Volume 2

Capítulo 79: Confronto Amistoso

Ray, Maxmilliam e Baltazar se olham achando que vai acontecer algo ruim, em seguida Baltazar ri e volta a comer uma grande coxa de frango, Maxmilliam se serve com mais vinho, Ray pega um doce e o come observando todos ao redor vendo a confraternização de todos no quartel e Anirak chega à outra mesa e comenta:

– Alex? Esse é o seu nome, certo?

Ele olha com arrogância para Anirak.

– E você é?

– Achei que se lembraria de mim, sou amiga da Alexia, sua xará que ganhou a honra de ir na missão da Rainha.

Alex olha para Anirak de cima a baixo.

– Lembro-me de você... O que quer?

– De você, não muito, mas vi vocês nessa disputa interessante, posso participar?

As mulheres próximas ficam animadas em ver Anirak desafiar o grupo de homens, alguns homens riem achando que Anirak está bêbada, outros homens também se animam por ela demostrar confiança e Alex mesmo demostrando desconforto aceita o desafio, alertando-a:

– Claro, mas só porque é mulher não será tratada diferente dos outros.

– Por favor, longe disso, afinal estamos em um reino governado por mulheres, tenho certeza de que ninguém pegou leve com elas.

Anirak pisca para as mulheres próximas e faz sinal com a mão pedindo uma cadeira, um homem pega uma cadeira e a entrega para Anirak, ela coloca a cadeira perto de Alex, ela senta, coloca o braço em posição e diz olhando fixamente para Alex:

– Se não deu para você ir a missão, você pode pelo menos me mostrar o que você poderia ter feito nela.

– Acha que uma disputa de queda de braço mostrará todas minhas habilidades?

– Não, claro que não, mas me mostrará muita coisa sobre você, vamos?

Alex se prepara e os dois iniciam a disputa, Alex demostra mais força que Anirak, mas ela demostra mais inteligência, usando posição do corpo, braço e do punho para favorecê-la, demora um pouco e ela ganha a primeira, todos vibram ao redor e Anirak diz:

– Calma pessoal, comemorem com quem ganhar as três vezes, para mim só faltam duas.

Alex estrala o pescoço e o punho e volta a disputa, alguns homens ao redor torcem por ele, mas a maioria torce por Anirak, Alex demostra raiva e ganha a segunda, ele levanta da cadeira e pede por comemoração.

Só seus amigos vibram e os outros concordam com a cabeça sem demonstrar muito ânimo, Alex volta a sentar-se e inicia outra disputa, demora um pouco e ele ganha novamente, ele faz o mesmo ritual de vitória e Anirak demostra um pouco de raiva, ela se concentra e volta para a disputa mais concentrada.

A queda de braço inicia-se novamente e rapidamente Anirak ganha surpreendendo Alex e os outros ao redor, que esquecem de vibrar e ficam mais quietos olhando os dois atentamente, Alex olha ao redor ainda surpreendido e Anirak finalmente diz:

– Vamos Alex, mais uma e você ganha!

Ele demonstra raiva e inicia a disputa decisiva, essa última queda de braço fica mais intensa, cada vez que um chega perto de ganhar seus respectivos torcedores vibram, a disputa fica equilibrada e demorada, até que Anirak vence.

Todos gritam e comemoram a vitória dela, enquanto ela fica quieta encarando Alex e observando as reações dele ao perder, Alex demostra conter a raiva e tenta demostrar empatia e humildade, mas não consegue.

– Faz parte, eu bebi muito também, sou melhor em disputa de velocidade e precisão.

Anirak pega um copo na mesa que contem álcool e bebe tudo de uma vez, ela pega uma faca e rapidamente crava entre seus dedos na mesa, todos se assustam e ela diz.

– Precisão? Consegue fazer igual?

Alex olha para os outros e se sente pressionado a entrar na nova disputa, seu orgulho fala mais alto, ele pega uma faca e faz o mesmo movimento que Anirak, mas mais lento que ela, Anirak percebe e responde o seu rival, tirando e cravando novamente a faca entre seus dedos em um movimento rápido e admirável:

– Está lento caçador! Tem que ser mais “preciso” e “veloz”, acredito estes sejam seus pontos “fortes”.

Alex fica com raiva e faz um movimento rápido igual de Anirak e consegue cravar a faca sem acertar seus dedos, Anirak responde a ação dele fazendo duas vezes em uma sequência bem sucedida, todos vibram com a ação, Alex fica com ódio e demostra que sua moral está abalada, ele faz o mesmo movimento que Anirak, mas na primeira facada ele corta metade de seu dedo.

O sangue começa a jorrar e ele grita de dor, alguns se assustam e outros riem, Anirak fica séria só observando as ações de Alex que fica enfurecido, ela percebe que ele cochicha para os amigos dele e eles ameaçam ataca-la, no primeiro movimento deles Baltazar de longe quebra uma cadeira com a mão fazendo um barulho que chama a atenção das pessoas ao redor e das pessoas em volta de Anirak.

– Desculpem, sou desastrado e não só com móveis, sou assim com ossos também.

A ação de Baltazar intimida as pessoas que iriam atacar Anirak deixando-a em paz. Alex estanca o sangramento, pega seu dedo decepado e diz com raiva para Anirak:

– Não consegue resolver as coisas sozinha?

Anirak levanta calmamente e responde:

– Não se preocupe, antes do meu amigo chegar aqui vocês quatro já estariam no chão.

Uma mulher que torcia por Anirak revela estar junto com Alex, ela se aproxima rápido por atrás de Anirak, a segura e ameaça cortar a garganta da vencedora com uma adaga e diz:

– Subestima de mais para uma assassina do outro lado do continente.

Anirak consegue impedir de ser estrangulada e segura o punho da sua agressora.

– Verdade, eu deveria ter suspeitado...

Antes de alguém fazer uma nova ação um homem velho, aparentemente um mago por ter um cajado se aproxima do grupo.

– Basta! Isso é uma celebração, a brincadeira de vocês foi longe demais.

O grupo de Alex baixa a guarda e se afastam, Alex reverencia o homem velho e diz:

– Me desculpe senhor, nos exaltamos.

– Tudo bem, rápido levem-no para fazer um curativo.

– Sim senhor.

Alex e seu grupo saem no quartel, Anirak fica sem entender e fica observando o velho, ele sem olhar para Anirak fala:

– A Sombra de Alfor! Observando-me? Sou uma ameaça ou um homem atraente?

Ele olha para Anirak e ri, ela fica sem entender e Maxmilliam se aproxima com um ar amigável.

– Mesmo velho ainda continua sendo um galanteador?

– Maxmilliam? Soube que você se encontrava em Libryans, mas achei que estava pegando pó junto com os livros na biblioteca, e onde está o seu cajado? Bebeu e já largou em algum canto?

– Não... Vamos beber e eu te digo os detalhes.

Os dois se abraçam, riem e seguem para uma mesa com uma boa variação de bebidas e comidas mais exóticas. Anirak ri sem saber o que aconteceu direto, o grupo que torcia por ela a puxa para sentar e conversar.

Ray pega seu diário e relata tudo achando a situação bem inusitada e excitante, mesmo escrevendo no diário Ray conversa com Baltazar contando alguns acontecimentos que colocou no diário e sobre os que já estão anotados, a noite passa dessa forma finalizando com magos de todo gênero usando e lançando magias aos céus, iluminando Libryans de várias formas, cores e formatos diferentes, animando e agradando a todos que veem.

O primeiro dia do ano novo amanhece com todos ainda acordados e esgotados da noite de festa, aos poucos todos vão dormir para se prepararem para limpar tudo depois que descansarem, no início da noite Ray, Maxmilliam, Baltazar, Onurb, Alexia e Anirak se encontram na sala da Erèm no salão do trono, todos estão arrumados, armados e preparados para a viagem.

Eles demostram sono e um pouco de cansaço da noite anterior e ficam a maior parte do tempo quietos esperando Erèm aparecer. Jhon aparece na porta e chama:

– Ray? Por favor.

Ray levanta e Onurb zomba dele.

– Seu namorado está chamando.

Ray faz cara de bravo, empurra o copo de água molhando Onurb, sorri e caminha até a porta com Onurb reclamando.

– Está muito ousado “líder” do bando.

– Tenho que contra-atacar a altura.

Onurb se seca com um pano e ri junto com Ray que se aproxima da porta.

– Jhon, está atrasado!

– A rainha já chegou?

– Ainda não, mas Rosanne disse que ela chegará em breve.

– Certo, me desculpe Ray, mas não vou poder ir com vocês.

– Por quê?

– Meus estudos, eu estou ficando louco com tanta coisa. Um mago veio visitar Libryans e disse que o tempo que ele ficará aqui irá me ajudar nos estudos e treino, eu achei que daria conta, mas as preparações para a festa de fim de ano me alugaram um pouco mais do que eu imaginei e a matéria é mais difícil que eu imaginei também.

Ray fica pensativo, mas entende as razões de Jhon.

– Entendi, tudo bem...

– Mas na próxima vez, não importa a missão eu vou com você.

– Vida ou morte?

– Morte ou morte eu estarei com você, me desculpa?

– Sem problemas, na próxima o grupo estará completo então.

– Sim...

– E Kyran e Lili?

– Estão bem, Lili está praticamente hibernando de tanto que aproveitou a noite e Kyran sempre cuidadoso aproveitou na medida certa para não atrapalhar seu cronograma, ele deve estar treinando agora. Mas eles não vão se eu não for, desculpe.

– Não precisa ficar se desculpando, eu entendo.

– Ótimo! Vou indo então. Boa sorte Ray e espero revê-lo com boas notícias.

– Eu também.

– Tchau.

– Até mais.

Jhon segue pelo corredor indo para a biblioteca, Ray volta para a mesa e ao sentar-se é abordado por Erèm que entra no salão pelas portas que dão acesso a sacada, todos estranham e Onurb pergunta:

– Você estava lá o tempo todo?

Erèm ri, senta no trono e inicia a reunião.

– Vamos começar, a notícia é boa, mais de um Electi se propôs a ajudar Ray, mas por questões de cronograma eu indiquei Ego Sum, ele está próximo e com fácil acesso, o trajeto até lá é tranquilo e longe de território hostil.

Onurb olha pra Maxmilliam e diz desconfiado;

– Se você for igual ao nosso mago então teremos muitos imprevistos.

Todos demostram ficar com raiva de Onurb por interromper Erèm e ela ri dizendo:

– Não fiquem bravos, eu já me acostumei com Onurb, ele é bem “peculiar”.

Anirak diz baixo:

– É muito chato isso sim e sem noção.

– Prestem atenção, vocês sairão agora à noite com Peter que irá escoltá-los, amanhã à noite vocês devem chegar a nossa muralha, lá vão descansar na taverna e sairão de Libryans na manhã do dia três, já estarão descansados e abastecidos, enquanto vocês estiverem descansando na taverna Peter vai preparar suprimentos para seguirem.

Anirak questiona.

– Se formos pela cidade de Hipácia seria ruim?

– Você poderá ver a cidade melhor quando voltar Anirak, pois se vocês forem por lá vão demorar mais três dias ou até cinco dias para saírem de Libryans e o caminho depois de saírem de Libryans é mais complicado para os cavalos e a carruagem.

– Entendi.

Maxmilliam questiona:

– Minha rainha, percebi que a senhora também está preparada para sair. Você irá para a reunião do continente?

– Sim, planejei ir mais cedo esse ano para evitar possíveis atrasos, preciso ser pontual em todos os sentidos para ter sucesso nessa reunião.

Onurb comenta:

– Deve ser tensa essa reunião, todos os líderes juntos debatendo assuntos importantes que envolvem várias pessoas e sem poder matar um ao outro.

– Um pouco, mas esse ano essa reunião será um pouco monopolizada, mas será por uma causa boa... Então, algo mais? Vocês precisam ir o quanto antes.

Todos se levantam e Ray pergunta para Erèm:

– E Doug?

– Ele já está sendo colocado na carruagem que vai levá-lo, está tudo certo... Um momento, onde estão os outros do grupo? Aqueles três?

– Eles não vão...

Erèm desce do trono e abraça cada um do grupo, um abraço mais forte em Ray e Maxmilliam.

– Boa sorte para vocês e não tomem decisões precipitadas, ajudem Doug, peguem a informação que precisam e se estiverem animados aproveitem a viagem e deem uma volta pela ilha para conhecê-la, sei que serão bem recebidos.

– Sim, pode deixar.

Onurb reclama:

– Não conte com isso, esse grupo só toma decisão ruim.

Alexia e Anirak levam e empurram Onurb para fora da sala, Baltazar e Maxmilliam riem e Ray reforça dizendo pra Erèm:

– Não se preocupe madrinha, vai dar tudo certo e boa sorte para a senhora também, sei que a senhora luta pelo bem de todos.

Erèm abraça forte Ray novamente.

– Sempre tenha isso em mente Ray, temos que fazer o melhor para todos, ou pelo menos para a maioria de bem... Agora vá, a carta e um presente meu para Ego Sum já estão na carruagem, mande meus cumprimentos.

– Sim, muito obrigado.

– Por nada.

Saindo da sala Ray se depara com o grupo parado, quietos e olhando para ele.

– O que foi?

Baltazar diz animado:

– Estamos esperando nosso líder, algo a dizer?

Ray fica um pouco envergonhado e fala:

– Nova missão para o Koètuz, ir até Ego Sum, libertar Doug desse “coma” e adquirir informações sobre os outros companheiros.

– Gostei de ver.

– Obrigado pessoal, a companhia de vocês é muito importante para mim.

– Apoio é tudo Ray.

Todos olham para Onurb que está de braço cruzado, ele olha para todos e diz:

– Eu detestei o nome do grupo, mas estamos juntos, o que pode acontecer de mais também? O pior já passou... Assim espero.

Alexia comenta zombando de Onurb:

– Acho que este comentário é o mais positivo que se pode ter de Onurb.

Todos riem e seguem com o planejamento que Erèm designou, seguindo para a carruagem que os levam para a muralha de Libryans.



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