Volume 2

Capítulo 91: Uma Nova Missão

Kisnar segue Leafar abordando-o:

– Espere, e nós?

Leafar continua andando e responde:

– Nós? Foi o que eu disse, se vir comigo seguirá ordens, se quiser duelar você sabe onde é a sala de armas, me avise quando estiver preparado.

Kisnar para desconfiado enquanto Leafar se afasta, Kisnar olha para a sacada, depois para o céu e para o horizonte e diz para si mesmo:

– Que ponto eu cheguei, de líder para auxiliar... Apesar de que, se ele dominar o Império e os outros reinos ao redor ele precisará de líderes, novos reis, os mais próximos são sempre os promovidos... “Um grande tornar os pequenos grande”, agora eu entendi... Interessante, e muito útil.

Primus-Mixti foi muito judiado e torturado pelo Império tendo pequenas partes de seu corpo retiradas para experiências, como dentes, escamas, pelos, couro e sangue, desde que foi libertado Leafar o colocou em um lugar isolado, confortável e seguro, lá ele foi alimentado e medicado, quando Primus estava melhor Leafar foi falar com ele.

– Muitos o tratam como um animal, mas sei que você entende as coisas... Conheço sua história e posso te ajudar a ter sua forma comum, apesar que admiro muito essa nova forma.

Primus demostra desinteresse e fica desanimado, tudo muda quando ele ouve a frase seguinte de Leafar:

– Um menino de verdade, é isso o que você quer ser?

Primus se levanta e fica agitado, ameaçando até atacar Leafar.

– Calma, acalme-se, se fizer tudo que eu te disser você verá sua irmã novamente.

Primus para e observa Leafar, ele o rodeia, cheira suas vestes e senta-se à sua frente com um olhar triste. Leafar fica admirado com a beleza dos olhos de Primus e continua a falar:

– Você tem belos olhos... Com a queda do Império sua irmã será recuperada e vocês dois poderão ficar juntos de novo.

Leafar olha o ânimo de Primus e coloca sua mão na cabeça dele.

– Com suas habilidades você consegue sentir que eu estou falando a verdade, não?

Primus concorda com a cabeça fazendo Leafar sorrir, com magia Leafar abençoa Primus, por alguns instantes Leafar sente uma grande dor, transferindo todo sofrimento de Primus para si, assim aliviando o corpo, a mente e até a alma de Primus.

– Alguém como você não merece ter esse peso.

Primus demostra estar mais dócil e amigável, ele sente uma conexão boa com Leafar demostrando fidelidade e felicidade.

– Vejo que alguém gostou da notícia, confiança é tudo, eu sei que muitos já mentiram para você e a inocência da criança ainda reina dentro de você dando esperanças, mas desta vez ela está certa... Me permita tentar algo, se não gostar eu consigo reverter.

Leafar se afasta e carrega uma quantidade grande de energia, ele sorri e joga essa energia em Primus, ele se contorce e muda de forma, toma uma forma humanoide...

 

...de estatura baixa, parecendo um adolescente, mas com as características da nova raça e mais algumas evoluções como sua pele peculiar, uma mistura de couro, escama e alguns pelos, tudo com um tom cinza, azul-escuro e preto, coberto por uma gosma fina e incolor, seus olhos continuam um verde e o outro azul, as são unhas grossas, caninos grandes, porte físico atlético demostrando ser bom em corrida, escalada e até em contorcionismo, ele anda como um quadrupede se acostumando a andar às vezes como um humanoide bípede, Primus admira sua nova forma e concorda com a cabeça.

 

Isso deixa Leafar satisfeito que diz:

– Ótimo, bom que gostou, você ainda pode assumir a forma dos outros grandes animais como antes, mas assim você fica um pouco “humanizado”, se isso é possível.

Primus suja Leafar com a gosma abraçando-o, demostrando aceitar a proposta de ajudá-lo, Leafar fica alegre, cheira a gosma e comenta:

– Espero que isso não seja perigoso.

Leafar retribui o abraço e diz:

– Você deve estar com fome, algumas carnes estão sendo servidas, você consegue sentir o cheiro, é só seguir e se alimentar.

Primus corre, mas antes de sair da sala ele para e olha desconfiado encarando Leafar que sorri e diz:

– Não se preocupe, desde que tomei este lugar eu avisei que todos estão em trégua, mesmo se verem um demônio eles não atacarão, você não será perturbado, pode ir.

Primus dá um sorriso estranho, como de um sádico louco e corre rugindo atrás de comida, Leafar tenta se limpar da gosma e diz:

– Já vi demônios menos assustadores que ele, mas ele não precisa saber disso.

Ao passar pela porta Leafar para no corredor e diz olhando para o nada:

– Não preciso de magia para saber que você está aí.

Leafar fica sem resposta e ele diz olhando para um canto:

– Me seguiu o dia todo, precisa de algo Ynis Mon?

Através de magia Ynis sai dos tijolos da parede perto de Leafar.

 

Ynis é um homem negro, careca, idade entre sessenta e setenta anos, estatura média, porte físico normal, olhos escuros, barba longa com tranças amarradas com folhas, sua roupa é simples como a de um pobre aldeão, ele está usando um bumerangue, trincado, branco, feito de osso de um grande animal e com algumas gravuras.

 

Ele parece bem humorado e diz:

– Poderia ter me contado que sabia que eu estava te seguindo antes, me pouparia energia.

– Queria ver em qual momento você me abordaria.

– Não teve medo que eu o atacasse?

– Não, você é pacífico, pelo menos a maior parte do tempo.

Ynis ri e continua:

– Você é um homem muito estranho.

– Sério? Você é o primeiro a me dizer isso.

– Não brinque... Você tem grandes poderes, mas demostra muita humildade, aparência jovem, mas com uma sabedoria milenar.

– Estou surpreso e ainda dizem que eu que sou um homem ardiloso... Por que tanta simpatia? até parece que nos conhecemos há anos.

– Sou um Mestre Arbol, tenho muito contato com a natureza e consigo ver o veneno mortal por trás de um bicho bonito e o coração amoroso de um animal monstruoso.

Leafar ri e comenta:

– Fiquei curioso, eu me encaixo em qual das referências?

– As duas talvez... mas ainda estou averiguando.

Ynis pega nas mãos de Leafar e diz alegre:

– Obrigado... Eu agradeço o bem que está fazendo por Arbidabliu.

– Arbidabliu?

– Eu poderia agradecer por me salvar, mas sei que isto é um pequeno ato do grande plano, eu agradeço porque a partir daqui muitos o olharão como um vilão, como você mesmo disse, eu sou pacífico, mas estamos em uma época em que precisamos usar as armas dos nossos inimigos se quisermos vencer.

– Posso roubar isso para eu usar no meu discurso?

Ynis ri e continua:

– Só de você interferir aqui já salvou vários e já atrapalhou muitos planos ruins que causariam um caos no mundo.

– Vejo que é um homem de mente aberta Ynis.

– Tenho que ser... Mas te peço que me liberte, minha cultura e meus valores não vão me deixar fazer o que você e muitos outros aqui estão prontos para fazer.

– Eu entendo, faremos um trato, me ajudará em uma parte do meu plano e depois estará livre para seguir sua vida.

– Feito! Agradeço novamente e espero que não fiquemos em lados opostos no futuro, sinto que a guerra não acabará no Império de Cristal.

– Também espero que não... Você está certo, a queda do Império vai desencadear algo maior e se tudo der certo, eu estarei à frente de tudo.

Leafar sai e Ynis diz antes de perdê-lo de vista:

– Veneno mortal em um animal monstruoso... Uma raridade a ser temida.

Jajesado está em uma área grande onde era antes uma biblioteca no templo, mas depois do domínio do Império virou uma área de treinamento.

 

Jajesado é um homem Dionamuh-S, idade aparente de vinte e cinco a trinta anos, estatura baixa, cabelo liso, preto e curto, porte físico forte, olhos puxados e brancos, ele está sério e parece estar bravo.

 

Ele está lutando de mãos limpas com vários homens armados, Leafar entra no local e vê vários caídos e machucados. Jajesado luta contra três homens, os três estão armados com espadas e os três são desarmados um a um, ele os joga longe com uma sequência de golpes diferentes em cada um, Leafar se aproxima e diz admirado com as habilidades do lutador:

– Já treinando?

– Não! Esses fracos me insultaram.

– Acredito que isso não vai acontecer de novo.

– Não!

– Deixa eu adivinhar, por ter olhos diferentes e estatura baixa foi julgado como “inútil”?

– Não! Aberração...

– Alguns aqui tem maus costumes do Império, ignorância é um forte deles.

– Você é o homem que nos libertou.

– Sim sou eu.

– Finalmente vou saber o que você quer com essa jogada?

– Claro...

– Então suba aqui!

Leafar não havia reparado no tapete grande de palha entrelaçada feito para os treinos, ele olha para cada canto do tapete, olha pra Jajesado, tira seu calçado e entra na área de treinamento a uma pequena distância de Jajesado.

– Qual o intuito disso?

Jajesado ataca Leafar com uma sequência rápida de socos, Leafar fica recuado se defendendo da sequência com seus braços e palmas das mãos, alguns ele esquiva, Jajesado se afasta e olha Leafar dos pés a cabeça e volta a atacar com uma sequência diferente incluindo golpes com a parte inferior de seu corpo.

Leafar novamente se defende e se esquiva dos golpes, Jajesado consegue empurrá-lo e diz olhando-o novamente de cima a baixo:

– Viveu um bom tempo nas ilhas do Antigo Mundo... Posso dizer que não só viveu, como treinou por lá, ou mestreou.

Leafar estranha o comentário e antes de responder Jajesado o ataca envolvendo seus punhos com fogo, Leafar se esquiva dos primeiros movimentos, Jajesado é envolvido em chamas e com uma investida joga todas as chamas em Leafar.

As chamas ficam azuis quando passam para Leafar, mas sem causar dano a ele ou em suas roupas, o fogo apaga e Jajesado diz:

– Um Praeteritum, achei que não existiam mais.

Leafar fica surpreso:

– Você consegue identificar os golpes da luta, isso é incrível... Esse conhecimento é devido suas habilidades de luta ou por ser um Dionamuh-S?

– Os dois.

Jajesado faz uma pose de luta meio agachado, seu peso e sua força dobram fazendo um tremor ao redor e diz:

– E você? Com certeza existem mais coisas a serem descobertas.

Jajesado dá várias investidas rápidas e poderosas em Leafar causando um tremor maior ao redor, cada uma com um golpe principal, soco, corpo, perna, joelhada, voadora e até cabeçada, Leafar se defende de todas e em todas elas ele joga Jajesado para trás, no final Jajesado sorri e diz:

– Nenhum humano é capaz de se defender das minhas investidas e permanecer no mesmo lugar.

Jajesado volta a atacar Leafar com golpes normais e vai evoluindo e fortalecendo os golpes aos poucos, cada vez que Leafar demostra suas habilidades Jajesado deduz dizendo:

– Não é humano! Reilum-S não conseguem ser um Praeteritum... Pode ser um Dionamuh-S? Um demônio se enquadra nesse nível de poder... ou ... Um Electi.

– Basta!

Leafar conjura uma grande onda de energia que empurra Jajesado para trás perto de uma mesa com armas, Jajesado pega uma a uma e atira em uma grande velocidade, algumas são direcionadas para alguns homens que assistem, Leafar calmamente levanta a palma da mão e diz:

– Já é o bastante.

Todas as armas param no ar sem atingir alvo algum e são colocadas no canto, Jajesado se aproxima e pergunta:

– Poderei bater em qualquer um do Império?

– Qualquer um que seja capacho de Xarles pode ser seu capacho também.

– Ótimo! Vou com você.

Jajesado sai e Leafar ainda admira a luta entre os dois.

– Jajesado Jachin... Em outra época talvez...

Um grupo de vândalos se aproxima de Leafar, eles são a maioria pouco higiênicos, nada vaidosos, de linguajar grosseiro, sem educação ou cultura, um grupo pequeno e único dentro das pessoas libertadas do templo.

– Você? É você que manda aqui?

– Eu não diria “mandar”, mas o que vocês precisam?

– Eu falo por eles, passei pelo Grande Continente recrutando homens para me unir ao Império, mas fui rejeitado, agora quero me vingar.

– Rejeitado? Qual o seu nome?

– Fernand.

Leafar olha para todos e vê que nenhum tem habilidades ou grandes poderes.

– Por que vocês foram presos?

– Porque somos maus, matamos, roubamos, estrupamos e destruímos tudo e todos a nossa frente.

– Interessante... Onde foi seu último ataque?

– Atacamos em Coniuro, mas de lá fomos para o Império e fomos pegos.

– Atacaram Coniuro?

– Não “Em Coniuro”.

– Entendi... Coniuro é realmente um lugar perigoso e com uma grande defesa.

Ninguém nota o sarcasmo de Leafar, ele fica desanimado com o grupo e pensa alto:

– Ato libidinoso...

– Ato o que?

– Não, nada, vocês abusam de suas vítimas?

– Vítimas mulheres é claro, não somos os nojentos de Pando que pegam outros caras, já as fêmeas podem ser feias ou bonitas, não ligamos, o bom é que as feias ganham um presente bom antes de morrer.

Os olhos de Leafar ficam vermelhos por um pequeno momento, mas ele se controla sem que percebam sua insatisfação e desgosto pelos comentários de Fernand e questiona com calma:

– Então vocês matam suas vítimas depois de usarem elas?

– Sim, sem deixar rastros.

Leafar fica com raiva, mas consegue disfarçá-la se aproximando como se fosse amigo íntimo de Fernand colocando seu braço por volta dos ombros dele.

– Vocês vão me ajudar muito! Muitos usam a linha de frente de forma errada, eu não! Eu coloco os melhores na linha de frente para intimidar e desmoralizar o inimigo.

– Sério?

– Sim, me faça um favor, ache outros assim como vocês e forme um grupo imbatível, um grupo de elite digno de assumir o Império, venham e treinem aqui para destruir nossos inimigos no dia da batalha.

– Mas teremos recompensa?

– Claro, o que vocês quiserem, afinal vocês merecem, são a força de elite.

– Perfeito, você sabe comandar mesmo.

– Obrigado, eu diria que é um dom.

– Vamos querer ouro e várias mulher para nos divertir.

– Só as melhores e o melhor, vocês com certeza terão o que merecem... Vá e reúna mais como vocês, eu preciso me retirar agora, depois nos falamos.

– Certo líder! Pode deixar.

Saindo do local Leafar comenta para si mesmo:

– Nojentos. Vocês terão o que merecem na linha de frente da batalha... Corja!



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