Volume 1

Capítulo 31: Ducem em Ruínas

Manhã, 24 de setembro de 1590. Ducem, Torre de Cristal.

— Tudo bem com você, Onurb?

— Não, estou sentindo partes do meu corpo dormentes e dor de cabeça.

Ray estranha, pois no salão só havia os teleportados, ele, Onurb e seis soldados que foram teleportados junto com ele. Ray segura Onurb, que perde o equilíbrio, e questiona os soldados:

— Estamos mesmo em Ducem?

— Sim, estamos em Ducem, mas…

Ouve-se uma gritaria ao lado de fora, e os soldados correm, saindo do salão. Ray tem um mau pressentimento, e um tremor toma conta da torre.

— Ray, diga que o chão está tremendo por efeito do teleporte.

— Temo que isso não seja um efeito colateral…

Outro tremor com som de rachadura em alguns pontos da torre assusta os dois, que rapidamente correm para fora da sala.

Ao sair do salão, eles percebem que a torre é maior do que a anterior, com vários lances de escadas e salas, algumas abertas, outras fechadas, e alguns soldados mortos no caminho.

Quanto mais eles descem, mais soldados mortos aparecem. Ray fica preocupado e conversa com Onurb.

— Acho que foi um erro ter vindo para cá.

— Eu achei um erro eu ter te encontrado…

Ray balança a cabeça e continua:

— Você está melhor da dor?

— Estou um pouco melhor, pelo menos a dormência passou.

Mais um tremor, e alguns estilhaços de cristal caem nos corredores e na escadaria, longe de acertar Ray e Onurb, mas que ficam em alerta.

Eles ainda ouvem som de gritos e briga no lado de fora da torre e aceleram o passo para sair o mais rápido possível. Chegando ao térreo da torre, eles se deparam com soldados do Império lutando entre si, o que deixa Onurb confuso.

— Estão loucos? Estão se atacando?

Ray puxa o braço de Onurb para voltar alguns degraus da escada e comenta:

— Não, eles possuem heráldica diferente, são soldados do Império lutando contra os soldados de Ducem.

— Não é a mesma coisa?

— Deveria ser, mas algo deve ter acontecido.

— E agora? Viemos ajudar o Império, escolha um lado e vamos. Tem uma moeda para decidir na sorte?

— Pare de graça… Vamos voltar para a sala e nos teleportar para outra cidade.

— Uma batalha sangrenta na nossa frente e você escolhe fugir? Ray, você é um primor, aprende rápido, vamos!

Onurb demonstra muito desempenho e velocidade para voltar correndo pelas escadas até a sala de teleporte, e Ray o segue rindo. Ao entrar na sala, os dois se deparam com três homens destruindo os cristais que são usados para teleportar.

Eles usam roupas leves, sem armadura, uma espada de lâmina fina e algumas pedras que estão usando para destruir a sala. Essas pedras explodem quando eles atacam.

Ray e Onurb se armam e se preparam para defender. Os homens imediatamente atacam os dois com as pedras explosivas. Onurb se esquiva fácil delas, mas as explosões que elas causam atrás dele fazem com que perca o equilíbrio, forçando-o a aparar a próxima pedra, que explode na sua adaga e o joga para trás.

Ray se esquiva e logo troca sua espada por sua funda, e consegue pegar com ela a pedra no ar e jogá-la de volta em um dos homens. Ray usa todas as pedras atacadas para jogar de volta em um dos homens, fazendo-o desmaiar com as explosões.

Os homens avançam com suas espadas, e Ray volta com sua espada e se defende, tomando uma posição vantajosa sem receber ataque total dos dois. Ele desarma um com seus golpes precisos.

Onurb aparece e apunhala o outro homem, que cai na hora. Ray olha os cristais para ver se consegue usar para teleportar e observa uma pedra diferente em um canto.

— Ray, o que houve? Dá para usar os cristais?

— Parece que não, eles destruíram alguns, e aquela pedra parece…

O homem que desmaiou com as pedras acorda e, ainda no chão, murmura alguns dizeres estranhos que Ray escuta.

— Não, ele vai explodir tudo!

Ray puxa Onurb pelo braço, que entende o recado, e sai correndo da sala o mais rápido possível. Após saírem, uma grande explosão destrói a sala inteira, rachando as paredes do lado de fora e comprometendo a estrutura da torre. Ray olha para Onurb, que já entendeu:

— Corre!

Os dois correm novamente escada abaixo. Alguns estilhaços caem, chegando perto de atingi-los, mas eles esquivam fácil e, chegando ao térreo, reparam que só tem mortos e que a torre irá desabar em poucos segundos.

Ray e Onurb saem da torre e se chocam com a cidade. A torre de teleporte fica no meio da cidade de Ducem, que está em ruínas, muitas casas destruídas, escombros, milhares de mortos, dentre eles cidadãos, ladrões, soldados de duas heráldicas diferentes e alguns lobos de porte grande, o fim de um grande massacre.

Ao longe, dá para ver a última torre da muralha sendo destruída. Do outro lado, um pequeno grupo luta, e no lado menos destruído da cidade, um grande templo construído em uma elevação de terra aparentemente é a única estrutura pouco afetada na guerra.

A torre atrás dos dois começa a cair e eles se distanciam, em silêncio e pensativos, até a poeira da torre baixar. Depois disso, dá para avistar dois soldados lutando até a morte.

Onurb aborda Ray com tom despreocupado.

Éh... Então, e agora? O que faremos? Escolhemos um e ajudamos?

— Não, não sabemos o que houve aqui, no pergaminho diziam que a cidade estava tendo problemas com ladrões náuticos, aqueles que destruíram a sala de teleporte, eles são bons no ataque corpo a corpo e uso de truques simples.

— Não diria simples…

— Concordo! Muito estranho, pois ladrões náuticos atacam em pequenos grupos e não têm muita parceria entre eles, e olhando os mortos dá para ver que houve um exército aqui…

— Certo, aprendiz… E aqueles dois? Vamos esperar um ganhar para perguntar?

— Verdade, vamos intervir e questionar os dois.

Ray e Onurb avançam, seguram os próximos golpes dos dois homens, entram na frente, interrompendo o duelo, e começam um diálogo.

— Sou Ray, enviado de Ian Nai, do Império. O que houve aqui?

Os dois homens demonstram estar muito cansados e bem feridos. De perto, dá para vê-los melhor, os dois aparentam ser humanos, brancos, mesma faixa de idade, entre os 30 anos, cabelos lisos e pretos, um com corte parecendo um cogumelo e o outro com corte simples e curto, com barba e bigode, um com estatura média, outro alta, um empunhando uma lança e outro uma espada longa.

Os dois usam roupas comuns do Império, mas com tecido e armadura leves, demonstrando serem cargos de suporte, como inteligência militar, e não de campo de batalha. Mesmo com as roupas gastas, sujas de terra e sangue, a única diferença entre eles é que um tem a heráldica do Império de Cristal rasgada aparentemente de forma proposital.

O que está na frente de Onurb fica mais agressivo e ataca o outro homem. Onurb o desarma e o imobiliza segurando o braço nas costas e torcendo-o. O outro homem acha que é uma oportunidade de atacar e faz o mesmo.

Ray o golpeia com um soco e repreende-os.

— Parem! Fomos enviados pelo Império para ajudá-los, não para vocês se matarem.

Os dois homens começam a discutir.

— Ele é um traidor do Império, merece a morte.

— Você é que segue esse Império como se estivesse cego.

— Idiota! Ladrão!

— Você que é um tolo!

Ray, com sua espada, aponta para o que está à sua frente e interrompe:

— Não fale com ele, fale comigo, quem é você?

O outro tenta interromper, mas Onurb dá um soco na nuca, fazendo-o ficar um pouco atordoado. Ele responde:

— Eu sou Steve, um inventor do Império…

— Certo. Por que você está com o emblema do Império rasgado?

— Rasgou na batalha…

O outro retoma a consciência.

— Ele está mentindo, ele faz parte do clã contra o Império. Traidor!

— Clã?

Enquanto Ray olha para Onurb para saber se ele sabe de algo, os homens voltam a lutar. Um se liberta de Onurb batendo em sua virilha e o outro desvia de Ray para brigar com o outro.

Ray não interfere, pois fica preocupado e distraído com os outros pontos da cidade. O grupo que está lutando ao longe está a caminho do templo, e a última torre cai fazendo um grande barulho e uma grande nuvem de poeira.

Onurb fica com raiva do soco que levou e bate nos dois. Steve tropeça, mas não cai, e o outro cai, dando chance para Onurb questioná-lo.

Ei, e você, quem é? Também é um inventor?

— Eu sou Bill…

Steve se aproxima e ataca para matar Bill. Onurb, por reflexo da ação de Steve, apunhala-o nas costas, matando-o. Ray briga com Onurb.

— Onurb? Por que você fez isso?

— Desculpe, foi reflexo. Mas não faz diferença, os dois deveriam estar mortos, não vai nos ajudar em nada essa briga entre impérios.

Bill, com dificuldade, levanta e conversa com eles.

— Obrigado, mas vocês chegaram tarde para nos ajudar, perdemos Ducem.

— Sim, teremos que achar cavalos para poder ir o mais rápido para outra cidade.

— Podemos usar o teleporte antigo.

— Tem outro teleporte?

— Sim. Antes da construção da torre, aquele templo era usado para fazer os teleportes, tiraram alguns cristais para a construção da torre, não dá para teleportar para o templo, mas ainda dá para teleportar do templo para uma torre.

— Interessante.

Onurb olha para o templo ao longe.

Ah? Sem chance, aquele grupo está indo atacar o templo e provavelmente vão destruí-lo, melhor ir atrás de cavalos. Detesto luta desnecessária, ainda mais com possibilidade de morte.

— Você acabou de matar um homem.

— Sim, quis dizer minha morte.

Ray balança a cabeça, e Bill os motiva:

— Dentro há alguns guerreiros defendendo o templo, eles devem segurar até que a gente chegue.

— “A gente”? HAh!

— Sei que já salvaram minha vida, mas preciso de ajuda para chegar em segurança, afinal estamos com o mesmo objetivo, certo?

— Certo. Onurb, vamos ir lá, ficaremos na defensiva, pois são muitas causas lutando entre si aqui e somos mais uma querendo só sair deste lugar.

Onurb revista o corpo de Steve para pegar algo de valor e concorda:

— Certo! Você manda, líder do grupo.

— O que você está fazendo?

— Ele não é um soldado comum, deve ter algo de valor, e ele não vai precisar mais.

Bill pega uma mochila que está perto de Steve e alguns frascos.

— Ótimo, aqui tem medicamentos, vou usando enquanto vamos para lá.

Ray pega um frasco da mochila e avisa:

— Tem muitos escombros, vamos ser furtivos e cuidadosos com desmoronamentos, armadilhas e ataques-surpresa.

Nas vestes de Steve, Onurb acha algumas moedas e um anel dourado com um símbolo de uma pirâmide. Ele coloca o anel e concorda com Ray.

— Furtivo é meu forte.

O céu começa a ficar nublado, a velocidade do vento aumenta, a neblina da guerra some e a marca do caos fica explícita na cidade. Conforme Ray, Bill e Onurb andam para o templo, eles veem mais mortos, sangue e destruição.

Onurb, com sua visão de “morto não precisa de riqueza”, observa que nada de valor foi deixado, e fica claro que os ladrões náuticos invadiram, mataram, destruíram e pilharam tudo que podiam.

Ray demonstra tristeza por ver muitas famílias mortas, crianças, mulheres e idosos, pessoas que não tiveram tempo de se defender ou de fugir.

Analisando a destruição durante o percurso, ele conclui que foram usadas pedras explosivas iguais às usadas na sala da torre, mas em proporção maior. Ray se recorda de seus estudos, que no antigo mundo foram criados esses artifícios, uma alquimia particular muito usada em guerra, mas difícil de produzir, pois é usada matéria-prima rica nessas ilhas, porém escassa no Grande Continente.

Bill não mostra sentimentos pela situação, só demonstra medo, olhando várias vezes ao redor. Durante todo o percurso, os três andam com cautela. Felizmente não acham nenhuma ameaça no caminho até o templo.

Aproximando-se, eles avistam o grupo que estava em guerra se aproximando do templo em formação de combate. Bill demonstra alívio por identificar o grupo atacante, são soldados aliados dele, e fala com Ray e Onurb:

— Ótimo, eles são do Império, fiéis ao Império, vamos nos unir a eles.

Ray puxa Bill, demonstrando preocupação.

— Não, espere! Eles estão preparando um ataque…

— Por isso precisamos nos unir a eles, deve ter mais traidores ou ladrões no templo.

— Não… Tem algo a mais… Onurb, sua visão de valia é melhor do que a minha, a pequena estátua dourada sobre a porta do templo…

— Entendi… Éh, tem muito valor, não só em quantia, mas em prestígio.

— Concluo que não são ladrões lá dentro, já teriam levado tudo como todo o resto da cidade.

Bill fica impaciente.

— Não importa, devem ser traidores…

Onurb com um olhar sem preocupação:

Ei, Ray, Deixe-o ir, já temos a informação de como sair deste lugar.

— Seria bom manter o máximo de pessoas vivas, pois aquele foi o único lugar que sobreviveu à guerra…

— Ray… Ray… Acalme-se, deixe comigo… Billy?

— É Bill.

— Tanto faz. Obrigado por ter nos ajudado com a informação, agora você se junta ao seu grupo e nós seguiremos o nosso caminho, pode ser?

— Mas vocês não vieram nos ajudar? Vamos atacar o templo!

— Não, Billy, viemos ajudar o Império a defender a cidade, e, como você pode ver, nos mandaram tarde demais. Mas não se preocupe, vamos servir como mensageiros e voltar para o Império para avisá-los o que houve aqui e chamar reforços.

Bill fica desconfiado, mas aceita o papo de Onurb.

— Certo, então vão logo, atacamos pela frente e vocês se infiltram por trás.

Onurb sorri, abraça Bill e o olha nos olhos, dizendo:

— Perfeito. Boa sorte, tudo dará certo!

Bill olha com coragem para o templo e segue por um caminho seguro para chegar até o grupo que está se preparando para atacar.

Quando ele se distancia, Ray olha com deboche para Onurb e questiona:

— O que foi verdade nesse “discurso”?

— Que o nome dele é Billy.

Ray não consegue segurar a risada e briga com Onurb rindo.

— É Bill… Então significa…?

— Ele vai morrer mesmo e não vai nos ajudar em nada.

— Sei… Você o roubou quando o abraçou?

— Não, o roubei quando ajudamos na luta, agora só queria me certificar de que não tinha mais nada de valor.

Antes que Ray continue a conversa, um grito de guerra é ouvido do grupo de soldados, indicando o início da luta. Onurb observa e questiona Ray:

— Por que não só invadem? Precisa anunciar?

— São guerreiros, eles gostam de anunciar para uma luta justa.

— E você pretende fazer o mesmo?

— Não desse jeito, mas não queremos fazer mal a ninguém, não seria ruim anunciar nossas intenções e…

— Para! Para… Aprendiz, você está com um mestre da furtividade ótimo em retiradas, então me siga, e sairemos daqui o mais rápido possível.

— Certo, então vamos.

— Espere! Melhor esperar eles atacarem para ver quem está no templo.

Ray e Onurb observam o ataque dos soldados contra o templo. Alguns homens saem do templo e enfrentam corpo a corpo os soldados do Império, são homens aparentemente comuns e armados com espadas e bastões.

Curiosos, Ray e Onurb se aproximam para ter uma visão melhor.

 

Ray consegue avistar um homem em cima do templo com um arco grande, de dois metros, simples, feito de bambu, madeira e couro. Pelo tamanho do arco, ele suspeita que o homem deva ter sido treinado no antigo mundo, por ser da cultura e do estilo deles, supostamente um guerreiro oriental, um tipo ortodoxo de guerreiro, pois seguem à risca as leis de seus líderes, mestre da espada de um gume, usando-a como se fosse uma extensão de seu corpo.

São ótimos em lutas corpo a corpo e em resistência mental e mágica. Esse homem coloca o arco sobre cabeça e o abaixa lentamente apontando para seu alvo, e atira com muita precisão, matando seu alvo e focando ponto vital em ponto cego da armadura.

 

Quando os soldados ganham vantagem na batalha, chegando mais perto de entrar no templo, um homem sai e os bloqueia, lutando bravamente com duas espadas e demonstrando vantagem sobre eles.

Ray fica maravilhado pelo estilo do arqueiro e do ambidestro, que também aparenta ser um guerreiro oriental, pois ele nunca tinha visto esse estilo de guerreiro em ação.

Onurb o tira de sua concentração.

Ei, Ray! Vamos?

— Certo, vamos!

— Esta é uma boa hora.

Os dois correm, e, no caminho até a parte de trás do templo, Ray conversa com Onurb.

— Você já enfrentou algum guerreiro do oriente?

— Não, já ouvi falar, são bem honrosos e blá-blá-blá, só história chata.

— São muito habilidosos, fortes e resistentes.

Ih? Alguém está apaixonado?

— Pare de besteiras, só estou apreciando um estilo raro de se ver.

— De se ver aqui no Grande Continente, porque nas ilhas de onde eles veem deve ser cheio e mais monótono ainda.

— Você me entendeu, para de ser chato.

— Ali, uma porta.

Onurb avista uma porta que está bloqueada por alguns destroços e alguns mortos. Os dois tiram o necessário para acessar a porta, que está trancada, então Onurb pega algumas agulhas de metal e mostra para Ray como abrir e como fazer na maioria das portas.

Ele abre uma pequena fresta e percebe que há uma armadilha nela, que será acionada ao abri-la. Ele tira um pequeno gancho e uma adaga pequena de seus bolsos e desarma a armadilha. Abre o suficiente e entra no templo. Ray o segue. É uma sala escura com alguns móveis velhos.

Onurb logo percebe mais armadilhas e comenta:

Ei, Ray! Realmente, quem está no templo não é do Império e nem são ladrões, essas armadilhas são boas.

— Mas qual será a intenção deles? Muito estranho os soldados lutando entre si, ladrões náuticos atacando longe da costa e esses guerreiros orientais…

— Menos, Ray, muito para pensar. Vamos entrar e achar a sala dos cristais e sair daqui. A cidade já não existe mais, o único objetivo de eles ficarem aqui no templo é sobrevivência.

Onurb e Ray saem da sala e chegam a um corredor, onde veem algumas salas com alguns feridos sendo tratados por cidadãos comuns. Furtivamente, eles passam sem serem vistos. Onurb pega algumas roupas que estão no chão e comenta com Ray:

— Não somos do Império, poderíamos passar por cidadãos comuns.

— Mas como explicar…

— Deixe comigo, eu sou bom no drama.

Ray balança a cabeça, desacreditando nas habilidades de disfarce de Onurb, e mesmo seguindo a ideia dele, eles ficam atentos a qualquer hostilidade. Depois de disfarçados, eles ouvem barulho no salão principal do templo e correm para ver o que está acontecendo.

O salão é amplo, com vários bancos individuais de madeira, poucas janelas, o que o deixa um pouco escuro, muitas velas apagadas, um altar com uma fonte feita de pequenos tijolos sem água, com flores diversas e algumas armas velhas dentro e fora da fonte. Ainda no altar, pinturas de animais raros e um grande símbolo antigo. Há uma escada que contorna o salão para chegar à parte de cima.

Do térreo, dá para ver claramente o segundo andar, que possui um pequeno corredor com duas portas fechadas e um portal, que irradia várias luzes coloridas que iluminam um pouco o teto do salão. No salão, alguns soldados conseguem entrar e iniciam batalha com alguns homens de idade avançada, velhos guerreiros e mercenários.

Entre eles, há algumas jovens lutadoras usando punhos de metal em suas defesas e ataques. A luta fica empatada, os guerreiros do Império lutam freneticamente, e os do templo com medo, cautela e defendendo uns aos outros.

Ray e Onurb entram no salão ainda sem ser vistos, e Onurb lhe informa:

— Olhe as luzes, devem ser dos cristais, vamos subir e ir embora antes que você seja solidário.

Ray olha triste para a batalha, vendo homens velhos lutando por suas vidas, e responde a Onurb:

— Tarde demais…

— Ray, não! Precisamos ir.

— Não, suba e verifique se são mesmo os cristais, eu preciso ajudá-los.



Comentários