Volume 1

Capítulo 43: Hemofilia

— Sangrem!

Brent ataca Onurb e Anirak com a espada, chutes e socos, apelando com saltos e acrobacias. Onurb e Anirak conseguem se defender e aos poucos contra-atacar Brent, que novamente parece prever os golpes e consegue se esquivar sem dificuldade.

Anirak também usa tudo ao seu favor, atacando com adagas, chutes e arremessando lâminas. Onurb fica mais recuado, mas consegue atrapalhar Brent, dando vantagem para Anirak acertá-lo.

Ela chega perto de feri-lo. Antes que ela continue, Brent deixa sua velocidade sobre-humana e consegue desarmar Anirak, fazendo-a desmaiar com um soco na nuca. Onurb ataca, e Brent desaparece e aparece em suas costas, fazendo o mesmo, nocauteando-o com um soco na nuca. Com os dois no chão, Brent se sente vanglorioso.

— Nem humanos e nem aurem são páreos para mim… Insetos.

Brent ataca para matar Anirak, e é parado com flechas de Volvo, que aparece no fundo do corredor, com Lincoln à sua frente indo atacar Brent.

Ele apara todas as flechas e corre em direção de Lincoln, que ataca focando a cabeça, e, milímetros antes de acertar, Brent desaparece e aparece atrás de Lincoln, apunhalando-o nas costas com uma adaga, avança contra Volvo e esquiva das suas flechas.

Volvo ataca freneticamente. Ao se aproximar, Brent pega uma flecha no ar, crava-a no olho de Volvo e o empurra com um chute.

— Sua mira é péssima.

Volvo pega sua balestra e ataca Brent, recuando para ganhar distância. Lincoln vai atrás de Brent, que esquiva das flechas e desaparece e aparece ao lado de Volvo e corta a sua garganta. Volvo ajoelha, e Brent atravessa as suas costas com sua espada.

Ele sangra, e Lincoln fica furioso, avança e ataca Brent com sua espada. Brent esquiva fácil dos golpes e aos poucos vai cortando Lincoln no braço e nas pernas, deixando-o cansado e bem ferido. Ele recua, demonstrando estar fraco e muito ferido. Brent aparece nas costas de Lincoln.

— O favorito já está cansado?

Lincoln tenta empurrá-lo e se afasta, mas antes é desarmado e fica com raiva.

— Maldito.

— Malditos são vocês, humanos fracos e inúteis.

Uma fumaça toma conta do corredor. Brent sente dois vultos se movimentando rápido ao seu redor. Onurb e Anirak afastam Lincoln da luta. Brent ri.

— Vocês continuam fracos… Bloquear minha visão ajudará?

Um vulto pequeno aparece perto de Brent. Anirak diz:

— Fracos? Vem e me dê um soco para eu medir a sua força.

Brent avança para atacar o vulto com um soco. A sua velocidade empurra o ar, revelando Troller, que está um pouco agachado. Troller levanta, segura o punho de Brent, que está estendido para o ataque, e com a outra mão agarra o seu pescoço, fazendo-o largar a espada.

Ele o levanta e o joga contra as paredes do corredor. Depois de bater em uma, bate na outra, bate-o no chão e o joga no teto. Depois do segundo impacto, Brent consegue amortecer os próximos danos usando os pés.

Quando é jogado no teto, ele desaparece e aparece agachado em frente às pernas de Troller, pega a espada e fere uma das pernas dele. Brent esquiva do soco de Troller, mas toma uma apunhalada de Onurb, fere-o no braço e erra a sua garganta. Anirak avança envolvida em fumaça como se tivesse vários braços e faz Brent recuar com uma sequência grande e difícil de esquivar.

Ele consegue aparar os golpes, mas misteriosamente é cortado em alguns pontos de seu braço. Usa uma técnica rara chamada no antigo mundo de “a quarta sombra”, desaparece e aparece em vários pontos próximos e rápido como se houvesse mais de um. Ele ataca Anirak por todos os lados, fazendo-a cansar e perder o efeito de seu poder. A fumaça desaparece.

Brent é atacado por Troller, esquiva dos golpes e com a quarta sombra ataca Troller, Anirak e Onurb ao mesmo tempo. Anirak e Onurb têm ferimentos leves e conseguem ferir Brent pouco a pouco. Troller está em desvantagem, leva cortes nas pernas e cai.

Um som de sino é ouvido por todos, e a técnica de Brent acaba fazendo essas imagens rápidas sumirem. Ele fica parado em cima de Troller e fica brabo, admirando um personagem que se aproxima.

— Uma Zordrak… Humano sujo usando algo tão puro, vocês realmente merecem a morte.

No final do corredor, Marcel está em pé empunhando sua espada negra e apontando-a para Brent.

— Sua honra é mais suja do que seu corpo… Daqui eu consigo sentir o seu fedor.

Mazda aparece na outra ponta, levando Lincoln para fora. Brent rapidamente mata Troller e corta a sua cabeça. Anirak se aproxima de Onurb.

— Conhece aquele guerreiro?

— Sim, mas agora não sei se ele está nos ajudando ou não.

— Inimigo do meu inimigo é meu amigo, vamos ajudá-lo.

— A esta altura eu faço qualquer coisa para ver Brent morrer.

Ikarus, a espada de Marcel, emana uma aura que atrapalha o poder de Brent, mas não o impede de usar. Brent desaparece e aparece no refeitório para pegar suas armas. Ele se arma com uma maça pequena e outra espada.

Marcel corre atrás dele e entra no refeitório. Onurb e Anirak o seguem, e ficam os três na porta do refeitório. Marcel fala com os dois.

— Saiam! Essa luta é entre os fortes.

Onurb concorda.

— Ouviu o homem, vamos embora.

— Para, Onurb, infelizmente precisamos ajudar esse convencido, tem muito em jogo… Já que é uma luta dos fortes, vá primeiro, guerreiro, não quero atrapalhar.

— Com prazer!

Marcel está com o rosto mais calmo do que no templo de Ducem. Ele saca sua outra espada e anda até Brent. Anirak e Onurb rodeiam o refeitório cercando Brent, mas eles continuam recuados. Brent ataca Marcel em um duelo usando só uma espada contra as duas de Marcel.

Ele começa a usar a maça da outra mão e desarma Marcel, jogando Ikarus em direção de Anirak. Brent desaparece e aparece nas costas de Marcel e tenta apunhalá-lo, mas é atrapalhado por Onurb, que avança arremessando adagas e atacando corpo a corpo, afastando Brent de Marcel. Anirak pega a espada negra e a admira. Brent olha pela janela e diz:

— Está ficando tarde, melhor acabar logo com isso.

Junta as armas, e uma onda de energia toma o refeitório, distorcendo o ar e atrapalhando a visão. O seu corpo começa a ficar transparente até desaparecer por completo. Onurb se preocupa.

Éh hoje! … Hoje eu morro.

Marcel se afasta, fecha os olhos e fica em posição de defesa com sua espada.

— A visão é só um sentido dos outros em potencial.

Anirak sussurra perto da lâmina da espada, e uma aura toma conta da jovem, fazendo-a ficar invisível também.

— Sempre quis uma lâmina de Zordrak, ela libera habilidades ocultas…

A risada de Brent vem dos quatro cantos da sala. Onurb se segura, não demonstrando medo, e fica recuado falando sozinho.

— E agora? Todos têm técnicas para enfrentar o maior assassino… E eu?

Lâminas rápidas aparecem e atacam Marcel, que consegue contê-las com sua espada, conseguindo até ferir Brent.

— Um humano ágil… Mesmo assim, é inútil…

Barulho de armas se colidindo soa no refeitório. Anirak e Brent lutam sem serem vistos. Marcel anda devagar, e para por não saber identificar quem é Anirak ou Brent. O barulho para, e Marcel é arremessado para longe, caindo perto de Onurb, que fica atento, mas não consegue ver nada.

Começa a pensar em coisas nojentas e baixa a sua guarda. Brent o ataca, ferindo-o no peito. Anirak consegue atrapalhar Brent para que o ataque a Onurb não seja mortal. Onurb agarra Brent, que ainda está invisível, e vomita nele. Brent se assusta, e Onurb o chuta para longe.

Anirak aproveita para golpeá-lo. Brent se revela enfurecido.

— Miserável! Você me sujou!

— Agora quem é o sujo?

— Você estragou minha diversão, vou matá-los agora!

Anirak ataca Brent. A técnica de invisibilidade lhe deu vantagem e igualou a luta. Marcel levanta e começa a meditar, tendo uma lembrança de Samuk falando de uma técnica rara dos guerreiros orientais que envolve magia além das habilidades comuns.

Onurb avança contra Brent, mas ele erra todos os golpes; Brent usa a quarta sombra e acerta Anirak, fazendo-a perder a concentração e ficar visível. Onurb fica bem ferido e é jogado contra a parede. Anirak tenta ajudá-lo, mas Brent consegue machucá-la jogando-a ao lado de Onurb contra a parede.

Brent fica perto de sua caixa e troca as suas armas por outras duas espadas.

— A brincadeira acabou… Agora vocês dois morrem!

Antes que Anirak e Onurb pudessem pensar ou reagir, Brent desaparece e aparece na frente deles, atacando com as espadas uma em cada um. Marcel desaparece, e aparecem dois dele, um na frente de Anirak e outro na frente de Onurb.

Ele toma os dois golpes de espada, que atravessam seu corpo, mas impede que firam os outros. Marcel segura os braços de Brent, paralisando-o.

— Maldito! O que você fez?

Marcel está sereno, mas com a voz falhando.

— Vocês dois, corram…

Onurb discorda.

— Não, agora podemos matá-lo.

— Não… Vocês sabem que não…

Anirak se envolve em fumaça e rapidamente sai levando Onurb com ela. A técnica acaba quando eles chegam às escadas e os dois correm para a saída com muita dificuldade, os ferimentos estão graves e os dois estão sangrando. Anirak fica decepcionada.

— Não acredito, achei que poderíamos acabar com esse massacre… Ele realmente faz jus às histórias… Maldito…

— O que faremos? Chamaremos ajuda?

— Lincoln e o outro saíram mais cedo, eles já devem estar com Ford. O momento é manter Ford vivo e reunir o nosso grupo.

Uma linha preta aparece nos braços de Brent seguindo por todo o seu corpo e deixando-o surpreso.

— Como um humano conseguiu usar algo assim? Você deve estar sendo ajudado por alguém.

— Difícil acreditar que um humano tem habilidades que igualam as suas?

— Eu não acredito porque é impossível. Eu sou divino e nunca serei superado por um humano.

Brent disputa sua força com Marcel, mas não consegue sair da paralisação. Marcel, ainda com ar calmo, dialoga:

— A maior superação é quando superamos nossas fraquezas. Você é forte por fora, mas fraco por dentro, um ser sem honra que vive sem um objetivo, longe do “Desejo de Deus”.

— Humano coloca Deus numa frase e se acha sábio?

— Não sou sábio, longe disso, mas sou digno das palavras Dele.

Brent consegue empurrar Marcel contra a parede ainda preso pelas mãos dele, dá um sorriso malicioso, e as suas espadas ganham uma cor avermelhada, saindo linhas vermelhas que cobrem os corpos de Marcel.

— Você acha que é o único que conhece os segredos do mundo antigo?

— Imaginar que já fui assim… Agradeço a Deus por ter tido minha redenção nos meus últimos dias de vida.

Brent fica sério ouvindo a declaração de Marcel e consegue se soltar dos seus braços. As linhas pretas desaparecem. Com o pé, Brent crava mais as espadas, pregando Marcel na parede. As linhas vermelhas entram no corpo de Marcel, um desaparece e o original morre.

Do lado de fora do quartel, Anirak e Onurb são resgatados por alguns soldados, que os levam para ser medicados. Ford está no galpão das suas invenções preocupado.

Ele ouve o barulho do vento entrando. Quando vê, fica surpreso: os três homens que estavam na entrada estão mortos e Brent está perto dele atacando-o. Ford se defende com o braço usando magia, mas mesmo assim fica com um ferimento leve.

Brent o empurra e joga itens no chão para que ele veja a espada, escudo, peitoral, capa e um pedaço de pele, todos com o brasão de Ford desenhado, que pertencem respectivamente aos seus cinco generais.

— Viu minha coleção? Só falta sua cabeça nesse monte.

Ford não consegue segurar a tristeza e começa a chorar pela vida de seus homens.

— Maldito…

Com raiva, ele grita pelo galpão.

Transformers!

No galpão, há duas carruagens, que se aproximam e se transformam em humanoides de guerra de Ford. Os dois atacam Brent, que esquiva com dificuldade por causa do tamanho das carruagens. Ford se aproxima dos itens de seus generais e demonstra aflição. Brent deixa sua caixa de lado e se arma com uma adaga e uma maça pequena.

Usa sua técnica aparecendo para atacar as juntas das invenções e desaparecendo quando atacado. Pouco a pouco, as invenções perdem braço, perna, cabeça, até caírem sem utilidade. Brent avança para atacar Ford, mas é acertado por uma roda.

Ford está manipulando com magia os itens soltos das invenções para atacar Brent para afastá-lo. Brent consegue se esquivar e até destruir algumas peças pequenas com a sua maça, desaparece e aparece na frente de Ford e corta sua garganta.

Ford o empurra com magia. Rapidamente encanta sua mão e faz o corte desaparecer. Ford fica um pouco abalado e com magia reagrupa todas as peças formando um único humanoide maior. Brent volta a enfrentar o humanoide, que não o deixa se aproximar de Ford.

Brent consegue saltar até os membros do humanoide e destruir várias partes. Ford aproveita a sua distração para conjurar algo poderoso. Aos poucos, algumas pequenas luzes aparecem no galpão como pequenos vaga-lumes brancos.

Brent percebe e começa a lançar adagas em Ford enquanto ataca a invenção. Ford puxa o escudo de Mercury com magia e consegue se defender das adagas. Duas conseguem passar e acertá-lo de raspão. Brent aparece atrás de Ford e o empurra em cima do escudo.

Ele cai, e o humanoide se desmonta. Brent anda devagar até Ford.

— Ford, antes de morrer gostaria de avisar que seus pequenos guardas morreram sentindo muita dor, dignos da raça.

— Posso morrer hoje, mas o plano de revolucionar o Império não acabará.

Ford manipula a caixa de armas e joga em cima de Brent, que consegue segurar, mas se corta com as armas expostas na caixa.

— Ainda consegue fazer truques?

— Isso foi para você não subestimar seu oponente.

— Você não tem poder para ser chamado de meu “oponente”, você é só mais um humano fraco… Acha que eu não conheço essa magia…? Essas luzes são falsas… Um blefe para tentar me intimidar.

— Um blefe?

Brent coloca sua caixa nas costas, se arma com uma espada, guardando sua maça na caixa, e diz, chegando bem próximo de Ford:

— Não existe poder entre vocês que possa me deter.

Brent ameaça atacar, e Ford responde rasgando sua camisa e revelando um símbolo no peito.

— Mas tive ajuda de um amigo poderoso.

As pequenas luzes ficam fortes, o corpo de Brent paralisa, e Ford diz, com o peito irradiando em luz:

— Isto é pelos meus homens!

Todos ao longe veem que de dentro do galpão uma luz forte irradia como se fosse um sol. Um grande barulho é ouvido, seguido de um tremor. Uma parte do teto do galpão estoura e Brent é arremessado a quilômetros de distância para fora e longe de Detroit, até para fora de Prince.

Antes de morrer com a queda, Brent é salvo por Ghilber, que o resgata no ar e o leva para o castelo de Cristal. Alguns soldados entram no galpão e socorrem Ford, que está fadigado, ferido e chamando por Clara e seus homens.



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