Volume 2

Capítulo 78: Nova Missão

Depois do discurso de Erèm a energia da espada então cessa, com todos aplaudindo e agradecendo a Erèm e as pessoas ao seu redor, todos os presentes em toda Libryans demostram-se animados e com a moral elevada, todos comem, bebem, dançam e se misturam entre vizinhos e amigos.

Um grupo se forma no altar junto com Erèm e Ray para conversar, nele estão: Erèm, Ray, Maxmilliam, Alexia, Anirak, Baltazar, Lili, Jhon, Kyran, Onurb, Rosanne, Peter, duas empregadas do castelo e três soldados comuns. Maxmilliam dá um gole em uma taça de vinho e energizando sua mão lança um feitiço.

Eterno Rei!

Uma aura passa por todo o altar e por todos que estão nele até parar em Erèm, que brilha por um pequeno momento indicando assim ser a rainha, Erèm sorri e Maxmilliam pede:

– Minha rainha... Erèm, nosso grupo não está familiarizado com a comemoração de fim de ano de cidades como a sua, pode explicar para eles como funciona?

Onurb concorda enquanto come.

– Leu meus pensamentos...

Alexia e Anirak falam baixo zoando Onurb.

– Não deve ser uma visão agradável.

Elas e algumas pessoas ao redor riem e Erèm responde Maxmilliam:

– Claro, desde o início do ano fazemos previsões e até reservas de suprimentos para que não haja escassez durante o ano e principalmente para esta época do ano. No último mês começamos a fazer preparações, reformas, adaptações, ampliações, refeições, bebidas entre outros detalhes para a cerimônia, mas o principal fator é a unificação de todos, nessa última semana e todo o mês de janeiro não existirá líderes, lordes, chefes, enfim, todos farão os mesmos trabalhos, limpar a sujeira que a festa deixou, ajudar nas colheitas, alimentar os animais, preparar a comida, realizar concertos necessários, entre outras coisas. Hierarquia é importante para que haja um equilíbrio e para a administração do reino, mas reservamos esse tempo para melhorar a base da cidade focando na parte operária.

Todo o grupo que está com Ray, com exceção de Maxmilliam, ficam surpresos com a informação, eles ficam admirandos com o costume da cidade e Erèm continua.

– Na última semana todos fazem reuniões para apaziguar conflitos internos, não somos perfeitos e em nosso país, como em outros lugares, temos brigas nas cidades, cobranças indevidas, negligências, processos acontecendo e alguns pequenos delitos... Claro que para os casos mais graves nós tomamos medidas imediatas e mais severas, mas de qualquer forma tentamos criar um ambiente de paz e harmonia para todos.

Onurb estranha.

– Então se eu for um general terei que limpar chão como um empregado?

Anirak belisca Onurb e Erèm o responde:

– Me desculpe se por acaso eu for grosseira... Veja comigo Onurb, eu sou o ser soberano em Libryans, não por ser uma “imortal” dos antigos heróis que salvaram o Grande Continente, não por ser uma das únicas Praeteritum vivas, entre outros status que adquiri com o tempo... Hoje eu estou onde estou por ser humilde e me colocar no lugar dos mais baixos, pois foi de lá que eu vim, e esse costume que temos por aqui é exatamente para isso, fazer todos entender que somos todos iguais e que a hierarquia e liderança servem apenas para melhorar a forma de trabalho, não para que alguém seja melhor que alguém... Fui clara?

Anirak comenta baixo para Onurb ouvir:

– Podia ter evitado escutar isso!

Onurb engole seco e os outros disfarçam o sermão educado que a rainha deu, conversando entre si, bebendo, comendo e olhando a decoração da cerimônia, Erèm sorri e então Onurb se desculpa:

– Me desculpe, não foi minha intenção rebaixar a classe trabalhadora.

– Tudo bem Onurb, você não é o único que pensa assim, já perdi grandes guerreiros e lordes por não aceitarem esse “costume”, não os culpo, a cultura do nosso continente é diferente.

– E você criou isso quando fundou Libryans?

– Pergunta interessante Onurb, será que Maxmilliam saberia responder?

Todos olham para Maxmilliam, mas ele fica sem entender.

– Eu? Não!

Erèm ri e diz:

– Quando Max era mais jovem, ele era desatento.

Onurb sorri e diz.

– Isso faz muito, mais muito tempo, não?

Alguns riem e Maxmilliam se defende.

– Eu era focado em meus estudos e treino. Ou melhor, eu sempre fui focado.

Erèm se aproxima de Onurb.

– Sim, ele é muito focado, tanto que não via as coisas simples ao seu redor, mas respondendo sua pergunta Onurb, eu fui desafiada a fazer esse “costume”, eu achei tolice na época, mas foi muito gratificante.

– Desafiada?

– Sim, pode não parecer, mas eu já fui uma jovem tola, na época quando me tornei uma “Imortal” eu esqueci das minhas origens e de que todos somos iguais na visão de nosso criador e que não posso me sentir melhor que nada e ninguém, e eu entendi isso através desse desafio... Todos aqui conheceram o clã da Floresta de Pando?

Todos concordam e Onurb demostra receio.

– Que tipo de teste eles fizeram com a senhora?

Erèm ri e responde:

– Não foi nada que sua mente está pensando, e não foram eles, foi “ele”, um dos líderes do clã me desafiou, confesso que eu queria matá-lo na época, mas depois que concluí o desafio eu reconheci que ele ganhou.

– Ele ganhou?

– Sim, ele queria expandir a minha visão e minha mente, e conseguiu, na época foi algo muito revelador para mim . Vocês passaram pelos Guardiões de Pando, então sabem mais o menos como é essa sensação.

O grupo de Ray balança a cabeça concordando e Erèm continua:

– Esse costume que todos fazem aqui é da cultura da Floresta de Pando, tenho que confessar que muitas ideias eu trouxe de lá, para um grupo excluído e rejeitado eles são bem avançados em vários aspectos.

Onurb discorda com a cabeça e Alexia acrescenta com o semblante alegre se recordando da visita que fez a Floresta de Pando.

– Com certeza eles são avançados, eles são perfeitos... Fiquei encantada com tudo que vi, ouvi... e senti lá...

Onurb interrompe Alexia e todos acham engraçado.

– Calma, você não pode monopolizar a conversa com esse assunto, ainda mais bebendo.

– O que tem haver?

– Você fica alucinada com esse assunto, imagine bêbada .

– Implicância sua.

Enquanto Alexia se defende de Onurb os outros desfazem o grupo no altar e seguem para lados aleatórios em outros grupos pequenos para comer, beber e falarem de assuntos diversos.

Ray por um momento vê a silhueta de alguém na sacada da sala do trono de Erèm e mesmo observando atentamente não consegue distinguir se é realmente alguém ou uma ilusão, Erèm se aproxima de Ray e vê que ele está intrigado.

– Ray? O que está olhando?

– Nada... Achei que vi algo...

Ray desvia o olhar para Alexia que ainda está discutindo com Onurb e quando volta a olhar para a sacada a silhueta não está mais lá.

– Tem certeza de que não e é nada Ray? Você me parece receoso.

– Muita coisa na cabeça, acho que minha mente está me pregando peças.

– Calma Ray, amanhã você estará partindo para ajudar o seu amigo e tudo ficara bem.

– Sim... Madrinha...

Erèm interrompe Ray rindo.

– Madrinha? Você normalmente me chama de rainha, vai me pedir algo?

Ray demostra que está envergonhado e responde.

– Sim, mas não foi intencional.

– Sei, mas diga, o que você precisa?

– Erno Rubik... Será que se eu usar um eu consigo saber onde estão ou o que aconteceu com meus amigos?

– Bem pensado Ray. O ruim é que esse item é bem raro aqui no Grande Continente, muitos foram usando quando Xarles se declarou o imperador de todos, mas acredito que um Erno Rubik poderia ajudar a descobrir essas lacunas na histórias deles... Ray, não pense muito, isso pode desmotivá-lo e desconcentrá-lo.

– Verdade.

– Amanhã você vai partir e junto lhe darei uma carta, nela colocarei um pedido meu para que o Electi que for te ajudar procure em seus pertences um Erno Rubik ou que o auxilie de qualquer outra forma ou com algum artefato que mostre o que você quer ver e saber, te garanto que você não sairá de lá sem respostas e voltará aqui muito mais animado.

Ray pega na mão de Erèm e a beija.

– Obrigado, madrinha.

Ela sorri e continua:

– Só quero ver se você vai continuar me chamando assim sem pedir algo.

– Sim...

– Estou brincando, vai se divertir Ray, no quartel tem várias danças e músicas acontecendo.

– Certo, obrigado de novo.

– Por nada... Com a sua licença, eu preciso me retirar pois eu preciso passar em outros lugares para ver as pessoas, ossos do ofício de rainha.

– Claro, “Salve a rainha”!

Erèm se aproxima de Rosanne e Peter e eles saem dos domínios do castelo para ver as pessoas nas cidades próximas. Alexia e Onurb bebem e debatem sobre o fascínio de Alexia com os moradores da Floresta de Pando entre outras coisas.

Lili, Jhon e Kyran entram no castelo para pegar mais doces, pois já acabaram do lado de fora. Ray se aproxima de Maxmilliam, Anirak e Baltazar que conversam sobre a cerimônia de fim de ano.

– Pessoal? Vamos para o quartel? Erèm disse que está tendo música e dança lá.

Baltazar coloca seu braço envolta do ombro de Ray e o puxa indo para o quartel.

– Ótimo, vamos.

Anirak os segue rindo do tamanho desproporcional de Baltazar puxando Ray, Maxmilliam está animado vendo toda a celebração e comenta no percurso até o quartel:

– Pena não podermos ver todas as celebrações, em cada cidade está tendo atrações e eventos diferentes, sem falar das decorações e nas pessoas.

Anirak questiona.

– Não é tudo igual?

– Não, Erèm não disse, mas em cada cidade eles fazem atrações diferentes, até as comidas variam, algumas homenageiam outros lugares do continente e até o Antigo Mundo.

– Legal, mas ouvi dizer que essa celebração dura dois dias, não?

– Um pouco mais, é uma semana, mas hoje é o ápice, nos outros dias tem pequenos eventos, como almoço para os menos afortunados, doações de matérias primas e roupas para cidades que sofreram por catástrofes ou batalhas, essas doações não são só para cidades de Libryans, mas também para as aliadas.

– Muito bom, realmente Libryans é o meu lugar.

– Todo costume é do Clã de Pando e você não quis ficar por lá.

– Você me entendeu, aqui foi o lugar onde eu me identifiquei mais.

– Bom, Erèm conversou comigo mais cedo e disse sobre a admiração dela pela Floresta de Pando e os costumes que ela duplicou aqui, fico impressionado porque passamos por lá e não vimos o quão profundo e importante esse clã é para o Grande Continente, se não para o mundo.

– Realmente, muito a se pensar, hoje estou igual Onurb, vamos só comer, beber e se divertir, amanhã falaremos mais sobre isso.

– Certo, hoje temos que comemorar nossa vitória, nosso líder Ray nos guiou sãos e salvos pelo lugar mais perigoso do mundo.

Ray ri e Baltazar comenta:

– Onurb discordaria de tudo isso.

Todos irem e entram no quartel. O lugar é grande e está arrumado para parecer uma enorme taverna, com muitas mesas, barris de bebidas, cestas e panelas cheias de comidas, alguns músicos tocando e cantando, muita gente dançando de todos os tipos de raças, classe e status, ao verem Ray alguns soldados arrumam uma mesa para ele e seus companheiros.

– O famoso Ray! Venha tem um lugar para vocês.

– Obrigado.

O grupo de Ray senta e já são servidos com comida e bebida. Baltazar se anima com o reconhecimento e admiração e diz:

– Ótima recepção, Ray está ficando mais famoso que todos nós juntos.

Todos riem e Ray responde:

– Longe disso, é que Erèm disse meu nome no início da cerimônia.

– Não só por isso, desde que chegamos seu nome foi falado por toda Libryans.

Maxmilliam se serve e diz para Ray:

– Não se diminua Ray, lembre-se do que já fizemos em pouco tempo, você é um herói e digno de reputação.

Anirak concorda:

– Com certeza, como Baltazar disse uma vez, Ray nos dominou sem usar armas.

Baltazar reforça a afirmação de Anirak:

– E sem esforços.

– Não é para tanto, eu só fui convincente.

Todos riem e continuam a comendo, bebendo e falando sobre outros assuntos, um bom tempo passa e Anirak avista alguns homens em uma mesa próxima disputando queda de braço, Baltazar repara o olhar de Anirak e questiona.

– O que foi Anirak? Algo ali chamou sua atenção?

– Digamos que sim.

Todos olham e ela diz:

– Aquele ali, de colete marrom é o inútil que provocou Alexia dizendo que ela roubou o lugar dele na missão de guiar Ray e Max pelo Grande Continente.

Ray e Maxmilliam estranham a informação.

– Estranho, mas isso já passou, não há porque implicar com isso.

– Verdade, Alexia que foi conosco e nos ajudou muito bem.

Anirak termina de beber o que havia em seu copo e levanta da mesa.

– Vocês estão certos, mas como manda a cerimônia, vou me misturar.



Comentários