Volume 1
Capítulo 72: Perto do Fim!
— Não! Não teve graça!
— Está bem! Foi mal! Me desculpe…
Onurb consegue se soltar, levantar e se afasta de Ray.
— Calma, rapaz, não foi por mal, e você reagiu até que bem.
— É claro, não é nenhuma monstruosidade ser um…
— Então por que está nervoso?
— Porque era mentira e não pode brincar com essas coisas, coisa nenhuma.
— Certo, entendi.
Os dois ficam se olhando por um tempo enquanto os outros seguram os risos. Alexia se aproxima dos dois.
— Já foi e estamos bem… O importante é que terminou bem.
Maxmilliam anda olhando para a torre e comenta:
— Não terminou, ainda temos que descobrir rastros de Doug.
— Lembra, mestre, que comentei quando chegamos, eu senti a presença dele.
— Sim, ontem entendemos que o guardião de Pando lhe deu um poder de sentir a presença de seus amigos quando próximos para encontrá-los e você o sentiu aqui, mas e agora?
— Não sinto nada, será que perdi?
— Não, mas ele não deve ter ido longe.
Baltazar questiona:
— Em que dia estamos, ou achamos que estamos?
Ray responde:
— Vinte e dois de outubro, por quê?
Baltazar olha para o céu com o sol se pondo e comenta:
— Vendo as estrelas e as posições das luas, eu vejo que hoje é dia vinte e cinco de outubro. Esse sono com essas plantas nos deixou desacordados por mais de um dia.
Onurb passa a mão em seu rosto e diz:
— Éh... Faz sentido, minha barba cresceu bem nesses últimos dias.
Ray toma a frente.
— Mesmo assim, por favor, vamos fazer o seguinte: vamos nos alimentar e beber bem, procurar por mais comida ao redor, procurar por rastros se alguém veio aqui antes de nós e por onde andou, acampar, e amanhã de manhã veremos o que faremos.
Todos concordam fazendo sinal com a cabeça e iniciam seus afazeres, terminam de comer e beber, se arrumam, cuidando de sua higienização e arrumando seus pertences. Alexia e Anirak pegam algumas plantas, insetos e flores para fazer um antídoto contra o ar afetado que suspeitam que à noite as flores exalam, odor que ainda pode causar efeitos colaterais.
Enquanto isso, os outros buscam rastros de Doug. Ao sentir o odor das plantas, todos tomam o medicamento das meninas e não são afetados. Alexia e Anirak se juntam à busca de rastros. Baltazar, indo perto do mar, acha uma doca com alguns barcos quebrados e velhos, há somente um apto para viagem, e vê rastros de ferramentas e pedaços de madeira, indicando que um barco foi consertado para viagem recentemente. Maxmilliam, usando magia, consegue ver Doug na torre na janela mais alta traçando linhas em um mapa, olhando as estrelas e as luas.
Todos se reúnem longe das plantas, indo para a doca. Baltazar inicia:
— Um barco foi consertado recentemente, e ele deve ter partido nele.
Onurb comenta, cruzando os braços:
— Os rastros na torre e na vila não mostram nada de mais, ele deve ter andado um dia antes da nossa chegada.
Anirak acena com a cabeça, concordando com ele.
— Ele está certo, chegamos bem perto de Doug.
Ray demonstra desânimo, e Maxmilliam o anima:
— Chegamos não, estamos bem perto, eu sei para onde ele foi.
Ray se anima, e Alexia pergunta:
— Para onde?
— Para o Templo de Libra… Eu o vi achando o lugar, por isso ele pegou o barco.
Onurb olha para o horizonte e questiona:
— O barco que Baltazar estava olhando está bom para irmos atrás dele?
— Sim, ele está, e com minhas habilidades alcançaremos Doug a tempo.
— Certeza? Quanto tempo até chegarmos ao templo?
— A resposta não vai agradar a todos.
— Sério? Já imaginava… Espero que encontremos o amigo de Ray sem precisar chegar a esse templo.
— Por que, Onurb?
— Com a sorte que este grupo tem, tenho certeza de que os demônios ainda estão lá e se proliferaram em mais demônios maiores e mais fortes.
Anirak se aproxima de Onurb.
— Que exagero, o novo Onurb tem que ser mais otimista.
— Certo, sem proliferação, mas os três ainda estão lá. Certeza!
Ray se aproxima também.
— Desculpe, Onurb, mas tenho que ir, porém não quero obrigá-los, sei que é complicado por ser longe e em alto-mar… Quem quiser ficar, eu não julgarei.
Onurb sorri. Todos concordam em ir com Ray.
— Vamos com você, Ray, começamos isso juntos e terminaremos juntos.
Onurb desfaz o sorriso e comenta:
— Isso que eu temo, “terminar, morrer juntos”.
Todos o olham, e ele responde, voltando para a torre:
— Venceram, só vou pegar minhas coisas, me esqueci de trazer aqui.
Todos se ajeitam no barco que Baltazar disse que está bom para viagem. Onurb volta, e Anirak comenta quando ele embarca:
— Não fugiu?
— Juro que pensei em fazer isso.
— E por que não foi?
— Também não sei.
— Mesmo assim… obrigada, é bom tê-lo com a gente.
Onurb sorri, balança a cabeça em sinal de agradecimento e segue para as cabines, para ver um lugar para dormir. A noite passa com todos se ajeitando e dormindo. Baltazar guia o barco na direção que Maxmilliam indicou.
Dias passam, deixando o grupo cansado e um pouco desesperados. Maxmilliam usa magia para conseguir peixes e água pura para que todos se mantenham alimentados e hidratados. Ray fica muitos dias pensativo, escrevendo no diário as partes de sua história que ainda não relatou e revendo o que já aconteceu, vendo se acha pistas ou sinais que indiquem onde estão os outros, Rupert, Júlio e Meena.
Eles passam por grandes tempestades, mas são salvos por Maxmilliam, que usa sua magia para manter o barco e todos a salvo. Baltazar também usa sua fé na natureza, pedindo um caminho calmo para seguir, e é ouvido no dia seguinte, tendo dias de paz no mar.
Em alguns dias de tempestades e de calmaria, o grupo treina suas habilidades individuais e em grupo, um treino padrão para que seus corpos não fiquem acomodados com a monotonia do mar. Onurb questiona Ray e Maxmilliam:
— Esse templo, quais são as chances de o dono da casa, o Electi, estar lá?
Ray responde:
— Nenhuma… Libriano é o atual Electi do templo e está em outro templo em uma ilha oculta bem longe de onde estamos, ilha “Vir Meus”.
— Isso eu não sabia… Ele pode ser de duas gerações de Electi?
— Na verdade, eu não sei… Mestre?
— É estranho… Não deveria. Segundo as “regras” impostas entre eles mesmos, quando uma nova geração se ergue a outra perde os poderes ou morre. Ele é o único que fez isso, pelo menos o que sabemos… Acredito que ele é mais sábio e poderoso do que os outros, então é bom para auxiliar os atuais.
— Então é impossível ter amigos lá, só os demônios, ou nada?
— Sim… E Doug, que deve estar atrás de alguma coisa ou de alguém… Melhor não entrarmos em suposições, pois existem várias e não é bom para Ray, e nem para nós, ansiedade não ajuda.
— Certo… Então seguimos… Só mais um detalhe, se por acaso esses demônios estiverem lá, você como Mestre da Magia tem poder para detê-los?
— Sim, e você também, você enfrentou um super-humano e assassino, demônios são mais fracos do que isso, ainda mais velhos como esses.
— Me sinto mais tranquilo… Nunca enfrentei um, e com Ray aqui…
Ray começa a rir.
— Vai começar?
— Começar nada, você realizou todos os meus pesadelos, já enfrentei de tudo neste final de ano, e, é claro, demônios, uma raça extinta, está na lista!
— Uma honra, não?
— Jamais…
Ao longe, Baltazar vê um grande santuário e avisa a todos.
— Templo à vista!
Todos se animam e correm para ver na ponta do barco. Alexia comenta:
— Nossa, é grande e lindo.
Todos admiram o templo. Maxmilliam usa magia para conseguir ver além do que os olhos podem ver, mas é bloqueado e impedido de ver dentro do templo, porém em um susto ele sente algo se aproximando por baixo da água. Baltazar tem um pressentimento e alerta todos.
— Cuidado, tem algo grande sob nós.
Todos se seguram e sentem algo encostando embaixo do barco. Quem está na ponta vê um vulto grande passando. Ele se distancia e sai da água revelando ser um megalodon. Todos se desesperam. Baltazar chama por Maxmilliam.
— Mestre? Ajude-me!
— Pode deixar!
Baltazar começa a pedir aos céus, terra e mar ajuda para chegar ao seu objetivo sem se ferir. Anirak se posiciona para atacar, e Alexia a alerta:
— Anirak, não, melhor não mexer, é um animal de porte grande.
Onurb concorda:
— Grande? Imenso! Não sei como essa louca ainda pensou em atacar.
— O que faremos, então? Fugir?
Baltazar responde do leme:
— Sim!
Onurb fica feliz.
— ÉH! Finalmente!
Maxmilliam usa magia para potencializar o barco, fazendo-o se mover rápido até o templo sem depender só da água e dos ventos. O megalodon vai em direção ao barco. Com as habilidades de Baltazar e a magia de Maxmilliam, o barco desvia das investidas.
Alexia, na ponta, faz gestos e onomatopeias de animais aquáticos para tentar informar que eles não são ameaça. Ray se aproxima de Maxmilliam para ajudá-lo com magia. Anirak se sente incapacitada e corre para pegar os pertences do grupo nas cabines e depois fica próximo de Alexia para ajudá-la se for atacada.
Onurb fica ao longe analisando tudo e olhando o megalodon contornar e atacar o barco cada vez mais rápido, intensamente e cada vez mais fora da água, revelando seus dentes enormes. Ele fica com medo e tenta imitar Alexia com as onomatopeias, fazendo sons estranhos como tentativa de ajudar.
Ray corre e, de frente para o ataque, fala alto, desejando ser escutado.
— Megalodonte?
Megalodon continua suas investidas. Uma delas destrói metade do barco. Todos se refugiam na parte que ainda está boa. Maxmilliam usa magia para que o barco não afunde e dá impulso para que Baltazar consiga guiar o barco até o templo. Em outras investidas, Ray continua sua tentativa.
— Megalodonte?
Alexia se aproxima de Ray pegando em sua mão e articulando com a outra mão.
— Fala de novo, Ray.
Ray grita bem alto.
— Megalodonte?
Megalodon ataca. Baltazar consegue jogar o barco para o lado, esquivando da investida. Megalodon passa ao lado deles e olha para Ray, que o escuta:
— Saiam do meu território.
— Não queremos tomá-lo, estou procurando um amigo.
— Um viajante passou…
— Por favor, só quero levá-lo embora.
Ray percebe que não está falando, está pensando, sua mente está falando com a mente do megalodon. Ray olha e percebe que está sendo ajudado por Alexia e Maxmilliam, que o auxiliam nessa conexão.
— Tenho uma missão em vida, nenhuma embarcação pode passar.
— Por favor, não!
Outro megalodon surge por baixo do barco, o ergue e o destrói completamente. Todos são arremessados na água. Maxmilliam usa seu poder e faz a água ao redor de cada um levá-los até o templo, que está bem próximo.
No caminho, os dois megalodon se aproximam e tentam comê-los. Maxmilliam faz a água ter mais velocidade para o grupo e retarda a água ao redor dos megalodon, atrasando-os e conseguindo deixar todos na beira do templo sãos e salvos.
Os megalodon recuam e somem ao longe. Todos estão molhados, cansados e se recuperando da adrenalina da fuga. Eles ficam na beira do templo, em uma pequena estrada de tijolos. Todos torcem suas roupas. Onurb elogia:
— Muito bom, grupo, deveríamos fazer isso mais vezes… Ray, o que deu em você para querer falar com um bicho daquele?
— Entender…
— Ray, Ray, aprendiz, aprenda, não tem o que entender com bichos, se for pequeno você mata e come, se for grande você se junta com outros, mata, come, usa couro, ossos e tudo que valer algo…
— Então, estávamos juntos…
— Calma, eu falei dos bichos grandes, bichos como aquele, enormes, gigantescos, você só corre, corre, nada, voa o mais longe que puder.
Alexia e Baltazar riem e se posicionam para seguir o caminho. Todos se levantam, admiram o templo, e Ray comenta:
— Posso senti-lo… Doug, estamos indo!