Volume 1

Capítulo 66: Em “Alto Ar”

Todos concordam e se arrumam. A tarde passa com todos arrumando seus pertences, comendo e conversando alguns pontos do caminho e da amizade entre eles. Koètuz agora tem Lili, Kyran e Jhon como novos integrantes. Ray e Jhon se encontram com Rosanne perto do salão de Erèm.

— Rosanne, boa noite, gostaria de falar com Erèm, meu grupo e eu estamos de partida.

— Boa noite, já estão partindo? Vocês vão com Jhon? Com o balão?

— Sim, eu me juntei ao Ray e ao seu grupo para fazer uma viagem para ajudar ele a achar os amigos dele que devem estar na costa.

— Entendi, desejo sorte para vocês, mas a rainha está em uma reunião com Mari Luz Sulzi e não poderá falar com vocês hoje, sinto muito.

Jhon e Ray se olham e ficam pensativos. Ray fala com Rosanne.

— Espero que essa saída repentina não a chateie.

— Não, imagina, mas vocês pretendem passar por aqui depois?

— Sim, depois dela podemos passar aqui de volta.

— Ótimo, então vocês vão, achem seus amigos e voltem, até lá vocês podem passar o final de ano conosco, que tal?

— Muito bom, feito! Faremos assim, então. Obrigado, Rosanne.

— Foi um prazer.

Um soldado chama Rosanne para uma urgência.

— Desculpem, meninos, mas preciso ir ali, vejo vocês em breve, até mais.

— Até mais.

Jhon comenta com Ray:

— Estranho, fiquei um bom tempo aqui na cidade, não vi nenhum nobre chegar para se reunir com Erèm…

— Como assim? O que você acha que pode estar acontecendo?

— Não sei, será que devo?

Jhon faz sinal insinuando usar magia. Ray o repreende.

— Não! Olha onde estamos, desconfiar da rainha assim não é bom. Se Rosanne mentiu sobre quem está com Erèm, quer dizer que é algo muito importante, acima de nós. O principal, já vimos, podemos partir sem complicações.

— Verdade, então vamos, todos já devem estar prontos para partir.

— Vamos.

Jhon e Ray saem do castelo para a área dos fundos, onde todo o grupo está esperando com o balão sendo abastecido com água e comida. Montgolfier é grande e parece com um barco, que no lugar de velas tem um grande balão cheio de ar com alguns cremadores para elevá-lo.

O leme tem cabos ligados com o balão para auxiliar em sua direção dele. No balão, há alguns símbolos e alguns equipamentos ligados ao barco para dirigi-lo e manuseá-lo. Todos do grupo se arrumam no Montgolfier e partem.

Jhon, na proa, com seu cajado usa magia para manipular Montgolfier.

Rozier!

Montgolfier pega potência e eleva em direção à Torre de Outubro. Eles passam por perto da cúpula da rainha, a veem na sacada com Rosanne e acenam com as mãos, dando “adeus”. Ela retribui, e Rosanne comenta com ela:

— Minha rainha…

— Sabe que não gosto de formalidade, Rose.

— Desculpe, é mania… Erèm? Não será perigoso eles irem para lá?

— Nos tempos de hoje, todo lugar é perigoso, se ele achou informação dos amigos dele e quer seguir para lá, então que Deus esteja com ele.

— Ele achou o laboratório de Dexter.

— Sim, provou mesmo ser meu afilhado, muito parecido com seus pais… Torço para que esses amigos estejam vivos no fim dessa viagem.

— E como foi sua reunião?

— Nada boa, e com razão, muito tem que ser feito… Alguém soube da minha reunião?

— Sim, contei para Ray e Jhon que você estava com uma das filhas do clã Sulzi.

— Eles acreditaram?

— Não, desculpe.

— Tudo bem. Era de se esperar… Olhando agora, sinto que essa viagem será muito mais perigosa do que parece… Chame Peter, mande uma tropa para essa torre, tenho que cuidar do meu afilhado, mesmo que de longe.

— Sim, senhora… Sim, Erèm, e amanhã?

— Terei que iniciar a organização do fim de ano e me preparar para a reunião do Grande Continente. Que Deus esteja com os justos nestes tempos difíceis.

A noite passa com Koètuz se enturmando mais. Baltazar conta as histórias que todos sabem de cor, Onurb diminui as piadas e os desânimos, Alexia fica admirada com Lili e sua história, Anirak troca experiências de lutas com Kyran e conta fatos e acontecimentos passados, e Maxmilliam, Ray e Jhon falam de tudo um pouco, ganhando mais confiança e ânimo para o que há por vir.

Cada um tem seu quarto próprio, mas é pequeno, porém dá para dormir sem problemas. Jhon usa magia para se manter acordado, disposto e guiando Montgolfier, deixando os outros mais tranquilos na viagem.

Na manhã seguinte, todos acordam e se encontram no convés. Estão com roupas leves e despojadas. Onurb questiona:

— E a comida?

Lili aproxima-se com uma cesta cheia de comida, e Kyran com água e leite. Baltazar os ajuda.

— Ótimo, estava com muita fome, ontem comemos pouco.

Anirak e Alexia ajudam a arrumar os bancos e uma pequena mesa para deixar as coisas. Maxmilliam come rápido e sobe para o segundo andar, onde está Jhon com o leme.

— Jhon, vá comer algo e descansar, eu assumo por enquanto.

— Não precisa, estou em um processo que poderei ficar aqui os dez dias sem as necessidades básicas, tenho que fazer jus ao que foi combinado, levar Ray e seu grupo até a torre sem que vocês se preocupem com isso.

Jhon sorri para Maxmilliam, e ele aceita.

— Certo, qualquer coisa nos chame.

— Obrigado.

Maxmilliam volta para o grupo. Todos estão terminando de comer, e Ray pede:

— Vamos aproveitar e voltar a treinar?

Todos se olham e concordam. Ray aponta para Onurb.

— O que o “novo Onurb” tem para me ajudar no treinamento?

Onurb sorri e empurra Ray, colocando o pé entre os dele e fazendo-o cair.

— Vou te ensinar a cair.

— A cair?

— Sim, isso ajuda muito, para iniciar uma luta mal colocada, e durante a luta é o mais importante, para fugir.

Ray levanta animado.

— Entendi, então comecemos.

Alexia se aproxima.

— Também quero, isso deve ser muito bom.

Onurb comenta:

— Para você será ótimo, vou te mostrar uma forma de cair sem sofrer danos na cabeça, treine bem essa parte.

— Está bem.

Anirak olha para Kyran e questiona:

— Amigo, qual é a sua arma? Vamos treinar também?

— Martelo, vamos treinar!

Kyran tem uma bela voz e uma boa pose. Ele pega uma marreta grande de guerra com um cabo longo e o segura com as duas mãos. Baltazar vai até Jhon.

— Posso ver como se “navega” no ar?

— É claro, fique à vontade, me faça companhia, acredito que o senhor não contou todas as suas fabulosas histórias.

Maxmilliam pega um livro que pegou na biblioteca de Libryans e lê no canto sem atrapalhar os outros com suas atividades. O dia passa dessa mesma forma, Onurb treinando com Alexia e Ray mostrando formas de cair, amortecer impacto, como fazer se caírem, se forem jogados, se escorregarem, entre outras possibilidades para que não sofram danos ou fiquem de guarda baixa.

Alexia tem dificuldade no início, mas no final do dia pega o jeito. Ray, sempre bem didático, se destaca no início do treinamento e aprende bem a técnica e as dicas de Onurb. Anirak fica impressionada com as habilidades do guerreiro de fé, Kyran é forte e ágil ao mesmo tempo, igualando as habilidades de Anirak e deixando o treinamento bem produtivo e atrativo, o que chama atenção dos outros às vezes.

Lili surge no meio do dia, admira treino por treino e fica com Baltazar e Jhon ouvindo as histórias e aventuras do touro náutico. Maxmilliam termina de ler seu livro na hora em que todos param para comer à noite.

Eles se reúnem no convés nas cadeiras. Kyran e Lili pegam comida e bebidas e servem todos, levando algumas coisas para Jhon, que ainda conduz o dirigível. Todos conversam assuntos simples e superficiais. Ray questiona Maxmilliam depois de comer:

— Mestre, qual é o livro que eu vi o senhor lendo? Parecia interessante.

— Sim, muito bom, o nome é “Drakon”…

— Nome estranho…

— Um pouco, o escritor tem grande criatividade, são reinos em guerra, mas tem criaturas que não existem, uma espécie de réptil, como os Varanidae, mas são enormes, com asas e no lugar de saliva venenosa soltam fogo.

— Nossa, parece incrível, que imaginação para criar um monstro desses.

— Sim, isso que chamou minha atenção, porque guerra entre impérios é algo que sempre existiu e existirá.

— Legal…

Todos terminam de comer, arrumam as coisas, tomam banho em um lugar próprio no nível mais baixo dentro do Montgolfier, pequenas cabines para que se ensaboem e se enxáguem, depois seguem para seus respectivos quartos e dormem.

A noite está gelada, por estarem em uma altitude muito alta. Jhon ainda está firme conduzindo sem problemas, mas avista tempestades ao longe e arruma formas de contornar para não ter complicações e manter a velocidade para que a viagem dure os dez dias planejados.

Todos acordam, e o dia está bem radiante, sol forte e quente. Jhon diminuiu a altitude para que todos admirem a paisagem, que é muito bela, pequenas vilas e muita natureza, florestas, pequenas montanhas, lagos, rios, muita vida animal, com vários ciclos de vida longe de animais e raças inteligentes. Todos comem cedo no convés, prontos para iniciar novos treinamentos.

Jhon interrompe-os colocando Montgolfier dentro de um rio com água limpa e cristalina. Ele puxa o cajado usando magia e manipula uma grande quantidade de água, colocando dentro do convés e formando uma piscina mágica. A água bate um pouco a mais do que a cintura de todos, com exceção de Baltazar e Kyran, que são os maiores do grupo.

Todos riem da situação e ficam só com roupas de baixo para curtir o dia se refrescando na piscina mágica. Maxmilliam posiciona seu cajado no meio da piscina e assume o controle da magia que a mantém, para que Jhon economize energia para focar na condução do Montgolfier. Maxmilliam usa magia para deixar a água movimentada para animar o ambiente, e todos relaxam um pouco na manhã.

À tarde, voltam a treinar luta na água, melhorando e ampliando o treinamento em um campo e situação diferente do comum. Só Kyran, Maxmilliam e Lili ficam no canto vendo o treinamento e conversando sobre assuntos aleatórios.

Lili aproveita a oportunidade para mostrar seu corpo recém-mudado, corpo esbelto de uma linda, volumosa e atraente mulher, com todos os aspectos de uma mulher, mantendo pequenos traços de homem como o pescoço avantajado que todo homem tem.

À noite, Maxmilliam usa magia para fazer a água cair em uma floresta sem atrapalhar ninguém. Todos estão cansados e dormem cedo, só Maxmilliam, Kyran, Lili e Jhon ficam até tarde admirando a noite, as luas e a paisagem e conversando sobre a natureza do Grande Continente.

No outro dia, todos comem e ficam reservados por estarem cansados do treinamento na água do dia anterior. Jhon ainda conduz a embarcação sem mostrar cansaço. Kyran e Lili ficam junto com ele para fazer companhia.

Maxmilliam, Alexia e Onurb passam o dia jogando um jogo de cartas que acharam nos armários. Baltazar come mais do que o normal, dorme e fica deitado. Anirak medita em um canto do barco, e Ray fica na proa o dia todo, lembrando-se de Doug, Júlio, Meena e Rupert, bons momentos em Pronuntio, brincadeiras, lazeres, aventuras e os treinamentos que tiveram juntos, sempre unidos. Em um momento, ele chora escondido dos outros, pensando se seus amigos estão realmente vivos ou se já foram mortos.

No final do dia, Ray fica mais animado e tem mais fé em seu caminho e de que vai achar seus amigos. Todos se reúnem à noite como o costume, para comerem, e riem das provocações de Onurb com Baltazar, Alexia e Lili. Kyran fica mais empático e fala mais com todos. Ray se abre com Jhon sobre seu ânimo em ver seus amigos.

— Hoje mais cedo eu estava triste pensando que nunca mais poderei ver meus amigos, mas depois, pensando bem, o melhor de tudo é não sofrer por antecipação, tenho que ter fé no meu caminho.

— Sim, Ray, mas pense, indiferentemente do destino com seus amigos de Pronuntio, olhe seus novos amigos, a vida continua com ou sem eles.

— Eu sei…

— Ganhei um pouco de suas memórias, eu vejo e consigo até sentir essa amizade, ou melhor, irmandade que vocês têm, digo que é a mesma que tenho com Kyran e Lili.

— Eles são ótimos também.

— São, sim, amizade é sempre bom, igual a nós agora, juntando nossos grupos. Será ótimo quando seus amigos de Pronuntio se juntarem a nós, os Koètuz não serão mais um grupo, serão um clã.

— Se continuar assim, serão uma cidade.

Os dois riem e continuam conversando sobre seus amigos. Ray dorme ali perto de Jhon, que ainda conduz sem descansar, usando magia para se manter firme, forte e focado. Os outros seguem para seus quartos para descansarem.

Todos dormem bem, mas acordam muito cedo com Montgolfier balançando e recebendo algumas batidas. Eles se arrumam rápido e saem para ver o que está acontecendo. Saindo para o convés, veem um grupo de aves grandes atacando o Montgolfier, e se preparam para se defenderem e atacarem de volta, mas Alexia toma a frente.

— Esperem!

Ela corre até a ponta do Montgolfier, faz alguns sinais com as mãos e com a boca algumas onomatopeias referentes a aves. Todos ficam na retaguarda. As aves param de atacar, e uma delas se aproxima de Alexia, que olha no olho da ave como se estivessem conversando. As aves se afastam e voam para longe. O grupo se aproxima de Alexia, e ela diz:

— Tem algo errado, algo as deixou nervosas, e quando nos viram decidiram atacar.

Ray olha para onde elas estão voando e questiona:

— O que poderia ser?

— Não sei, mas é melhor ficarmos alerta.



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