Volume 2
Capítulo 83: Doug Hyacin
– Ian Nai...
Todos ficam surpresos chamando a atenção de Ellen que questiona o grupo:
– Vocês já o viram?
– Sim, vimos.
– Não se enganem com ele, ele parece rude, forte, ágil e até invencível, mas na verdade ele é bem pior e mais perigoso que tudo isso.
Todos ficam preocupados e Onurb comenta um pouco exaltado:
– Ah?! O quê? Como assim? Ele é o que então?
– Maxmilliam está certo, não tem relato de alguém imune, mas o mais próximo disso é esse homem, Ian Nai, ele é praticamente imune a magia, até as torres de cristal que eles usam para irem de um lado para o outro é sobrecarregada para teletransportar Ian Nai.
– Não é a toa que ele é general do Império de Cristal.
– Sim, pelo o que eu saiba ele é o braço direito e esquerdo do rei, se não for as pernas também, eu diria que ele é o homem mais forte do Grande Continente.
Onurb demostra insatisfação dizendo:
– Pena alguém assim do lado dos inimigos, e não só ele, outros poderosos também estão do lado do Império de Cristal.
– Lamento, mas sim, o Império de Cristal tem um exército poderoso.
Ray fica pensativo e comenta:
– Espero que nunca aconteça uma guerra entre os reinos, seria algo perigoso.
Onurb cruza os braços e diz:
– Eu diria caótico!
– Onurb, muita coisa para você é caótica.
– Mas dessa vez vocês têm que concordar comigo, se Ellen, uma Electi diz que ele é invencível, então não quero encontrá-lo nunca em batalha e tenho pena de quem o encontrar.
Um grupo de senhores com uma roupa mais formal entram com tigelas grandes com comida, eles colocam uma na frente de cada um e saem, logo entram outros homens trazendo canecas grandes com suco de frutas, eles servem todos e saem da caverna.
Ellen e Alexia comem normalmente, todos os outros demonstram receio e nojo, Onurb pergunta estranhando a comida mexendo-a.
– O que é isso?
– Urechis, é uma comida exótica.
Urechis é um verme com o corpo de dez a trinta centímetros de comprimento de formato cilíndrico com a cabeça um pouco avantajada e de cor marrom-amarelado lembrando um órgão reprodutor masculino. Onurb analisa mais de perto demostrando desgosto e comenta.
– Isso parece o resultado de vários homens decapitados.
Ellen come naturalmente, com gosto e comenta.
– Tem gosto bom. Colocamos um tempero bem saudável e agradável, comam, vocês vão gostar, eu garanto.
Anirak observa ainda com nojo, mas experimenta junto com Maxmilliam e Baltazar, os três comem e balançam a cabeça demostrando que o gosto não é ruim, Ray come em seguida e Onurb diz mexendo com nojo os Urechis dentro da tigela:
– Vou ficar só com o suco mesmo e a salada, obrigado.
Todos terminam de comer, os homens voltam e limpam a sujeira enquanto algumas senhoras entram com o corpo de Doug em uma maca, ele é posicionado no altar, as senhoras ficam na extremidade do altar, elas ficam serenas e pensativas.
Ellen faz sinal para que todos se afastem, ela faz uns gestos com as mãos e a faz a lança ficar grande novamente, ela aponta a lâmina da lança para o alto e com a outra mão acaricia a cabeça de Doug, uma aura negra toma os dois e depois de alguns segundos ela diz:
– O caso é bem sério...
Ray demostra preocupação, mas se anima com a próxima afirmação de Ellen:
– Mas nada tão sério que um Electi não possa resolver.
Ellen pisca um dos olhos para Ray e sorri, em seguida ela fica séria e concentrada, ela olha para as senhoras na extremidade do altar, uma a uma, cada vez que ela olha uma energia sai da face da senhora e se funde com a aura de Ellen, segundos depois ela devolve essa energia e diz olhando para Doug:
– Dormiu por muito tempo criança, está na hora de acordar.
Ellen olha para todos e diz
– Não se mexam... Confiem em mim!
Todos estranham e ela crava a ponta da lança no peito de Doug, todos se assustam, mas antes de reagirem Ray faz um gesto com a mão indicando para não se mexerem.
A lança parece espectral, pois não cortou a carne de Doug, Ellen gira a lança e o corpo de Doug tem alguns espasmos musculares que anima Ray, Ellen tira a lança e uma luz sai do corpo de Doug, ela bate a ponta da lança no chão e a energia ao redor fica visível, ela faz um movimento com a mão e essa energia entra no corpo de Doug por onde está saindo a luz, a luz fica rosada e cessa.
Ellen toma distância e Doug solta um suspiro abrindo os olhos, ele tenta dizer algo e vomita uma energia de cor vermelho-sangue no ar, Ellen aponta a lança para essa energia e ela desaparece aos poucos até não ter rastro nenhum.
Doug é um homem, humano, idade entre vinte e cinco a trinta anos, estatura média, pele clara, olhos levemente puxados de cor castanho-escuro, cabelos lisos, curtos e pretos, porte físico magro, mais magro do que foi encontrado, bonito, mas com um semblante cansado, seco e com olheiras causadas pela maldição.
Ray não consegue segurar a emoção e corre abraçando forte o amigo.
– Doug? Você está bem? Doug?
Alexia, Anirak e Baltazar demostram estar emocionados, Maxmilliam e Onurb demostram ânimo e alívio por ter dado tudo certo. Doug se recompõem e olha confuso para todos, ele demostra um pouco de dificuldade para falar.
– Quem são vocês...
– Eles são meus amigos, mas o Max você conhece.
Ray estranha e Doug olhando para ele pergunta:
– Quem é você?
Todos se assustam e Onurb fica com raiva.
– Como é? Fizemos tudo isso para ele estar assim?
– Cala boca Onurb!
– Por quê? Eu acho que sou eu o amaldiçoado aqui, procuramos por ele, investigamos o paradeiro dele, fomos atrás dele, o encontramos, o trouxemos, quase morremos por ele, para isso?
Ellen intervém:
– Onurb... Eu entendo sua frustração, mas isso é normal, ele ficou em coma por vários dias. Ray, a memória dele vai voltar eu te garanto, ele só precisa de repouso e ficar em observação, tudo bem para vocês?
Todos se olham e concordam, Maxmilliam se aproxima e abraça Ray que abraça Doug, Anirak e Alexia abraçam os dois e logo Baltazar os abraça fazendo gesto com a mão chamando Onurb para um abraço coletivo, ele recusa de início, mas sede.
Ellen aprecia a cena e Doug demostra sonolência por não conseguir reagir à situação, todos se afastam e Maxmilliam usa magia para dar energia a Doug e o faz dormir tranquilamente. Ellen se aproxima:
– Amigos, levem-no para descansar, amanhã tentarei ativar a memória dele.
Baltazar ajuda Ray a levar Doug para o quarto, Ray fica o resto do dia olhando o amigo e escrevendo no diário os detalhes do ocorrido, hora em hora alguém de Ego Sum entra para analisar o estado de saúde de Doug deixando Ray mais calmo e otimista.
Baltazar e Onurb acham uma taverna com comida comum e passam a tarde comendo e bebendo, Alexia, Anirak e Maxmilliam exploram um pouco Ego Sum e a noite todos dormem cedo. No outro dia Ellen chega na caverna e é surpreendida com Ray e Doug sentados esperando por ela, ao vê-la os dois se levantam e a reverenciam:
– Ray? Acordou cedo, está tudo bem?
– Sim senhora, Doug acordou cedo também e se sente melhor.
– Sim, posso ver, até o semblante dele está melhor. Doug, você se lembra de algo?
– Sim, eu me lembrei de Ray, de Pronuntio, meus amigos, mas ainda sinto muito vazio em minha mente.
– Entendi, vou tentar ativar essa memória oculta, você está preparado?
Doug olha para Ray que lhe dá força e moral e confirma:
– Sim estou.
– Ótimo, vamos começar... Sentem-se.
Ray e Doug sentam e Ellen se aproxima de Doug, ela coloca as mãos na cabeça de Doug e medita.
– Medite comigo Doug... Relaxe... Sinto que hoje você está menos confuso, mais calmo, isso é bom...
– Obrigado.
– Isso, agora pode ser um pouco desconfortável, não se assuste.
Ellen se concentra mais e Doug sente dor na cabeça, ele segura a dor e se sente fraco, chegando perto de desmaiar, Ellen para o tratamento e diz:
– Não posso fazer mais, pode ser perigoso.
Ray demostra preocupação.
– Doug, você está bem?
Doug põe a mão na cabeça e ri, ele demostra alegria e diz olhando para Ray:
– Estou me lembrando de mais coisas, eu estou me lembrando dos livros que você leu para mim quando eu estava em coma em Libryans, do seu diário, sua aventura, Maxmilliam, Onurb, Anirak, Alexia e Baltazar, até seus novos amigos Jhon, Kyran e Lili, que legal, estou lembrando.
Doug abraça Ray e os dois ficam felizes por estarem bem e juntos novamente, Ellen fica alegre ao ver a situação e Ray questiona Doug:
– E Rupert, Meena e Júlio?
Doug pensa um pouco, mas não consegue se recordar da missão.
– Desculpe, ainda não consigo lembrar o que houve conosco no Império de Cristal, eu me recordo da missão, foi a mesma que a sua, ir até o Império de Cristal coletar informações e levar até Libryans.
Ellen comenta:
– Com o tempo você vai recorda-se de tudo, não se preocupe, a maldição foi totalmente retirada e sua mente está bem agora, algo que deve estar auxiliando este bloqueio é que esse período esquecido deve ter sido traumático, alguma luta ou morte que você deve ter presenciado, soube que uma cidade por lá foi massacrada e destruída.
Mesmo com essa informação Ray demostra otimismo.
– Vai dar tudo certo, acredito que no caminho até Libryans você resgatará esta parte da memória e saberá onde estão nossos amigos.
Doug fica preocupado e começa a chorar.
– E se aconteceu algo ruim com eles? Júlio...
– Ele está bem, eles estão bem, vamos acreditar que o melhor acontecerá... Ellen?
– Sim?
– Muito obrigado por me receber e me ajudar com esse problema.
– Foi um prazer Ray.
– Erèm pediu para lhe entregar, era para ter entregado quando cheguei, mas com tanta coisa na cabeça eu acabei esquecendo.
– Certo, deixe me ver.
Ellen pega a caixa que Ray entregou, ela abre e tira dela uma esfera pequena transparente com uma borboleta roxa cristalizada em seu interior, Ellen fica séria, ela olha atentamente para a borboleta, os olhos dela ficam roxos e a borboleta perde a cristalização ficando viva.
Ela bate as asas algumas vezes e volta a ficar cristalizada, os olhos de Ellen voltam ao normal e ela diz:
– Desculpe Ray, artefatos do gênero do cubo mágico não são bem vistos pelos Electi, dificilmente você achará um nas dez ilhas.
Ellen ainda demostra estar pensativa, aparentemente preocupada olhando para lugares vazios na caverna e falando com Ray:
– Se eu puder fazer algo a mais para você Ray ou Doug, é só me avisar, vocês são bem-vindos em Ego Sum e podem ficar o tempo que quiserem.
– Obrigado Mestra, desculpe, vim aqui só por necessidade e não só para visitá-la, mas com a reunião dos líderes do Grande Continente eu tenho que partir cedo para ver se Erèm precisa de nós, meu grupo está ajudando Libryans em vários outros assuntos.
– Tudo bem Ray, fico feliz em conhecê-lo, ou melhor, conhecer todos do seu grupo. Mas se puder fique mais alguns dias para ver um pouco mais da ilha e nossos costumes, seria bom para Doug também, um lugar diferente e tranquilo pode ajudá-lo a recuperar a memória.
Ray pensa um pouco e olha para Doug que demostra que gostar da ideia.
– Certo, vou ver com os outros, mas provavelmente ficaremos um pouco.
Ellen demostra um pouco de ânimo e diz:
– Ótimo, fico feliz por isso... Se me permitem, a energia que usei me deixou um pouco cansada, mais do que eu imaginei, eu vou repousar, espero vê-los em breve.
– Certo, a senhora precisa de ajuda?
– Não, obrigada Doug, vou ficar bem e você se cuide.
Ellen sai da caverna e Ray e Doug saem depois de alguns minutos para contar aos outros as novidades.