Volume 1

Capítulo 21: Orbis Absolute

— Orbis Absolute!

— Exato.

Maxmilliam vira e vê a alguns metros de distância um homem velho, de estatura média, com cabelos brancos e curtos, olhos pretos e roupas longas como de um sacerdote, mas de cor preta e cinza.

O Mestre sente que ele tem itens mágicos no pescoço e em cada mão, aparentando possuir dois anéis e um colar com joias energizadas com magia.

— Sem seu cajado, recorre para outras fontes mágicas.

— Me poupe de suas interpretações, nós dois estamos sem nossos cajados.

— Você me privou do meu.

— E você destruiu o meu! Só porque é mestre de magia, acha que é tão poderoso assim?

— Não acho, eu sou… E mesmo sem meu cajado e você com essas joias, não equilibram essa luta.

— Interpretações novamente?

— Já estou num nível de sabedoria que não interpreto, eu sei, são claras e simples as informações, como o feitiço que usou para se tornar um antigo guerreiro caos e os invocar também, provam que não passa de um fantoche, pois todo esse poder não poderia ter sido conjurado por você, um “mágico”.

— Como sabe quem sou…?

— Só em me fazer essa pergunta ofende as classes mágicas.

— Como ousa?!

Maxmilliam aumenta o tom de voz, que ecoa, fazendo os urubus voarem para longe.

— Como você ousa me trazer num Orbis Absolute?! Mostrarei a diferença de quem “conjura magia” e de quem “faz magia”.

O mago não se intimida e aponta as mãos, revelando os anéis em seus dedos. Com uns movimentos de mão, uma grande bola de fogo se forma entre suas mãos e joga em Maxmilliam, que aponta seus dedos, e aos poucos a bola vai se desfazendo até sumir completamente antes que o atingisse.

Ao mesmo tempo, Maxmilliam parece arremessar algo com a outra mão, fazendo um grande bloco de terra sair do chão e voar em direção ao inimigo, que faz um campo de força usando o colar. Enquanto a terra se desfaz no campo de força, Maxmilliam cria um vendaval por todo o campo.

O inimigo tenta criar novas bolas de fogo e até labaredas, mas com a ventania não consegue estabilizar o fogo. Com raiva, o mago encosta os dois anéis, e com outro movimento de mão faz uma onda de gelo criando estacas afiadas.

Maxmilliam faz outro movimento de mão, e na metade do caminho a onda de gelo passa por um processo de sublimação, transformando-a em um nevoeiro que cobre todo o campo. Com o colar, o mago assume o controle da ventania e faz dissipar a névoa.

O Mestre aponta para o alvo e, ao murmurar palavras estranhas, o anel quebra, o inimigo perde o controle da ventania, dando mais chance para Maxmilliam, que faz o que restou da névoa voltar para o estado sólido, fazendo estacas de gelo.

O inimigo escapa das estacas grandes e é atingido por algumas pequenas. Nessa distração, Maxmilliam murmura novamente, e o outro anel quebra, deixando o mago mais fraco, podendo só recorrer ao colar mágico que usa para criar um grande impulso mágico, dissipando a ventania e os projéteis de gelo.

O mago demonstra cansaço. Maxmilliam começa a andar na direção dele diz com mais calma e alivio.

— Vou acabar logo com isso.

— Acha mesmo que acabou?

— Se você não chamar quem te ajudou até agora, irá perder.

— Do que está falando?

— Não acredito! Você está sendo usado e não sabe?

— Eu não estou sendo usado…

O velho é envolvido novamente pela aura, se transforma no guerreiro com três chifres e corre para atacar. Maxmilliam se concentra e, antes que fosse atingido por um soco, se transforma em um guerreiro semelhante ao do mago, mas com a armadura mais clara, com emblemas da relíquia de Arbidabliu e capacete com seis chifres.

Ele apara o soco com uma de suas mãos, e com a outra golpeia o mago, fazendo-o se afastar. Os olhos da armadura de Maxmilliam brilham um azul forte, e em seguida se ouve um barulho de joia quebrando.

O velho volta à sua forma normal, fraco e ofegante, com seus anéis e colar quebrados. Maxmilliam retorna para sua forma humana e se aproxima.

— Vamos ver quem está te auxiliando.

Maxmilliam se aproxima para ver a mente dele. O velho reluta, mas não consegue. Ao se conectar na mente do inimigo, Maxmilliam sente algo forte bloqueando a leitura, e ao longe vê os urubus olhando para ele.

— Deveria ter suspeitado…

Antes que pudesse fazer algo, a mente do velho morre, e Maxmilliam recobra a consciência na sala de Geiko ouvindo a batalha do forte.

O Mestre pega seu cajado e sai pela sacada, deparando-se com todos os guerreiros caos do forte se desfazendo e virando pó, e o pó se dissipando em nada.

Todos olham ao redor se certificando de que estão seguros e gritam por “vitória”. Ofegantes e cansados, correm para ajudar os feridos e vigiar para ver se não há mais nenhum ataque.

Ao ver Maxmilliam passando pelo forte e indo para a barraca em que está a cela do mago, Ray, Alexia, Anirak e Baltazar o seguem, chegando junto com ele à cela. Todos olham o mago caído sem vida. Maxmilliam fala:

— Vou informar Geiko e Houri da morte do prisioneiro. Anirak e Baltazar, achem Onurb, não o vi no meio dessa batalha.

— Certo, vamos, Anirak.

— Vamos para o palacete, o último lugar em que eu o vi foi lá.

Maxmilliam, Anirak e Baltazar saem, e Alexia questiona Ray:

— Nunca vi esses guerreiros antes, o que são?

— É a primeira vez que eu os vejo também, mas já estudei sobre, eles são guerreiros caos, um termo antigo para classes mágicas…

— Mágicas?

— Sim, quando conseguem um alto nível de poder e sabedoria, o “mago” consegue adquirir uma forma guerreira de seus poderes para lutar corpo a corpo, cada chifre representa o nível de poder da armadura.

— Mesmo assim, Ray! Apareceram muitos guerreiros, isso significa que eram vários magos?

— Acho que era um só, mas de alguma forma ele criou outros como cópias, técnica do antigo mundo.

— Você sabe de muita coisa, Ray, parabéns.

— Obrigado, tive um bom treinamento, Maxmilliam é meu mestre, ele sabe de muita coisa e é um grande amigo.

— Que bom, Ray. E o que vamos fazer com esse homem?

— Não sei, ele que fez todo o exército, deve ser poderoso.

— Vamos sair, só tem esse corpo e nós aqui.

— Vamos.

Maxmilliam encontra Houri, Geiko e alguns fratérnitas verificando os mortos, ajudando os feridos, organizando e arrumando o forte.

— Houri?

— Mestre, o senhor está bem?

— Sim, mas seu prisioneiro não.

— Foi ele que causou tudo isso?

— Sim, mas ele foi usado como o “toque do mago” para que algo ou alguém poderoso pudesse usar seus poderes através dele. Não quis matá-lo para descobrir quem está por trás desse ataque, mas antes que eu pudesse ver o manipulador matou a mente do mago e cortou a minha ligação, não me deixando ver quem ou o que era.

— Como suspeitou que ele estivesse sendo usado?

— Ele não tinha poder para me colocar num Orbis Absolute sem eu aceitar, mas eu só tive certeza no final da luta, os urubus dentro do Orbis… Nessa luta mental, não existem outros seres vivos. No início, achei que fossem ilusões para tornar o cenário mais sombrio e intimidador, mas no fim, olhando para eles, eu vi que foi uma forma de o inimigo se ocultar.

— Ocultar? Por que ele não interveio?

— Ele não quis se revelar. Se ele intervisse, eu descobriria quem é e onde está.

— Entendi…

— É claro que ele faz parte do Império, mas deve ser um novo integrante, Xarles sempre recruta personagens fortes para torná-lo mais invencível.

— Obrigado novamente, mestre Maxmilliam, o importante é que todos estão bem.

Anirak e Baltazar chegam à entrada do palacete e encontram a porta fechada. Eles batem, e Baltazar força quebrando as dobradiças e empurrando os móveis que estavam obstruindo a passagem.

Ao entrar, veem Onurb sentado, comendo e bebendo, e os empregados preocupados nas janelas e nas portas da sacada. Anirak questiona:

— O que houve?

— Derrotei os guerreiros que apareceram aqui e bloqueamos para que não entrassem mais.

— E por que não saiu para ajudar os outros?

— Fiquei para proteger essas mulheres indefesas.

— Sei… Que bom que estão todos bem.

Baltazar se aproxima e toma a comida de Onurb.

— Estou com fome.

— Que novidade! Mas dessa vez eu também tenho que repor as energias, lutei com vários para manter este lugar a salvo.

— Anirak e eu também… Tem mais comida?

— Peça para as cozinheiras, eu vou tomar um banho e dormir, amanhã vamos seguir viagem.

— Mulheres, tragam comida, bebida, comida, pães e mais comida.

Anirak ri e informa a Baltazar:

— Obrigada, mas não precisa pedir para mim.

— Desculpe, mas eu pedi só para mim.

— Deveria ter suspeitado… E use “por favor” para falar com essas mulheres, por favor.

— Desculpe… Senhoras, por favor, tragam-me comida.

Onurb sobe para o dormitório, Anirak se junta com as camareiras para arrumar os móveis, e Baltazar senta para comer a grande quantidade de comida que trouxeram.

Em pouco tempo, Ray e Alexia chegam e ajudam um pouco a arrumar o palacete. Alexia vai para um dormitório reservado para ela. Ray também segue para o seu dormitório para tomar banho e descansar.

Ao terminar de arrumar o palacete, Anirak segue para o seu dormitório para tomar um belo banho e descansar. Baltazar, depois de comer, também toma um banho e dorme. Maxmilliam se junta com Geiko e Houri para explicar os relatórios feitos e para pegar mais informações do Império.

Com tudo pronto, Maxmilliam também vai para seu dormitório. A noite passa com todos se recuperando e dormindo tranquilamente, o tempo melhora e há um aumento da temperatura, as nuvens se dissipam, deixando uma noite bonita e, com o passar do tempo, uma bela manhã.

O sol aparece, um vento fresco toma o forte e aos poucos todos vão acordando, pois dormiram cedo no dia anterior. Ray acorda, pega seus pertences e desce para o salão. Vê todos sentados com suas bolsas e mochilas, usando roupas leves e frescas para continuar a aventura, roupas simples que escondem suas classes, mas com suas armas principais à mostra.

Todos esperam a comida, que logo é servida pelas cozinheiras. Ray, já sentado, come junto com os outros. No meio da refeição, Geiko agradece:

— Muito obrigado por ficarem e por nos ajudarem, fico grato por tudo que vocês fizeram por nós e pelos refugiados.

Maxmilliam diz:

— Como esta missão é do Ray, vamos deixar que ele responda por todo o grupo. Concordam?

Anirak, Onurb, Alexia e Baltazar concordam com Maxmilliam, e Ray, meio envergonhado, ganha confiança e fala em nome do seu grupo:

— Obrigado, pessoal! Foi um prazer fazer parte dos fratérnitas e aprender muito com vocês, obrigado pela estadia, comida e atenção.

Houri entra na conversa.

— Que bom que gostaram, já deixamos os cavalos prontos para levá-los, Anirak ontem já estava separando alguns.

— Verdade, só foi ruim achar um cavalo grande para levar Baltazar.

— Eu não sou pesado, só uso roupas pesadas.

Onurb termina de comer e corrige Baltazar:

— Usa roupas pesadas, come comida pesada, usa armas pesadas…

— Já entendi! Já entendi… Vamos partir quando?

Maxmilliam responde:

— Agora. O Império está em alerta e não é viável acampar no caminho da próxima cidade.

— Certo.

Todos terminam de comer, agradecem pela comida, saem do palacete com seus pertences e vão para a entrada do forte, que está sendo guardado pelos fratérnitas e todos os refugiados.

Aproximando-se, os refugiados agradecem a Baltazar com um aperto de mão e abraços. Os fratérnitas fazem o mesmo com Anirak, Ray, Alexia e Onurb.

Todos montam nos cavalos. Houri e Geiko agradecem todo o grupo. Com todos prontos, o grupo sai do forte, renovados, equipados, informados, alimentados e até banhados, prontos para continuar a missão.

A manhã passa com Baltazar contando suas histórias para Alexia e entediando os outros que já ouviram várias vezes esses contos. Ray ri das pequenas discussões entre Onurb e Baltazar e entre Onurb e Anirak.

Alexia começa a se entrosar e conta algumas de suas histórias, a infância, o treinamento para ser caçadora, mas não gosta de matar e nem de comer carne de animais ou até usar couro ou pele deles.

Ela também ouve algumas histórias de Onurb, Anirak e até de Ray. Chegando à tarde, todos param para comer algo, para que os cavalos descansem e se alimentem também. Alguns dão um cochilo e os outros só apreciam a vista das planícies e florestas próximas. Todos retomam a viagem, com Alexia falando das belezas de Copus Lithy e o treinamento de mestre arbol.

Chega à noite, e ao longe conseguem avistar a cidade. Ray questiona:

— Mestre? Vamos passar a noite onde?

— Em uma casa de banho.

Todos se animam, mas Ray questiona:

— E como pagaremos para todos nós?

— Úrsula já encaminhou o pagamento para o dono do estabelecimento, ele nos espera. Como não estava contando com seus amigos, Geiko nos ajudou dando um documento informando que serão pagos por Coniuro, foi uma forma de agradecimento.

— Ótimo, e qual é o nome dessa incrível casa?

— Caelum.



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