Volume 1

Capítulo 37: Magia, Explosão e Confusão

— Regem caiu!

 

Ele é um homem humano, com aparência de 50 anos, olheiras, olhos cansados, um deles irritado, cabelo curto e barba cinza bagunçados e sujos. Sua aparência fica escondida no odor de água ardente e suor que exala por todo o corpo.

Ele usa roupas finas que parecem ser da realeza, mas sujas; calça, casaco e botas chamativas com tons escuros. Não usa camisa, o que deixa seu tronco exposto, peludo e barrigudo. Em sua cintura, uma bainha simples, um pequeno saco de couro e três adagas amarradas.

Em sua mão, um sabre ornado com joias, e na outra uma luva com símbolos desenhados com sangue segurando um pequeno cetro simples feito de ouro com um diamante pontudo na ponta.

Ele tem uma voz charmosa que não combina com seu biótipo. Esse homem discute com Questtis.

 

— Que tal uma luta justa? … Então?

— A única justiça para ladrões dos mares é a morte.

— Não me entendeu, quis dizer que a luta está injusta para você, tem muito poder aqui deste lado, quer chamar reforço?

Questtis fica brabo com o comentário.

— Como ousa?! Kisnar Alois, hoje será a sua morte!

— Falou meu nome? Agora me sinto honrado.

— Idiota, matem-no!

Os cavaleiros armados com espadas longas atacam Kisnar, que impressiona a todos, até mesmo Ray. Com o sabre e o cetro, ele apara todos os golpes dos quatro cavaleiros um a um e consegue acertar alguns golpes sem surtir muito efeito, pois seu sabre não perfura a armadura grossa dos cavaleiros.

Kisnar tem uma pose de luta estranha, parece que está bêbado, faz movimentos inusitados e imprevisíveis.

Questtis analisa a perda de seus cavaleiros e ataca Kisnar com magia. Raios de luz que passam entre os cavaleiros tentam acertar Kisnar, que consegue esquivar de alguns, e outros acertam a luva que ele usa para se defender e absorver a energia. Ela fica energizada e passa essa energia para o cetro, fazendo-o acender em chamas.

Kisnar gira o cetro, e uma pequena onda de fogo empurra os cavaleiros. Ele ataca dois deles e, ao ser aparado com espadas, os eletrocuta, fazendo seu sabre brilhar e irradiar raios elétricos.

Questtis fica sussurrando e conjurando algo enquanto os outros dois cavaleiros atacam Kisnar, que desarma um com seu cetro e leva um soco em seguida, mas solta uma gargalhada e perfura a armadura do cavaleiro com a ponta do cetro.

Em segundos, o cavaleiro morre, derretendo por dentro da armadura e exalando um cheiro ruim, que assusta o outro cavaleiro, que recua.

— Qual é o problema, rapaz? Sua moral caiu? Pede para o seu líder lhe ajudar.

O cavaleiro olha para Questtis esperando alguma resposta, e Questtis ataca novamente Kisnar com uma esfera mágica. Kisnar apara a esfera, que explode, jogando-o longe. Questtis se aproxima repreendendo o cavaleiro.

— Idiota, ele é só um ladrão, se não conseguir ganhar essa batalha perderá seu posto, voltará às origens, lavando chão.

Mesmo Kisnar demonstrando ser velho e com físico comprometedor, ele é ágil e disposto. Levanta rápido e lança uma bola de fogo em Questtis, que a desfaz com magia, sem dificuldade e ironizando Kisnar.

— Reforços? Você é que precisa de reforços.

Kisnar sorri, e a roupa de Questtis pega fogo, assustando a todos. Kisnar ri e comenta com o cavaleiro:

— Esqueça as origens, meu rapaz, mate seu opressor e junte-se a mim, nosso único posto é viver sem um chicote dizendo o que fazer.

Questtis faz uns movimentos com seu cajado e apaga o fogo. Outros movimentos rápidos fazem com que os cristais que iluminam a sala vibrem e soltem pequenos feixes de luz para atingir Kisnar.

Alguns o acertam e causam danos leves, e outros ele apara com a luva, absorvendo mais energia e jogando de volta em Questtis, que se esquiva dos projéteis. Kisnar corre e ataca Questtis corpo a corpo.

Questtis apara os golpes do sabre e do cetro com um pouco de dificuldade. O cajado neutraliza toda a magia que emana das armas de Kisnar, protegendo-o do calor do cetro e dos raios do sabre. Kisnar solta um arroto grande encantado com magia e, além de um cheiro ruim, sai um vento forte que faz o chapéu de Questtis voar pela janela e o jogar para trás, caindo sentado no chão.

Kisnar cospe no cajado de Questtis, fazendo-o aquecer, obrigando Questtis a largá-lo. Kisnar chuta o cajado para longe, agacha e se aproxima de Questtis. Com uma adaga de sua cintura, ele corta a sua mão e depois crava a adaga entre os tijolos no chão.

O sangue de Questtis na adaga percorre a lâmina formando uns símbolos. Kisnar sorri, levanta e anda em círculos na sala.

— Com que situação o Império está lidando, não?

Questtis faz um movimento com a mão, conjurando seu cajado de volta, mas sem efeito. Kisnar sorri e preocupa Questtis falando com o cavaleiro.

— Veja a situação do seu chefe tirano, ajude-me a acabar com ele… Questtis, seus poderes estão selados por um tempo, voltando a suas origens… Precisa de um pano para limpar o chão?

Questtis fica agressivo e com raiva. Ele tanta tirar a adaga do chão, mas não consegue, fazendo Kisnar rir novamente.

— Você é digno de pena… Esse selo não pode ser removido pelo afetado, achei que um mestre da magia conhecia esse truque… E você, nobre cavaleiro, dou-lhe dois caminhos a seguir agora, pense bem antes de se decidir…

Kisnar pega uma pequena pedra de seu bolso e a joga em Questtis, fazendo-o recuar e ficar com medo. A pedra cai perto dele e explode. Kisnar continua a falar com o cavaleiro.

— Um: unir-se a mim e matar seu antigo líder, ou dois: tirar a adaga cravada no chão, liberando seu mestre do selo, e morrer por mim em seguida…

O cavaleiro, desmoralizado, não sabe o que fazer e fica parado pensando nas alternativas. Vendo tudo isso, Ray aparece e diz a ele:

— Cavaleiro! Dou-te outra opção, saia e fique imparcial.

Questtis olha para Ray com vergonha da situação em que se encontra, e Kisnar aponta seu sabre, analisando-o.

— Vestes bonitas… Não é daqui… Também não é um dos meus, senão cortaria sua língua pela insolência.

— Achei que não tinha “chicote” para punir seus subordinados.

Kisnar ri e diz ao cavaleiro:

— Estou de bom humor, faça o que o jovem disse… Salve-se.

O cavaleiro corre, e eles descem as escadas. Ray, com sua espada, caminha em direção a Questtis. Kisnar o faz parar e diz:

— Não, não, por que está aqui, jovem? Está longe de casa, Pronuntio é longe.

— Conhece Pronuntio?

— Conheço toda costa e ilhas de Arbidabliu.

— Então você também está longe de casa.

— Podemos ficar aqui o dia todo, jovem, discutindo… Serei direto: saia como aquele cavaleiro e deixe-me continuar meus afazeres.

— Não tenho nenhum interesse de ajudar Questtis, mas prometi salvar…

— Para, para, conheço a cultura de sua classe, se quer morrer junto com esse porco, então assim será.

Kisnar se aproxima de Ray andando calmamente. Ray também anda na direção de Kisnar, que sorri ao ver que ele está indo ao seu encontro.

Aproximados, Kisnar ataca usando só o sabre, Ray apara os golpes e contra-ataca, forçando-o a se defender com seu cetro.

— Rapaz ágil… Forte…

Ray se lembra das dicas de Baltazar e usa seu corpo para dar mais força em seus golpes, o que faz Kisnar andar para trás. Ray abre a defesa de Kisnar e o chuta, empurrando e dando chance de correr e ajudar Questtis, que está debilitado com o efeito do selo.

Ray se aproxima da adaga e é alvejado por pedras explosivas que Kisnar lança. Ray usa a funda para se defender e rebate-as para outros cantos da sala e pela janela, fazendo muito barulho e destruição. Kisnar ri e corre para acatá-lo.

— Irá morrer com ele!

Kisnar ataca Ray com seu sabre com raios. Ray o impressiona esquivando-se de todos os golpes. Kisnar usa seu cetro, e Ray o desarma e o chuta novamente. Kisnar se aproxima de Questtis e o chuta no rosto, jogando-o para trás e caindo no chão.

Ray tira a adaga do chão e limpa o sangue nela. Uma aura toma Questtis e ele é liberado do selo. Kisnar ataca Ray com o sabre e socos, girando o corpo e fazendo movimentos como se estivesse bêbado. Ray se esquiva dos golpes, mas é surpreendido com uma pontada de uma adaga na barriga.

É jogado para trás por um impulso mágico que sai da luva de Kisnar, que crava a adaga no chão. O sangue de Ray forma os mesmos símbolos anteriores na lâmina da adaga, selando seu poder. Ray sente seu corpo pesado e ajoelha no chão.

Kisnar faz um movimento com a mão, e seu cetro levita rápido até ela. Ao mesmo tempo, o cajado de Questtis voa em direção a ele.

— Ladrão miserável!

— Olha quem voltou ao jogo!

Questtis solta um raio negro de seu cajado, que colide com um raio verde que sai do cetro de Kisnar. Um cabo de guerra mágica se inicia. Aos poucos, o raio de Questtis empurra o de Kisnar, ganhando a disputa. Kisnar fica sério e murmura algumas palavras que fazem aparecer uma escrita na lâmina de seu sabre.

Ele lê as escritas, e o raio verde vira uma gosma junto com o raio negro de Questtis. A gosma puxa o cetro e o cajado no meio deles, levitando, grudando os dois e envolvendo-os em energia pura e agressiva, iniciando um tipo de buraco negro. Questtis fica sem reação.

— Como conseguiu fazer isso?

— Demorei muito para reunir artefatos e conhecimento para destruir o Império, e eu vou, este será o fim de Regem e depois do castelo de Cristal.

Kisnar ri e começa a lançar pedras explosivas em Questtis, que tenta esquivar, mas é acertado, desmaia e sangra com o impacto. Kisnar demonstra cansaço, anda para trás e fica paralisado ao ver Ray tirando a adaga do chão e desfazendo o selo que a imobilizava.

— Impossível… Quem é você, rapaz?

— Eu sou Ray Blok W!

Ray lança a adaga em Kisnar, que se defende, mas o jovem se aproxima do cetro e do cajado e, usando sua espada, tenta separá-los colocando entre eles e forçando a separação.

— Um aprendiz de magia… Deveria ter suspeitado… Rapaz, afaste-se do meu trunfo.

Kisnar se aproxima para atacar Ray. A energia que envolve o cajado e o cetro repele Kisnar, jogando-o para trás. Ray fecha os olhos e segura a gosma com uma mão.

— Acalme-se… Recue… Suma.

A gosma brilha e evapora, soltando um pouco o cetro e o cajado. Ray larga sua espada, que fica grudada nas armas, e segura em cada mão o cajado e o cetro.

— Paz… Repouso… Fraqueza.

Kisnar fica enfurecido e aponta sua mão com a luva, murmurando palavras mágicas. Pequenos disparos saem da luva, mas são absolvidos pela aura do cajado e do cetro. Ele se afasta, preparando-se para um ataque maior e fazendo sua luva energizar por uns segundos ao preparar um ataque total.

— Fim de jogo!

Baltazar aparece como um ataque surpresa e torce o braço de Kisnar.

— Realmente acabou para você.

Kisnar ataca Baltazar com seu sabre encantado com raios. Baltazar larga a mão de Kisnar, segura o sabre, sente um choque passar pelo seu corpo e com a outra mão pega por trás do pescoço de Kisnar, fazendo-o sentir o choque também.

Baltazar continua o ataque dando uma cabeçada na cabeça de Kisnar e um soco forte, nocauteando-o e na hora parando o choque. Baltazar fica alguns segundos parado se recuperando do choque e olhando Ray, que consegue soltar o cajado do cetro.

O jovem abre os olhos, e a energia que envolvia as armas desaparece, deixando sua espada cair. Baltazar o elogia.

— Você é cheio de surpresas, Ray, se tornou um mago ambidestro, usando dois cajados?

Ray ri, demonstra fraqueza e senta no chão, esgotado. Na escada atrás de Baltazar, sobem alguns soldados, que o ajudam a levantar e o levam para uma sala de recuperação. Baltazar o segue.

Na sala cheia de feridos, Ray é colocado em uma cama e questiona os soldados ao redor:

— E a batalha lá fora? Precisamos ajudar.

Baltazar senta ao seu lado e diz:

— Não se preocupe, Ray, Ian chegou com reforços, eles derrotaram todos os ladrões por fora da muralha. Os que entraram, os próprios soldados deram conta. Você pode descansar, amigo, hoje foi mais um dia de vitória.

— Não sei, ainda estou com algumas preocupações.

Ray começa a ser medicado com poções e curativos. Onurb chega por trás da sua cama e fala com ele.

Ei. Preocupação, Ray? Eu estou bem, pode ficar em paz.

Ray ri e responde com alivio.

— Obrigado por me avisar, mas ainda estou preocupado.

— Questtis está bem também, está sendo tratado numa sala especial.

— Sério? Você acha que estou preocupado com ele?

— Achei que você se preocupasse com todos.

— Para… É sério, alguém sabe me dizer sobre o antigo líder Johannes?

— Johannes?

O soldado que levou Ray para o refeitório anteriormente passa e comenta, piscando um dos olhos para ele:

— “Ele” está bem, está seguro com os seus.

O soldado continua seu caminho, e Onurb estranha.

AH? Ele? “Ele”?

— Sim...

— Nimo é um homem estranho.

— Não é nada, mas o que ele disse diminuiu minha preocupação… Espere, você disse Nimo?

— Sim, é o nome daquele soldado que falou com você.

— Como o conheceu?

— Ele me barrou quando eu estava levando algumas moedas da sala de tesouro.

Baltazar deita no chão e comenta:

— Moedas?

— Sim…

— “Sim”… Dois baús, artefatos e pedras preciosas.

— Só um detalhe… E seria o mínimo que o Império nos deve, por tudo que já fizemos nesta terra amaldiçoada.

Baltazar e Onurb deitam em camas livres e descansam um pouco. Depois de um tempo, Ray ouve os soldados comentando entre si que a torre de teleporte não foi totalmente destruída e que foi evacuada para Questtis analisar depois de recuperado.

Ray se anima e chama Baltazar e Onurb.

— Amigos, vamos dar uma volta.

Baltazar levanta, e Onurb fica sentado, ainda sonolento.

— Para quê? Vão vocês, e eu espero aqui.

— Não temos muito tempo, peguem todas as suas coisas.

Onurb percebe que irão sair de Regem e se anima.

Aaaa... Ótimo, vamos “dar uma volta”.

Eles saem do prédio. Alguns cidadãos ajudam a limpar alguns escombros, soldados fazem rondas. A noite está escura, com o céu agora nublado, e só as tochas e os cristais iluminam a cidade de Regem.

Dando a volta no prédio, o número de soldados diminui, dando chance de eles entrarem na Torre de Cristal sem serem vistos. Em todo o caminho do prédio até a sala do teleporte, dentro da Torre de Cristal, eles conversam contando alguns detalhes do que viram em Ducem, Citizen, Milite e sobre Johannes.

Baltazar comenta sobre os invasores de Milite e entrega o pergaminho que conseguiu.

— Aqui, Ray, me desculpe, mas não sei o que há aqui, porém sei que é referente aos seus amigos.

— Eles invadiram Milite? Devem ter precisado para passar pelo Império.

Ray para no caminho para ler, mas Onurb intervém.

Ei, Ray? Primeiro temos que sair daqui, uns minutos não mudarão a informação aí.

— Verdade! Desculpem-me… Vamos! O importante é que estou conseguindo seguir os rastros deles e irei encontrá-los.

Na sala de teleporte, eles veem que a explosão destruiu pouco da sala e há chance de usá-la. Ray lê algumas escritas nos cantos, troca alguns cristais de lugar e os analisa.

Certificando-se de que dá para usá-los, ele ativa o poder da sala, e uma aura aparece no centro dela. Ray, Onurb e Baltazar entram e desaparecem junto com a aura.



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