Volume 1
Capítulo 64: A Queda de Ducem
Kisnar olha para os ladrões que estão saqueando e matando todos do quartel, entrando em todas as salas destruindo tudo. Alguns usam pedras explosivas pequenas para destruir salas. Kisnar sorri com seus dentes amarelos e continua lendo.
— Comportamento social, amizades são relevantes… Acho que não tenho amigos.
Kisnar grita para os ladrões:
— Quem é meu amigo?
Todos gritam de volta:
— Nós!
Kisnar fala para si mesmo:
— Mentirosos… Recompensas e sanções, legal, isso eu faço, eu acho que dou recompensas até demais, na verdade… Reconhecimento, aprovação social e participação… Mas esse cara não tem o que fazer mesmo… Grupos informais, relações humanas? Ninguém pensa nas outras raças aqui neste Império… Esse eu gostei, importância do conteúdo do cargo, meu cargo é altíssimo, veja pelo meu cetro e este tecido macio.
Kisnar admira suas roupas se achando o ser mais poderoso, bonito e rico do mundo.
— Ênfase nos aspectos emocionais? Isso é demais para mim, chega!
Joga os pergaminhos na mesa e bota fogo em tudo usando magia. Um ladrão que termina de roubar os armários da sala o aborda.
— Kisnar? Sem o lorde, eles e a cidade já eram.
— A cidade já está perdida desde que ele saiu dela.
— Saiu?
— Aquele que eu matei não era Elton Mayo, era um sósia, o verdadeiro já se foi.
— Como você sabe?
— Eu estudei muito o Império antes de atacá-lo, os lordes dele usam algum acessório de um clã específico, algo referente a uma pirâmide. Não se importe com isso, pode seguir seu caminho, vamos ver o que mais encontraremos nesta cidade.
Dezenove de setembro. Na madrugada, uma luta intensa acontece perto do templo. O grupo do templo enfrenta os ladrões náuticos e o grupo dos soldados de Bill, que os identifica como inimigos. Os ladrões longe do templo têm vantagem por causa da montaria e das pedras explosivas, colocando sempre o Império para baixo, destruindo e matando todos.
Os ladrões demoram para avançar pela cidade, pois saqueiam e pilham os itens de valor para serem levados para fora da cidade até os barcos. Marcel fica na guarda do templo e consegue ganhar dos soldados de Bill e dos ladrões com a ajuda das lutadoras. Samuk rapidamente ganha admiração pelas pessoas em perigo e é temido por seus inimigos.
Ele caminha sozinho dentro da cidade, matando todos os inimigos com sua espada curva. Esquiva, apara e golpeia forte, conseguindo até desmembrar alguns de seus oponentes. Até quando enfrenta os cães terríveis ele demonstra superioridade, usando técnicas que deixam seu corpo desafiar a gravidade, podendo andar e saltar pelas paredes, muros e telhados das casas.
Em seu caminho, lanças são quebradas, oficiais são superados, pessoas indefesas são resgatadas, cães são recuados e soldados humilhados em frente aos outros. Samuk demonstra dificuldade quando enfrenta magos, mas com sua experiência consegue ser rápido usando arco e flecha e sua espada para matar alguns antes que o peguem com magia.
Vinte de setembro. Samuk acampou no meio da cidade junto com alguns refugiados e depois retornou ao templo, por ver que grupos diversos querem ir lá para saquear. Novamente ele consegue se destacar protegendo o templo.
Algumas pedras explosivas de catapulta são atiradas para destrui-lo, mas Samuk consegue com flecha atacar essas pedras, fazendo-as explodirem antes que cheguem ao templo. Um pouco ao longe, um grupo de ladrões com Kisnar avista o templo e se anima em focar nele.
— Kisnar? O templo! Vários itens de valor lá!
— Não, dá azar profanar um lugar desses, melhor focar nos quartéis e acabar com essa corja do Império.
— Mas…
— Se querem ir vão, como disse, vocês são livres, mas com um pedido meu, peço que não mexam no altar do templo.
— Legal, vamos, rapazes!
Alguns seguem para atacar o templo, e Kisnar avança atacando os soldados do Império dos dois grupos, Bill e Steve. Marcel, no meio da cidade, consegue derrotar os inimigos e ajudar alguns cidadãos a recuarem para sair da cidade sem serem feridos.
Infelizmente, muitos são feridos e mortos, deixando Marcel em fúria. Ele mata com mais gosto e vontade seus oponentes. Em alguns intervalos da guerra, todos conseguem comer e beber para terem força para continuar.
O dia termina com um grupo do Império de Cristal chegando de fora para ajudar a cidade.
Vinte e um de setembro. O reforço do Império consegue matar vários ladrões, limpando um dos lados da cidade, mas depois de entrarem mais adentro de Ducem e ver o conflito dos grupos de Steve e Bill, império contra império, eles ficam desorientados, o que dá chance para os últimos ladrões na cidade igualarem os números, matando vários, incluindo inocentes.
Muitos ladrões conseguem voltar com grande quantidade de itens valiosos para os barcos, e os que voltam ajudam na conquista e em mais destruição da cidade usando muitas pedras explosivas. O templo é atacado pelo Império também. Samuk usa suas habilidades para repeli-los. Ao longe, ele vê Kisnar com seus ladrões.
— Homem estranho, ele deve estar liderando esses ladrões.
Samuk pensa em ir atrás dele, mas é abordado por cães e ladrões. Ele tem a ajuda de guerreiros e lutadoras do templo, que ficam firmes em frente ao monumento histórico, defendendo-o.
— Exatamente assim, esse templo não será tombado!
Alguns soldados do Império conquistam a torre de teleporte e conseguem usá-la como base para se organizarem e tomar mais algumas áreas da cidade. Kisnar vê isso e corre para intervir. No caminho, ele dá de frente com Marcel.
Ele e as lutadoras enfrentam os ladrões de elite de Kisnar, que observa Marcel lutando. Depois de derrotar dois ladrões, Marcel corre em direção a Kisnar usando suas duas espadas, incluindo Ikarus.
— Morra!
Kisnar consegue aparar os golpes com sua espada e o cetro.
— Um guerreiro oriental? Aqui?
— Cala a boca!
— Irritado? Diferentemente do que tanto dizem de “vocês” … Está perdido?
Kisnar começa a contra-atacar. A luta dos dois chama atenção dos que os rodeiam. Marcel ataca com duas espadas e consegue chegar perto de ferir Kisnar, que esquiva e apara os golpes. Ele usa magia e tenta eletrocutar Marcel, que toma o choque, mas consegue se afastar, evitando um dano maior.
Kisnar tem um estilo de luta peculiar, parece um bêbado desorientado, o que deixa seus golpes difíceis de serem previstos e aparados. Ele consegue machucar Marcel, mas sem ferimentos profundos. Consegue pegar Ikarus e o joga longe com magia.
— Uma Zordrak? Mentira!
Marcel fica com raiva e ataca com tudo. Kisnar guarda o cetro e usa sua espada e Ikarus para atacá-lo. Ainda domina a luta, aproveitando a fúria de Marcel, e percebe que seus ladrões estão perdendo, lutadoras do templo e soldados de Steve estão unidos contra eles. Kisnar consegue derrubar Marcel e ameaça matá-lo com sua própria espada.
Uma flecha ao longe o desarma, Marcel pega Ikarus no ar e avança contra Kisnar, que recua por ver que está em número menor, esquiva e novamente repele Marcel com magia, jogando-o longe. Em fuga, Kisnar se encontra com Samuk, que atirou a flecha que o desarmou. Os dois se olham por um momento, Kisnar aponta o cetro para Samuk, que aponta sua flecha com seu arco e, antes de iniciar um ataque, é atacado por soldados de Bill.
Samuk mata os três rapidamente e volta procurando Kisnar. Sobe nos escombros de uma casa para ter uma visão melhor, mas não o acha. O dia termina com os guerreiros do templo voltando para defendê-lo, tendo salvado algumas pessoas inocentes. O grupo de Steve consegue derrotar vários ladrões, mas foram cercados pelo grupo de Bill e perderam a guerra.
Alguns conseguiram fugir, inclusive Steve, que se escondeu em algum ponto da cidade. Ladrões cercam a torre de teleporte para tomá-la. A luta do centro está igualada. Marcel, ao voltar, derrota um oficial de elite do Império, um oficial lutador bem diferente dos outros. A luta fica honrosa por não deixarem ser ajudados, ficando mano a mano.
A luta demora um pouco, Marcel usa Ikarus e o oficial usa duas maças. As armas de contusão dificultam a luta para Marcel, mas aos poucos ele aprende a aparar e esquivar dos golpes e consegue contra-atacar, desarma o oficial de uma das maças e o golpeia moralmente.
O oficial ainda tenta lutar e consegue ferir Marcel, mas morre antes de fazer um ferimento mais grave. Marcel pega as botas desse oficial, que são boas para treino, defesa e luta com os pés.
Vinte e dois de setembro. As batalhas dentro de Ducem não mudam, mantendo-se igualadas de todos os lados. Ladrões conseguem saquear e levar mais itens e ouro da cidade. O templo fica mais em paz, deixando abertura para Marcel e um grupo avançar para tentar salvar mais pessoas. Dias lutando deixam o grupo de Marcel cansado.
Eles são abordados pelo grupo de ladrões e depois pelo grupo de Bill, com até uma batalha tripla durante o dia. Todos cansados e fracos, deixam a batalha lenta e desanimadora. Marcel consegue se destacar, ganhando as batalhas sobre os dois grupos usando bastante a nova bota que conseguiu do oficial, mas fica com os pés fadigados e doendo pelo excesso de uso.
Ele está fraco e com o grupo fadigado e tem que voltar sem conseguir salvar ninguém diretamente. Indiretamente, eles salvam alguns fugitivos por atrapalharem os grupos agressores de Ducem. Mesmo assim, muitas pessoas inocentes são mortas.
Bill é cercado por ladrões e tem seu grupo dizimado por eles. Ele consegue fugir para um esconderijo de guerra, onde se encontra com Steve. Os dois lutam, e logo Kisnar aparece.
— Vejam só, fazendo meu trabalho? Assim não tem graça.
Os dois se afastam e ficam esperando alguém atacar. Kisnar continua:
— Vocês estão um contra o outro? Sério?
Kisnar ri alto.
— Verdade, eu vi na cidade alguns soldados se atacando, loucura, não? O Império tem tantas falhas, que até os seus lutam entre si… Podem me dizer se é por poder ou status?
Steve aponta sua espada para Kisnar e responde:
— Você é como esse e como Xarles, desonrados, subindo sobre os outros…
— Não e não… Tenho que te interromper, não me compare com essa corja do Império, só porque estou usando o mesmo fogo que eles não significa que eu seja como eles, só uso a arma deles contra eles mesmos. Justo, não?
— Matando inocentes?
— Pelas suas roupas, eu diria que você manda muitos para a morte, os seus e os que eles irão matar em batalha…
Kisnar se aproxima de Steve e continua a falar com um tom mais bravo.
— Enquanto você fica em suas salas de guerra planejando o destino de vários, esses passam fome e lutam pelas próprias vidas e pelas suas, que estão longe de qualquer perigo!
Bill tenta sair, mas Kisnar, ainda encarando Steve, aponta o cetro e com magia bloqueia a saída.
— Viu? Covardes não conseguem travar e lutar por suas próprias vidas, companheiros e até por um ideal. Eu assumo que são homens maus, e vocês?
— Eu morro pelo meu ideal, o ideal que fará…
— Pare com isso, não tente me convencer de que depois de anos de lazer você acordou para o mundo e agora quer um lugar melhor e paz para todos.
Steve tenta responder e atacar Kisnar, mas este o desarma e o empurra, jogando-o contra a parede. Ele continua a falar, apontando seu cetro para Bill.
— Vocês falam como se essa ideia fosse inovadora, como se vocês fossem os primeiros a pensarem nisso. Libryans é um país de paz e igualdade desde que era uma vila insignificante que mandava exército para matar demônios… Pando, uma floresta de excluídos do mundo, vive em plena paz, se eu pudesse escolher seria como um deles, agora estaria longe de qualquer problema e estaria me banhando com um homem maravilhoso do qual muitas mulheres nunca conseguirão chegar perto… Os Imortais desejavam muito a paz em seu auge, e hoje o mais forte deles lidera esse exército de ignorantes.
Kisnar dá um tapa na face de Steve e anda em direção de Bill.
— Quando entrei aqui nessa cova de covardes, eu queria matá-los, mas agora vejo que já estão mortos… Inúteis sem visão de um fim.
Bill responde a Kisnar:
— Como ousa ir contra o Império?
— Como?
— Você mesmo sabe que o homem mais poderoso do mundo está do nosso lado, Xarles tem vários meios de tomar e dominar não só o Grande Continente, como o mundo todo, e ainda acha que estamos errados?
Kisnar sorri, olha para Steve, olha para Bill e responde-o apontando o cetro para o seu pescoço.
— Mais poderoso do mundo? Vejo que sua capacidade de identificar e de conhecimento do mundo é muito baixa. Se um oficial como você está onde está, eu chegarei rápido até Xarles, vocês refletem a praga que são alguns humanos.
Bill fica acuado por estar com a ponta do cetro em seu pescoço. Kisnar o questiona:
— Estranho… Parou de falar? Falou com tanta determinação, eu esperava que você continuasse o debate… Não? Ainda calado?
Kisnar abaixa o cetro, Bill baixa a cabeça, e Kisnar fala, olhando para Steve:
— É assim que vocês lutam e morrem pelos seus ideais? Se eu desse a opção de vocês morrerem agora ou me servirem, os dois estariam no chão beijando a unha encravada do meu pé.
Steve se ofende com o comentário e avança contra Kisnar. Dessa vez, ele consegue fazer mais com seus ataques, mas é recuado por socos de Kisnar e golpes com o cetro que o jogam contra a parede.
Bill vê como uma brecha e ataca Kisnar pelas costas. Kisnar usa sua técnica de luta embebedado e consegue derrotá-lo com poucos golpes. Com Steve sentado encostado à parede e Bill no chão, Kisnar se dirige até a saída.
— Vocês são patéticos… Se depender de mim, vocês ficarão vivos para ver seu pequeno mundo cair, mas não garanto que meus amigos farão o mesmo, então tenham cuidado.
Kisnar sai do esconderijo e segue com seus ladrões para tomar a torre de teleporte. No esconderijo, Steve e Bill fazem uma trégua para não se atacarem, saírem vivos da cidade e seguirem cada um para seu lado depois que a guerra de Ducem acabar.
Vinte e três de setembro. A cidade está toda destruída, os ladrões terminam de levar tudo que acham de valor e de destruir as torres de defesa da cidade. O dia está chuvoso, como se o mundo mostrasse a tristeza que toma o local; mortos, destruição, ganância, atitudes desumanas por todos os lados.
O único lugar intocado e íntegro é o Templo Marrom. Dentro dele, Samuk, Marcel, guerreiros, lutadoras e alguns refugiados guardam o lugar e tratam dos feridos. A maior parte do dia eles descansam, aguardando por outros ataques. O ritual feito toda noite acontece mais cedo, todos meditam, desejam a paz, que todos saiam vivos e que os culpados sejam severamente punidos por tanta maldade.
Eles arrumam o altar com flores, lembrando os atos de Brunu e dando moral para que persistam e acreditem que sairão bem dali. Kisnar conquista a torre de teleporte, subindo andar por andar e matando todos em seu caminho. Ele economiza energia evitando usar magia, mas só com as habilidades com a espada consegue fazer muito junto com seus ladrões e artifícios.
Depois de tomada, todos descansam e comem. Kisnar usa alguns artefatos de seu arsenal para sair da cidade com um grupo de ladrões, fazendo um ritual mágico semelhante ao do teleporte. Os últimos soldados do Império se reúnem em dois grupos, um nas últimas torres de defesa que estão de pé e outros para retomar a torre de teleporte.
Os da torre são derrotados até o final da noite, mas conseguem acabar com os últimos cães inimigos. Ainda no esconderijo, Steve tenta convencer Bill a segui-lo para tornar o Império um lugar melhor para todos, e não só para os que se acham grandiosos.
Bill demonstra interesse, e, com um pouco de suprimentos, eles se mantêm vivos e se abastecem para sair da cidade no outro dia.
Vinte e quatro de setembro. A maior parte dos ladrões foi para Regem, outros voltaram com ouro e itens valiosos para os barcos, uns se preparam para destruir a torre de teleporte e as últimas torres de defesa, finalizando com tudo.
Saindo do esconderijo, Steve percebe pela conversa que Bill está enganando-o e que irá prendê-lo ou matá-lo quando baixar a guarda. Steve fica chateado com a traição de um antigo amigo e inicia uma discussão entre eles, causando uma briga de armas corpo a corpo.
O Templo Marrom se mantém de pé entre os escombros que era antes uma cidade bonita e com uma grande população. Samuk sai cedo para defender o templo contra alguns soldados e ladrões que passam por perto, depois se posiciona em cima do templo para avistar ao longe a situação da cidade e para ficar de vigia. Muito habilidoso com arco e flecha, ele fica ali abatendo inimigos à distância.
Ladrões ganham dos soldados do Império na Torre de Cristal, e soldados ganham dos ladrões nas extremidades da cidade, mas perdem a última torre de defesa. Após isso, eles se determinam a atacar o templo acreditando haver traidores e mais ladrões.
Marcel, já recuperado, toma a frente do templo e sai para defendê-lo com tudo que tem.
Ray ouve a voz de Maxmilliam ecoando e dizendo uma palavra estranha e grande.
— Taumatawhakatangihangakoauauotamateapokaiwhenuakitanatahu!
Antes de despertar, Ray ainda vê alguns acontecimentos em Ducem, a partida de Marcel no dia vinte e quatro pela brecha do portal de teleporte do templo, a recuperação das pessoas do templo e a chegada de alguns cidadãos fugitivos e soldados de Steve que estavam escondidos na cidade.
Em poucos dias, o grupo do Templo Marrom arruma tudo para partir, mas são pegos pelo Império. Samuk consegue derrotar vários. O Império faz alguns de reféns, deixando Samuk acuado, e eles conseguem prendê-lo também.