Volume 2

Capítulo 139: IeretaM

A silhueta de borboletas desaparece virando borboletas menores até sumirem, a ampulheta penetra na terra e várias raízes saem do chão, formando pequenos traços salientes na terra transformando uma parte do campo em um tabuleiro gigante.

As raízes dividem a terra igualmente formando cem quadrados de três metros quadrados cada, Ray acorda ouvindo o barulho do tabuleiro se formando e questiona Úrsula, que está admirando a magia construindo o último teste:

– Onde estão os outros Electi?

– Eles á foram Ray.

– Conseguimos?

– Ainda não, mas conseguimos permitir que seus amigos, após concluírem os testes, recebam o poder desejado para uní-los para o seu plano final.

– Ótimo... Vocês viram o Electi traidor?

– Você sabe quem é ele Ray?

– Sim...

Ray começa a ficar preocupado vendo que em sua mente o rosto e informações das suas suspeitas foram apagadas.

– Não acredito, ele fez algo comigo.

– Sim, eu deveria ter imaginado... Os outros Electi perceberam que sua mente foi bloqueada e ficaram com mais medo desse traidor.

– Mas ele deve ser um dos atuais também.

– Você tem certeza?

– Não mais...

– Mesmo se o seu julgamento for correto não terá como saber até que ele dê outro passo.

– Mas eu me lembro que um dos motivos para eu querer usar a Magia Electi era para atingí-lo. Ele está em Sodorra.

– Pode ser que uma parte dele esteja em Sodorra ou pode ser um sósia, um Electi tem grandes poderes Ray, ainda mais o traidor que provavelmente se preparou para tudo isso.

– Ele é tão perigoso assim?

– Não só ele, mas os planos dele também, ele é parecido com Xarles, só que com planos e com capacidades bem maiores.

– E agora?

– Conhece o IeretaM?

– O jogo?

– Sim.

– Um pouco, não jogava muito...

Ray olha para o campo gramado e percebe que o último teste é o jogo.

– Eu vou jogar IeretaM? Mas será realista?

– Sim Ray...

Úrsula sente uma dor de cabeça que preocupa Ray:

– Úrsula, a senhora está bem?

– Eu fiz minha escolha...

Ela demostra dor e desaparece virando água, Ray se desespera e tenta usar sua energia para ajudar ou identificar o que houve, mas ele não tem sucesso, ele sente algo o chamando, um dos quadrados no chão o chama para que ele fique dentro dele, Ray se aproxima, olha e analisa o campo.

– IeretaM... Esse é o lugar do Rei.

Ray entra no quadrado e uma onda de energia se espalha partir dele, essa onda vira pó de cor branca e preta que cobre todo o tabuleiro, Ray fica pensativo e ouve uma voz dizendo:

– Quem deseja o poder Electi?

Ray respira fundo e com determinação se apresenta:

– Eu, Ray Blok W. venho para conquistar o desejo Electi através da Magia Electi.

– Escolha suas peças.

– Peças?

O pó que cobre o campo separa o branco do preto e forma em cada lado do tabuleiro humanoides que se enrijecem com roupas, armaduras e armas parecidas com as armaduras dos Caos, em ambos os lados surgem na última fileira o “Vigia”: de armadura e estatura média usando uma lança. Ao lado do vigia surge o “Bobo”: de roupas leves, estatura baixa usando uma tocha e uma adaga. Ao lado do bobo surge o “Príncipe”: de estatura média, armadura leve de categoria nobre, coroa pequena e uma espada de uma mão. Ao seu lado a “Rainha” aparece: de estatura média, armadura leve de categoria nobre, coroa media e um sabre, ao lado dela o “Rei”; de estatura alta, armadura média de categoria nobre, coroa grande usando uma espada longa de lâmina larga, ao seu lado da rainha o “Sacerdote” surge: de roupas leves estatura média usando um bastão e um livro grosso. Ao lado do sacerdote montado em um cavalo de armadura aparece o “Cavaleiro”: de estatura alta, porte físico forte com uma armadura pesada, ele usa uma espada em sua bainha e uma alabarda em sua mão, ao lado dele há outro “Vigia”, à frente dessa linha existe a mesma quantidade refletida em “Peões”: estatura e armadura média usando espada e escudo.

– Incrível...

Do lado do Ray apareceram as mesmas peças com exceção do Rei que ele mesmo representa, Ray olha enquanto as peças se formam e vai se lembrando de algumas informações do jogo.

– Por que eu devo escolher minhas peças?... Elas já foram colocadas. O Vigia, o Bobo, o Príncipe, a Rainha... O Rei, eu sou o rei do meu lado..., com a morte do rei o jogo termina..., o Sacerdote, o Cavaleiro e o Peão... Eu sou as peças brancas e meu inimigo as pretas.

Após se formarem as peças gritam juntas:

IeretaM!

Com todas as peças colocadas Ray fica nervoso olhando para cada uma e começa a pensar em um plano rápido.

– Me sinto ansioso, isso não é bom para um jogo de estratégia e paciência... Faz muito tempo que eu não jogo isso, espero ter sorte.

– Você terá mais que ter mais do que sorte Ray!

– Úrsula?

A imagem da Rainha ao lado de Ray emana uma energia azul clara e Úrsula surge no lugar dela tomando o lugar da rainha no jogo.

– Sim, você terá que escolher as outras peças Ray, é isso que o jogo quer que você faça.

Ray olha para as outras peças e entende o que ele tem que fazer para iniciar o jogo.

– Entendi...

Conforme Ray nomeia as peças elas se transformam.

– Meu primeiro Vigia será Baltazar Thur, o segundo será Anirak d' Cayth, nomeio Onurb Gaster como o Bobo, Jhon Ryan Hantler como o Príncipe, Úrsula já posicionada como minha Rainha, para o Sacerdote eu nomeio meu mestre e padrinho Maxmilliam de Galfik, meu Cavaleiro será Kyran, meus Peões serão os outros integrantes do Koètuz liderados por Alexia Azzahar... E eu Ray Blok W. me proclamo Rei das peças brancas!

Após as escolhas, as peças pretas ficam em posição de batalha como se fossem atacar todos de uma vez, Ray encara elas e questiona Úrsula, que admira Ray como líder:

– Esse jogo... O que acontecer aqui afetará meus amigos?

– A ideia da Magia Electi é essa.

– Então e se eu escolher outros?

– Suas escolhas só são validas para pessoas ligadas a você Ray, a magia sente que os escolhidos realmente viriam ao seu chamado, você pode chamar por alguém e a magia negar o seu pedido, mas pelo o que eu posso ver todos os chamados tem apreço e gosto por você, um sentimento digno e pelo o que eu posso sentir, recíproco.

– Sim... Mas não quero que eles se firam.

– Não se preocupe Ray, minha presença aqui anula qualquer dano que seus amigos terão no jogo, mas infelizmente para você o jogo será real.

– Sim, eu já imaginava, eu concordo.

Ray fica animado e feliz por saber que as imagens de seus amigos não os representam realmente, mas são como uma formalidade e inspiração para o jogo.

– Ótimo, fico feliz em saber que eles estão salvos, no meu caso se eu perder o jogo, algo ruim acontecerá comigo, mas na posição de Rei eu fico na vantagem.

– Exatamente, como você deve lembrar, o Rei não poder ser morto.

– Sim, e o meu objetivo além de ficar vivo é matar o Rei inimigo.

– Está preparado?

– Sim!

– Infelizmente eu também não sei ao certo como funcionará o IeretaM daqui, mas sei que as regras comuns se aplicam aqui.

– As regras eu lembro.

– Então você lembra-se da história? De como surgiu o IeretaM?

– Sim, o “Rei Branco” traiu o tratado de paz atacando o “Rei Preto”, por isso as peças brancas iniciam o jogo.

– Certo.

– O tabuleiro tem dez fileiras e dez colunas compostas por cem quatro, posso ver que tem quadrados em que a grama está mais escura dividindo e mesclando claras e escuras, as fileiras das laterais ficam vazias para ampliar a estratégia, cada jogador tem dezesseis peças, cada peça se move de um jeito diferente e cada jogador pode mover uma peça por turno com o propósito de matar o Rei inimigo.

– Lembre que todas as peças têm vantagens.

– Sim, eu me lembro de algumas, o Sacerdote não pode matar o outro Sacerdote...

As peças inimigas demostram ansiedade, batendo suas armas e fazendo barulho para que Ray inicie o jogo.

– Certo! Eu que inicio então...

Ray olha um pouco as suas peças e sem pensar muito ele inicia jogo com seu primeiro movimento.

– Anirak! Com o a vantagem do Vigia que pode se mover duas vezes no primeiro lance, peço que você avance para o meio campo de batalha.

O exército inimigo avança com um dos peões para intimidar Anirak, Ray percebe que o jogo é diferente do jogo comum, e ordena:

– Anirak. Ataque o peão inimigo.

Anirak se coloca ao lado do peão que avançou e luta contra ele, enquanto a luta inicia um dos Vigias do inimigo se move indo atacar Anirak e Ray comanda:

– Alexia avance.

Anirak ganha do Peão, que vira cinzas ao morrer. Outro Vigia inimigo se move e avança rápido, chegando perto do exército de Ray, mas mantém uma distância segura para não ser atacado.

– Maxmilliam ajude Anirak.

A batalha é igual uma comum, Anirak usa uma espada comum e se defende do Vigia que usa uma lança, ela chega a ferí-lo, mas é derrotada antes que Maxmilliam chegue para ajudar, ao se aproximar o Vigia é morto por uma magia poderosa de Maxmilliam e em seguida o Bobo do inimigo se move. Ray calcula o próximo movimento:

– Perdi Anirak, não quero arriscar meu mestre... Maxmilliam! Volte alguns lances.

Um dos Peões do meio se move e Ray analisa as jogadas imaginando que Alexia será atacada pelo Vigia.

– Peão da Úrsula, avance e auxilie Alexia!

O Sacerdote se move e Ray pensa em uma manobra furtiva.

– Como o jogo é diferente do comum vou confiar no meu “Bobo”, Onurb, se prepare para avançar.

Onurb avança para a lateral do campo para seguir na próxima jogada. O Vigia inimigo avança e ataca Alexia. Como Ray havia pedido, o Peão ao lado dela assumiu a luta trocando de lugar com ela e morrendo em seu lugar, Ray fica impressionado por ver uma ação impossível de se fazer dentro do jogo comum.

– Estranho...

Mesmo se adaptando ao jogo real, Ray não pensa duas vezes e ordena:

– Alexia mate o Vigia!

Após a sua ordem nenhuma das peças se move.

– O que houve?

Ray olha para Úrsula e ela demostra que sua fala é limitada no jogo, demostrando que só o Rei tem a voz e a sabedoria para falar e comandar as peças, Ray volta a analisar as peças e se espanta ao perceber que ele entrou na linha de ataque do Vigia após ele ter matado o Peão da sua frente.

– Eu que preciso me mover... Eu posso ir para a frente de Úrsula.

Ray tenta se mover em diagonal, mas é bloqueado por um campo de força.

– Mais essa..., o Sacerdote... se eu ficar à frente de Úrsula o Sacerdote me mata, por isso que estou bloqueado para andar ali.

Ray anda para o lado, pois percebe que é o lugar seguro para si, em seguida o Sacerdote avança e entra em batalha com Jhon.

– Não! Eu deveria ter visto, era para o Jhon ter ido atacar ele antes... Úrsula por favor, ajude Jhon.

Antes que Úrsula o ajude, Jhon luta contra o Sacerdote, os dois iniciam uma luta corpo a corpo com Jhon usando seu cajado e o Sacerdote com o seu bastão, logo os dois se envolvem em um globo mágico que fica revestido por uma sequência de magias, primeiro ele fica eletrificado, depois gelado, quente, depois luminoso e por fim o globo os envolve em trevas, ofuscando a visão para se ver o que ocorre dentro dele, Ray fica preocupado e comenta:

– Mas se o jogo não é comum, as habilidades de luta deles têm que ser válidas, pelo menos uma parte da capacidade de cada um... Vamos Jhon, você tem o poder para isso.

O globo explode e produz um grande vento, Ray fica feliz ao ver Jhon de pé e o Sacerdote no chão virando cinzas.

– Ótimo!

Ray se assusta ao ver Jhon sendo atacado pelo Vigia que aproveitou a brecha na linha de frente.

– Mas como?

Ray analisa e vê que a vitória de Jhon deu vantagens para o exército inimigo, uma forma de igualar o jogo, Jhon luta bem contra o Vigia, mas acaba perdendo, ao ver John cair no chão, Úrsula se aproxima com seu tridente e mata o Vigia seguindo a ordem anterior de Ray, que lamenta a perda de mais um integrante.

– Jhon! Não..., ele era o Príncipe, uma peça forte para o jogo.

O Cavaleiro inimigo se move, dando a ideia para que Ray siga os mesmos movimentos, acreditando que seus amigos são mais fortes que as peças inimigas.

– Verdade, o Cavaleiro consegue passar por outras peças. Kyran, avance e siga os passos do Cavaleiro inimigo.

O inimigo move um Peão e Ray segue a mesma jogada.

– Peão, avance!

Ray vê que o Rei inimigo joga uma magia nele, Ray rapidamente o bloqueia e se espanta.

– Esse jogo está saindo do controle.

Os dois decidem movimentar as peças, alinhando-as novamente mais ao centro, deixando todos perto de um combate campal, a cada peça que se move de ambos os lados o Rei inimigo alveja Ray com uma magia. Ray bloqueia as investidas recebidas, encantando sua funda ou esquiva-se delas até perceber que as magias do Rei inimigo estão evoluindo com o tempo e ficando mais fortes e mais poderosas a cada jogada.

– Ele quer me tirar do tabuleiro...

Uma grande ventania é conjurada e jogada em Ray, ele se lembra de uma manobra do jogo que dá vantagem ao Rei e a usa.

– Baltazar, troque de lugar comigo.

Uma energia envolve os dois e eles trocam de lugar magicamente, o vento acerta Baltazar, mas com sua força, altura e peso ele não é jogado para fora e nem afetado pela magia, antes que o Rei volte a mirar em Ray, ele ordena aproveitando que todos já estão próximos e alinhados:

– Koètuz! Ataquem!



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