Volume 2

Capítulo 82: Electi das Trevas II

– “A Relíquia”?

A Electi faz sinal para os seus alunos ficarem quietos e prossegue:

– Sim, nem os Electi da terceira geração sabiam do paradeiro desse incrível artefato, como todos já estudamos, ele contém o sangue dos três primeiros Electi que salvaram mundo e que criaram essa relíquia para purificá-lo, esse é o segundo item que contem mais poder em Arbidabliu.

Anirak, Alexia, Baltazar e Onurb ficam questionando baixo:

– Segundo? Qual o primeiro?

A Electi ri e com as mãos na cintura cobra.

– Ray? Maxmilliam? Você é o famoso Mestre de Magia... O que vocês ensinaram para seu grupo? Impossível vocês não saberem sobre o item mais poderoso do mundo.

Ray e Maxmilliam se olham e ficam envergonhados, alguns alunos se dispõem a responder, mas a Electi diz:

– Não, agora eu fiquei curiosa, Maxmilliam sabe ou já soube disso, mas e você Ray, diga-me... Não! Melhor, venha aqui, por favor.

Ray levanta e a Electi o guia até em cima do palco e o coloca como o professor.

– Certo, olhe bem para todos... Todos querem saber, todos são leigos e precisam de uma explicação mais simplificada, consegue fazer isso?

– Sim.

– Ótimo, então vamos a ela, eu vou ajudar visualmente.

Uma aura negra toma a lança na mão da Electi e a faz crescer de trinta centímetros para dois metros, revelando ser uma lança dourada com a lâmina branca, a Electi faz gestos lentos e circulares com a lança criando uma energia negra que toma toda a caverna, a energia se comprime formando uma nuvem acima da cabeça dela e de Ray.

– Pronto, comece.

– Quando Deus, nosso criador criou o mundo e o universo em volta dele, ele deu poder aos seres vivos, para melhorar nossas vidas, nosso entendimento, facilitar na sobrevivência, e principalmente para viver plenamente. Quando os três primeiros Electi foram criados junto com a humanidade Deus deu um único objetivo para todos, todos os seres vivos independentemente do tamanho, mente, gosto, gêneros ou poder, “O Desejo de Deus”. Os humanos em seguida chamaram isso de amor, não a palavra “amor” que muitos usam para dizer que amam algo, “eu amo um tipo de comida e depois amo outra”, muitos confundem o “gostar” com o “amor”. O Desejo de Deus é o amor verdadeiro, ver todo ser vivo como um só, um bem mútuo, sem ódio, rancor, superioridade e sem obstáculos.

Conforme Ray fala a Electi faz aparecer pontos brilhantes na nuvem negra parecendo um pequeno céu estrelado, a nuvem toma formas diferentes que se move e se transforma em outras coisas, como o planeta sendo criado, humanos, animais, Electi, outras raças criadas depois pelos Electi da segunda geração, e algumas formas de amor, família, um grupo de seres diversos de mãos dadas, amizade, dois grupos apertando as mãos um dos outros e se abraçando no final, um homem sentado debaixo de uma árvore e ao redor itens da natureza ajudando-o a viver, dando comida, água, lar, ar e qualidade de vida, e por fim mostrou o amor romântico, esse deixou algumas pessoas confusas, pois a nuvem adquiriu várias formas diferentes e rápidas, a Electi interrompe a explicação de Ray dizendo:

– Desculpe cortar sua explicação, que por sinal está ótima, mas preciso explicar rapidamente sobre uma espécie de amor que é bem pontuada e regrada hoje em dia...

Ray observa a nuvem e tem um flashback em sua mente lembrando de quando Onirdnaxela lhe fez a mesma magia de ilustração para explicar sobre o poder em cada ser vivo.

Magnus Leafar vem em sua mente deixando-o pensativo tentando ligar ele com a história, achando estranho não ter lembrando-se dele antes da luta, enquanto Ray pensa a Electi continua a explicação da movimentação da nuvem negra.

– Minha nuvem ficou rápida, pois o amor romântico é o mais variado, pois como muitos já sabem envolve também os atos sexuais, mas este amor não tem limitações,, temos homem com uma mulher, mulher com outra mulher, homem com um homem, e as variedades de raças, a imagem da nuvem mostrou todas as possibilidades, entre humanos, Aurem, Dionamuh-M, Dionamuh-P, Dionamuh-S entre outras que se aproximam dos humanos comuns... E antes que alguém diga que é “estranho” algumas formas de amar, eu digo que regra e limitação ao amor e a vida são infelizmente obstáculos impostos por nós, “nós” que eu digo são os seres pensantes e intelectos que nos rodeiam, pois Deus não nos limitou a nada referente ao amor, se você faz o bem para esse ser, então é amor, como Ray disse a palavra “amor” é muito usada, mas infelizmente é bem distorcida, cada um define amor do seu jeito hoje em dia. Pessoas que vivem em um relacionamento amoroso abusivo dizem que é amor, mas sabemos que não é o verdadeiro, o amor que Ray explicou aqui... Desculpe Ray continue estou roubando o seu momento.

– Tudo bem...

Ela faz sinal para Ray continuar.

– Certo... O amor quando é verdadeiro, quando é “O Desejo de Deus”, o ser que tem isso consegue fazer coisas incríveis...

Ray fica paralisado lembrando-se de seus amigos e demostra tristeza.

– Meus amigos? Eu não conseguiria salvar Doug eu mesmo? Eu não o amo o suficiente?

Maxmilliam levanta para consolar Ray, mas a Electi faz um sinal com a mão para deixar com ela, ela se aproxima de Ray e diz:

– Ray! Concentre-se, essa não é a hora, não pode se sentir culpado.

– Mas eu sei o que é “O Desejo de Deus”.

– Sim, na teoria, assim como você está explicando, mas ainda não sente isso na realidade.

– Mas...

A Electi interrompe Ray e toma a frente da aula.

– “O Desejo de Deus” não é limitado em amar um único ser, existem vários ciclos de afeto em nossas vidas, normalmente amamos os mais próximos, mas e os mais distantes? Amar o próximo é o caminho para “O Desejo de Deus”, se você é aquele que vê limitações no amor dos outros ou até no seu, com certeza você não sabe verdadeiramente o que é amar, tudo o que Deus fez e faz, não estou dizendo que Ray aqui tenha algum tipo de preconceito ou restrição, isso foi só um exemplo em que vários se encaixam... Ray, eu entendo o que veio em sua mente agora, se você ama mesmo seu amigo conseguiria libertá-lo da maldição, mas você tem que ser “perfeito” para isso, claro que você o ama, não fique se culpando achando que não o ama o suficiente, mas você não ama a Deus, não diretamente o “Deus o Criador”, mas sim amando todos os seres vivos e o mundo que ele fez para nós.

Um aluno faz um gesto pedindo a palavra para questionar:

– E os que matam?

– Existe dois tipos de “alvos”, ou você é o alvo que morre ou o que luta para viver, muitos acham que são distantes dos animais, mas somos muito parecidos com eles, existem mortes no reino dos animais, não? Claro que a maioria delas são para eles se alimentarem, mas existem mortes que acontecem para um animal tomar o poder do grupo, conquistar territórios, salvar a família, entre outros motivos que também existem entre nós seres “mais inteligentes”, apesar disso, nós temos muitos mais motivos que os animais, faz parte... É complicado, mas a regra é seguir seu coração, se você matar para se salvar, ou salvar quem você ama, ou para um bem maior é considerado algo perdoável, não estou dizendo para vocês matarem, sempre priorizamos o diálogo, mas sabemos que os inimigos não seguem isso, e isto se torna uma vantagem para eles, então para nos defender nós precisamos responder a altura. Um antigo mestre me disse uma vez: “Sujar sua alma com a morte de alguém para salvar quem você ama, é amor verdadeiro, uma forma de sacrifício”.

Todos ficam pensativos e quietos por uns segundos, a Electi animada tenta animá-los.

– Vamos pessoal, sei que o assunto é complexo, mas ninguém aqui é perfeito, nem nós os Electi temos “O Desejo de Deus” em nossos corações, é difícil amar tudo e todos, vocês não precisam ser perfeitos, mas tentem seguir por esse caminho que será de muita ajuda para vocês e para todos que os rodeiam, eu sei que não sou perfeita, mas quero ser o mais próxima disso.

Baltazar muda de assunto e questiona:

– Quando vamos comer?

Onurb reclama:

– Olha! Até que demorou, mas concordo com o touro velho, não comemos nada desde que acordamos.

A Electi desfaz a nuvem negra, a lança volta a ter trinta centímetros e ela pede:

– Meus protegidos, por hoje é só, estão dispensados e peçam para trazer comida para nós aqui, muita comida, por favor.

Todos arrumam seus pertences e saem da caverna, o grupo de Ray sobe no palco e Alexia questiona:

– Me desculpe, mas eu não sei o seu nome, não nos disseram, pelo menos não para mim.

– Me desculpe, achei que me conheciam, eu me chamo Ellen, a Mestra das Trevas ou Mestra de Ego Sum.

Ray questiona.

– Mestra?

– Sim, tomem cuidado se um dia forem ver outros Electi, cada um se nomeia de um jeito, parece tolice visto por pessoas de fora, mas levamos a sério esse status social. Ray como você conhece Úrsula sabe que ela se nomeia “Rainha”.

– Sim.

– Viu? Eu sou Mestra das Trevas.

Onurb comenta.

– Para alguém das “Trevas” você é bem calma e sorridente.

– Obrigada...

Anirak desde o início das perguntas admira a caverna e agora questiona.

– Por que uma caverna?

Ellen olha ao redor, admira a caverna e responde:

– Quando essa ilha foi populada alguns homens viviam nas cavernas, eles eram chamados de "amantes da sabedoria", era um grupo particular, muito inteligentes e sábios questionando tudo, como o motivo de viver, quem somos, para onde vamos, entre outras coisas. Manter algumas dessas cavernas foi uma forma de homenagear esses homens e usá-las para residir os mais velhos e para ensinar os mais jovens.

– Digno...

– Obrigada... Vamos arrumar as coisas aqui para comermos.

Todos ajudam Ellen a arrumar alguns bancos ao redor de uma mesa grande no palco, todos sentam e Alexia questiona Ellen:

– Você falou sobre esses dons que cada um tem, Baltazar, por exemplo, é um guerreiro e resistente a magia, certo?

– Certo. Lembrando que alguns guerreiros podem nascer com dons mágicos ou até mentais, só porque ele seguiu os treinos para guerreiros não quer dizer que ele não possa ter talentos em outras áreas.

– Entendi, mas ser resistente a magia, existe alguém, algum ser imune? Alguém forte contra os poderes de outros?

Maxmilliam comenta:

– Se você tinha essa dúvida poderia ter me falado antes.

Ellen ri e pergunta.

– E você sabe essa resposta Mestre dos Mestres?

– Sim, não tem nenhum relato de alguém imune.

– Muito bem, mas eu acrescento lhe dizendo Alexia, é Alexia, certo?

– Sim.

– Existe um homem, um antigo herói “Imortal” bem experiente nesse sentido.

– Um dos antigos heróis?

– Sim... Ian Nai...



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