Volume 2

Capítulo 143: O Fim do Império de Cristal

A Magia Electi cria um raio de luz branca que atinge o centro de Sodorra, em seu trajeto tudo o que é físico e mágico é destruído e consumido, virando energia para potencializar ainda mais a magia, a luz fica negra e se expande rapidamente tomando toda a cidade, todo o império, essa luz neutraliza e danifica tudo que toca, ela atravessa objeto, matéria, carne e magia. A luz desaparece e do centro de Sodorra sai uma grande energia, o poder é extremamente destrutivo, causando uma enorme explosão que se expande em uma velocidade extraordinária, em um segundo tudo o que está no primeiro nível da cidade de Sodorra, incluindo o Castelo de Cristal, virá pó, com exceção de alguns cristais corrompidos grandes que resistem mais do que qualquer outro material no local mas reduzem de tamanho... No próximo segundo, o segundo nível é varrido pelo impacto, qualquer material mais fino que uma parede grossa ou uma armadura bem feita é desintegrado, restando somente pequenos destroços e estilhaços de cristais corrompidos no local. No terceiro segundo a magia atinge o terceiro nível da cidade, devastando tudo que é maleável, sobrando só ruinas de algumas construções mais resistentes. No quarto nível da cidade acontece uma explosão menor, mas bem destrutiva, que acaba com tudo que havia nela, o impacto ainda atinge os arredores destruindo partes da floresta, rio e a paisagem. Por todo lugar que a magia atingiu e vida foi destruída, do menor ser ao maior, a Magia Electi, seguindo o desejo de quem a lançou e a conquistou, matou tudo que estava em Sodorra, atingindo também vários metros de profundidade abaixo do solo de Sodorra e destruindo qualquer passagem ou caverna no lugar, em dez segundos a cidade de Sodorra deixa de existir junto com toda a vida que havia nela, um vento forte se expande e chega até as outras cidades regidas por Sodorra, que pressentem o acontecimento. Todos os seres praticantes de magia de nível alto em todo o planeta sentiram a presença e o poder da Magia Electi, sentiram tonturas e instabilidade mágicas por alguns segundos. A muitos quilômetros de distância de Sodorra dá para se ver uma grande torre de fumaça se elevando aos céus indicando a grande destruição, a fumaça somada com as nuvens no céu cobre todo o Grande Continente, deixando o amanhecer nublado e escuro, uma nuvem de poeira fica no lugar do que antes era a cidade de Sodorra, que a cada minuto diminui de tamanho, revelando o quão destrutivo foi a Magia Electi. Após alguns segundos do silêncio que tomou o Grande Continente, a maioria de sua população começa a comemorar o fim da tirania e o início de uma nova era, todos os animais e até os Grandes Animais ficam recuados e quietos em seus territórios por sentirem o poder e a mudança repentina.

 

Entre todos os lugares, Libryans é o lugar onde mais se comemora a queda do Império de Cristal e consequentemente a morte de Xarles, todo o reino inicia uma festa modesta, mas bem animada e esperançosa com o novo futuro, na sacada da sala do trono a rainha de Libryans, Erèm, olha para o céu escurecido pelo poder da magia e se questiona preocupada:

– Ray, o que você fez?

Ela olha atentamente para um cubo rubik negro e branco em suas mãos como se olhasse para dentro dele.

– Será que realmente acabou?

 

Manhã, 06 de março 1591 – Em algum lugar na costa do Grande Continente.

Ray abre os olhos e percebe que está dentro do mar, perto da costa do Grande Continente, ele está em transe e pensativo, a Magia Electi deixou seu corpo e mente cansados. Desnorteado Ray nada um pouco e sem rumo, os efeitos positivos da magia cessam e ele fica com falta de ar, indo rápido até a superfície. A adrenalina do momento o fez despertar.

– Onde estou?

Ofegando, ele olha ao redor buscando respostas.

– Eu usei a Magia Electi... Eu deveria ter sido mandado para Libryans... Ou eu deveria estar em Pronuntio.

– Ray...

– Úrsula?

A voz de Úrsula anima Ray que fica agitado e feliz:

– A senhora está viva? Onde está? A senhora está bem?

A voz de Úrsula está fraca demostrando fadigar a cada palavra:

– Acalme-se Ray... Eu estou bem... Com a sua vitória no teste minha vida foi poupada, você provou muito mais do que habilidade no teste... Você e seus amigos provaram que mereciam vencer.

– Eu penso agora no teste e vejo que não pensei muito nas opções.

– Tudo bem... A magia fez isso com você, deixou você mais impulsivo, é característica dela tirar algo... Tirar um ponto forte para testá-lo de uma forma “neutra”.

– Eu diria extrema.

– Sim... Você deve estar se perguntando o que houve para você estar no meio do mar...

– Sim, o que houve?

– Sodorra foi destruída como você queria Ray, mas a magia que bloqueava o teleporte ainda existe, ela está fraca e cessando com o tempo, isso impede um teleporte à grande distância.

– Entendi... Por muitos anos esse bloqueio existiu, será difícil achar alguém que saiba usar completamente a magia do teleporte hoje em dia.

– Correto. Com o bloqueio, essa magia ficou esquecida... Mas não se preocupe, um barco está próximo de você Ray, eles vão te ajudar a chegar na costa e a chegar até Libryans onde seus amigos provavelmente estão a caminho.

– Ótimo... Muito obrigado por tudo.

– Obrigada você Ray... Me desculpe por me ausentar agora e deixá-lo assim... Mas eu preciso descansar.

– Sim, sim! A senhora merece, não vejo a hora de voltar para Pronuntio... Podemos jogar uma partida de IeretaM.

– Será um prazer...

Ray sente que a conexão entre ele e Úrsula acabou, ele boia um pouco olhando para a grande nuvem negra que cobre o Grande Continente e diz:

– Realmente a Magia Electi é poderosa, e quase impossível de invocá-la.

Ray avista um barco se aproximando e nada até ele gritando:

– Aqui! Por favor!

O barco é simples, de tamanho médio e aparentemente doméstico pois não parece ser para fins comerciais ou militares, o barco parece navegar apenas com o objetivo de viajar pela costa e entre ilhas.

Ray é retirado da água e a bordo admira o barco que é repleto de flâmulas, bandeiras e símbolos das dez ilhas dos Electi, demostrando ser um barco bem viajado e amistoso, há poucas pessoas nele, mas todos se demonstram simpáticos e animados:

– O que houve rapaz?

– Eu estava em uma batalha e acabei aqui nas águas de Pronuntio.

– Pronuntio?

– Sim...

A conversa é interrompida pelos donos do barco que saem para o convés, cinco rostos conhecidos, que ao verem Ray o reconhecem e correm felizes até ele, abraçando-o.

– Ray? Quanto tempo!

Ray abraça um por um, feliz por ver rostos amigáveis e conhecidos:

– Alim. Jefferson. Joara. Lays. Rômulo... Sida.

Jefferson se alegra e comenta:

– Ótimo você lembra até dos nossos nomes.

– Sim, os grandes artistas. Navegamos até Coniuro no início da minha missão.

– Isso! E agora, para onde você está indo Ray?

– Vocês estão indo para Coniuro de novo? Podem me deixar por lá mesmo.

– Coniuro? Não Ray, isso está muito longe.

– Longe? Mas estamos nas águas de Pronuntio.

– Pronuntio? Não Ray, estamos nas águas da ilha afundada de Vir Meus.

– Vir Meus?

– Sim, aconteceu algo?

Ray fica perplexo e responde:

– Sim... Eu estou indo para Libryans.

– Ótimo estamos indo para lá também, terminamos nossa viagem pelas dez ilhas e agora queremos passar uma temporada em Libryans até fazermos outra viagem.

Ray vai até a beira do barco e questiona baixo:

– Vir Meus? Como eu vim parar aqui?

Jefferson se aproxima e questiona Ray:

– Algum problema?

Ray não ouve e a pessoa que o tirou da água fala com Jefferson:

– Ele disse que estava em uma batalha e falou de Pronuntio, ele deve estar desnorteado e com fome.

– Entendi...

Joara pega no braço de Ray e o leva para dentro do barco.

– Ray, venha... Você precisa comer.

Ray vai com Joara, mas demostra estar confuso.

– Libryans...

– Não se preocupe, estamos indo para lá.

Ray é levado até a cozinha e é servido por Joara, Alim e Jefferson que lhe dão comida, frutas um pouco passadas, peixe fresco, uma espécie de ração e algas, Ray senta em um banquinho e aos poucos fica melhor, conversando enquanto come:

– E como foi a viagem de vocês?

Joara senta ao seu lado em outro banco comprido e responde:

– Foi ótima! Visitamos todas as dez ilhas, nos apresentamos, cantamos, dançamos, conhecemos culturas novas, comemos muitas comidas diferentes e com modos de preparo diferentes também... Foi um pouco cansativo viajar tudo de barco, mas com os problemas que o Império estava causando o melhor era ficar distante. Passamos por algumas tempestades, mas nada sério, as pessoas das ilhas sempre nos davam suporte, comida, suprimentos, consertos no barco e até medicamentos... Infelizmente não conhecemos nenhum Electi, e felizmente não passamos por mais problemas iguais aquele que tivemos no barco para Coniuro, aquele rapaz mal-intencionado foi preso junto com o grupo dele e eles devem estar pagando pela maldade deles.

– Incrível... Foi uma viagem bem divertida.

– Sim, muito. E necessária, não imagino como nós seríamos hoje em dia se não a tivéssemos feito.

Jefferson e Alim sentam ao lado de Joara e questionam:

– Você está se sentindo melhor Ray?

– Sim eu estou, obrigado. Eu só achei estranho eu estar por essas águas, era para eu estar perto de Pronuntio.

– As águas às vezes nos levam tão rápido que acabam nos deixando confusos.

– Mas tudo bem, toda agitação da minha missão me deixou confuso, quando eu chegar em Libryans tudo vai melhorar.

– Ótimo... Um dos motivos da sua confusão pode ser por causa da destruição que aconteceu, animais marinhos se moveram contra o Grande Continente, o movimento rápido deles nas águas quase fizeram nosso barco virar, ficamos com medo.

Alim comenta surpresa:

– Verdade, achamos que eles iam nos atacar, o mar ficou agitado e tudo mais, sem falar da nuvem negra que está tomando o céu, deve ser uma tempestade.

Ray respira fundo e diz aliviado:

– Pode ser, afinal, o Império de Cristal não existe mais.

Joara questiona pensativa, olhando a nuvem pela pequena janela da cozinha:

– Foi o Império que foi destruído?

– Sim, como você havia falado, os problemas que ele causava não existem mais.

– Que bom... Ou não.

– “Ou não”?

– É um susto Ray, o Império controlava muitos lugares e pessoas, como essas pessoas vão reagir, será que alguém irá assumir o lugar dele? Haverá guerra pelas terras?

– Sim... Não pensei por esse ponto.

– Mesmo assim é algo muito bom, é sinal de que mudanças boas vão acontecer... Não?

Jefferson, Alim e Ray concordam:

– Sim.

– Estamos perto da costa Ray, em alguns dias chegaremos a Libryans... Até lá teremos tempo para saber de mais detalhes da sua aventura.

Alim e Jefferson veem que é uma boa forma de descontrair e questionam Ray:

– Verdade! Pode nos contar?

– Ou é uma missão secreta?

Ray sorri e diz:

– Posso contar, mas se preparem, pois a história é longa.

– Perfeito, nós podemos mostrar as músicas e as danças novas que fizemos, e as que aprendemos visitando as ilhas dos Electi.

– Vou adorar.



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