Volume 1

Capítulo 61: Contos do Grande Continente III

Fatum Christina

Reilum-S Christina, a mais doce e gentil de toda a raça. No antigo mundo, um grupo de Reilum se uniu para usar seus poderes para curar e abençoar todos os seres vivos. Nesse trajeto, Christina conheceu um Reilum masculino raro nessa raça, e iniciou-se uma pequena rivalidade de liderança entre eles. Em pouco tempo, se tornaram amigos e em muito tempo se tornaram amantes. Nessa época, o grupo Reilum foi para o Grande Continente, seguiram com sua missão, agradando a vários seres no caminho. Em um momento, se fixaram em um lugar perto da floresta de Pando, formando uma pequena vila. Christina já estava muito apaixonada e agradecida por ser amada por alguém da mesma raça, pois é algo raro, e ficar com alguém que fosse de raça diferente causaria problemas, porque o início de um império corrompido estava se formando no Grande Continente, e esse império tinha muitas restrições e contaminava outros com esses pensamentos fechados. Meses de paz e amor reinaram nessa vila, que cresceu e se tornou uma grande cidade abençoada por ser a nascente de um fruto com propriedades divinas. Cacao foi o nome dado a ela, que foi ameaçada, conquistada e destruída. Na época da ameaça, Christina conseguiu treinar com outras Reilum para se defenderem e adquiriu muito conhecimento com a peregrinação no antigo mundo, aperfeiçoando ataque à distância e mágicos. Por dias, Cacao foi intocada, mas uma pequena invasão fez tudo se perder. A queda da cidade foi fatal com a perda da esperança de Christina; sua moral, sua mente e seu coração foram destruídos ao descobrir que seu amor a traiu com uma sacerdotisa do Império. A cena da traição e a ajuda dele nessa invasão deixaram Christina em choque e abalaram a moral de todos os Reilum, um homem que não traiu só sua amada, mas sua raça também. Todos fugiram, deixando Cacao ser destruída. Quando a ajuda chegou, só havia devastação. Christina estava quase morta no meio da destruição que um dia foi seu lar. Em um último momento de raiva, ela tentou lutar, mas perdeu contra seu amor e a sacerdotisa e ficou em um estado crítico de vida. Em seu status de coma, ela refletiu todo o seu trajeto, ajudando todos, aprendendo, curando, abençoando, buscando amor, querendo paz, e tudo que recebeu no fim foi morte. Mesmo em coma, seus olhos lagrimejavam a tristeza, formando uma grande poça que cobriu seu corpo, escondendo-a das rondas do Império. Quando a ajuda chegou, eles acharam a poça, mas não havia mais nada dentro. Bons rastreadores suspeitam que ela voltou para o antigo mundo para tentar buscar uma nova motivação para a vida. Alguns Reilum foram mortos na fuga, outros conseguiram formar outra vila na costa do Grande Continente, e o grande amor de Christina, depois de ser usado pelo Império, foi morto pela mesma sacerdotisa que o seduziu. Christina teve um passado motivador, um presente romântico e um futuro desagradável, muitos presenciaram o amor que ela teve e usaram como exemplo em suas vidas, motivando o amor aos outros seres vivos. Mesmo com o fim de Cacao, muitos seguem um caminho de paz, mas temem o amor julgando ser algo traiçoeiro e hostil. O amor é incerto, muitos achavam que raças iguais tendem a se amarem melhor. Christina provou o contrário, pois em todo o seu trajeto ela foi dedicada e companheira com seu amor, parando até sua missão e fixando-se em um lugar para formar laços mais fortes com ele. E Ariel também provou que raças diferentes podem não dar certo, mulheres de grande poder derrubadas por um sentimento que deveria apenas mantê-las erguidas. Muitos se desmotivam do amor quando ouvem essas histórias, em especial os artistas, que se motivam dizendo que nada dura para sempre e que existem alguns que têm sorte de terem um amor mais duradouro e verdadeiro.

 

Ray termina a história e fica bem pensativo, refletindo e associando com a Reilum que Anirak e Alexia enfrentaram em Baron.

— Deve ser a mesma… Anirak comentou que ela era uma mulher traída e que se vingava dos homens dominando-os como feras… O Império tem grande culpa nisso, por isso ela voltou para se vingar. Será que ela soube que o amor dela morreu depois que a traiu?

Ray pega outro livro e acha interessante por se tratar de mais uma história de mulheres e por estar escrita de uma forma mais dinâmica.

 

Kunoichi

Bette Oliva, humana, idade entre os 35 anos, muito bonita, de estatura alta, com um corpo atraente, pele morena, olhos castanho-claros, cabelos longos e pretos. Ela usa roupas leves, além de botas de cano alto e um sobretudo preto. Como armas, usa adagas e garras nas mãos.

— Meninas! Está noite e este é o nosso momento… Preparem-se!

Bette está com um grupo de vinte mulheres com vestes escuras para espreitarem nas sombras, capuz e máscaras escuras. Todas são assassinas como ela, prontas e armadas para uma invasão.

A noite está fresca e o grupo de assassinas está a meia milha de distância da cidade alvo, Dogma, uma das cidades do Império de Cristal. Bette e seu grupo chegam a quinhentos metros de distância da cidade e atacam uma torre, derrotam os vigias e assumem o lugar dos que andam com tochas para não levantar suspeitas de quem vê de longe.

Preparadas para seguir, Bette conversa com todas:

— Vocês três, fiquem aqui para garantir nossa fuga, as outras entrem nas sombras da cidade e descubram se teremos problemas, quero focar no nosso objetivo.

— Certo!

Todas se separam e invadem a cidade furtivamente, escondendo-se nas sombras e nocauteando os guardas que as veem. Elas seguem pessoas, entram em casas, espiam lugares fortificados, e, depois de um bom tempo, Bette, no centro da cidade, em cima de um templo, acaricia um colar azul grande em seu pescoço.

— Coação dos Mares, acho que Malrilem Sulzi não sentirá falta deste artefato por um tempo.

Bette se concentra segurando o colar com os olhos fechados.

Dez Milhões de Rios Encontram O Mar

O colar magicamente conecta todas as assassinas, compartilhando memórias recentes e mostrando à Bette tudo que cada uma viu desde que invadiram Dogma.

— Azael, Ezequiel e Daniel! Meninas, evitem o quartel, não queremos arrumar confusão com o grupo dos Monk… Marilne Sulzi está em uma reunião com o lorde de Dogma, deve ser referente a mais uma dívida, isso pode ser uma boa distração para avançarmos.

Todas seguem em direção a um casarão perto do castelo da cidade. Uma a uma, elas invadem, pelas janelas, porão e sótão. Dentro do casarão, muitos estão dormindo, dando oportunidade de as assassinas vasculharem o local. Bette entra e acha uma passagem secreta que leva ao subterrâneo, um grande calabouço com alguns metros de profundidade.

Ela olha ao redor e vê pouco com a pouca iluminação que sai da porta de onde entrou. Um pequeno símbolo divino em um pilar lhe dá uma ideia.

— A luz do Criador está em cada um de nós.

Tochas e velas acendem nos cantos, iluminando todo o calabouço. Alguns baús revelam alguns tesouros, roupas velhas e itens diversos, um grande caixão de pedra no fim, uma armadura completa com detalhes dourados em cima desse caixão coberto por uma capa branca.

— Enfim… Achei você!

Bette se aproxima. O colar perde o efeito e algumas velas apagam.

— Subestimei um túmulo!

Todas as saídas do casarão fecham com magia e guerreiros caos de dois chifres surgem das sombras atacando todas as assassinas dentro do casarão. Inicialmente, eles são desatentos e deixados para trás na luta contra as assassinas, mas depois de um tempo eles tomam o controle, matam dez delas e ferem Bette no calabouço.

Dez Milhões de Rios Encontram O Mar

Todas as assassinas são ligadas magicamente outra vez e, conectadas, conseguem se ajudar vendo golpes por trás e sequências de ângulos diferentes. As assassinas do lado de fora conseguem entrar para ajudar as outras, e as de fora da cidade se aproximam para resgatá-las. Bette se concentra e consegue derrotar o guerreiro do calabouço.

Aproximando-se do caixão de pedra, a armadura toma forma de um guerreiro e a ataca. Ela consegue esquivar dos golpes e, usando itens e roupas do lugar, consegue amarrar e soltar algumas partes da armadura encantada. Em uma brecha, Bette consegue abrir o caixão, revelando um esqueleto usando roupas simples de aldeão.

Ela rasga a camisa e pega uma lâmina grande cravada na espinha do esqueleto.

— Zordrak!

A armadura volta a atacá-la. Ela leva alguns socos e consegue se posicionar nas costas da armadura e cravar a lâmina na rachadura nas costas, no mesmo lugar em que estava no esqueleto. Ao cravá-la, a armadura perde o efeito e se desmonta.

Todos os guerreiros caos desaparecem, e Bette cai fraca no chão. Duas assassinas descem e a resgatam. Ela está triste ao ver pela magia do colar as outras sendo mortas pelos guardas que estão acordando no casarão e algumas ao lado de fora. Elas são muito habilidosas, mas o número de guardas é grande e não dá chance para elas.

Bette consegue fugir do casarão com duas. No caminho até o muro da cidade, uma fica para trás para atrair a atenção, e acaba morrendo com flechas no peito. Saindo da cidade, duas foram mortas, abrindo caminho para que Bette e outras duas fujam.

Ao sair dos domínios e da visão da cidade, elas são barradas por três homens negros, altos e fortes.

— Maldição! São os Monk que estavam na cidade.

Eles encaram as três assassinas, e um deles toma a frente.

— Desculpem, garotas, mas terão que dizer o que vocês roubaram.

— Não é da sua conta, Monk! Deixem-me passar!

— Resposta errada…

Os homens atacam juntos, chegando perto de acertá-las. Elas ficam recuadas, focando em esquivar. Bette consegue fazer pequenos cortes neles, mas não surte muito dano, os Monk são fortes e bem resistentes, elas têm a única vantagem da velocidade, que com o tempo cansa.

Por estarem fadigadas da luta em Dogma, as duas caem e os homens conseguem segurar Bette, um de cada lado, e Azael, à frente dela, a interroga.

— O que vocês fizeram em Dogma?

— Já disse que não é da sua conta, você nem trabalha para o Império, o que quer?

— Somos mercenários também, como você, se pagam bem, fazemos o serviço.

— Sei como funciona, mas sei como o Império vai agir comigo, mulher e espiã.

— Espiã? Então foi você que se infiltrou em Sodorra?

— Interessante, sou famosa e não sabia.

— Chega!

Azael dá um soco na barriga de Bette, que fica sem ar e comenta:

— Desculpe estragar a diversão de vocês, mas hoje as assassinas venceram.

O corpo das outras duas vira fumaça. Eles soltam Bette e ficam alerta para algo que pode acontecer. Ela ri ajoelhada e diz:

— Essas duas não eram reais… As reais já estão bem longe…

— Desgraçadas! Ela se usou como distração…

Bette cai, tem uma convulsão e morre em seguida.

— O que houve com ela?

— Ela tomou veneno para que não seja torturada e a mente revirada por magia…

Azael revista Bette e não acha nada importante.

— Não tem nada, até as armas dela as outras levaram. Seja o que foi que elas fizeram em Dogma, elas conseguiram.

 

Ray fica animado com uma história de luta e infiltração das assassinas, olha ao redor e sente que o sono está forte. Sai da biblioteca e dá de frente com Maxmilliam.

— Estava te procurando, estava até agora na biblioteca?

— Sim, mestre.

— Viciado em livros. Vamos dormir.

Ray sorri e anda com Maxmilliam até o quarto. No caminho, o mestre comenta:

— Ray, amanhã Onurb e Anirak irão investigar melhor as cidades em busca de informação dos seus amigos Doug, Júlio, Meena e Rupert. Baltazar e Alexia irão investigar no castelo, e eu tentarei ver com Peter e Rosanne alguma informação importante.

— Muito bom, mas e eu?

— Já que você está motivado com a biblioteca, achei melhor você continuar lendo, um pouco de lazer e longe de “trabalho” é bom e você merece.

— Mas eu quero…

— Ray, você está envolvido emocionalmente nesse caso, deixe a gente ver essas informações iniciais, você pode ter um julgamento errado se ouvir algo estranho ou desagradável.

— Certo, se o senhor diz…

— Obrigado. Agora vamos dormir, os outros já estão dormindo.

Ray e Maxmilliam entram no quarto e, depois de arrumados, dormem. No outro dia, Ray acorda e está sozinho no quarto.

— Nossa, eles já foram? Ou eu acordei tarde demais?

Ray levanta, cuida de suas necessidades básicas, come uma fruta e toma um copo de leite fresco. Anda pelo castelo e decide ir novamente para a biblioteca, seguindo o que Maxmilliam disse.

A biblioteca está muito cheia, o que o deixa com dificuldade de achar um lugar para sentar e ler o último livro que reservou no dia anterior. Ao se sentar, ele repara que o mago do outro dia está ao seu lado lendo um livro aparentemente interessante.

Ray pensa em cumprimentá-lo, mas percebe que o mago está muito entretido com sua leitura, então decide ler ao lado dele e esperar alguma brecha para iniciar um diálogo.



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