Volume 2

Capítulo 124: As Memórias de Alexia II

05 de março de 1591

Alexia mescla a técnica de meditação que aprendeu com Maxmilliam com a que aprendeu com Ynis, tranquilizando corpo, mente e consequentemente a alma, uma aura a envolve e depois de minutos ela consegue amenizar a ansiedade e o medo de estar dentro de uma magia poderosa e nova para ela.

– Eu preciso me concentrar e não me perder no tempo, hoje é 05 de março de 1591, eu estou em Vir Meus, na ilha do tempo e dentro da Magia do Electi do dono da ilha.

Alexia ri pela coincidência;

– Faz sentido em me perder no tempo na ilha do tempo... Consegui quebrar o clima ruim pelo menos... Por que será que essa magia me colocou em uma réplica de Sodorra? O que eu não estou conseguindo ver?

Mais tranquila Alexia se levanta e vai até a janela do cômodo que ela está.

– Deve haver algo que eu não estou percebendo... Sim! Viemos aqui para enfrentar Xarles, o Electi deve estar disfarçado dele ou algo do gênero... Melhor eu ir indo, Ray falou que o tempo aqui é diferente da realidade, apesar de que tudo aqui me parece bem real.

Alexia vasculha mais cômodos, corredores e acha passagens secretas abertas facilitando sua busca pelo castelo, sempre evitando encontrar com os grupos que estão lutando, em alguns corredores ela escuta som de um grande volume de água se movendo.

– Estranho, parece que tem um rio aqui dentro... Posso ouvir som de pessoas se afogando, melhor eu ir para outro lado.

Alexia em algum momento identifica um caminho que indica ir para a área nobre do castelo, ela segue esse caminho e ouve um barulho forte de luta junto com tremores.

– O que será que foi isso? Parece que o castelo irá desabar, será um monstro?... Esse barulho... Parecem cristais se estilhaçando.

Alexia admira os cristais do local onde ela está e comenta:

– Achei que fossem indestrutíveis... Algo poderoso deve estar acontecendo aqui perto, quem sabe é o Electi precisando de ajuda, sim, essa pode ser a minha missão, ajudá-lo contra o Império de Cristal.

Alexia aumenta sua velocidade seguindo os tremores e o barulho de destruição que aumenta com o tempo, ao chegar próximo do local o barulho para.

– O que houve? Será que cheguei tarde demais?

Guerreiros Caos de quatro chifres encontram Alexia que se prepara para lutar.

– Melhor eu usar tudo que tenho.

Alexia é envolvida por um touro espectral e avança contra os guerreiros, suas investidas são poderosas, jogando os guerreiros longe e alguns contra a parede, nas investidas ela ataca com uma espada pequena matando um a um que viram pó em seguida, ela percebe que tem um grupo inimigo maior e que está se movendo até ela.

– Não posso me ocupar com eles, são muitos para mim.

 Alexia corre, seguindo o caminho até a área nobre, no percurso ela é envolvida por uma raposa espectral que melhora sua velocidade de movimento deixando os guerreiros para trás.

– Esses são em homenagem ao meu grupo... Agora é a vez da gata.

Alexia se depara com uma área destruída cheia de destroços e paredes comprometidas, ela é envolvida por um gato espectral que melhora sua locomoção entre e sob os destroços, ela salta e com acrobacia consegue avançar rápido entrando mais adentro na era nobre do castelo, sempre olhando pelas janelas para se localizar sabendo de onde veio e para onde vai.

– Certo! Pelo pouco que sei de castelos consigo supor que é por ali que devo prosseguir.

Antes de continuar ela vê uma torre ao longe caindo.

– O castelo está definhando, caos... Preciso chegar no Electi o mais rápido possível.

Um Guerreiro Caos de seis chifres chega até Alexia que se envolve com um gorila espectral. O guerreiro avança usando um grande machado em mãos, Alexia adquiri uma grande força através do poder do gorila que ajuda a enfrentar o guerreiro igualmente, ela apara os golpes dele e consegue atingí-lo algumas vezes, mas nota que ele se recupera mais rápido que o normal, em uma investida ela o derruba e salta em seu peitoral, um elefante espectral surge ao redor dela e ela amassa o Guerreiro Caos que vira pó em seguida.

– Esse é pesado.

Um tremor faz Alexia ficar em alerta, ela vai para um canto para espionar e vê uma cobra muito grande envolvida em chamas, passando rápido e matando Guerreiros Caos que estão no seu caminho, a cobra mata todos rapidamente com suas presas e com o seu corpo que usa para se enrolar e esmagar suas armaduras negras.

– O que será aquilo? Pelo menos limpou o caminho para mim.

Alexia espera a cobra se distanciar e avança, achando uma grande escadaria de cristal, a área em volta dessa escada é muito bonita ganhando a atenção dela.

– Que lugar maravilhoso... Nem parece pertencer a tirania de Xarles...

Ainda apreciando os detalhes do lugar ela sobe correndo as escadas chegando à ala do rei, ela se anima por estar próxima do seu objetivo e diz:

– Enfim, deve ser aqui.

Tesouros, quadros, tapeçaria, cortinas e muitos outros itens, tudo bem detalhado, bem feito e muito valioso, até as portas e as janelas têm detalhes mais bonitos que as outras que ela já viu indicando estar perto da sala do rei, Alexia anda um pouco procurando algo importante.

– Me lembrei de Onurb, ele saberia identificar algo importante para pegar... O que eu estou falando? Não dá para levar nada dessa magia, ou dá?

Alexia sente uma onda de energia passando pelo castelo, a energia é muito poderosa e a faz desmaiar por alguns minutos, ela acorda com um susto, ela levanta agitada e percebe.

– Minha memória! Eu lembrei!

Alexia recorda da sua chegada em Libryans, dos os testes para ir à missão de Ray, pelo seu atraso ela teve desvantagem e não foi selecionada para os testes finais, ela se lembra de ouvir uma conversa suspeita entres os finalistas, descobrindo traidores entre os selecionados que buscavam serem enviados para atrapalharem e matarem o grupo, a fim de ajudar uma entidade Electi.

– Incrível! Estou lembrando, por isso eu cheguei até Ray e os outros.

Alexia vê claramente em sua memória cada detalhe, ela indo denunciar os supostos traidores e sendo pega antes de reportá-los, eles lutaram contra ela de uma forma injusta usando veneno e magia, só não a mataram no momento, pois não tinham como esconder o rastro da morte dela no ambiente, mas demostraram que iriam matá-la depois de levá-la para outro lugar.

O líder do grupo usou algo nela que afetou sua memória, ela conseguiu fugir antes da magia iniciar seus efeitos, no caminho ela teve o azar de entrar em uma área em construção que desabou e acabou caindo na sala de um homem que estava preparando o teleporte da pessoa que seria enviada para a missão, na confusão ela acabou sendo enviada no lugar do traidor.

– Aquele miserável! Eu sei quem ele é... Ele está em Libryans, saindo daqui eu preciso avisá-los, ele pode estar planejando algo.

Alexia fica animada por se lembrar de tudo.

– Achei que essa magia apagaria minha memória por completo, mas acabou trazendo uma de volta... Ou será algum truque?

Ela fica pensativa e volta a meditar.

– Preciso manter a sanidade... Não pode ser falsa, a memória está muito clara, até as emoções do momento eu consigo lembrar... Sei que eu vivi tudo isso... Espere! É Ele!

Alexia lembra-se do homem que a teleportou por engano.

– O que ele estava fazendo lá? Eu preciso me reunir com os outros, isso pode mudar algumas coisas.

Alexia corre e escorrega em um tapete que a leva para fora da sala, em seguida o teto da sala em que ela estava cede fazendo um barulho grande e levantando uma nuvem de poeira, alguns estilhaços de cristais voam, mas não acertam ela, Alexia se apavora olhando para seu corpo e apalpando-o com suas mãos para ver se foi atingida.

– Que sorte! Eu estou bem.

Ela volta para ver se descobre algo na sala destruída e acha um homem, humano, idade entre os trinta e cinco anos, estatura média, porte físico fraco, acima do peso, cabelos pretos e curtos, aparência um pouco desagradável, dentes amarelos, odor de suor misturado com perfume bom, ele está usando algumas roupas da realeza parecendo até um rei, mas está sem camisa, mostrando alguns ferimentos no corpo e deixando Alexia intrigada:

– Você é um ladrão?

O homem demostra estar com raiva e ansioso, e diz com superioridade:

– Como ousa? Vagabunda!

O homem revela seu nome tatuado em seu peito, a tatuagem brilha e joga uma energia em Alexia que é arremessada para fora da sala, ela é envolvida por um gato espectral e consegue cair de pé sem sofrer danos.

– Ele é Xarles!

Xarles tenta voltar para o andar de cima, mas ele é bloqueado por uma magia que o deixa irritado.

– Maldito seja, me tratando como se eu fosse um peão!

Alexia se prepara e lembra que Ray falou que tem autoridade até para prender Xarles, ela se aproxima e ameaçada atacá-lo com seu arco e flecha:

– Xarles! Pela ordem de Libryans e os crimes cometidos contra os povos do Grande Continente, você está preso!

– Você é ridícula.

Xarles novamente usa magia contra Alexia que se esquiva e ataca flechas nele, ele corre e se esquiva das flechas usando os destroços para fugir, ele vê sua espada no chão e a pega, uma bela espada feita de ouro e prata com alguns diamantes, após empunhá-la ele se aproxima de Alexia e inicia um combate, xingando-a durante a luta:

– Insignificante! Vaca! Acha mesmo que uma mulher vai me prender? Vocês só servem para servir os homens que nasceram pra liderar e governar sobre a criação.

Xarles demostra muita raiva e ódio em seus golpes e em suas palavras, Alexia decide não debater, não responde as ofensas e foca na luta, Xarles deixa Alexia na defensiva dando bons golpes com sua espada e usando uma magia que emana de seu nome tatuado no peito e que ofusca a visão dela atrapalhando seus ataques.

– Verme! Vocês mulheres não passam de vacas no pasto, servindo só para procriar e a amamentar suas crias.

Alexia se concentra, invocando o poder de mais de um animal ao mesmo tempo pra ajudá-la na luta, todos os seus atributos são melhorados ganhando vantagem na batalha, Xarles consegue aparar seus golpes de espada, mas é acertado por chutes e socos que com o tempo o deixa cansado e ferido.

– Maldita!

– Já viu como o coice de uma vaca pode doer?

Alexia consegue afastá-lo dando um chute forte em seu estômago, deixando-o sem fôlego e na defensiva, depois de se restabelecer ele diz alto:

– Vou lhe mostrar o poder do Rei.

Xarles usa magia e as invocações de Alexia a deixam resistente, em um contra-ataque ela o acerta com sua espada ferindo-o, mesmo ferido Xarles consegue acertá-la em cheio com uma magia que a deixa debilitada, ela se afasta e tropeça caindo para trás, a magia a deixa fraca, sem poder mexer seus membros e nem mesmo a falar direito, Xarles senta na barriga dela e bate em seu rosto dizendo com ódio:

– Viu? Acha mesmo que vocês têm algum espaço entre os grandes?

Xarles desarma Alexia e a olha de uma forma maliciosa:

– Até que você é um pouco atraente... Vou lhe mostrar a outra função das mulheres.

Xarles começa a despir Alexia, rasgando suas roupas e a arranhando-a junto, ela fica apavorada sem conseguir se concentrar ou a usar seus poderes, Xarles a beija, um flash vem na memória de Alexia mostrando horrores que Xarles já fez com outras mulheres de várias idades deixando-a com nojo e com mais medo da situação, ela morde o lábio dele parando-o, mas o deixa mais irritado.

– Vagabunda!

Xarles bate novamente no rosto dela e diz:

– Você é daquelas que não curte beijo, mas vai curtir o que vem depois...

Alexia usa todas suas forças, recuperando um pouco do movimento de seu corpo, ela tenta se afastar, mas não consegue, Xarles sorri com seus dentes amarelos e diz figurativamente:

– É hora da cobra trabalhar!

Antes de tocar Alexia a cobra de fogo surge atacando Xarles jogando-o para longe dela, Alexia fica ofegante pelo susto e aliviada ao ver que recebeu ajuda, ela aos poucos consegue se levantar vendo a cobra lutando contra Xarles.

A cobra é bruta, queimando as duas pernas e um dos braços de Xarles, ela usa parte de seu corpo para se enrolar no corpo dele e com sua boca e presas ela ameaça engolir sua cabeça.

Antes que a cobra pudesse matá-lo, a tatuagem do peito dele explode desaparecendo em seguida, a energia liberada o protege fazendo a cobra virar cinzas no ar, mesmo muito ferido Xarles corre para pegar sua espada enquanto Alexia pega o seu arco e atira nele.

– Não me escutou Xarles? Você está preso!

Ela acerta a flecha no braço bom dele e o força a recuar, ainda fraca recuperado seus movimentos Alexia se aproxima pensando fortemente em matá-lo.

– Você é um monstro, merece morrer com os seus!

Ela aponta a flecha para ele, mas abaixa a guarda, Xarles demostra nojo dela e comenta;

– Até quando vocês estão com a vantagem vocês agem assim... Patéticas.

– Eu não sou como você.

– Se fosse, já teria ganhado.

Xarles aponta para sua espada no chão lançando um encantamento que faz a espada dar um lampejo, uma luz forte atrapalha Alexia que, erra a flecha que solta tentando se defender, Xarles se aproxima e a derruba.

– Esse é o seu lugar, no chão!

Um tremor faz o lugar que eles estão a ceder, ambos caem, mas Alexia tem a sorte de não sofrer muitos ferimentos, Xarles acaba preso entre os destroços ficando só com o seu ombro e cabeça livres, Alexia se levanta e o olha com ódio.

– Imaginável alguém como você chegar ao poder.

Xarles ri e comenta:

– Patética! Vocês mulheres é que nunca chegarão ao poder. Até quando vocês estão em uma posição boa é porque um homem colocou vocês lá.

– Você está vivendo muito confinado Xarles, já chegamos ao poder e por méritos próprios, muito mais do que você merece.

Xarles cospe tentando acertar Alexia, mas erra, ela se aproxima e ele diz:

– E eu pensei em te dar o prazer de estar com um rei, mas você não merece se deitar nem com um mendigo.

Alexia se concentra para não deixar o ódio tomar suas ações e comenta baixo:

– Como eu vou prendê-lo?

Ele ouve e diz com ódio cuspindo enquanto fala:

– Acha mesmo que eu, Xarles Nilked! Eu que sou um Rei... Imperador, serei preso por uma mulher? Prefiro morrer!

Ele cospe novamente e consegue acertar os pés de Alexia, que responde séria e com raiva reprimida:

– Que assim seja, “Oh Majestade!”.

Alexia pega a espada de Xarles no chão e corta sua cabeça depois de acertá-lo com três golpes fortes, ela se afasta do sangue que jorra e cai sentada sentindo adrenalina correr pelo seu corpo.

– Isso foi em nome de todas as mulheres... E esse é o seu lugar demônio, que o seu sofrimento no Vale das Sombras seja eterno.

Alexia respira fundo após sentir seu corpo fadigar muito, ela tenta levantar, mas acaba desmaiando dizendo.

– Ray, Anirak, amigos... Eu consegui cumprir a minha missão... Isso foi mais real do que eu imaginei...



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