Volume 1

Capítulo 26: Koètuz

— Koètuz? Nome estranho.

Ian e Questtis saem do jardim em direção ao lago, enquanto Ray demonstra alívio. Mas, preocupado com tudo o que aconteceu, corre para ajudar os outros. Anirak se levanta com olhar triste e segue junto com Ray.

Onurb está se sentindo um pouco melhor, mas continua no chão aparentando estar muito cansado. Ray se abaixa e o ajuda a se levantar com o auxílio de Anirak.

Todos se aproximam de Baltazar, que ainda está caído e com um grande corte na lateral acima da cintura que contorna até as costas e sangra um pouco.

Ele ainda respira, e todos colocam suas mãos na ferida como se fossem curá-lo, e se olham desanimados, sem emitir som, em um grande desânimo que durou quinze minutos, até que Baltazar acorda, levanta, olha nos olhos de seus amigos e questiona:

— O que houve?

Todos ficam cabisbaixos, e Baltazar fala grosso:

— O que houve? Olhem-me nos olhos e me digam que estamos nisso ainda!

Eles olham para Baltazar, que demonstra raiva, mas tenta encorajá-los. Todos se olham, e Baltazar continua:

— Anirak é uma grande assassina, nomeada e inteligente… Onurb é um líder de um clã de ladrões, e Ray, você foi treinado por um grande mestre de magia, um grande aprendiz que enfrentou todos nós e nos uniu num grupo.

Todos se orgulham das palavras de Baltazar e o admiram por tentar animá-los. Ray, um pouco mais animado, começa o assunto.

— Falei para eles que foi um engano terem nos atacado, disse que não estamos contra o Império e que somos mercenários para ajudá-los com os problemas que eles vêm tendo.

Onurb interrompe:

— Sério que você falou isso? Eles acreditaram?

— Inicialmente sim, Ian me deu uma hora para ir ao lago fazer uma apresentação formal.

Anirak se anima um pouco:

— Acho que esse “desânimo” coletivo tem origem na magia de Questtis. Com a ausência do conjurador, esse “desânimo” está cessando, deixando a gente mais consciente… Agora lembro o que Ray fez, e agradeço por nos ajudar.

— Disponham, mas com isso temos muitos problemas no caminho e não quero prejudicar vocês, só peço que me ajudem a encontrar meu mestre, depois vocês podem voltar…

Onurb o interrompe:

— Voltar? Agora é tarde, todos sabem que eu não queria estar aqui, mas já que estamos vamos até o fim e voltaremos à nossa missão em ir para Libryans!

Todos se surpreendem pela disposição de Onurb, que continua:

— Esses miseráveis vão pagar. Baltazar está certo, somos um grupo, e somos bons, vamos agir do lado deles como Ray falou, e quando for a hora, “PAAA!”, os pegaremos de jeito.

Ray agradece.

— Obrigado, mas não quero prejudicar vocês.

Baltazar segura os ombros de Ray e o chacoalha:

— Inteligente, mas teimoso!

Todos sorriem. Anirak fala:

— Verdade, estamos com você, Ray, será uma honra participar disso e poder mostrar para o Império como é ser surpreendido… Qual é o próximo passo, Ray?

— Se vamos fazer isso, então vamos continuar agindo como mercenários em busca de trabalho. Vocês já trabalharam com recompensas, por favor, calculem um preço justo pelo trabalho que Ian falar.

— Certo.

— Baltazar é um bom navegador e será o que nos guia no mar e rios. Se questionar sobre nosso barco, falaremos que perdemos em um trabalho recente. Alexia é uma nova integrante, pois precisamos de um guia em terras florestadas e selvagens.

— Muito bom, Ray.

— Obrigado. Vamos nos arrumar, deixar Alexia num quarto para que descanse e vamos para o lago falar com Ian… Espero que dê tudo certo.

— Vamos! A propósito, Ray, qual foi o nome que você deu ao nosso grupo? Como eu estava desnorteada, não me lembro do nome que você falou para Ian.

Ah, sim, nós somos Koètuz.

Onurb estranha.

— "Coitos"?

— Não, Koètuz…

Onurb olha com uma cara estranha, torcendo o nariz, e comenta:

Hmmm... Espero que a gente esteja por cima nessa “aventura”.

— Mas…

— Deixa pra lá, vamos logo.

Ray, Onurb, Anirak e Baltazar pegam Alexia e deixam-na no quarto de Ray, e se trocam, com suas roupas comuns com armadura e armas à vista, demonstrando ousadia e status de mercenários. Ray percebe que a magia foi mais forte em Onurb, então pega Aquarium das coisas de Alexia e deixa com ele, julgando que ela possa protegê-lo.

Passando vinte minutos, todos ficam prontos, e juntos vão para o lago. Com o tempo, avistam mais viajantes, clientes andando normalmente por Caelum e alguns soldados do Império. O lago está interditado, sem comerciantes e sem evento, há apenas uma grande barraca com uma mesa e umas cadeiras ao ar livre ao lado do lago.

Aproximando-se mais, eles veem Ian sentado com uma mulher em pé ao seu lado cochichando algo em seu ouvido. Há alguns soldados ao redor, mas não há sinal de Questtis ou de hostilidade.

O grupo se aproxima de Ian e consegue identificar a mulher, que é a delatora que os traiu. Antes que se cumprimentem, a mulher agradece Ian, o reverencia e sai do local.

Anirak demonstra hostilidade, como se fosse atacá-la, mas se tranquiliza e senta-se à mesa junto com Onurb, Baltazar e Ray, todos de um lado da mesa, e Ian sozinho do outro.

Na mesa, há cálices e duas garrafas de vinho, algumas frutas, livros e alguns pergaminhos. Com todos sentados, Ian começa a falar.

— Bom revê-los… Desculpem-me a discussão que tivemos, se vocês realmente não têm nada contra mim, então não tenho nada contra vocês.

Todos ficam serenos, e Ray fala em nome do grupo, demonstrando ser o líder.

— Sem problema, mas vamos direto ao assunto, o que o Império precisa?

— Sim, temos alguns problemas com pessoas que vão contra “o Império”, já identificamos alguns desordeiros, mas não se trata de ninguém dos reinos vizinhos, são solitários nessa luta perdida rumo ao caos.

— Desculpe julgar, mas se são sozinhos contra um “Grande Império”, por que não resolveram isso ainda?

— Está sendo resolvido, o problema é que várias cidades do Império estão sob ataque. Com o final do ano chegando, todos os reinos estão se preparando para a conferência e discussão de novos tratados, alianças, enfim, todo o Grande Continente está ocupado, o que dá chance para esses inimigos agirem. Acredito que os vizinhos realmente não querem ajudar, mas a desculpa de final de ano é válida de qualquer forma. Em meus dias de linha de frente, eu cuidaria bem desses problemas, mas tenho outro objetivo, e problemas pequenos requerem soluções pequenas.

Onurb ia responder ao que foi uma possível ofensa, mas finge tossir e se serve com vinho.

Baltazar fica de olhos fechados e de cabeça baixa procurando tranquilidade e controle para não agir impulsivamente.

Anirak fica atenta com todos ao redor e com a barraca que está próximo a eles.

Ray sorri para Ian e continua a conversa.

— Interessante você mencionar isso, me fez lembrar um caso antigo, uma vila no antigo mundo. Muitos morriam sem saber o porquê, até descobrirem que um inseto picava a população à noite durante o sono. Ele sugava uma insignificante quantia de sangue e no processo passava uma doença mortal. Algo que julgavam tão “pequeno” na verdade era tão “grande”.

— O que quer dizer com isso?

Onurb e Anirak disfarçam o sorriso, e Ray demonstra ironia.

— Quero dizer que temos que cuidar desse problema antes que possa se tornar grande, não acha? É por isso que estamos aqui.

— Correto… Pegue esses relatórios aqui, alguns inimigos do Império em várias cidades atacam de formas diversas e premeditadas.

Ray pega os pergaminhos e vê os dados desses inimigos, mas não há dados do próprio Império. Anirak dá uma olhada em alguns, e Ian continua.

— Preciso que vocês ajudem as cidades com esses problemas listados. Seu grupo dá conta dessa tarefa?

— Sim, estou vendo que existem inimigos com poderes mágicos, nesse caso precisamos do nosso mago para ajudar nesse aspecto, poderia trazê-lo?

— O tempo está tão belo, poderia dar uma volta comigo enquanto seus “colegas” analisam os relatórios?

— Mas…

Ian levanta e continua:

— Eu insisto, vamos falar sobre seu amigo mágico.

Ray olha para seus amigos, concorda e diz em tom baixo para eles:

— Está tudo bem, temos que fazer isso.

Ele levanta e segue Ian andando ao lado do lago. Depois de uma distancia dos outros a conversa retoma com um ar mais sério.

— Infelizmente não poderá ver seu “colega”.

— Como não?

— Assumo que julguei você mal, mas não faça o mesmo comigo… Sei quem é seu “colega”, é um grande mestre da magia, o “Senhor Maxmilliam de Galfik”, seu próprio nome diz quem é e do que é capaz.

Ray se desanima por ser descoberto, mas tenta manter o plano de um grupo que veio para ajudar o Império. Antes que explicasse, Ian continua ao mesmo tempo em que admira a paisagem:

— Onurb Gaster, líder do clã da adaga de Coniuro… Anirak d’ Cayth, uma boa assassina; até que ela é um pouco recomendada e, a julgar pelo que aconteceu com um soldado na casa de banho, ela faz jus à fama; uma caçadora órfã sem sobrenome; Baltazar Thur, esse me chamou atenção, um bom guerreiro náutico, perdeu o barco, dispensou tripulação, não construiu família, na verdade nenhum de vocês construiu; e você, o único de quem não consegui muita informação, todos disseram que não te conhecem, comentando só que você é um aprendiz, mas pela roupa da Ilha da Água e por ter “este” mestre de magia como “colega”, suspeito ser filho de Ynascar.

Ray mantem o foco e a serenidade e diz.

— Você falou tudo que eu já sei, só preciso saber se nós vamos fazer um trato ou não.

— Trato? Um mestre de magia nunca participaria de um grupo de “mercenários”. É claro que foi uma tentativa tola de não serem presos, mas admiro sua iniciativa, sua expressão foi bem convincente, confirma ser filho de Ynascar e Raquel.

— Conheceu meus pais?

— Sim… Conheci...

Ian respira fundo, tenta ver algo ao longe na paisagem e continua a conversa, mas agora olhando bem para Ray.

— E por isso eu darei um voto de confiança a você, vou fingir que acredito nessa história de Koètuz, e quero ver se você ajuda o Império o mais rápido possível.

— Rápido quanto?

— Não se preocupe, vocês usarão o teleporte das torres de cristal.

— Entendi, mas e meu mestre?

— “Mestre”? Bom, você está sendo sincero agora? Eu vou esperar ele acordar e o interrogarei, o Império precisa saber de algumas coisas, e ele será uma forma de vocês não fazerem besteira, um seguro.

— Você dá a sua palavra de que eu o verei depois de ajudar vocês?

— Sim, tem minha palavra, mas se não conseguir, não posso garantir a segurança dele.

— Certo. Agora vou conversar com o meu grupo e ver como resolver o mais rápido possível esses problemas do Império.

— Leve este brasão, é uma prova para os soldados de que você está do nosso lado.

Ian tira e entrega para Ray uma das partes da armadura que segura sua capa. Esta parte tem a heráldica dos antigos Praeteritum, oito espadas formando a silhueta de uma.

— Como saberão que não roubamos isto?

Ian sorri e responde:

— Acredite! Não conseguiriam… Na mesa, eu já assinei alguns pergaminhos autorizando vocês a ter informações, armamento necessário e o uso do teleporte nas torres, nada além do que vocês precisam para pegar esses desordeiros.

— E depois de derrotá-los, o que farão com eles?

— Isso não é importante, o importante é capturá-los, pois estão ameaçando o Império.

Ray faz um sim com a cabeça e volta para a mesa. Ian fica parado observando-o e logo vira para admirar o lago.

Chegando à mesa, vê seus amigos comendo as frutas. Anirak observa os livros e pergaminhos. Onurb o questiona:

— Tudo certo?

— Um pouco. Só libertarão meu mestre quando terminarmos de ajudar eles a capturar seus inimigos. Quando encontrar com esses “desordeiros”, precisamos ver se eles não são aliados disfarçados.

— E se não forem?

— Então vamos prendê-los, pois podem atrapalhar a aliança entre os reinos e matar pessoas inocentes. O Império pode achar que eles estão agindo em nome de alguém da aliança, podendo trazer guerras desnecessárias.

— E como faremos isso?

Anirak focada nos relatórios responde:

— Pelo que eu li, Ian está nos dando permissão para usar a torre de teleporte para chegar às cidades afetadas, onde teremos apoio dos soldados que já estão em ação… Precisaremos nos separar, assim reduzimos o tempo.

Onurb e Baltazar estranham, mas Ray concorda.

— Anirak está certa, precisamos nos separar e esperar Alexia acordar, pois não podemos deixá-la aqui com eles.

— Eu ficarei com ela aqui até que ela acorde, e depois vamos para… Baron.

Baltazar levanta, pega um dos pergaminhos sobre a mesa e fala:

— Eu vou para Milite, sou bom contra pequenos grupos.

Ray concorda e pede para Onurb:

— Como não sou experiente nisso, você pode ir comigo para Ducem, me sinto mais confiante com um de vocês por perto.

— Eu também!

Ray ri e pede a todos:

— Ótimo. Por favor, se ficar muito perigoso, ou se chegarem numa situação crítica, podem fugir e salvar suas vidas.

Baltazar se aproxima de Ray e comenta:

— Se você vier com esse papo novamente, eu vou bater em você. Para com isso, quem vai precisar fugir serão nossos inimigos quando virem nossa força.

— Desculpa… Você está certo. Terminando o trabalho, iremos para outra cidade usando o teleporte. Se a gente se encontrar, será mais ajuda para terminar o serviço e partir para a próxima. Deixem Prince por último, esse parece um caso mais complexo por haver magia, e nós não temos grandes experiências com isso, melhor todos nós juntos nessa última missão. Certo?

Todos concordam. Onurb levanta animado:

Certíssimo! Vamos indo, pois não temos muito tempo.

— Sim, então nos vemos no Império… Não se esqueçam da nossa primeira missão, tentem adquirir informações do que o Império está fazendo, algo oculto, qualquer informação para ajudar Libryans. E muito cuidado.

Baltazar dá um grande abraço em Ray, e quando Onurb se afasta, Baltazar o puxa, abraçando-o também. Anirak pensa em sair, mas ele a intimida.

— Preciso puxar você também?

Anirak ri e abraça-os em um abraço coletivo. Os soldados ao redor estranham, e Ian ao longe observa e comenta para si, olhando para uma árvore velha na beira do Lago Ariel:

— Isso me faz lembrar… Pena que seguimos por caminhos diferentes… Desculpem-me.

Todos terminam de se abraçar e seguem para seus caminhos. Anirak vai para os dormitórios cuidar de Alexia e contar tudo o que aconteceu, Baltazar, Onurb e Ray seguem para a Torre de Cristal, que fica dentro do campo de treinamento do Império ao lado de Caelum.

Na entrada do campo de treinamento, Ray mostra um dos pergaminhos que Ian deu, dando-lhe acesso à torre de teleporte. Os soldados deixam Ray, Baltazar e Onurb entrarem no campo, mas os escoltam.

Dentro do campo, Ray observa se há algo informativo, mas não vê nada de anormal, é um campo comum com barracas e campo para treino de combate corpo a corpo e à distância. Há também lugar para dormir e comer.

Depois eles chegam ao meio do campo militar e veem a torre do teleporte, uma grande torre com um telhado todo feito de cristal corrompido. Todos entram na torre, sobem alguns andares e chegam a uma grande sala com o teto e as paredes de cristal.

Ray observa um mago que opera uns cristais coloridos em uma mesa. Ele ativa o poder dos cristais corrompidos e teleporta um grupo de soldados do Império que estavam no meio da sala.

Ray observa tudo, tentando aprender como fazer. O mago vira para um dos soldados que escolta Ray e questiona:

— Para onde vão?

Ray responde em bom som, com autoridade, mostrando o brasão de Ian:

— Fale diretamente comigo, não somos prisioneiros, estamos sob o comando de Ian e com toda a autoridade para agir, então mande esse baixinho aqui e eu para Ducem, e o grandão para Milite.

— Sim senhor.

O telhado começa a brilhar e uma luz forte toma conta do salão. Ray, Onurb, Baltazar e os soldados que os escoltavam são teleportados para os destinos escolhidos.

Em menos de um minuto, eles chegam a seu destino com um pouco de dormência no corpo, e Onurb com dor de cabeça. Baltazar, em Milite, apresenta o seu pergaminho para um comandante que está na torre.

— Sou enviado de Ian Nai para ajudá-los com o grupo invasor. Vamos resolver logo isso, pois tenho outros problemas para resolver depois daqui.

— Certo, me siga, vamos para o lado pobre do reino, onde os vândalos estão se reunindo para atacar novamente.

Anirak encontra Alexia acordada na cama e conta tudo o que aconteceu. Depois de tudo explicado, Alexia fica abatida.

— Desculpa, Ani! Era para eu ter ajudado vocês no confronto.

— Não se preocupe, amiga, o importante é que temos um plano em ação… Vamos nos arrumar.

— Sim. Só para recapitular, nós vamos para Baron?

— Isso! Alguns animais estão atacando a cidade, não deve ser grande coisa. Como você tem conhecimento com animais e eu com humanos, vamos terminar com isso o mais breve para seguir para outra cidade e nos encontrar com os outros.

— Certo, mas e se estivermos trabalhando para o lado errado?

— Por isso ficaremos neutras, vamos ficar sempre em alerta e analisar quem iremos ajudar. Mesmo sendo no território do Império de Cristal, há cidades pacíficas com gente de bem.

— Ótimo, então vamos.

Alexia e Anirak se preparam usando suas respectivas roupas, armaduras, armas, itens e acessórios. Terminam suas necessidades básicas entre banheiro, comer, beber, até um banho rápido, e vão para o campo de treinamento do império para utilizar a torre de teleporte.

No caminho, elas conversam um pouco sobre seus estilos de luta e possíveis combinações de combate. Chegando ao portão do campo, são barradas por um soldado com um jeito hostil.

— Parem! O que estão fazendo aqui?

Anirak conversa com o soldado mostrando o pergaminho dado por Ian.

— Estamos aqui em nome de Ian Nai!

— Mulheres?

— Algum problema, soldado?

O soldado ameaça atacar, mas olha atentamente para o pergaminho e reconhece a assinatura de Ian, e fica com um pouco de medo de ir contra as ordens dele, então baixa a guarda e ordena que abram o portão para elas.

— Obrigada.

Alexia e Anirak entram no campo e ficam alertas caso algum imprevisto aconteça. Elas caminham em silêncio e com o rosto neutro, para não dar ousadia para os homens que demonstram ser muito mal-educados, provocando-as de longe e alguns de perto, com palavras ofensivas e machistas, o que deixa Anirak com raiva.

Elas ficam pacientes durante o caminho até chegarem à torre, a mesma que Ray, Onurb e Baltazar usaram. Ela é grande, feita de pedra e cristais corrompidos, o que a deixa muito resistente e não transparente. Elas apresentam o pergaminho para poder usar a torre.

Os soldados olham como se elas fossem inferiores, demonstrando desprezo a ponto de um soldado fazer Alexia tropeçar colocando seu pé entre os dela. Antes que caísse no chão, Anirak a segura e diz baixo:

— Ignore… Por enquanto.

Alexia acena com a cabeça, e as duas vão para o quarto andar da torre. Chegam à sala de teleporte e veem três soldados de guarda, um mago operando uns cristais coloridos para executar o teleporte e um grupo que está sendo teleportado.

Anirak observa como o mago opera os cristais, certificando-se de que o poder está nos cristais, e não no mago. O grupo de soldados é teleportado, e depois Alexia e Anirak vão ao centro do salão e avistam mais cristais no teto. Alexia admira, enquanto Anirak pede para o mago dos cristais:

— Estamos sob a jurisdição de Ian Nai, nos mande para Baron.

O mago ri e olha para os soldados no salão, que se aproximam delas. Antes que falem alguma ousadia, Alexia e Anirak os atacam simultaneamente.

Alexia bate em um soldado e o chuta para que caia no chão e, sacando seu arco e flecha, atira no cajado do mago, desarmando-o.

Anirak ataca os outros dois com golpes precisos para nocauteá-los, dando acrobacia e usando o corpo de um para dar impulso para golpear mais forte o outro. Em seguida, ela joga uma adaga centímetros ao lado da cabeça do mago para intimidá-lo.

Ele fica surpreso, mas ao movimentar a mão conjurando alguma magia, Alexia o acerta com uma flecha no braço, impedindo-o de continuar. As duas se aproximam do mago ferido, e Alexia diz, com um tom engraçado, para Anirak:

— Ani, você se esqueceu de falar “por favor”… Por isso ele não o fez.

— Verdade, Ale, mas já vi como opera isso, não precisamos dele.

O mago fica com medo, e, antes que gritasse por ajuda, Anirak o golpeia, fazendo-o desmaiar em dois golpes.

Anirak mexe nos cristais e verifica que há um com símbolo igual ao pergaminho com as informações de Baron, e faz a sequência que o mago fez para teleportá-las.

— Ani, você já fez isso antes?

Anirak responde enquanto elas vão para o centro da sala e a magia inicia.

— Não, mas consegui decorar o que o mago fez e tenho um pouco de aptidão mágica.

— Você tem?

— Eu acho que tenho.

Ela sorri e em menos de alguns segundos, os cristais energizam por completo e as teleportam para a torre de Baron, antes que outros soldados chegassem.



Comentários