Volume 2

Capítulo 138: Unanimidade Electi II

– Pronto? O que decidiram?

– Eu Wanda não posso ir contra o fato de que esse menino está seguindo os passos dos pais, mas ele nos deu certeza de que não podemos sair de nossos postos, nosso inimigo está no Grande Continente e pelo o que parece ele o encontrou.

– Então devemos ajudá-lo.

– Izan falando, Úrsula, você não viu a memória de Ray? A imagem desse “Electi Traidor” que ele diz, está encantada, o traidor usou algo na memória de Ray que nos impossibilitou de vermos claramente essa parte, conseguimos ver o que já sabíamos, o ótimo treinamento que ele teve em Pronuntio e a conexão que ele tem com os pais, mas as informações importantes dessa missão dele, essa que você deu para coletar informações do Império de Cristal e ir à Libryans está bloqueada para nós, e sabemos que só outro Electi pode nos bloquear assim.

– Christopher aqui... Realmente ele o encontrou, quer dizer que nosso inimigo está fazendo algo, a mão dele deve estar nessa guerra.

Úrsula fica preocupada:

– Mas e se Ray estiver certo? Que a magia que ele está buscando poderá matar esse traidor.

– Eu Rossy questiono: Mas e se não estiver?

– Wanda aqui falando, que nos arriscaremos muito se deixarmos nossos postos para algo pior vir depois, e tudo for esquecido... Infelizmente a história prova esse círculo dos mortais.

– Mas podemos sim arriscar, pelo menos em ajudá-los com a Magia Electi, assim eles cumprirão a missão deles e nós a nossa.

– Jason falando, e eu digo que é tolice, por favor, não venha vangloriar esses mortais em cima de nós!

– Não é vangloriar Jason, é dar crédito aos que merecem!

– Como ousa?

– Já basta! Eu Christopher peço a única voz que está sem as emoções alteradas.

– Por favor Christopher, Libriano não nos responde por alguns anos, ele deixou uma caixa preta no lugar, uma magia para falar por ele.

– Orlando. Eu acho estranho, mas pode ser eficiente.

– Ellen... Não acho que deveríamos recorrer a isso.

– Eu Izan concordo com Christopher, essa caixa preta representa a memória de Libriano até o momento que ele a criou, é como falar com ele no passado, não acho que alguns anos mudem a integridade e a sabedoria dele... Afinal, já que Úrsula quer um ponto de vista equilibrado, essa é a forma de ter um ponto de vista neutro e justo.

– Eu Rossy acho bom, assim os que não estão a favor do caso “crítico”, não serão julgados como aqueles que não querem ajudar por desgosto.

– Eu Ellen aceito, assim teremos um ponto de vista indiferente.

Úrsula demostra estar preocupada, olha para Ray inconsciente e diz:

– Certo... Libriano, por favor, o senhor ouviu tudo que foi dito, peço que se pronuncie e nos dê o seu veredicto.

As esferas se separam, uma delas brilha forte mudando tudo ao redor, a esfera encanta as outras obrigando-as a formarem a imagem dos Electi, colocando-os todos presentes na magia de Úrsula, Ray fica deitado no chão e todos os outros estão em pé em um campo, gramado, sem fim e sem elevações de terra.

O sol está no centro como o sol do meio-dia rodeado com as luas e algumas nuvens no céu, formando uma única, bela e impossível paisagem no céu, a esfera que representa Libriano vira várias borboletas de cores diferentes, que voam aleatoriamente ao redor e entre todos, uma caixa preta surge entre eles e se transforma em uma ampulheta vazia feita de raízes de árvores.

Todos demostram insatisfação por terem sidos colocados nesta situação, mas não falam ou questionam nada, ainda com receio Úrsula aponta as duas mãos para a ampulheta e chama:

– Libriano?

A voz de Libriano sai da ampulheta:

– Senhores..., senhoras, mestres e mestras, Electi..., irmãos...

Mesmo no chão e debilitado Ray ainda tem um pouco de consciência e sente que a voz é conhecida, mas não consegue associar de onde. Libriano continua a falar, enquanto as raízes da ampulheta penetram o solo:

– Úrsula está aqui pedindo para que liberemos nossos poderes de bom grado para ajudar a acabar com uma guerra que piora a cada dia.

– Isso mesmo.

– Enquanto falamos os testes já estão acontecendo e nós precisamos decidir se ajudamos ou atrapalhamos o desempenho deles, pois sabemos que não se trata de um simples “pedido ao Electi”, é algo que envolve o poder dos dez, poder muito grande para até um Electi sozinho se responsabilizar. Digo isso, pois eu sempre me coloco e sempre me colocarei como um integrante e não como um líder dos Electi, não venho aqui para mandar em vocês, se auxiliamos os mortais podemos auxiliar uns aos outros também, nós imortais.

– Por isso eu vim até vocês, para pedir auxílio, pois mesmo ajudando-os a executarem a magia que deu errado, sei que cada um de vocês pode, mesmo com a vitória dos testes, impedir que eles levem o poder que foram buscar, ou podem até mata-los no final do teste.

– Acalmasse Úrsula, sabemos que temos entre nós alguns que estão desgostosos com as ações humanas e de outras raças especificas, mas não seríamos tão irracionais assim, afinal, somos os escolhidos de Deus.

– Sim, me desculpe se me expressei mal.

Todos se olham pensativos e preocupados com a votação.

– Eu Christopher concordo que eles devem ser testados, provando que são mortais dignos de tal poder e assim seguir com o plano deles. Dar o poder que eles querem para acabar com a guerra sem atrapalhar a nossa missão também.

– Eu Izan apoio a afirmação de Christopher.

– Ellen concorda!

– Jason! Não concordo, como o senhor mesmo disse, é uma responsabilidade grande até para um Electi, quem dirá para um mortal.

– Rossy concorda com Jason, imagine essa responsabilidade nas mãos de um mortal.

– Eu Wanda sou contra ajudarmos os mortais como eles querem.

– Devido os argumentos, eu Melissa também sou contra ajudá-los.

– Eu Orlando também acho que podemos ajudar de outra forma, não dando nossos poderes para que façam o que julgarem certo.

– Eu Úrsula vendo que não terei o que vim...

Úrsula deseja empatar a votação, mas é interrompida por Libriano:

– Seu voto não conta Úrsula, afinal você que veio fazer o pedido.

– Eu vim pelo Ray.

– Não, você veio por você também, você usou seus poderes para ajudá-los a entrarem na Magia Electi, sua convocação dos Electi aqui já está ajudando o grupo em seus testes.

Todos se olham surpresos e Jason afirma indignado:

– Então ela nos enganou!

– Não, é claro para todos que ela deu e está dando vantagem para o grupo do herói ali em repouso. Dividir a mente de vocês facilita um pouco os “heróis” nos testes, mas não diminuí a capacidade deles, pois sei que passarão por testes bem difíceis e arriscados.

– Melissa aqui. Eu não gosto de ser enganada e acho que isso anula qualquer pedido de ajuda que Úrsula veio buscar.

– Eu Jason concordo.

– Eu Rossy também.

Úrsula fala, querendo exaltar seus sentimentos de bronca:

– Um momento. Por favor, sejam sensatos.

Jason se aproxima de Úrsula e diz bravo:

– Sensato? Você ajuda esses mortais a invadirem nossas ilhas e agora descubro que está ajudando-os a ganharem, nos distraindo com essa reunião, esse menino entrou nas magias e já deu um auxílio para eles.

– Como foi dito, isso não diminui a dificuldade dos testes mortais que vocês usam.

– Discordo... Será que você não pode ser a Electi traidora afinal?

– Sabe muito bem que não!

– Tinha boatos que era um de nós.

– Retire o que disse!

O céu escurece devido a energia que os Electi estão conjurando, antes que continuem a discutir Libriano grita, calando e silenciando todos:

– Já chega!!!

Mesmo em um campo aberto a voz de Libriano ecoa, fazendo todos ficarem recuados e quietos respeitando a voz e a autoridade dele. O céu volta a clarear e Libriano diz:

– Esses mortais... Melhor dizendo, esses heróis, estão sob a magia de vocês, vocês leem suas mentes, suas vontades, desejos, medos, vocês sabem mais deles do que eles mesmos... Acredito que alguns deles não são grandes exemplos, mas sabendo que seriam tratados como vilões eles aceitaram seguir com isso, arriscando suas vidas como poucos fazem, vejam, eu não estou dando vantagem, só estou dizendo os fatos, vocês conseguem a partir daí julgarem cada um por si só, isso não é questionável, isso não está em pauta. O importante é, quando os testes deles chegarem ao fim, vocês darão para eles o que eles vieram buscar?

Antes que respondam, Libriano diz mais calmo e de uma forma mais simpática:

– Imagino que os votos serão de seis contra dois, peço que esqueçam o boato que posso ler a mente de vocês, pois como eu sempre digo, eu sou um semelhante não superior a vocês, eu só tenho uma percepção melhor... Antes que votem eu preciso lembrá-los de algo que vocês mesmo disseram que os mortais esquecem, “O Desejo de Deus”... Muitos veem esse desejo como algo complicado, muitos denominam e descrevem o “amor” como “complexo”, acredito que vocês Electi sabem o quão simples é, amar... Aquele que vocês conhecem bem, aquele da primeira geração.

– Rafael...

– Sim, o “Primogênito”, o Electi Supremo... Ele, uma vez me perguntou: “Você acredita no Criador?”, eu disse: “Sim, eu acredito no Criador”, então ele me disse: “Então acredite na criação, pois Deus é amor e o que ele faz também é”.

Todos respiram fundo imaginando como foi essa conversa, alguns demostram emoção e Libriano continua:

– Sei que muitos mortais caem em desgraça, mas hoje estamos falando daqueles que acreditam. Acreditam em si mesmo, acreditam no próximo e acreditam em Deus... Dito isso eu peço, votem.

Depois de um pequeno silêncio, com todos pensando profundamente, eles começam a votação.;

– Eu Rossy concordo em ajudar, dar a eles o que eles vieram buscar.

– Eu Jason estou de acordo com Úrsula.

– Eu Melissa voto em ajudar.

– Eu Wanda aceito os termos de Úrsula.

– Eu Orlando também vou ajudar.

– Eu Izan concordo.

– Eu Ellen concordo.

– Eu Christopher fico honrado em ajudá-los.

Libriano demostra satisfação e diz depois dos votos:

– Posso ver que não precisam do meu voto, em casos mais “críticos” como este nós precisamos ser unidos, nunca o oposto disso, claro que não foi o caso de hoje, afinal, somos Electi.

Todos concordam com a cabeça e os que estavam exaltados demostram simpatia com um sorriso sincero de desculpas, Úrsula fica alegre e reverencia todos.

– Obrigada... Tenho certeza de que eles passarão nos testes e assim finalizaremos esse assunto tendo até mais sorte com nossa missão.

As borboletas se agrupam formando a silhueta do Libriano.

– Na próxima vez não peça para que falem em terceira pessoa, eu particularmente acho estranho e muito formal...

– Certo, chamarei todos sem precisar depender só das vozes... Para todos, muito obrigada por virem ao meu encontro e me desculpem pela ousadia de agir de forma oculta a vocês.

Todos reverenciam Úrsula de volta, alguns sorriem e todos desaparecem, restando somente a silhueta de borboletas, Úrsula e Ray, que desperta aos poucos, Úrsula fica séria e diz:

– Certo... E qual é a minha punição?

– Me desculpe Úrsula, mas pelos seus atos impulsivos você terá que arcar com as responsabilidades.

– Eu entendo.

– Você vai provar tudo o que disse no teste que Ray terá que passar.

– Teste? Mas ele passou no meu teste.

– Sim, mesmo não achando certo ele fazer um teste tão simples comparado aos outros, ele realmente passou pelo teste da Electi da Água... Mas para que ele complete a missão dele precisará passar por mais um teste, ele precisa ter os dez em seu poder para concluir.

Úrsula fica pensativa achando que Ray já tinha os dez em andamento, mas responde para que a situação não se atrase mais:

– Entendi...

– Bom... Lembre-se que tudo que acontecer aqui, acontece na vida real, se ele não morrer você conseguirá restaurar danos, ferimentos ou até traumas se for necessário, mas só se ele conquistar a Magia Electi.

– Eu sei, mas não entendi por que está reforçando isso para mim.

– Pois as mesmas regras cabem a você também, você está junto com ele no teste.

– Mas senhor...

– Essa é a regra Úrsula! E como todos os outros, você vai provar o que disse, você confia nesse grupo de heróis?

– Sim confio!

– Ótimo... Que o primeiro tempo se inicie... Escolham bem suas peças, pois não será um jogo comum.



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