Volume 1
Capítulo 67: A Grande Ave do Império
— O que poderia ser?
— Não sei, mas é melhor ficarmos alerta.
Maxmilliam concorda:
— Já estamos longe dos territórios de Libryans e agora pela frente tudo é neutro ou hostil, melhor termos cuidado mesmo.
Lili chama atenção de todos, terminando de arrumar a comida matinal.
— Deu tudo certo, pessoal, vamos comer?
— Vamos!
Todos comem tranquilamente e com um pouco de sono por terem acordado mais cedo do que o costume e às pressas. Onurb questiona Lili:
— Você luta?
— Não, sou uma artista, só estudo e sonho em me apresentar para lordes e reis algum dia.
Anirak pergunta:
— E qual tipo de apresentação você quer fazer?
— Eu canto, danço e toco alguns instrumentos.
— Legal, você sabe bastantes coisas.
— Sim.
Todos terminam de comer e arrumam as coisas, deixando o convés limpo. Alexia tem um mau pressentimento e, antes de comentar algo, Maxmilliam alerta a todos:
— Tem algo se aproximando…
Alexia, sem ver, sabe o que é.
— É Ghilber!
Ray estranha:
— Ghilber? O que ele quer?
Alexia associa:
— Por causa dele as aves nos atacaram.
— Certeza?
— Sim! Agora consigo entender o sentimento que senti nelas, “autoridade”, alguém as deixou nervosas de propósito para que nos atacassem.
Ao longe, todos veem Ghilber vindo em alta velocidade envolvido em uma aura mágica vermelha. Maxmilliam observa e alerta:
— Ele está encantado, está sendo ajudado por magia, cuidado, teremos surpresas.
Todos correm para pegar suas armas, e Ray toma a frente.
— Atacaremos para nos defender, não sabemos o que ele quer.
Todos concordam e esperam a próxima ação. Ghilber contorna ao longe o Montgolfier. O vento fica forte. Maxmilliam usa magia para ver que magia Ghilber está usando ou conjurando.
— Ele está fazendo uma tempestade.
Ghilber faz movimentos com a sua asa, e ventos fortes são lançados, empurrando a todos. Lili voa, saindo do Montgolfier, mas é salva por Kyran. Os outros são empurrados também, porém todos conseguem se manter dentro da embarcação.
Ghilber solta um grito estridente que dá dor de cabeça em todos. Com seu cajado, Maxmilliam faz magia para sumir com a dor de todos e lança magia em Ghilber.
A magia é absolvida pela aura que o envolve e o protege. Ghilber deixa Maxmilliam preocupado.
— É uma magia poderosa, toda magia será absorvida.
Ray, Alexia, Anirak e Onurb se posicionam à frente para atacar Ghilber, que se aproxima mostrando muita raiva e hostilidade.
Lâminas de Anirak, adagas de Onurb, flechas de Alexia e pedras e flechas de Ray; Ghilber consegue se esquivar da maioria dos projéteis e bate forte no Montgolfier, estremecendo tudo. Ele tenta atacar o balão para que caiam, mas Maxmilliam o protege com magia.
— Não posso atacar, mas consigo defender, passarinho.
Ghilber pega distância e continua sendo atacado pelos projéteis. Alguns o acertam, causando ferimentos leves. Alexia tenta contato com Ghilber através de um ritual de mestres arbol, mas ele responde atacando-a com o bico.
Ela esquiva e se distancia, lançando flechas. Baltazar aproveita a aproximação dele e o ataca. O golpe é forte e o joga para o lado. Kyran o ataca com seu martelo de guerra. Ghilber consegue se defender para que o dano seja menor, mas mesmo assim cai, um pouco atordoado.
Antes que bata em uma montanha, ele consegue voar novamente e volta a atacar com ventanias. Todos se seguram e continuam a atacar.
Jhon tem um pouco de dificuldade de conduzir, mas consegue manter o controle, dando mais vantagem ao grupo em se manter a bordo. Maxmilliam usa magia para ajudar os projéteis a acertarem o alvo.
Ghilber fica bem ferido e termina de conjurar a tempestade, que tem uma milha de tamanho, ventania, raios e um pouco de chuva, e atrapalha todos, dando chance para Ghilber atacar com vento e investidas que usa para derrubar Baltazar e Kyran como vingança pelos ataques anteriores.
Eles caem e ficam na defensiva. Todos focam em se manter dentro do Montgolfier e em ajudar quem estiver em perigo. Lili corre para próximo de Jhon como se fosse defendê-lo. Ghilber ataca Maxmilliam segurando o cajado com o bico, puxa e joga o mestre fora do Montgolfier.
Enquanto ele cai, Ghilber ataca Ray, que consegue fazer um corte profundo em seu rosto, e ele retribui com um ferimento profundo em seu braço, ameaçando atacar novamente, mas mirando em seu peito.
Ray esquiva e se distancia, sangrando muito. Onurb e Anirak conseguem atacar Ghilber, que os joga para trás. Onurb ajuda Baltazar e Kyran a se levantarem. Ray, mesmo ferido, corre para a beira para ver Maxmilliam. Olha para baixo, e uma luz sobe ao convés.
Maxmilliam surge rodeado de energia com seu cajado emanando uma grande luz, olha para o braço de Ray e, enfurecido, anuncia:
— Ghilber!
Suas palavras vêm seguidas de um trovão ao fundo, como se chamasse o poder da natureza.
— Em território neutro, eu me tomo como juiz…
Ghilber é paralisado em pleno ar e empurrado para fora do Montgolfier. A tempestade piora, e Maxmilliam finaliza:
— E como carrasco!
Uma grande quantidade de energia sai de Maxmilliam. Essa energia segura todos do grupo firmes e seguros no Montgolfier, mantém Montgolfier com um revestimento protetor e também se expande, tomando toda a tempestade, diminuindo a intensidade e desfazendo-a aos poucos.
Jhon fica impressionado por ver tanto poder e autoridade. Pelo seu conhecimento de magia, ele entende que Maxmilliam está usando muito de sua energia para destruir a proteção máxima de Ghilber contra magia e ao mesmo tempo ajudando todos em volta.
Maxmilliam faz vários movimentos com sua mão e o cajado, e junto, Ghilber é envolvido por energia. Raios elétricos e fogo consomem seu corpo, e em segundos deixam só cinzas no ar.
A tempestade desaparece, e Maxmilliam cai cansado. Todos correm para socorrê-lo e a Ray, que está muito ferido. Kyran, com poder da fé, consegue manter a fadiga dos feridos até que sejam medicados.
O dia passa com Maxmilliam descansando da energia que usou. Ray é medicado e fica em observação, aos cuidados de Alexia e Lili, que fazem curativos e lhe dão comida e água. Kyran arruma o convés com a ajuda de Baltazar. Onurb e Anirak ficam com Jhon até o cair da noite, conversando e fazendo companhia.
Nos dias seguintes, todos ficam na mesma situação, sem fazer nada muito importante, ficam junto de Maxmilliam, que se recupera bem, e de Ray, que, com os curativos e a dedicação de suas cuidadoras, fica bom rápido, mas seu braço terá que ficar imóvel por uns dias. Sem poder treinar, Ray lê o livro que Maxmilliam leu, aventurando-se no conto.
Quando seu braço fica bom, ele volta a treinar com seus amigos.
No décimo dia de viagem, Maxmilliam já se sente melhor, mas ainda fica em repouso. Ray já treina normalmente, com o braço enfaixado. A manhã está muito fria, todos estão com roupas adequadas para o frio e seguem animados para seu destino.
Ao terminar de comer, todos ficam no convés conversando. Onurb comenta:
— O antigo Onurb diria que Ray é um azarado e teve o que merecia com esse ferimento.
Alexia repreende:
— Que maldade, Onurb.
— Não, esse seria o antigo, o novo só lamenta.
Ray se aproxima.
— Obrigado, lamenta pelo meu ferimento?
— Não, lamento por não estar perto para ver você sofrer.
— Que horror.
— Estou brincando, nesta aventura faltou uma cicatriz para marcar, não? Agora você tem.
— Verdade, o bom é que saí bem e sem sequelas.
— Pessoas como você e Alexia não têm sequelas, são resistentes depois de tanta pancada.
Alexia se sente insultada.
— Como assim?
— Você tem uma cabeça dura, bateu várias vezes e ainda está bem, eu já estaria morto ou com a cabeça torta.
Anirak bate na cabeça de Onurb.
— Já é torta.
— Não, vocês é que gostam de implicar comigo.
— Nós que implicamos com você? Não seria o contrário?
— Nunca, eu sou sincero.
— Deixa pra lá.
— Melhor mesmo… Jhon, ouvimos muito de você, mas esqueci de perguntar: e seus pais?
— O que quer saber?
Onurb se aproxima de Jhon, e os outros ficam próximos.
— O que puder contar, ouvir histórias faz o tempo passar mais rápido.
Baltazar se anima:
— Verdade…
Onurb o interrompe:
— As suas não! Cansei de ouvir suas histórias, sinto até o enjoo de navegar no seu barco, de tanto que você falou dele… Jhon, por favor, conte um pouco da sua.
Jhon fica um pouco pensativo, ele já demonstra cansaço por estar há dias usando magia, mas conta um pouco da história de seus pais.
— Minha mãe, eu não conheci, conheci meu pai, Davi, que foi um bom homem, conheceu minha mãe na vila dela, ele era um artista e foi ensinar um grupo de Reilum…
— “Era”? Ele já morreu?
— Sim…
— Nosso grupo deveria se chamar “os órfãos”, não?
Onurb ri alto, e todos ficam com expressão séria, demonstrando que foi uma piada sem graça e fora de hora. Ele termina de rir e continua:
— Vocês são chatos. Seu pai não era um dessa raça poderosa?
— Não, minha mãe que era, é difícil casais Reilum se manterem juntos e terem filhos.
— Lamento… Enfim, melhor mudarmos de assunto. Alguém? Alguma história?
Alexia admira a paisagem, Montgolfier está saindo de baixo das nuvens e indo para um lugar aparentemente mais quente e ensolarado.
— Olhem, um pouco de calor.
Jhon desce um pouco a altitude para que aproveitem o tempo. Todos trocam de roupas para mais frescas, se preparam para comer, e Jhon comenta com Ray:
— Ray, me esqueci de comentar antes, você estava se recuperando.
— O quê?
— A magia que Maxmilliam usou, ele caiu e conseguiu voltar.
— Sim, ele já mostrou ela antes para mim e para meus amigos nos treinamentos. Muito boa, não? É uma “ponte mágica”, ele liga o local onde está até onde ele quer ir, como um teleporte, mas de curto alcance.
— Mas aparentemente gasta muita energia.
— Sim, e precisa de um item de propriedades mágicas e poderosas para fazer. Ele economiza muita energia para poder usar nessas horas de necessidade. Como ele é um mestre da magia, consegue usar vários encantos e magias ao mesmo tempo.
— Muito bom, eu como mestre da maldição consigo fazer algo parecido, mas ainda estou treinando o controle de energia para conseguir usar e manter uma reserva.
— Isso é importante…
— Pena que ele está em uma idade bem avançada para humanos.
— Sim, mas ele consegue se manter bem, meditação, sabedoria, concentração e o poder dele ajudam a se manter, qualquer outro já estaria debilitado.
— Verdade, é de admirar…
Algo chama atenção de Ray. Jhon estranha.
— O que houve?
— Acho que vi algo.
— Onde?
Ray olha ao redor e vê uma sombra grande se movendo lentamente sobre eles e em altura.
— Ali! O que é aquilo?
— Deve ser uma nuvem, Ray.
— Não, acho que não.
Ray corre para o convés e para a ponta, tentando ver o que está gerando essa sombra. O sol é forte e não o deixa ver claramente.
— Estranho, tem algo ali em cima.
Baltazar se aproxima.
— O que houve, Ray?
— Ali, não consigo ver o que é, o sol está forte.
— Ali? É uma bandeira… Não! Melhor, uma pipa.
— Pipa? Você está conseguindo ver?
— Sim, naveguei muito, tenho olhos fortes contra o sol.
Onurb ouviu tudo e se aproxima.
— Baltazar tem tudo velho e resistente a tudo, já apanhou tanto na vida…
— Velho Onurb?
— Desculpe… O novo diria: “Esse é Baltazar, um homem experiente e resistente”.
Baltazar sorri, e Onurb continua:
— O que tem essa pipa? O que vocês estão olhando?
A pipa se move rápido, assustando os três. Ray alerta todos falando alto.
— Cuidado, tem algo sobre nós.
Todos se armam e se preparam para algum ataque. Anirak questiona:
— O que vocês estão vendo? O que há?
Onurb se arma, mas estranha a situação.
— Ray viu uma pipa.
— Uma pipa? Ray?
— Sim, não é uma pipa comum… Olhem!
Ray aponta, e a pipa se move. Todos conseguem vê-la rasgando o céu. Anirak alerta:
— Clã de ladrões e assassinos!
— Sabia que tinha algo, é uma pipa muito grande.
Baltazar ainda fica sem entender.
— Ainda não entendi, o que uma pipa tem a ver com assassinos e ladrões?
Onurb aponta:
— Locomoção… Olhe e verá.