Volume 2

Capítulo 89: Irmandade Brow

Leafar diz antes de ser atingido pela magia de fogo:

Hipertermófilo!

O fogo passa por Leafar queimando tudo em volta até os tentáculos, o fogo danifica um pouco de sua roupa, mas não o fere, o mago elemental faz seu cajado emanar calor até que se envolva em chamas, Leafar anda em direção ao mago que o ataca conjurando várias bolas de fogo do cajado, Leafar respira fundo e anda calmamente até o mago, as bolas de fogo apagam antes de acertar Leafar deixando o mago elemental confuso.

– O que é isso?

Leafar chega até o mago e pega no cajado em chamas, o fogo apaga e o cajado vira pó, o mago se envolve em fogo e explode destruindo e comprometendo a estrutura do corredor, até a porta atrás dele que dá acesso ao cômodo de Nilber é destruída, depois da explosão Leafar ainda está no mesmo lugar como se nada tivesse acontecido, ele entra na sala comentando:

– Fidelidade ao nível de se sacrificar, admirável, mas pouco eficaz.

Leafar entra onde ficava um antigo Electi, um enorme salão com vários metros de largura e comprimento, o salão é branco com vários símbolos no chão, uma abertura no teto com formato de um círculo no centro permite a entrada da luz das luas no céu, vidraças quebradas nas extremidades, a sala está repleta de flâmulas, mapas e símbolos relacionados ao Império de Cristal, algumas cadeiras, baús, mesas e três tronos de pedra com uma mesa na frente e atrás dos tronos um armorial com algumas armas do Antigo Mundo.

Nilber está sentado no trono direito, ele está usando roupas leves marrom e verde, em sua mão ele empunha uma espada de lâminas curva, longa, de um fio e negra que emana uma vibração estranha, Leafar olha e diz admirado por ser uma arma Zordrak:

– Essas armas me perseguem.

Nilber levanta e comenta:

– Eu sabia que meu irmão não saberia fazer uma barreira mágica.

– Aquela antes de se chegar na floresta? Se isso ajuda, ela estava bem forte.

– Não o suficiente.

– Nunca é o suficiente.

– Podemos fazer uma luta justa.

– Justa?

– Sim, você ter poderes mágicos, e eu não.

– Cada um usa o que tem... Não é assim que vocês do Império usam... Seus prisioneiros não tiveram lutas “justas” assim, ou tiveram?

– Isso não é relevante.

– Sim, é mais do que você imagina.

– Entendi... Mas você tem boas habilidades de luta sem precisar usar magia. Se vou morrer, por que não em uma luta só entre armas?

– Interessante, já que isso é tão importante para você, faremos.

Nilber anda até Leafar que cria uma arma diferente para lutar, Nilber acha estranho e ri.

– Um leque? Arma de mulher?

– É um “Tessen”, todos do Império são “assim”, como você?

– Infelizmente não.

– Bom... Não se preocupe, usarei esse “leque” tão bem quanto uma mulher.

– Achei que você usaria uma arma mais forte.

– Uma arma “de mulher” é bem forte, você vai ver.

Tessen é um leque com tecido duro com lâminas parecendo um punhal quando fechado, o de Leafar tem o desenho de um elmo de um guerreiro caos com dez chifres e com os dois olhos brancos brilhando dentro do elmo.

Leafar e Nilber fazem suas poses de luta no estilo do Antigo Mundo lembrando formas de animais, Nilber inicia a luta atacando Leafar com força e calma, ele está mais atento e não subestima mais Leafar, seus golpes são aparados com o tessen fechado, Leafar ataca algumas vezes, mas Nilber se esquiva, Leafar dificulta a luta abrindo o tessen algumas vezes chegando a fazer pequenos cortes em Nilber deixando-o preocupado.

Nilber intercala golpes com a espada com golpes físicos de luta, Leafar se iguala revidando a altura, além de surpreender com golpes com o tessen fechado e as vezes aberto, Nilber revela o poder de sua espada e destrói a arma de Leafar, mas é jogado para trás por uma voadora com quatro chutes que Leafar dá ainda no ar.

Leafar olha para a espada de Nilber e identifica:

– Seppuku! Eu já ouvi falar dessa espada.

Nilber volta atacar Leafar que cria outro tessen para se defender, mesmo demostrando mais habilidade Nilber consegue destruir a arma de Leafar de novo e o faz recuar, Leafar faz duas tessen e reverte a situação, as duas armas junto com as habilidades dele os dão vantagem, impossibilitando que Nilber volte a quebrar sua arma.

Nilber demostra fadigar, mas entra em fúria, ele escolhe levar um golpe profundo para acertar suas investidas, Leafar perde um tessen e com o outro ele consegue se defender fazendo a lâmina da espada de Nilber passar entre o tessen aberto.

Leafar fecha o tessen e desarma Nilber jogando Seppuku longe, Nilber chega a bater em Leafar e o joga para trás enquanto corre para pegar sua espada, ao pegá-la Leafar diz em voz alta:

– “...A Espada era Lei!...”

Seppuku fica pesada e crava metade da lâmina no chão, Nilber tenta tirá-la, mas não consegue, ele corre para pegar outra arma do armorial, uma kusarigama, uma foice com um cabo pequeno com uma longa corrente presa no cabo e um peso com espinhos de metal na outra extremidade da corrente.

Ao pegá-la Nilber já a usa atacando Leafar, Nilber tem vantagem pela distância, mas Leafar logo reverte a situação rebatendo o peso espinhoso de volta para Nilber, Leafar se aproxima e o fere fazendo mais cortes em seu corpo deixando-o indignado.

– Impossível, você não pode estragar nossos planos.

Nilber mostra um amuleto por baixo de sua roupa e usa um poder contido nele, o salão é tomado por trevas, fica totalmente escuro e com uma aura mortal como um veneno forte e corrosivo, móveis começam a ser corroídos e destruídos aos poucos, Nilber está protegido, mas é jogado no trono de pedra e ouve de Leafar falar:

– Planos dos irmãos Brow? De tomar o Império ou parte dele para si? Vocês são patéticos, não enxergam algo a frente de vocês.

– Maldito, como ainda está vivo?

Leafar ri e comenta:

– Olá minha velha amiga “escuridão”, faz tempo que não nos falamos.

Som de trovão é ouvido junto com raios, cortes e destruição, Leafar aproveita a magia usada e a expande para outros lugares do templo para matar os homens do Império, em segundos as trevas desaparecem e Nilber é revelado,

Ele está com grandes ferimentos e sem energia sentado de mau jeito no trono do meio, a sua frente esta Leafar desarmado sem ferimentos da magia usada, ele se aproxima e diz:

– Deixa eu adivinhar, essa é uma magia que seu irmão fez para protegê-lo?

Nilber diz cuspindo, mas não acerta Leafar.

– Idiota!

Leafar olha a destruição que a magia fez ao local e comenta:

– Tantos itens bons e caros, tudo desperdiçado, enfim, vamos acabar logo com isso, graças à essa magia consigo saber onde está Questtis agora, vocês fizeram várias passagens secretas para o subterrâneo.

– Como sabe que ninguém saiu e chamou ajuda?

– Você faltou à muitas aulas de magia, não? O templo está protegido e ninguém sai sem minha permissão, mesmo pelo subterrâneo, essa magia se liga a estrutura toda, até essas alas novas... Falando nisso, queria saber algo de você, descobri um lugar “estranho” aqui.

Nilber ri com a boca cheia de sangue e diz:

– Nosso lugar de diversão?

Leafar demostra nojo e ódio dando prazer a Nilber que ri alto mesmo sentir dor:

– Finalmente algo que o atinge, não gostou da nossa ala de “prazer”?

– Podre!

Leafar faz um movimento com sua mão como se estivesse esmagando algo, o corpo de Nilber levita e ele sente partes de seu corpo sendo esmagado, Nilber demostra grande dor e Leafar questiona:

– Como isso surgiu?

– Você é tão poderoso, por que não lê minha mente e vê você mesmo, ou tem medo de ver as barbaridades que nós fazemos?

– “Nós”?

– Sim, Xarles mostrou para seus mais próximos o prazer sobre essas criaturas inferiores.

– Inferiores?

– Sim, mulheres, homens amantes de homens, mulheres que se deitam com mulheres, crianças retardadas...

Leafar interrompe Nilber cortando sua cabeça manipulando Seppuku com magia, a cabeça dele rola sujando tudo de sangue e Leafar diz chateado:

– Não imaginava que o Império tinha chegado a esse nível de desgraça... Pessoas imundas criaram um lugar mais imundo que eles... mas isso acaba hoje.

Leafar suspira fundo, pega Seppuku, limpa ela em um pano e vira um vulto fumacento e em grande velocidade desce vários andares até chegar a uma ala especial, que tem uma barreira mágica que o impossibilita ouvir que está acontecendo de fora para dentro e dentro para fora.

Leafar volta ao normal ao entrar em um corredor largo com várias celas feitas com cristais corrompidos mais fortificados e encantados, ao fundo do corredor Leafar vê Questtis sentado em uma mesa cheia de documentos e pergaminhos que diz sério:

– Senti alguém passando pela barreira, como chegou aqui?

– Achei que estivesse falando da barreira do templo, não a daqui... Entendi, a barreira daqui impossibilita de você saber o que há lá em cima e vise versa, uma grande vantagem, mas hoje foi um erro fatal.

Questtis vê Seppuku na mão de Leafar e deduz o que aconteceu com seu irmão, ele olha atentamente para Leafar e o reconhece:

– Eu sei quem você é.

– Fico lisonjeado, porque nunca ninguém sabe quem eu sou.

Questtis coloca seu chapéu, pega seu cajado e dá alguns passos em direção de Leafar.

– Será que um homem tão temido, sentirá medo?

Questtis é envolvido por uma energia poderosa e diz em voz alta enquanto aponta seu cajado de forma agressiva:

Medo!

Leafar sente como se seu corpo trincasse como vidro além de sentir um frio na espinha, Seppuku cai no chão, os olhos dele ficam embranquecidos, suas ficam mãos trêmulas, ele cambaleia um pouco como se estivesse prestes a desmaiar.

Questtis olha tudo e ri por alguns segundos até que Leafar se recompõem e ri alto com uma grande gargalhada desmoralizando Questtis que fica surpreso.

– Como?

Leafar volta ao estado normal e diz com ironia para Questtis:

– E aquele que impõe o medo? Sentirá o pior deles?

Questtis tenta fazer algo, mas Leafar diz apontando a mão aberta para o oponente:

– “A Soma de Todos os Medos”!

Questtis sente como se o universo ao seu redor trincasse e estourasse em milhares de pedaços, sua energia é zerada, ele sente uma dor intensa sem poder gritar ou se defender, seus olhos perdem a coloração, sua pele fica pálida e sua mente é destruída, antes que sua alma deixe o corpo Questtis se ajoelha e antes de cair no chão Leafar se move com magia para sua frente, segura sua cabeça e diz:

– Você deveria saber que quanto mais você abre caminho para essa magia, mais forte ela será contra você.

Os olhos de Leafar ficam azul forte e ele entra na mente de Questtis adquirindo informações sobre sua vida em alguns minutos, antes de terminar Leafar é lançado longe por uma magia de um mago que chega no lugar, Questtis cai morto e Leafar perde a conexão dizendo:

– Minha mente está cansada, é claro que chegaria alguém para me atrapalhar.

O mago energiza-se formando um buraco negro e Leafar ri vendo o acúmulo de poder.

– Esse já começa com tudo, gostei.

Leafar usando magia puxa o cajado de Questtis para sua mão direita e Seppuku para mão esquerda e inicia a conjuração de um buraco branco, o mago cai exausto deixando Leafar desanimado.

– Usou mais energia que imaginou... Que pena, mas sei como você se sente.

A pequena energia criada pelo mago consome parte de seu corpo e desaparece, Leafar abaixa a guarda e comenta:

– Ele deve ser parente daquela caçadora azarada.

Leafar se recompõe e anda pelo corredor vendo cela por cela e diz para os prisioneiros dentro delas.

– Pelo que vi na mente de Questtis, vocês iriam ser usados para testes, seriam os clones dos “melhores”, para formar um exército controlados por eles e sem medo de “perdas”... Me arrisco a dizer que isso já está sendo usado, Questtis não deve saber de tudo que o Império faz... Isso é de se preocupar... mas, vamos lá...

O cajado de Questtis se desfaz deixando Leafar desanimado.

– Maldito seja! Por que logo eu não posso usar cajado, esse durou bem menos que os outros que já tentei usar, enfim...

Leafar olha cela por cela, os presos estão sob o efeito do “medo” que Questtis lançara, também com fome e desnutridos, Leafar sente o moral baixo e a pouca energia de cada um, que estavam sendo mantidos vivos o suficiente para só usá-los.

– Triste...

Leafar fica no meio do corredor e energiza suas mãos, ele olha para os presos e sente que mesmo parecendo confusos eles conseguem entender, ver e ouvir o que está acontecendo e o que aconteceu com eles.

– Podem me ouvir, não? Não tenham medo, esse efeito não está mais sendo mantido, vocês se sentirão bem em breve.

Todos ficam surpresos por verem Leafar destruir os cristais corruptos outrora sendo chamados de cristais indestrutíveis, Leafar diz o nome dos prisioneiros a cada cela destruída:

– Como um “favor” eu peço que me respondam uma só pergunta que eu tenho para cada um de vocês... Amanda Mahlock... Chris... Kisnar Alois... Primus-Mixti... Samuk Tono... Sokushin Butsu... Ynis Mon... Jajesado Jachin... e Fainaru Takutikusu, vocês têm planos depois daqui?

 

 

NOTA: Alguns desses personagens já apareceram, no caso, foram até bem destacados anteriormente:

Amanda Mahlock – “Milite e a Donzela de Ferro” no capítulo 29

Chris – “Baron e o Domínio das Feras” no capítulo 27

Kisnar Alois – “Regem, a Cidade Fortificada” no capítulo 36

Primus-Mixti – “Citizen e a Nova Raça” no capítulo 33

Samuk Tono – “Ducem em Ruínas” no capítulo 31

Sokushin Butsu – “Prince e o Exército sem Alma” no capítulo 39



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