para imaginar o quão grudenta ela ficaria.