Volume 1

Capítulo 54: Homem Misterioso

Anirak e Onurb estão no rio tentando pegar peixe com adagas, mas não conseguem por conta da hora. Onurb reclama.

— Viu? Me trouxe até aqui para nada, achou que esta hora teria peixe te esperando?

— Pelo menos você anda e quem sabe para de reclamar um pouco.

— Aproveitando que estamos aqui, posso ver a sua Zordrak?

— Não!

— Eu deixo você ver a minha.

— Não, obrigada… Certo, pegue.

Anirak entrega Ikarus e pega Nagga. Os dois sentam na beira do rio e admiram as armas. Pouco tempo passa, e Onurb questiona:

— Você ainda não falou o que houve depois que você e Alexia saíram de Baron, vocês ficaram uns dois dias sumidas.

— Contaria, mas você sempre interrompe com outras coisas.

Nah...Sempre não.

— Enfim, não surgiu oportunidade, o importante é que ficamos bem.

— Conte-me mais, enfrentou outros loucos do Império?

— Depois de ganharmos a batalha, nós duas fomos na floresta para descansar…

— O que foi? Ei! Por que você parou do nada?

— Sinto uma sensação estranha...

Anirak se joga para trás empurrando Onurb. Entre eles, se faz uma pequena explosão.

— Onurb, cuidado!

Uma risada se ouve de todos os lados. Um raio elétrico sai da floresta para atingir Onurb, que se defende por impulso com a Ikarus.

A espada consegue aparar a magia, fazendo-a se dissipar e sem passar a corrente para o corpo dele.

Outro raio sai da floresta e cai entre os dois, e, em uma pequena nuvem de fumaça, o homem misterioso aparece de frente para Onurb.

— Uma arma Zordrak, não imaginei que teriam uma.

Anirak ataca usando a Nagga. O homem se esquiva sem olhar para trás.

— Me enganei, vocês têm duas armas Zordrak, incrível!

Ele vira e, com a palma da mão, empurra Anirak com magia. Onurb avança usando Ikarus. O homem também esquiva de costas para Onurb.

Anirak volta a atacar o homem com a Nagga, e ele consegue esquivar e aparar os dois com um pouco de dificuldade. Anirak usa chutes e voadoras para dificultar a esquiva do homem, que consegue em uma voadora jogar Anirak e Onurb para trás.

Anirak recua um pouco e começa a arremessar lâminas e adagas no homem. Ele apara alguns e esquiva de outros. Onurb pega no ar as que ele está esquivando e as joga de volta nele. O homem é acertado poucas vezes, causando ferimentos leves.

O homem aponta a espada para Onurb, e ele sente uma dor forte no peito e para com os ataques. Com a outra mão, o homem faz todas as adagas e lâminas de Anirak pararem no ar e joga de volta nela, que se esquiva fácil delas e é puxada por magia. O homem dá um abraço nela e causa um grande choque elétrico que a faz ser repelida e cair no chão.

Onurb consegue jogar algumas adagas, mas o homem esquiva fácil. Ele faz um leve movimento com a mão apontando para Onurb e em seguida para Anirak no chão.

Herrumbre Óxido!

Todos os itens de metal dos dois ficam frágeis até virar pó em poucos segundos, sobrando tecidos e as armas Zordrak.

— Essas armas vão dificultar um pouco…

Onurb ataca o homem usando Ikarus. O outro domina a luta e consegue fazer Onurb ficar recuado, quase o acertando em pontos vitais. Anirak chega envolvida em fumaça e dá uma grande sequência no homem, sem deixá-lo contra-atacar, apenas se defender.

Em pouco tempo, o homem volta a dominar a luta e consegue contra-atacar Anirak e Onurb. Na luta, os dois trocam as armas, voltando Nagga para Onurb e Ikarus para Anirak, e conseguem igualar a luta com vários ataques frenéticos e combinados.

Quando o homem toca com a mão alguma parte do corpo de Anirak ou Onurb, essa parte é adormecida e não tem movimento. Ele consegue tocar um braço de Anirak e Onurb e uma perna de Anirak, e aproveita e fica em uma posição vantajosa, e consegue fazer os dois recuarem com ataques de espada.

Nagga e Ikarus começam a vibrar e emanar uma energia estranha que faz a espada do homem ser repelida, conseguindo melhorar na defesa deles e nos ataques, forçando o homem a usar só a esquiva e deixando-o impressionado.

— Incrível, vocês conseguiram combinar a energia das duas armas Zordrak…

Anirak faz uma massagem rápida em sua perna e consegue fazê-la voltar ao normal. Onurb faz o mesmo com seu braço, mas não volta completamente.

— Idiota, quem é você? Por que está nos atacando?

— Não precisa usar esse tom, eu só preciso tirar vocês do caminho.

O homem aponta para a água do rio, e estacas de gelo voam em direção de Onurb e Alexia. Os dois aparam e se esquivam fácil. O homem aproveita e ataca Anirak.

— Você é ágil, mas subestima seus inimigos.

O homem dá um golpe com a espada, e quando Anirak defende com Ikarus, a força do homem fica sobrenatural e ele arremessa Anirak longe. Ela bate as costas em uma árvore e, ainda com dor, comenta:

— Como? Que força foi essa?

Onurb avança, e Anirak o alerta:

— Onurb! Cuidado, ele não é humano.

Onurb para e recua, olhando atentamente para o homem.

— Como assim? O que ele é, então?

O homem se aproxima de Onurb aos poucos com um tom maldoso.

— Curioso? Mas se eu te contar, terei que te matar.

— Não sou um homem curioso.

Anirak se sente incapacitada de lutar e arremessa Ikarus para Onurb.

— Onurb! Pegue!

Ele consegue pegar Ikarus e comenta com o homem:

— Também sou ágil, e eu não subestimo meus inimigos… Eles sim…

O braço de Onurb volta ao normal e, usando Nagga e Ikarus, ele avança contra o homem, com vantagem, pois as armas voltam a se conectar, emanando uma aura que deixa o homem recuado.

Alguns golpes são esquivados por pouco, e mesmo assim as Zordrak conseguem ferir o homem.

— Não esperava por Zordrak… Espero que sejam as últimas por aqui.

A velocidade de Onurb fica sobrenatural e ele consegue se envolver em raios parecidos com a técnica de Anirak, e recua o homem até a margem do rio.

Este consegue se defender dos golpes e fica com o rosto sério. A cor dos seus olhos fica um roxo-escuro, a sua velocidade se iguala à de Onurb, o que mantém a luta igualada.

O homem começa a ganhar vantagem por prever os movimentos de Onurb, e ele consegue ativar a habilidade de uma das armas e fica com algumas partes do corpo transparentes, dificultado ao homem em acertá-lo e dando chance para Onurb acertar chutes. Anirak consegue se levantar, mas ainda se sente fraca para lutar.

Ela analisa a luta, admirando Onurb por manter a luta igualada com um inimigo poderoso. O homem consegue desarmar Ikarus de Onurb e com a mão faz um flash de luz, atrapalhando a visão dele.

Esse flash fez Anirak ter uma lembrança antiga e suspeitar de algo.

— Será possível? … Onurb… ele é…

Antes que ela terminasse, o homem usa magia e a faz desmaiar. Onurb aproveita para atacá-lo, mas sem sucesso, o homem demonstra ficar mais cauteloso e se defende fácil dos golpes. Ele faz um corte no braço de Onurb e consegue agarrá-lo no pescoço, erguendo-o.

Onurb chuta, tenta empurrá-lo com a mão e com socos, mas não consegue. Sente eletricidade passar pelo seu corpo e perde seus movimentos. Nagga cai no chão e levita até a cabeça de Onurb, manipulada por magia usada pelo homem.

— Onurb… Estranho um homem como você passar pela floresta de Pando, mas é habilidoso, nisso eu tenho que concordar.

Onurb, ainda consciente, fala com o homem.

— O que está esperando? Faça logo.

— O que vocês acham que eu quero fazer? Vocês têm um julgamento muito falho, sua morte não é importante… a sua não…

Onurb é jogado em cima de Anirak e desmaia. O homem arruma a sua roupa, que ficou bagunçada, amarrotada e suja com a luta, e entra na floresta arrumando seus cabelos.

— A noite hoje está bela e produtiva…

 

Ray estranha por Maxmilliam estar calado e com semblante preocupado.

— Está tudo bem, mestre?

— Nada importante… Acho que é melhor você ir atrás de lenha, Baltazar não vai achar por aquele caminho, você consegue voltar e achar algumas?

— Como ele não acharia? É uma floresta…

— Por favor, Ray.

— Certo. Vou indo.

— Ray, se arme, não se sabe o que pode aparecer na floresta.

— Certo.

Ray fica desconfiado, mas segue o que Maxmilliam diz, e some pelas árvores a caminho de onde eles vieram. Maxmilliam levanta segurando seu cajado, e o homem misterioso se aproxima saindo da floresta e entrando na clareira. Ele olha ao redor e fica sorridente.

— Maravilhoso!

Maxmilliam fica sério encarando o homem que se aproxima. Este ainda olha em volta, elogiando Maxmilliam.

— Esse homem faz jus à classe… Você me trouxe em Orbis Absolute sem eu perceber. Em que parte da floresta você me pegou?

Maxmilliam está sério e questiona.

— O que você fez com os outros?

— Outros? Há outros?

Elevando mais a sua voz, Maxmilliam questiona.

— Onde eles estão?

Os olhos de Maxmilliam emanam uma luz azul-escura. Usando magia, ele tenta ver onde estão os outros, mas só consegue sentir a presença de Ray. Através de magia, tenta ler o homem misterioso, porém não consegue ver nada, emoção, poder, aura, nenhuma informação.

O homem sente o que Maxmilliam está fazendo e comenta:

— Me desculpe, preciso me manter oculto no momento, eu não deveria estar aqui, sabe? Então, por favor, não conte a ninguém.

— O que quer? Como conseguiu bloquear a presença dos meus amigos?

— Bloquear? Como sabe que eu não os matei?

— Tolerei demais suas atitudes…

Maxmilliam carrega uma energia em seu cajado, e uma grande força contínua é lançada no homem, que apara com as mãos e empurra com outra energia. Aos poucos, a energia estabiliza entre os dois, e saem faíscas e raios para os lados.

O homem, com um tom despojado, comenta:

— Você é um mestre da magia, Maxmilliam, não vamos ficar nessa disputa de iniciantes, vamos?

O homem faz movimentos rápidos com as mãos, e as energias são sugadas em uma esfera que se expande em uma onda de fogo que cobre Maxmilliam. Ele gira seu cajado e redireciona a onda para o homem. A onda envolve o homem e ganha a forma de um gigante de fogo, que ataca Maxmilliam com socos.

Maxmilliam se defende com seu cajado e consegue cortar os membros do gigante. O mestre corta a cintura do gigante, e a parte de cima cai em cima dele.

Ele faz uma proteção e não se queima. Maxmilliam faz o fogo ficar mais forte e o manipula em uma onda maior, jogando em cima do homem.

Pyrococcus!

Hipertermófilo!

O fogo passa pelo homem sem feri-lo. Ele conjura várias esferas mágicas e as joga em Maxmilliam, que consegue destruí-las com seu cajado uma a uma. O homem solta várias magias projéteis de elementos diferentes, raio, gelo, fogo e espinhos de pedra.

Maxmilliam consegue contra-atacar criando alguns projéteis também de elementos diversos. O homem joga várias com as mãos, aumentando o poder e a velocidade.

— Vamos, mestre da magia, vamos transbordar Orbis Absolute com poder.

Os projéteis ficam muito próximos de acertar Maxmilliam e criam uma nuvem de vapor e poeira ao encontro dos elementos. Maxmilliam vê que o homem parou de atacar e sente que a nuvem fica mais densa e começa a se mover como um furacão.

Ele não consegue ver além do furacão, e outros projéteis o acertam de várias direções diferentes. Ele ouve os risos do homem quando é acertado.

— Atenção, Maxmilliam! Um mestre não pode cometer erros de um aprendiz.

Maxmilliam se concentra para não ser distraído pelas provocações e faz um campo de força que começa a quebrar com vários projéteis que o acertam com mais força. A risada do homem é alta agora.

O furacão mais forte faz Maxmilliam flutuar mesmo dentro de seu escudo. Ele gira o cajado por cima de sua cabeça e faz o furacão rodar em outra direção, tomando o controle dele. Assim, os projéteis arremessados pelo homem perdem o curso e erram o alvo.

Maxmilliam faz o furacão abrir mais, assim revelando o homem, que o encara com um ar despreocupado.

— Um ladino? Roubando meu tufão?!

O homem abre os braços e fecha as mãos. O furacão para e tranca o cajado de Maxmilliam, que não consegue mais girá-lo nem tirá-lo da posição em cima de sua cabeça.

O homem ri e com as mãos empurra toda a nuvem em cima de Maxmilliam, que voa longe, batendo em algumas árvores e perdendo o cajado no percurso. Maxmilliam estica a mão, e o cajado vem em sua direção, mas o homem pega antes.

O cajado o rejeita, envolvendo-o em chamas e raios. O homem absorve essa energia e faz o cajado ficar escuro, e as escritas cinza ficarem laranja.

— Nada como customização.

— Como fez isso? Quem é você?

— Vocês têm mania de sempre saber com quem estão lutando, em me ver não é o suficiente? Precisam saber mais?

— Por que se esconde nessa dissimulação?

— Dou minha palavra, em nenhum momento eu menti, gosto de ser verdadeiro em tudo que digo, o que você vê aqui, sou eu próprio, sem ilusão e sem dissimulação.

Maxmilliam aponta suas mãos para o homem, e ele sente o corpo ser paralisado aos poucos. Seus olhos ficam roxos e ele anda em direção de Maxmilliam, que para e, com o cajado, bate a ponta no chão, liberando uma grande onda de energia, devastando a floresta em Orbis Absolute e mudando o cenário.

Maxmilliam se vê no alto de uma grande montanha, parecida com um dos picos das montanhas de Irene White, muita neve e frio tomam o local, céu fechado, mas iluminado pelos raios de sol passando pelas nuvens finas.

O homem faz gestos com a mão e faz Maxmilliam ser puxado para perto dele; por magia, o corpo do mago afunda nas rochas, prendendo-o aos poucos.

— Obrigado pelo seu tempo, Maxmilliam, mas o principal vem agora.

— Principal?

— Sim, preciso tirar seu pupilo do caminho… Infelizmente.

— Ray? O que você quer com Ray?

— Vou mandá-lo para um lugar melhor, para que ele descanse em paz.

— Maldito.

Maxmilliam é mergulhado para dentro da rocha. O homem sorri e olha ao redor desconfiado.

— Estranho… Orbis Absolute ainda não se desfez… Ou será…?

A rocha explode empurrando o homem para trás. Das rochas, sai Maxmilliam em forma de guerreiro caos, armadura clara, corporal, pesada e fechada e um elmo com cinco chifres, podendo só se ver a luz azul de seus olhos.

O cajado desaparece e materializa nas mãos dele, e se transforma em uma grande lança. O homem recua e fica admirado.

— Esse sim é Maxmilliam de Galfik, o poderoso Mestre da Magia que ascende aos meus olhos!

— Insolente!

— Isso… Sim... Mostre seu poder!



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