Volume 2

Capítulo 144: Reencontro I

Em outro lugar na costa do Grande Continente, aparece através da magia de teleporte Lili, ela demostra fraqueza, tontura e desmaia, horas depois ela acorda acompanhada por dois guerreiros, com vestes que lembram os homens do Império de Cristal, ela fica nervosa, mas eles tentam acalmá-la.

– Acalme-se ! Não somos inimigos.

– Quem são vocês?

– Eu sou Lincoln, e esse é meu amigo Mazda, somos guerreiros de Hen Ford da cidade de Prince, somos aliados.

– Ford? Prince?... Ray contou uma história sobre vocês, mas eu não me lembro muito bem dos detalhes.

– Bom, o importante é que você saiba que não estamos aqui para machuca-la.

– E onde eu estou?

– Encontramos você na costa, agora estamos em uma carruagem de Ford.

– E para onde estamos indo?

– Para Libryans...

– Libryans... Estou no caminho certo então... Um momento! Como vocês me acharam? Vocês sabiam que eu estaria na costa?

– Não, foi coincidência, fomos enviados para vigiar a costa devido a guerra que estava tomando o Grande Continente, tínhamos suspeitas de que algumas tropas de Xarles estavam por essa área, foi aí que nós achamos você, junto com você tinha uma mensagem clara para leva-la até Libryans, deixamos nossos homens ainda vigiando a costa e estamos levando você até o seu destino.

Lili demostra alívio, mas questiona com um ar suspeito:

– Onde está essa mensagem? Quem escreveu para vocês largarem a missão de vocês?

– O Electi chamado Jason.

Mazda entrega para Lili um pequeno pergaminho com o selo de Amici Mei e com a assinatura de Jason, ela admira o pedido feito a mão e Lincoln diz sorrindo:

– Um pedido de um Electi está acima de qualquer outra missão, e tenho certeza de que ninguém em sã consciência falsificaria um documento desses.

– Entendi... Que bom... Obrigada por me ajudarem.

– É um prazer lhe ajudar, a sua chegada em Libryans deve ser importante, então faremos da forma mais rápida e segura possível.

– Bom...

– Não somos muito de conversar, então não se importe se ficarmos muito quietos.

– Mas vocês gostam de ouvir e comentar sobre histórias?

Mazda e Lincoln se olham e respondem:

– Sim.

Lili se anima e diz se espreguiçando:

– Ótimo, então teremos muito assunto, assim o tempo passará mais rápido.

– Certo.

 

Em outro ponto da costa, Baltazar é resgatado inconsciente do mar, em pouco tempo ele acorda em um barco perto do leme, que é manuseado por uma mulher robusta, uma guerreira que o aborda:

– Baltazar Thur, o Touro Náutico.

Baltazar estranha a situação, ele fica atento olhando para os lados e para o convés, ele observa pessoas comuns andando e trabalhando no barco sem nenhum sinal hostil ou suspeito, ele se levanta e questiona sério:

– E quem é você?

Ela se aproxima, sorri e o cumprimenta com um aperto de mão forte ganhando a confiança dele.

– Pode me chamar de “Braço Direito”.

Ela entrega para ele um pergaminho indicando a missão que o Electi deu para ela, que é a de levar Baltazar para Libryans, ele fica surpreso e a questiona para puxar conversa:

– Bom, e onde está o “Braço Esquerdo”?

Ela perde o sorriso, fica séria e responde:         

– Ela morreu... Mas faz parte da batalha.

– Sinto muito.

– Tudo bem, ela morreu lutando, por algo que ela queria muito.

– Bom... E você é de onde?

– Sou de Baron...

– Lembrei! Minhas amigas foram para Baron, elas comentaram...

Baltazar lembra-se das mortes que ouviu falar e se cala, Braço Direito então continua o que Baltazar iria falar:

– Sobre “Braço Direito”, “Braços Esquerdo” e “Olho Bom”?

– Sim...

Ela demostra se emocionar, mas comenta animada:

– Ótimo, fico feliz que os nossos nomes estejam passando por pessoas como você, isso nos mantêm vivos e fortes como sempre fomos e sempre seremos... Sei que são só codinomes, mas é uma grande história para explicar essa “tradição”.

Baltazar sorri e questiona:

– Estamos longe de Libryans?

– Sim, um pouco.

– Então eu tenho tempo para uma grande história de heróis.

Ela ri e comenta:

– O senhor deve ter mais histórias e histórias bem mais emocionantes para contar.

– Não, eu já contei tantas vezes que até cansei de ouvir o meu próprio nome, nada melhor do que ouvir uma boa e nova história. Você me daria essa honra?

Ela sorri por ter ganhado mais confiança de Baltazar e diz:

– Certo, pegue o leme por um momento que eu vou buscar algo para nós comermos e bebermos, comida é um ótimo acompanhamento para uma boa uma história.

– Com certeza!

 

Anirak é despertada em terra firme na costa, ela está em uma tenda bonita e modesta, ela olha o homem que está cuidando dela e pergunta:

– Estou no Grande ou no Pequeno Continente?

O homem ri e diz:

– Anirak..., que bom você lembra-se de mim.

– Henrique?

– Isso! Fico feliz por você lembrar-se do meu nome.

– Onde eu estou? Ou ainda estou sob efeito mágico?

– Espero que não, porque se for, eu não passarei de um elemento místico, e eu só vejo uma pessoa aqui assim.

Anirak sorri um pouco envergonhada e diz:

– Pare com isso, onde eu estou?

– Você está em uma base improvisada para cuidar de algumas pessoas sem lar, muitos perderam suas casas e familiares com a guerra que o Império de Cristal estava travando, aqui nós os acolhemos e os redirecionamos para Ducem, que está sendo reconstruída.

– Incrível.

Uma mulher entra na tenda e a cumprimenta:

– Anirak? Que prazer conhecê-la... Como você está?

Ela se aproxima e coloca a mão no peito, pescoço, boca, nariz, orelha e na cabeça de Anirak, certificando que ela está bem.

– Sim, estou bem... E você é?

– Eu sou Brenda... Eu, Annie e Elise viemos até aqui para ajudar as pessoas a se restabelecerem.

– Os seus nomes soam familiares.

– Conhecemos o Ray em Caelum.

– Sim!

– Isso! Trabalhamos lá, ou trabalhávamos, não sei ainda como ficaremos depois de tudo isso, pois o nosso amigo e a família dele que comandavam o local morreram, mas enfim... O importante é que estamos caminhando bem até agora.

– Verdade, que bom que vocês vieram ajudar, não sabia que existiam grupos assim.

– Têm muitos outros, muitos ocultos por causa da represália do Império.

Anirak levanta, pega uma fruta e começa a comer com gosto.

– Um lugar aliado finalmente! Nos últimos tempos só estive em lugares hostis.

– Que pena... Mas venha e dê uma olhada, você vai gostar mais se ver pessoalmente.

Brenda conduz Anirak para fora da tenda, ela vê que está no meio de um grande campo aberto com algumas elevações de terra, com poucas árvores e perto da praia, o lugar tem várias tendas, grandes barracas e muitas pessoas por todo lado.

Anirak fica encantada ao ver todos bem acolhidos, não sabendo identificar quem está dando suporte e quem está carente de moradia e de afeto, pois todos conversam, riem, comem e demostram que estão tranquilos e felizes, crianças na brincando na praia coroam a simplicidade e o amor ao próximo que o lugar transmite.

Brenda vê que Anirak gostou de ver o lugar desta forma e comenta:

– Lindo, não?

– Sim, muito lindo.

– Confesso que não achei que tantas pessoas se uniriam assim.

– Eu também não.

– Desculpe Anirak, quando você foi resgatada na beira da praia havia uma mensagem com você, mas ela foi levada pela água.

– Mensagem?

– Você precisa ir para algum lugar, há algo que possamos fazer?

– Sim, eu preciso ir para Libryans.

Henrique escuta a conversa ao sair da tenda e se propõem a ajudar.

– Pode deixar, vou preparar os cavalos e suprimentos e iremos para lá.

– Obrigada, mas somente um cavalo basta, eu posso ir sozinha.

Henrique sorri e diz indo para um lugar com vários cavalos e guerreiros:

– Certo, mas se quiser companhia eu deixarei meu cavalo pronto também.

Anirak sorri e fica pensativa, Brenda a puxa pelo braço e a leva para uma barraca grande com várias pessoas cozinhando e comendo comida boa e fresca.

– Ótimo, antes de ir é bom você comer um pouco, vamos aproveitar que já tem gente comendo aqui.

– Boa ideia.

– Depois você estará em boas mãos e eu ficarei mais aliviada, só não se esqueça de mandar lembranças e um abraço forte para o Ray.

– Pode deixar, ele ficará feliz em saber que vocês estão bem.

– Que maravilha, eu fico feliz em saber que vocês do grupo de Ray estão bem. E falando nele, você sabe se ele está bem também?

– Espero que sim, mas se eu estou viva quer dizer que todo o grupo também está.

– Ótimo, vamos comemorar então!

 

Na costa mais próxima de Libryans está Peter, ele está sozinho, mas bem armado e com bastante suprimentos, preparado para qualquer imprevisto, após resgatar Onurb, que estava inconsciente na praia, ele segue em direção ao seu reino em passos rápidos. Depois de algum tempo Onurb acorda e resmunga:

– Não tem outro jeito de me levar?

Onurb está amarrado nas costas de Peter, igual algumas mulheres levam seus filhos, mesmo confortável Onurb questiona:

– Me ouviu?

– Sim, só não quis responder.

– E para onde estamos indo?

– Para Libryans, onde mais estaríamos indo?

– Ótimo! Não sei, por isso perguntei.

Onurb olha para os lados, para o céu e diz se espreguiçando:

– Tem comida?

– Tem na sacola do seu lado esquerdo, e tem água do lado direito.

– Estranho, me sinto importante.

– Não se acostume.

– Imaginei... Como você soube onde me encontrar?

– Erèm me mandou, ela recebeu uma mensagem de Úrsula e soube que alguns de vocês apareceriam na costa.

– Você se propôs em me resgatar?

– Não sabíamos quem apareceria... Eu só tive a “sorte”.

– Sei...

Onurb ri entendendo a ironia de Peter e diz com um ar sincero e sério:

– Peter, me desculpe por ser assim, mas no interior eu sou uma boa pessoa, desculpe se ofendi você ou algo que você aprecia.

Peter para e tentando olhar para trás pergunta:

– Você está bem?

– Sim... Mais do que nunca pensei que estaria.

Peter volta a caminhar e com o tempo ele aumenta a velocidade e responde:

– Certo, vamos esquecer o passado, o futuro está próximo e é ele que importa agora.

– Certo...

Onurb olha para os lados, pega comida, bebe água e questiona de uma forma mais simpática:

– Você tem algo doce para comer? Não que eu esteja reclamando, mas é sempre bom.

– Onde você pegou água, do lado tem um pouco de “Nom Yen”.

– Nol quem?

– “Nom Yen”! É “leite rosa”, é doce, mas não está gelado.

– Entendi... Vou tomar um pouco.

Onurb vê que tem mais Nom Yen do que água e pergunta surpreso:

– Você disse pouco? Tem muito aqui.

– Isso é pouco para mim.

– Proporção diferente para um gigante, entendi. Essa bebida é de onde?

– Da Floresta de Pando, eu experimentei uma vez e acabei gostando. Yama sempre os ingredientes para eu fazer igual.

Onurb bebe o leite rosa e demostra gostar, ele fica com um olhar suspeito e pensa falando baixo:

– Experimentou e acabou gostando...Yama? Sei...

Onurb começa a rir e olha para as pegadas grandes que Peter deixa ao correr.

– Muito grande.

Onurb ri alto comentando:

– Proporção diferente! E assim morre Yama em suas aventuras arriscadas.

Peter ouve parte da frase e não entende.

– O que foi?

– Nada, eu pensei alto... Yama é um rapaz legal eu me lembro dele.

– Sim, ele sempre fala para eu ir passar um tempo lá, mas não sei, não estou acostumado com os costumes deles e tenho responsabilidades em Libryans.

– Você deveria ir, quem sabe você experimenta e acaba “gostando”.

Onurb ri baixo e Peter continua sem entender a malícia de Onurb.

– Certo, quem sabe.

– Me lembrei de Ray e Jhon... Saudades do Ray, eu espero que ele e os outros estejam bem.

Peter para um pouco pra comer e Onurb comenta:

– Eu revezaria com você, mas você deve pesar dez vezes mais do que eu, e vinte vezes mais do que eu posso carregar.

– Vinte?

– Se não for trinta! Eu não gosto de carregar muito peso.

Peter ri, continua a andar enquanto come e bebe. Pouco tempo depois Onurb diz:

– Estou um pouco entediado, conte-me um pouco das montanhas brancas.

– Você vai dormir ao ouvir.

– Ótimo, isso me ajudaria ainda mais.

Peter balança cabeça sorrindo e inicia a história. Onurb fecha os olhos, se acomoda melhor como se fosse dormir e agradece:

– Obrigado... Inicie com “Era uma vez” isso melhora o chamado do sono.

– Tudo bem, se você acha melhor assim. Era uma vez...



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