Volume 2
Capítulo 114: O Poder do Caos
Sodorra é a cidade central do Império e de seu poder, centro do Grande Continente e de fácil acesso para qualquer parte do continente, incluindo a parte da costa, a cidade é grande e é dividida de forma estratégica e social, mas agora, os muros, casas, barricadas, torres entre outras construções estão destruídas, restando poucas casas em pé, lembrando a destruição da cidade de Ducem.
Ex-prisioneiros de Oratio Tenebris de níveis baixos e titulados como Atilados estão mortos, guerreiros do Império de níveis baixos também estão mortos, feras usadas para a guerra de ambos os lados estão mortos, poucos fugiram para seguir um rumo diferente da guerra dando uma nova chance a própria vida.
A tarde está esfriando, o céu está nublado com poucos raios de sol iluminam a cidade, a poeira da destruição atrapalha a visão a longa distância, o silêncio toma conta da cidade por alguns minutos, dando a chance para os vivos decidirem o que fazer.
Alguns homens do Império de nível alto resolvem se rebelar ficando em uma área neutra não apoiando nenhum lado da guerra, no silêncio o Castelo de Cristal expande a sua aura por toda Sodorra, a aura cria uma nevoa caótica.
Dos cantos mais escuros da cidade ouve-se o barulho de armaduras e armas pesadas se movendo, um exército de Guerreiros Caos se preparando para imergir e para matar todos.
Nesse tempo de silêncio e espera, os Koètuz se aproximam e chegam no segundo nível da cidade, Ray olha ao longe os Atilados liderados por Leafar e diz:
– Ele novamente... mas agora eu sei quem ele é, e o que ele quer.
Ray está junto com Baltazar, Onurb, Anirak, Alexia, Kyran, Jhon e um pequeno grupo de guerreiros e arqueiros, todos estão bem armados, equipados, com o moral elevado e preparados para o que vier, Ray está sério e focado, observando a nuvem ele questiona:
– Jhon essa nuvem é o que eu estou pensando?
Jhon respira fundo sentindo o poder no ar e responde:
– Sim, um “Exército do Caos”.
Onurb fica confuso.
– O quê? Você disse “exército”?
– Onurb! Agora não!
– Certo, certo, você é o líder...
– Onurb, Anirak e Alexia, por favor, vejam se tem inocentes para serem resgatados, me comentaram anteriormente que existem esconderijos dos aldeões em casos de guerra, vejam se acham algo.
Onurb recomenda:
– Jhon não tem magia? Não consegue localizar?
– Desculpe Onurb, essa magia atrapalha e até neutraliza alguns poderes mágicos...
Onurb interrompe e reclama:
– Mas essa nuvem chegou agora, estamos aqui já faz...
Alexia puxa Onurb interrompendo sua reclamação.
– Vamos logo.
Alexia, Anirak e Onurb seguem para lados diferentes em busca de aldeões. Ray vê que Leafar está conversando com seus ajudantes, suspeitando que ele também esteja formando uma estratégia e continua a distribuir funções.
– Kyran, fique com os Koètuz e proteja os inocentes que Alexia, Anirak e Onurb encaminharem.
– Certo, cuidaremos de tudo.
– Tenha cuidado, estamos no centro de todo o mal, e ele tem inimigos que infelizmente também não são nossos amigos.
– Pode deixar.
– Baltazar, faça um perímetro ao redor do grupo para ajudar quem estiver em alguma situação crítica e dar apoio a Kyran.
– Você que manda.
– Priorize em ajudar as pessoas que queremos salvar... Jhon vem você comigo.
Kyran se une aos guerreiros e arqueiros do grupo e eles tomam um casarão próximo, o casarão está parcialmente destruído e não aparenta ter risco de desabamento, Kyran faz uma tática defensiva, colocando todos os homens e mulheres em pontos vantajosos com visão ampla.
Ele faz algumas barricadas e improvisa armadilhas, tudo é feito rapidamente com muita competência, provando as habilidades das pessoas selecionadas para o grupo.
Baltazar aproveita os elementos do lugar para se ocultar e ficar na retaguarda para auxiliar o grupo com uma visão diferente. Ray e Jhon andam calmamente à frente do grupo, chegando perto do primeiro nível da cidade. Jhon observa à distância e pergunta:
– É aquele homem que você falou?
– Sim.
– Não dá para ver direito como ele é. Tem certeza que é ele? Você disse que ele morreu no templo.
– Tenho certeza que é ele, a roupa dele é bem peculiar para ter outra pessoa usando a mesma, sem falar na eventualidade que estamos.
– Entendi... E agora?
– Já fomos longe em invadir Sodorra, vamos só fazer o resgate e sair, não é do nosso interesse se eles vão se matar ou não.
– E se eles atacarem?
-Nós contra-atacaremos !
Enquanto os Koètuz se posicionam, Leafar finaliza sua conversa com seus Atilados.
– Entenderam? Querem seguir com o plano?
Samuk diz confiante:
– Sim, não se preocupe, como você mesmo falou já perdemos muito tempo Leafar, entre no Castelo que nós cuidaremos do resto.
– Ótimo.
Guerreiros Caos de no mínimo três chifres estão em pontos aleatórios da cidade, o número dos Caos aumentam a cada minuto, eles encontram guerreiros rebeldes do Império iniciando a batalha, alguns homens do Império que estavam escondidos e em bases improvisadas também viram alvos dos Caos que lutam com sanguinolência, matam tudo e todos que encontram no caminho.
Amanda, Chris, Kisnar, Primus, Samuk e Jajesado tomam uma poção que restaura parte de suas energias gastas e curam algumas feridas, enquanto a poção faz efeito eles se dividem pelo segundo nível da cidade, buscando defender a passagem para o Castelo de Cristal. Alguns Guerreiros Caos surgem perto de Ray e Jhon, que comentam:
– Que honra, nossa primeira batalha juntos.
– Só espero que não seja a última.
Os dois se preparam optando por ficarem na defensiva, aguardando o movimento do inimigo, alguns Caos se espalham sumindo entre destroços de algumas construções parcialmente destruídas, outros cercam os dois indicando que irão atacar. Enquanto eles se preparam para o combate, Ray diz para Jhon:
– Mesmo sendo armaduras feitas de energia, os Caos parecem ser inteligentes.
– Não muito, essas armaduras negras seguem ordens do conjurador, que suspeito que seja mais de um.
– Isso é preocupante... Vamos permanecer recuados até ter notícias dos outros.
– Boa ideia.
Guerreiros Caos de sete chifres avançam atacando os dois, Ray assume à frente com sua espada e sua funda, que mostram estarem encantadas, com as duas armas Ray apara golpes de machado dos seus inimigos.
Com sua espada ele ataca corpo a corpo e com a funda ele ataca à longa distância, a funda cria projéteis mágicos facilitando no ataque de Ray, que mira no elmo das armaduras negras atrapalhando a visão deles, mesmo em desvantagem Ray consegue igualar a luta, usando tudo o que aprendeu nos últimos tempos com seus amigos:
Agilidade e percepção de pontos fracos do inimigo com Anirak.
Esquiva e formas de escapar de golpes fortes com Onurb.
Harmonia entre os ataques físicos e à distância com Alexia.
Golpes fortes e posicionamento vantajoso contra oponentes mais altos e mais fortes com Baltazar.
Inteligência, magias e táticas com Maxmilliam.
E tudo reforçado com o que aprendeu em Pronuntio.
Todos os aprendizados unidos fortaleceram as habilidades e técnicas com a funda, espada, em luta e em truques mágicos para destruir as armaduras negras dos Guerreiros do Caos.
Ray usa sua espada encantada e consegue ferir as criaturas, ele fica recuado pois vão chegando muitos Caos, um após o outro, alternando o nível entre eles, na retaguarda está Jhon, com magia ele cria um círculo amplo ao redor dele e de Ray, esse círculo avisa os dois quantos oponentes se aproximam e quando os inimigos chegam perto e debilita um pouco a velocidade dos inimigos, tirando a vantagem da nevoa caótica sobre os caos.
Com Ray contendo os inimigos dentro do círculo, Jhon mostra seu poder contendo inimigos que estão fora do círculo, nuvem ácida, nuvem de insetos e chamas negras tomam boa parte do arredor deles, afastando inimigos que ousam se aproximar.
Jhon faz as sombras dos Guerreiros Caos saírem lutando contra eles mesmos, mas os Caos têm mais resistência e poder contra a névoa caótica, conseguindo resistir às magias de Jhon, que mesmo assim os mantêm ocupados.
Anirak corre rápido pela cidade usando suas habilidades, para evitar conflitos ela se envolve em fumaça e aumenta sua velocidade, ela se esquiva de ataques dos Guerreiros Caos que estão no caminho e passa despercebida por batalhas com os homens do Império, ela cria vultos de fumaças para despistar inimigos e entra em lugares que suspeita terem pessoas inocentes.
– Minhas habilidades estão melhores, os treinos estão mostrando resultados... Pena que meu objetivo não é pegar esses monstros, pois seria um prazer destruí-los.
Onurb usa bem a sua técnica de furtividade e anda pela cidade sem ser notado, usando truques de distração para atrair inimigos para outros lugares, abrindo caminho para fazer a sua busca por inocentes, Onurb reclama:
– Exército de Guerreiro Caos. Ray sempre arruma um inimigo pior que o outro... Se já começou assim com esses monstros, eu não quero nem ver o que virá depois... Cadê esses escravos que não aparecem logo para a gente sair daqui.
Onurb aproveita a oportunidade e olha com mais atenção para os lugares, verificando se encontra algum item de valor.
– O Império de Cristal deve ser cheio de tesouros, não custa nada aproveitar a busca e procurar por algo valioso.
Alexia anda pouco pela cidade, mantendo a cautela, ela usa seus poderes nos animais mortos que encontra em seu caminho para tentar identificar algo ou adquirir informações.
– Pobres criaturas..., usadas de formas egoístas. Interessante, alguns foram transformados, a dominadora de feras está mais forte do que antes.
Baltazar mantém a descrição rondando perto dos Koètuz, ele ouve os barulhos de batalhas entre os Guerreiros Caos e os homens do Império e comenta:
– Esse Império é ruim ao ponto de atacar seus próprios soldados, que desonra.
Kyran está no centro da base improvisada dos Koètuz, com todos os homens e mulheres ao seu comando, está terminando de arrumar o terreno e instruindo os que estão com ele.
– Preparem-se, estamos no centro de toda essa guerra. Os peritos em armadilhas usem o que puderem para nos ajudar.
– Pode deixar conosco!
– Escudeiros, façam par com um guerreiro de luta corpo a corpo, formando duplas, assim unirão uma boa defesa com ataque.
– Feito!
– Arqueiros fiquem recuados e atentos, essa névoa pode atrapalhar sua visão ou até confundí-la, se atentem ao modo de luta dos oponentes antes de atacar, não ataquem sem ter certeza de que é um inimigo, já treinamos isso antes.
– Certo!
Todos seguem as ordens de Kyran e ficam em suas posições, aguardando próximos comandos ou ações inimigas. Mahlock encontra um Guerreiro Caos de oito chifres armado com uma maça grande, ela o encara e diz:
– Essas criaturas parecem insetos, sempre aparece um mais cascudo que o outro.
Mahlock luta contra o Caos, e o som das armas dos dois colidindo é alto, a luta fica igualada com os dois focando o uso só de suas armas e em acertar a parte superior do corpo do outro.
À distância, Chris acerta uma flecha eletrificada em um vão da armadura do Caos, que luta contra Amanda, a flecha debilita os movimentos dele, deixando ele lento, dando chance para Mahlock finalizá-lo, cortando a cabeça do Caos para fora da armadura, o elmo vira pó antes de cair ao chão junto com a armadura.
Chris continua atenta, auxiliando todos de longe, com seus olhos no formato de olhos de felinos.
– Essa nuvem não afeta minha visão, vantagem para a gatinha aqui.
Kisnar usa magia para ficar oculto na névoa, ele vê Guerreiros Caos de níveis maiores de cinco a sete chifres e recua.
– Vou evitar esses bichos, Leafar falou que o combate aqui não é mais necessário mesmo... Posso aproveitar e ver se tem algo de valor por aqui, afinal esse era a área de alto nível do Império... Ali! Um casarão que parece pertencer a pessoas ricas.
Kisnar avista um casarão bonito e pouco afetado pela batalha, ele dá uma volta maior para evitar encontrar Guerreiros Caos ou do Império que lutam por perto. Primus fica em sua forma comum e perto do lugar onde Leafar entrou, ele demostra ficar triste soltando sons parecendo um cachorro chorando. Samuk fica perto de Primus e lamenta.
– Não fique assim menino, ele sabe o que está fazendo... Afinal, viemos sem a garantia de que iriamos sair vivos, lembra?
Primus para com os sons, mas permanece com o olhar triste, Samuk se prepara para seguir e diz para Primus:
– Você tomou o remédio e ficará bem sozinho, eu vou me distanciar um pouco, tudo bem para você?
Primus faz sinal que entendeu, Samuk caminha e comenta consigo mesmo:
– Não acredito que falei com um monstro como se fosse uma criança, comparado a ele eu é que não ficarei bem sozinho.
Jajesado fica atento, ouvindo os sons da batalha ao longe e observa o local onde Fainaru morreu.
– Fainaru... Um homem de muita honra, histórias e dono de uma fé que eu nunca vi em ninguém até hoje, que sua passagem pelo Vale das Sombras seja rápida meu amigo, foi um prazer conhecê-lo e ter lutado ao seu lado...
Antes de finalizar seus pensamentos e suas falas, Jajesado é atacado por alguns Guerreiros Caos, ele fica recuado e os atrai para longe do portão do Castelo de Cristal, quando ele atinge uma distância favorável ele ataca, tendo auxílio de Chris que lança uma saraivada de flechas nos inimigos que se aproximam, mantendo o número vantajoso para Jajesado lutar.
Com suas técnicas e habilidades de luta ele desarma seus inimigos, ele dá socos fortes em vários pontos da armadura negra para encontrar pontos fracos, ele encontra fraquezas em pontos diferentes em cada um dos inimigos, e com a palma aberta ele ataca estrategicamente esses locais, fazendo as armaduras dos oponentes virarem pó em seguida.
– E é aqui o devido lugar de vocês.
Com as ações e a adrenalina o tempo passa rápido, Anirak com suas habilidades foi mais longe do que todos mas não encontra nada motivador, em seu retorno, chegando perto dos Koètuz, ela é surpreendida.
Em sua forma de fumaça ela é atingida e jogada a alguns metros de distância, com acrobacia ela rola e evita alguns destroços no caminho, ficando em pé e ilesa da investida que levou de Mahlock, que fica admirada por ver a forma original de seu alvo.
– Não acredito, uma mulher... Isso vai ser interessante.