Volume 1

Capítulo 27: Baron e o Domínio das Feras

Tarde, 24 de setembro de 1590. Baron, Torre de Cristal.

Anirak chega com enjoo e um pouco de dor de cabeça. Alexia anda dois passos e desmaia com o efeito colateral do teleporte. Em seguida, uma voz de um homem calmo aborda Anirak.

— Bem-vindos a Baron, ou melhor, “bem-vindas”.

Anirak, mesmo com mal-estar, fica na defensiva. Para tranquilizá-la, o homem continua conversando.

— Vocês estão com os efeitos colaterais do teleporte, algo que não devia mais acontecer, mas meus guardas irão ajudá-las. Por favor, ajudem-nas.

Com a fala mansa do homem, Anirak se acalma e observa atentamente o local, enquanto alguns homens e mulheres ajudam Alexia, homens e mulheres comuns, nenhum soldado aparente, sem presença de magos ou de hostilidade.

Anirak faz um sinal com a mão indicando que não precisa de ajuda, que está bem, e questiona o homem:

— Quem é você?

— Me desculpe, eu sou Jules Henri, o lorde de Baron.

— Do Império de Cristal?

— Sim, por quê?

— Estranho…

— E vocês são…?

— Eu sou Anirak, e essa é Alexia. Estamos aqui para ajudar com o problema com os Pantherinae.

— E os Felinae… Ótimo, eu fui informado de que viria ajuda de Ian… Interessante aparecerem belas mulheres para nos ajudar. Vamos indo?

— Sim.

Alexia recobra a consciência e segue com Anirak para o lado de fora da torre, onde algumas carruagens, cavalos e cavaleiros esperam. Anirak observa que alguns dos soldados são mulheres e questiona Jules enquanto entram na carruagem.

— Vocês admitem mulheres?

— Sim, não é do feitio do Império, mas eu é que administro Baron e admito quem achar competente para o serviço.

Anirak, sem mais o efeito colateral do teleporte, observa e analisa a carruagem, o caminho, a cidade, as pessoas e principalmente lorde Jules, humano, aparentando ter 47 anos, estatura média, porte físico normal, cabelos lisos e curtos, barba e bigode grandes, aparados, até desenhados, mostrando ser um homem vaidoso.

Ele usa um manto, armadura leve, botas, um capacete característico do Império de Cristal que ele leva na mão e um anel de prata com uma pirâmide desenhada em ouro. Enquanto isso, Jules conversa com elas.

— E como vocês conheceram Ian?

Alexia, ainda se recuperando, lhe responde:

— Nos encontramos em Caelum, tivemos um imprevisto e surgiu essa oportunidade de ajudar o Império.

— Caelum é um ótimo lugar, passei lá uma vez, já faz um bom tempo, só não me simpatizei com a esposa do dono.

— Não estranha Ian ter chamado mulheres para ajudar vocês?

— Não, Ian é um temido guerreiro, mas já soube de seu bom coração há uns anos, às vezes estamos num local ruim, mas procuramos fazer algo bom.

— Verdade. E referente a esses animais que estão atacando vilarejos e a cidade de Baron…

— Sim, desculpe te interromper, mas prefiro que nossa conversa seja com minha Brainstorming no forte, pois alguns dos meus comandantes têm novas informações que eu ainda não sei.

— Entendi…

Outros assuntos simples surgem, referentes a experiências, vivência e aventuras, até que cheguem ao forte. Anirak e Alexia saem da carruagem e admiram o grande forte de três lados, três portões, muralha e três torres amplas e grandes nas pontas, que formam um triângulo.

Dentro há barracas, torres, casas, estábulo e quartel. Vários soldados, homens e mulheres, fazem ronda e treinam, e no centro do forte há um mapa desenhado no chão de dez metros quadrados do forte e dos arredores.

— Sejam bem-vindas a Lubmatsi. Esses são meu “Braço Direito”, “Braço Esquerdo” e “Olho Bom”.

“Braço Direito” é uma mulher robusta usando uma armadura pesada, “Braço Esquerdo” é uma mulher baixa e forte usando uma armadura leve, e “Olho Bom” é um jovem rapaz, bonito, de pele escura, usando roupa simples de soldado, aparentemente um mensageiro. Todos são bem cordiais e simpáticos.

— Prazer, vocês devem ser nossos reforços.

Alexia acena com a cabeça, mas questiona:

— Foi algo tão rápido, como todos sabiam que viríamos?

Jules sorri e responde:

— Informação rápida é o nosso forte, informação certa e rápida é sempre necessária para uma boa administração… Bem… Vamos indo nos reunir, queremos atacar antes que anoiteça, preciso saber o que houve no último ataque e deixar vocês duas cientes da situação.

Alexia e Anirak observam e analisam ao redor, certificando-se se estão em um lugar seguro. Tudo impressiona as duas, é um local organizado e sem sinal de hostilidade ou inimizade.

Ao entrar no quartel, todos seguem até um salão com armas, bandeiras, flâmulas, mapas, comida, soldados de guarda, mesas com diversos felinos mortos e uma mesa no formato de um triângulo ao centro.

Todos se sentam à mesa triangular, e Anirak questiona:

— Por que tudo segue no formato de triângulo?

Jules olha para a mesa e responde, acariciando sem perceber seu anel:

— Gosto… Nada de mais.

Alexia vai em direção aos felinos mortos, um a um, e mostra preocupação ao tocá-los.

— Não são originais…

— Certo, descobrimos no nosso último ataque que a líder deles tem o poder de manipular a mente dos homens e transformá-los em feras para controlá-los… Meu senhor, infelizmente nós não conseguimos mais informações.

— Sem problema, “Braço Esquerdo”, o importante é que nesse ataque não houve baixas. Anirak e Alexia, junto com essa informação, digo a vocês que temos um inimigo muito forte, aparentemente uma Reilum-S.

“Anotação de Ray. Reilum-S é um ser superior aos humanos, com aparecia similar. Possuem uma segunda pele como uma roupa justa, rígida e resistente ao frio e ao calor. Comuns com dons mágicos e de luta, a maioria dessa raça é fêmea, raça criada por ‘Virgo’ (Pureza), que buscava equilíbrio entre homem e mulher, colocando mulheres em um lugar mais digno. Expectativa de vida: 200 anos.”

 

— Reilum-S?

— Sim, você já tem experiência com essa raça, Anirak?

— Já, são seres poderosos.

— Sim, justifica o problema que enfrentamos… Não conseguimos contato direto com ela, todos que tiveram agora estão sob seu comando. Ela atacou várias vilas e já atacou Lubmatsi duas vezes. Infelizmente somos a última defesa de Baron, pois as torres do Império que estão ao redor da cidade já foram destruídas pelo exército dela. Já temos um grupo se reunindo e vamos juntar-nos a eles e atacá-la.

— Mas esse “feitiço” tem reversão?

— Não… Já tentamos capturar alguns vivos e tentamos desfazer, a não ser que esteja além da experiência dos nossos magos.

Alexia, ainda preocupada, os informa:

— Já ouvi falar dessa “maldição”, é algo bem antigo… Realmente não tem retorno, nem se ela for morta.

— Suspeitamos disso também, mas o Império a quer viva. Porém, se tiverem a oportunidade de matá-la, eu não vou me importar de levar uma bronca, o importante é esse mal ser detido, pois várias famílias e bons soldados foram mortos.

Anirak concorda com a cabeça e questiona:

— E onde ela está agora?

Alexia, ainda perto dos corpos e com a mão na cabeça de um dos felinos, responde:

— Ela está perto.

Um som de corneta toca, e começa uma correria ao lado de fora do quartel. Todos correm para a saída. No caminho, Anirak questiona Alexia:

— O que houve?

— Eu tenho uma bênção antiga e consigo ler e me ligar com animais irracionais.

— Mas eles não estão mortos?

— Sim, mas todos estão ligados a ela mesmo mortos, e eu consigo senti-la, pelo menos agora temos certeza da nossa dúvida… Estamos do lado certo da batalha.

— Sim.

Saindo do quartel, elas veem Jules dando ordens aos seus auxiliares.

— Vocês duas vão para o portão um e dois, e você, me providencie o relatório.

O rapaz “Olho Bom” murmura algo e conjura uma bola de luz de cor azul que sobe até uma grande altura e desaparece.

Logo as torres grandes atiram flechas de cores e designs diferentes no mapa no centro do forte, mostrando e indicando onde estão os inimigos no lado de fora e como estão posicionados os soldados. Jules e o rapaz correm para perto do mapa.

Observando atentamente, Jules questiona o rapaz:

— Prever!

Os olhos do rapaz brilham um azul forte e depois ele responde:

— Estão em grande número e encantados, podendo escalar fácil a muralha.

Jules rapidamente muda as posições das flechas no chão, mudando a formação dos soldados. Em seguida, ordena em grande tom para todos:

— Organizar!

O rapaz faz rápidos movimentos com as mãos, fazendo com magia uma cópia do mapa maior do que o original. Ele eleva esse mapa a uma altura que só os soldados do forte consigam ver para seguirem a nova posição de combate. Os felinos se aproximam, e os soldados seguem a nova formação. Jules mostra quatro dedos da mão para o alto e ordena:

— Comandantes!

Os capitães trocam de grupos, focando a nova estratégia de defesa de Jules, designando melhor a defesa contra o ataque. Alexia e Anirak admiram a rápida organização e a agilidade deles e tomam a frente também. Alexia informa à Anirak:

— Eu vou até a torre para ter uma melhor visão e tentar localizá-la.

— Ótimo, vou ajudar na defesa do portão, e quando achar a dominadora, me avise.

— Certo.

Anirak saca suas adagas e corre para o único portão que está sendo apertado para ataque direto. Alexia sobe por uma corda para chegar mais rápido ao topo da torre, mas logo que ela começa a escalar, a corda estoura, fazendo-a bater a cabeça em uma madeira e cair em um monte de feno.

Uma grande tensão toma Lubmatsi, vários Felinae sobem a muralha rapidamente sem esforços e atacam os soldados das torres e da muralha. Eles atacam sem foco, mostrando que só querem matar.

Os soldados, com a nova formação, conseguem se defender muito bem, deixando a média de mortos de um soldado para cada sete Felinae. No portão aberto, ficaram “Braço Direito” e “Braço Esquerdo” com um grupo de lanceiros que conseguem rapidamente limpar esse lado da muralha, tendo um soldado morto para cada dez Felinae.

Da floresta próxima, surgem mais Felinae, com um número maior de Pantherinae, que avançam furiosamente, mudando o quadro de um soldado morto para cada dois felinos mortos. Anirak chega e se junta ao grupo.

Ela evita contato direto com os grandes felinos, arremessando adagas em pontos críticos para uma morte rápida, e logo recupera as adagas para atirá-las em novos, muita acrobacia e saltos entre os soldados e os felinos, matando vários por onde ela passa e melhorando o quadro de mortes. Logo os soldados se motivam e conseguem controlar melhor a situação junto com suas líderes. “Braço Direito” e “Braço Esquerdo” avançam junto com Anirak.

Elas empunham lanças para também evitar contato próximo com os Pantherinae e conquistam a linha de frente, até que um grupo maior surge surpreendendo a todos, pois vinham de todos os lados. Dentro do forte, Jules pede para o seu “Olho Bom”:

— Relatório!

Novamente novas flechas são lançadas no mapa no centro do forte, atualizando Jules dos novos inimigos no campo de batalha para ele administrar melhor a situação.

Jules demora um pouco, mas faz uma nova estratégia, mudando as flechas de lugar, e pede para o rapaz “Olho Bom” repassar.

— Coordenar!

Novamente um novo mapa mágico é feito e repassado para os soldados, mas os soldados de fora estão fora de alcance para ver a nova formação, então Jules se prepara para ir até eles no portão para liderá-los e tomar as redondezas.

A muralha e as torres têm uma pequena perda de soldados conforme o excesso de inimigos ataca, mas logo retomam o controle, diminuindo bem o número de inimigos.

No lado de fora, há uma grande perda, pois os Pantherinae atacam ferozmente com ataques fortes e rápidos, ferindo até “Braço Direito” e “Braço Esquerdo”. Até Anirak é ferida com leves arranhões, que sem sua experiência teriam sido mortais.

Jules chega levantando a moral dos soldados.

— Controlar!

Ele faz alguns sinais com sua espada, reorganizando a formação dos soldados para controlar a situação e concluir a batalha o quanto antes.

— Atenção, não são animais comuns… Sem piedade, sem recuar. Ajudem uns aos outros.

Anirak percebe a elevação da moral de todos, não pelas palavras, mas pela presença e estratégia de Jules, que deixa todos confiantes. O tempo passa e a batalha toma outro rumo. O número de felinos diminui, e os soldados vão se cansando. Anirak repara que alguns são abatidos misteriosamente.

Ela recua e, atentamente, certifica-se de que flechas invisíveis estão sendo atiradas da floresta e acertam soldados de seu grupo, da torre e alguns da muralha, dando a impressão de serem vários arqueiros inimigos e experientes. Jules repara na pausa de Anirak e a questiona:

— O que houve?

— Tem inimigos na floresta nos atacando à distância. Cuidado!

— Senhor!

Uma grande saraivada de flechas é lançada e atinge vários soldados e até felinos. Anirak demonstra uma velocidade sobre-humana e apara várias flechas em uma cortina de fumaça que surge ao seu redor.

Outros conseguem se defender com escudos. “Braço Esquerdo”, ouvindo o alerta de Anirak, fica à frente de Jules e é atingida por duas flechas que perfuram sua armadura até as costas. Jules demonstra tristeza e, junto com “Braço Direito”, socorre a amiga segurando-a antes que caia ao chão.

Antes que eles tentem qualquer coisa, outras flechas são lançadas em direção a eles. Anirak salta e os defende, tomando uma flechada de raspão no braço. Jules se sente intimidado e ordena aos soldados:

— Recuem, reagrupem dentro do forte!

Anirak, ainda observando a floresta, avista de onde saiu o ataque e alerta:

— Defendam-se!

Todos os soldados se agrupam com Jules, e os escudeiros formam um muro que apara outra saraivada de flechas, mas elas perfuram as armaduras e escudos, mostrando que a próxima matará a todos.

Anirak pensa em um jeito de interferir no próximo ataque de flechas para dar tempo de todos entrarem no forte. Antes que ela tomasse a frente, uma flecha sai da torre em direção à floresta, fazendo o atirador errar a próxima saraivada.

Ninguém é atingido. Os soldados, junto com Jules, recuam para dentro do forte, e todos ficam surpresos ao ver quem atirou a flecha: uma mulher com feno no cabelo bagunçado e sob as roupas. Alexia empunha seu arco e, com os olhos brilhando a cor azul encantada por “Olho Bom”, atira outra flecha na floresta.

O atirador esquiva e atira contra Alexia, que por centímetros não é atingida na cabeça e logo revida atirando três flechas de uma vez na floresta. O atirador enfim para, parecendo ter sido atingido. Após alguns segundos, um rugido é ouvido da floresta, e os felinos restantes recuam. Feridos são socorridos, mortos são levados para a cidade para serem cremados.

Jules fica ao lado do mapa do centro do forte junto com Anirak, Alexia e seus auxiliares e lamenta a morte de “Braço Esquerdo”.

— Foi uma grande mulher… Eu sempre peço que nestas ocasiões vocês salvem suas vidas em primeiro lugar…

“Braço Direito”, ainda com os olhos tristes e cheios de lágrimas, o consola.

— Ela sabe que você é importante para Baron, e sabe que seu ideal não continuaria aqui se você morresse. Ela sabe que fez isso por uma grande causa.

Jules concorda com a cabeça, e todos ficam em silêncio por uns segundos, até que Anirak interrompe:

— Sei que é um momento triste, mas precisamos aproveitar e caçá-la.

Alexia também fica abalada, não só com a morte da guerreira, mas de todos na batalha, até dos felinos, que antes eram pessoas comuns. Porém, concorda com Anirak.

— Verdade. Com o encantamento que “Olho Bom” fez, eu consegui vê-la claramente na floresta e percebi que ela está com seu exército diminuído, só um pequeno grupo que fugiu.

Jules observa em volta e fala com Alexia e Anirak:

— Vocês estão certas, mas não sei o que nos espera na floresta, designar meus soldados agora nesse estado não seria justo com eles, além de muito perigoso…

— Desculpe interrompê-lo, Jules, mas Anirak e eu podemos ir e, se for algo perigoso, retornamos com informações para um ataque futuro.

— Sim, só não podemos perder essa oportunidade de pegá-la pós-batalha.

— Entendi. Então vou mandar um pequeno grupo para acompanhá-las.

“Olho Bom” se manifesta:

— Meu senhor, por favor, deixe-me ir com elas.

— Sabe que você é essencial para a defesa do forte.

— Sim, mas todos os nossos magos foram mortos nas batalhas, e será bom um mágico experiente ir com elas, já que não se trata de um humano comum.

— Certo, mas se houver qualquer desvantagem, eu ordeno que vocês retornem.

— Entendido.

— Você tem total autonomia para escolher quem e quantos irão com vocês, confio em você, “Olho Bom”.

— Obrigado, senhor… Então vamos… Alexia e Anirak, por favor, peguem o que precisarem no nosso arsenal, incluindo alimentos para comer no caminho. Me deem um tempo só para reunir um grupo e seguir com o plano.

Anirak acrescenta:

— Obrigada, mas vamos aproveitar a oportunidade e seguir na frente, não queremos perder o rastro dela. Deixaremos sinais no caminho para ficar mais fácil de vocês nos encontrarem…

— Tem certeza?

— Sim…

Alexia concorda com Anirak:

— Sim… Não se preocupem, seguiremos com o plano de reconhecimento. Qualquer imprevisto, voltaremos e nos juntaremos a vocês.

— Entendi.

— Obrigada. Vamos, Ani.

Anirak e Alexia correm para o arsenal e se armam rapidamente com mais flechas e adagas. Um soldado já as espera com uma sacola com comida. Elas agradecem e avançam para a floresta, enquanto “Olho Bom” prepara seu grupo.

A floresta já começa densa, cheia de insetos e vários rastros. Alexia e Anirak são experientes em rastreamento e conseguem rapidamente distinguir qual é o caminho que a mulher tomou, e percebem que ela usou os felinos fugitivos para traçar outros caminhos para distrair. Alexia e Anirak se alimentam enquanto seguem o caminho, e Anirak usa uma das adagas do arsenal para marcar as árvores no caminho. Anirak elogia a mulher, pois percebe várias tentativas de ocultamento de rastro e distrações de caminhos falsos.

— Esperta… Isso explica por que ela não foi pega ainda, ela é experiente.

— Ani, poderíamos ir ao encontro de Ray e dos outros no lugar de continuar…

— Pensei nisso, agora que não temos “vigia” do Império, mas agora sabemos que Baron, mesmo sendo do Império de Cristal, tem pessoas decentes, a não ser que essa mulher tenha outra justificativa.

— Você vai falar com ela?

— Não sou muito de palavras, os falantes do nosso grupo estão em outro lugar, mas vou tentar um pequeno diálogo antes de dominar a dominadora.

— Estamos seguindo por um bom tempo já, acredito que chegaremos a alguma vila.

— Sim… Alexia, você conseguiu de alguma forma se conectar a ela, sabe me dizer mais sobre ela?

— Não, mas senti um pouco os seus sentimentos… Uma mistura de ódio, vingança e tristeza.

Anirak respira fundo, demonstrando tédio.

— Mulher traída!

— Como?

— Pense, Alexia. Ódio, vingança, tristeza e manipula os homens jogando-os à morte.

— Será?

— Sim, não sou experiente em batalhas campais, mas deu para ver que ela só mandava seus bichinhos para matar sem tática nenhuma, pura raiva e descontrole…

— Será que Jules…

— Não… Ela é uma Reilum-S, deve ser um amor de séculos.

— Então uma Reilum-S estaria presa a uma mágoa dessa?

— Você tem experiência com animais irracionais, eu com racionais e sentimentais, acredite em mim, amor e traição estão na história dessa mulher Reilum-S.

— Pena…

— Já devemos estar perto, tome cuidado, ela deve ter alguns gatinhos para defendê-la.

Anirak e Alexia avistam uma pequena vila aparentemente abandonada.

— Sinto presença de Pantherinae, Ani, está próximo.

— Justo os grandes? Como não tem retorno para eles, então vamos matar todos! E o mais rápido possível, seus ataques são mortais.

— Estou com um mau-pressentimento.



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