Volume 1

Capítulo 15: Mais um dia de Viagem

Ray olha ao redor e vê que todos continuam interagindo, Maxmilliam, Baltazar e Onurb conversam na proa do barco, enquanto Anirak fica em um dos lados do barco admirando a paisagem, a beira do rio, as árvores, os animais e uma pequena vila com crianças brincando na água. Anirak está admirando, mas está atenta, como se vigiasse o que tem nas águas e nas terras próximas.

Ray se aproxima dela.

— Tudo bem?

Anirak responde ainda olhando para a paisagem:

— Tudo, sim, Ray, e com você? Ficou até tarde na cama hoje.

— Colocando pensamentos em ordem.

— Certo. Muita coisa ainda está por vir, e a mente tem que estar equilibrada.

— Gostaria que você me ajudasse numa técnica que estou aperfeiçoando.

— Interessante, e qual seria?

— Não sei como chamar, seria algo como “identificar” as pessoas, pontos fortes, fracos, entre outros detalhes que podemos deduzir ao olhar alguém.

— Muito bom, e como ajudo nisso?

— Você já lutou com várias outras classes. Gostaria de saber se você tem algo que me ajude como informação, dica ou método que você usa.

— Sim, não tem muito mistério… Guerreiro comum não tem conhecimento sobre magia, é bom usar isso ou enganá-lo com magia fraca, para qualquer classe mágica é bom usar golpes comuns e mais fatais possíveis, eles sempre têm um truque escondido. A questão de diferenciá-los é fácil, pois eles têm conhecimentos em magias diferenciadas, proteção, ataque, elemento, encantamento, entre outros…

— Sim, com o treinamento de Maxmilliam, eu sei dessas coisas.

— Ótimo. Os híbridos são um pouco diferenciados, alguns exemplos são Guerreiros de Fé, além de perícia de combate, eles têm grande resistência contra magia, contra eles o melhor jeito é usar mais força do que eles.

— Igual Baltazar fez com o Parva.

— Isso. Guerreiro Oriental, Mestre de Magia e mestre de maldição têm algo em comum… Eles precisam de suas armas, sem elas eles são bem fracos.

— Mas praticamente todas são assim.

— Não, eles não, se eu for desarmada, tenho a luta desarmada de mão limpa, mas esses três usam uma única arma, tanto é que essa arma é usada como uma extensão de seu próprio corpo.

— Pode ser mais exata?

— Sim. Se você tocar o barco, você consegue senti-lo velejando e até se alguém está se aproximando com a vibração.

— Sim, como o “toque do mago”?

— Isso, guerreiros orientais têm isso com sua arma, eles também têm algo único das outras classes, conseguem naturalmente desafiar as leis da gravidade, podendo fazer grandes saldos, investidas e até diminuir o peso para ficar numa superfície fraca que não aguentaria o peso de uma pessoa comum.

— Incrível, então se eles apararem algum golpe, poderão sentir algo como o peso do adversário?

— Isso mesmo, dando-lhe mais informações contra quem ou o que está lutando. Quanto mais experiente, mais ele saberá com o contato. Veja seu mestre, o porquê de ele andar sempre com o cajado, só de tocar o chão Maxmilliam consegue sentir o solo e saber se algo se aproxima, ou até se algo por baixo está se aproximando e se movendo.

— Entendi. Com isso, a melhor forma é desarmá-lo.

— Isso, depois de desarmá-lo será bem mais fácil de derrotá-lo.

— E se for contra alguém como você ou Onurb?

— Tem que ser mais ágil ou possuir uma boa defesa. Focar na arma é inútil, pois como mágicos sempre temos “um truque escondido”.

Anirak pisca um dos olhos para Ray.

— Legal, teria de derrotá-los com magia e luta.

— Sim, usar arma contra nós não é muito útil.

— E Baltazar?

— Brutamonte parece ser difícil, mas a classe certa é fácil.

— Um Guerreiro Oriental?

— Ótimo. Esses guerreiros usam sempre golpes rápidos e fatais, são como uma evolução de assassino e ladrão por possuírem força e agilidade equilibradas; são detalhes que podem ajudar e até mudar o rumo de uma luta. Lembre-se, Ray, de que isso não é certo, sempre espere por algo inesperado.

— Entendi. São pontos importantes para saber, já que poderemos encontrar alguns no caminho.

— Mesmo assim, eu peço para tomar cuidado, da mesma forma que temos pessoas poderosas e veteranas aqui, lá eles também têm, mas não acredito que haja guerreiros do oriente por aqui, essa classe você não deve encontrar.

— Sem problema, terei cuidado. Mas vamos conseguir passar ilesos… Bem, assim espero.

Ele ri, alegrando um pouco Anirak. A noite chega, mas a temperatura permanece a mesma, o céu estrelado, poucas nuvens. A tripulação deixa preparadas algumas tintas para pintar o barco no próximo dia, outros arrumam a comida.

Ray se dirige junto com Anirak para a cabine das mesas para comer. Lá, encontra os outros comendo, dessa vez todos juntaram as mesas para que comessem juntos. Ray acha incrível a união, observando e rindo com o tumulto que se formou.

Baltazar comendo muito, Onurb reclamando, Anirak e Maxmilliam calados, Houri tentando ajudar, mas acabando por atrapalhar, a tripulação rindo e alguns com medo achando que poderia haver brigas, tudo em uma confusão amigável, todos se divertem, riem, comem, bebem, até que se cumprimentam e se dirigem cada um para seu dormitório.

Ray, todo feliz, faz o mesmo, segue para seu dormitório cumprimentando a todos e levando uma caneca de vinho consigo. Antes de se deitar, ele termina de beber o que havia na caneca e tem um pressentimento de que esse dia foi tão bom, que os próximos seriam diferentes.

Ele se deita, se cobre e rapidamente cai no sono. Outra noite pacífica, todos dormem tranquilamente e felizes.

No dia seguinte, Ray acorda cedo, mas com um pouco de sono. Sai de seu dormitório e vê a tripulação arrumando o café. Segue para a cabine das mesas e senta, esperando ser servido. Depois de algum tempo, o jovem é servido com pão, leite, e avista seu mestre chegando.

— Bom dia, mestre, dormiu bem?

— Sim, Ray, e você? Acordou cedo hoje, está motivado?

— É claro, hoje chegaremos ao nosso destino.

— Desculpe, Ray, mas chegaremos amanhã de manhã.

— Não era hoje?

— Sim, mas as águas e os ventos não nos ajudaram e o barco não ganhou a velocidade esperada.

— Mesmo assim, estamos chegando.

— Sim, e seus amigos estão cientes dos perigos?

Maxmilliam é respondido por Anirak, que chega para comer.

— Acho que você quer dizer se nossos inimigos estão cientes do perigo que os aguarda.

Anirak dá uma piscadela para Ray, que sorri motivado. Ele senta-se à mesa e continua:

— Eles nem saberão o que os atingiu.

— Vejo que não foi só Ray que acordou motivado hoje, vejo que estão prontos para o que há por vir.

Baltazar chega.

— Eu nasci preparado… E com fome.

Ele boceja, puxa uma mesa e cadeira, juntando-as com a que eles estão, e continua:

— Se o resto da missão de Ray for assim, vou querer fazer outra quando terminar esta.

— Baltazar, Anirak e Ray… Falta Onurb.

Onurb chega.

— Não falta mais… O touro velho deixou comida?

Onurb senta e toma um dos pratos que Baltazar pegou.

— Antes que chegue ao fim desta missão, você terá comido toda a comida existente… Chegando ao fim desta “missão”, eu vou querer voltar para o meu covil, sinto falta do meu lar.

Anirak supõe:

— E falta de um banho.

— Como se você tivesse tomado nesses dias.

— É claro que tomei, estamos sobre água limpa, não faz mal dar um mergulho para se lavar.

— E quando você fez isso?

— À noite, é claro, com todos dormindo.

— Mesmo assim foi só você.

Maxmilliam responde:

— Eu tenho meus truques, afinal magia ajuda fora da luta também.

Onurb fica inconformado.

— Como vocês conseguem tomar banho, se manterem limpos, ou sabe lá o que mais, e não avisam ninguém…? Pelo menos Baltazar vai me ajudar nisso.

Baltazar conversa com a boca cheia de comida.

— Como?

— Fala que você também não sabia.

— Mas eu também entrei no rio.

— Como?! Digo, quando?

— Foi de manhã… Olha aqui meu cabelo molhado.

— Achei que fosse suor… Então só eu que não sabia?

— Parece que sim.

— E você, Ray?

Ray termina de comer e tenta mudar de assunto.

— Vocês viram que eles vão pintar o barco?

Onurb insiste:

— Ray, você sabia?

— Não sabia que eles iriam pintar o barco.

— Não estou falando disso.

— E Houri? Ela não vem comer? Vou lá ver se está tudo bem, já retorno.

— Ray?

Ray sai às pressas, pega um sabão com uma ajudante no caminho, chega ao convés, se aproxima à beira do barco e simula uma queda, caindo na água para se lavar. Tira algumas peças de roupa e segue o barco nadando e se segurando nele.

Em pouco tempo, Ray se livra do suor e do cheiro do cansaço. Logo depois ele volta para o barco por uma escada jogada por um ajudante. No convés, depara-se com Houri, que lhe questiona:

— Tudo bem com você, Ray?

Envergonhado, ele responde:

— Tudo, sim, eu perdi o equilíbrio e caí.

— A queda fez você ficar sem camisa?

— É! Para você ver, estranho, não?

— E por coincidência você caiu com um sabão?

— Sorte, né.

Ray fica envergonhado, e Onurb aparece para brigar com ele.

— Eu sabia! Você também não tomou banho.

— Fica quieto! Não sabia que podia cair nessa água.

— E por que não me apoiou? Fiquei parecendo o único imundo deste barco.

Houri tenta confortá-los:

— Mas é comum em viagens assim ficar sem banho, normalmente se toma quando chega ao destino.

— Eu sei, mas Ray não me ajudou, eu queria que mais um homem estivesse na mesma situação que eu, e agora ele já se limpou… Espera aí! E você, Houri?

— Eu o quê?

— Se banhou?

— Não.

— Ótimo, já estou tranquilo.

— Como assim? Você disse “um homem”!

— Você não é da linhagem de Adéa?

— Sim, mas…

— Para mim, já basta!

Houri coloca as mãos na cintura, com cara de braba. Onurb solta um ar de satisfação e volta para dentro do barco. Ray, sem saber o que falar, balança a cabeça e corre para seu dormitório, para se secar melhor e trocar de roupa.

Depois de trocado, volta para o convés e nota alguns tripulantes pintando alguns detalhes do barco de vermelho. Ele repara no dia nublado que não deu tempo de ver antes e ouve seus amigos chegando ao convés, com Anirak falando com Onurb.

— Não importa que ela seja uma Adéa…

— Como não? Lá dentro você falou que sou o único homem sujo aqui, e se enganou.

— Mas ela é uma mulher.

— Sei! Que se relaciona mais do que eu.

— Isso não faz diferença.

— Como não?

— Ah! Cansei desse assunto.

Anirak, Onurb, Baltazar e Maxmilliam se aproximam de Ray, que pergunta:

— Já que só amanhã chegaremos ao nosso destino, o que iremos fazer agora?

— Não sei! Vocês têm alguma ideia?

Todos ficam quietos, pensando em algo para fazer, além de esperar o dia passar. Ray pega uma madeira que estava sendo usada para mexer a tinta e desafia:

— Será que alguém consegue não ser marcado com tinta?

Maxmilliam se afasta e, rindo, fala:

— Um treinamento, Ray? Muito bom!

Anirak vai para outro canto do barco. Onurb se aproxima do balde, e Baltazar, sem entender, questiona:

— Para que isso?

— Para não usar armas que possam nos machucar, Baltazar, como um treinamento.

— Mas meus treinamentos eram com armas comuns, por que treinar sem armas?

— Não queria comparar, aqui é um “amistoso”; enfim, se ficar marcado de vermelho você “perde”, a tinta representa o sangue, como se você tivesse sido atingido por lâmina de verdade.

Onurb aproveita que Ray está explicando o “treinamento” para Baltazar e molha na tinta umas madeirinhas que estavam ali perto para alguns reparos do barco, e arremessa em Ray, que percebe e se esquiva, pegando tudo em Baltazar e sujando-o de vermelho. Baltazar fica sem entender, e Ray diz:

— Viu? É como se você tivesse sido atingido por facas.

— Mas ele me atacou desprevenido.

— Sim, mas temos que contar com ataque-surpresa.

— Acho que entendi agora.

Ray vira e avança para cima de Onurb, tentando atingi-lo com a madeira com tinta. Onurb se esquiva, corre para pegar as madeirinhas que jogou em Baltazar e volta para enfrentar Ray.

Nesse tempo, Baltazar se aproxima do balde. Anirak saca duas adagas e se aproxima do balde também.

A tripulação não entende o porquê disso tudo e para de pintar o barco, dando espaço para eles no convés. Ray fica tentando atingir Onurb, que brinca com ele sem atacá-lo, só se esquivando e cansando Ray pouco a pouco.

Em seguida, Anirak molha a lâmina das adagas na tinta e entra no meio de Onurb e Ray atacando os dois. Baltazar fica olhando a tinta, Onurb se esquiva de Anirak para que não se suje de tinta, e Ray apara os ataques com a madeira e resmunga:

— Com lâminas é perigoso.

Anirak, animada, responde:

— Tem que esperar por tudo, Ray, seus inimigos não seguirão as regras.

Ela avança em Ray, mas com ar brincalhão, dando giros lentos e avisando onde está atacando, “em cima”, “embaixo”, “centro”.

Ele segue todas as instruções, mas quando tenta contra-atacar, Anirak aumenta a velocidade, dificultando um pouco. Onurb tenta um ataque-surpresa, e, antes que pegasse Anirak pelas costas, Baltazar o agarra com as mãos cheias de tinta.

— Peguei!

Onurb fica preso e todo sujo de tinta, pois Baltazar o estava sujando todo com as mãos e deixando-o nervoso.

— Brutamonte! Por que fez isso?

— Ataque-surpresa, não era isso que você ia fazer?

Todos riem, e Onurb continua a reclamar.

— Touro velho! Mas você não está usando arma.

— Uso minhas mãos como arma.

Baltazar suja toda a cabeça e as costas de Onurb com as mãos.

— Não funciona assim, seu burro.

— Como Anirak falou, “seus inimigos não seguirão as regras”.

— Idiota! Você não sabe jogar.

Com esforço, Onurb consegue se soltar de Baltazar e senta para assistir ao resto do “jogo”. Baltazar ri e senta para ver Ray e Anirak, que logo voltam para os ataques. Anirak deixa Ray avançar para ver o método de luta dele achando-o bom.

Ray intercalava golpe físico e a madeira, focando os ataques em pontos vitais e evitando também se aproximar das adagas de Anirak e não a deixar aparar. Ao perceber que Ray está fazendo o recomendado, Anirak o elogia.

— Ótimo, Ray! Assassinos são mestres das armas, evite-as e faça eles não terem muitas chances de usá-las.

Onurb fala com Baltazar:

— Já que você quis me pintar quase todo, por que não faz o mesmo com eles?

— Se a tinta significa que fui atingido, então não posso atacá-los, já estaria morto.

Onurb resmunga:

— Não estava “morto” para me “matar” …

Ainda vendo a luta, Onurb chama Maxmilliam.

— E você, só porque é mestre não treina?

— Vantagens do cargo!

Anirak consegue fazer Ray perder o equilíbrio e tropeçar. Andando desordenado para longe e com entusiasmo, responde para Onurb:

— Um “mestre” precisa de motivação!

Anirak corre, molha as adagas novamente no balde de tinta e corre para cima de Maxmilliam. Ele se prepara e, batendo o cajado no chão, faz com que Anirak tenha um peso dobrado, deixando-a lenta.

— Muito esperto, “mestre”.

— Obrigado.

— Mas também tenho truques.

Anirak recua dando umas acrobacias, coberta por uma fumaça escura. Todos param e ficam olhando esse momento. A fumaça vira cinco vultos fumacentos que avançam uma a uma e em direções diferentes para cima de Maxmilliam, que, preparado com cajado, diz animado:

— Técnica das antigas ilhas, admirável.

Cada vulto de fumaça parecia uma cópia de Anirak indo atacar Maxmilliam, que ao mesmo tempo que aparava um golpe, seu cajado brilhava e fazia a fumaça recuar como se fosse jogada por algum tipo de impulso mágico solto pelo cajado.

Depois de alguns movimentos, Maxmilliam aponta seu cajado para um dos vultos, parecendo controlá-lo. Esse vulto assume uma cor acinzentada e começa a atacar as outras, causando um tumulto de fumaça em uma pequena nuvem.

Em pouco tempo, a cor cinza começa a ganhar da cor preta na nuvem. Antes que a cinza tomasse conta completamente da nuvem, uma bola preta se forma no meio e explode, deixando todos no convés cobertos por uma névoa negra.

Todos ouvem barulho de armas colidindo. A névoa fica fraca aos poucos e revela Maxmilliam aparando os golpes de Anirak com seu cajado.

Como contra-ataque, Maxmilliam usa magia, jogando o resto da fumaça no ar em Anirak e empurrando-a como se fosse uma forte ventania. Para não cair, Anirak faz outros movimentos de acrobacia.

Ela escapa da fumaça, que desaparece, e, ofegante, elogia Maxmilliam, que não demonstra nenhum sinal de cansaço.

— Incrível, Max! Vejo o porquê do “cargo” agora.

— Você também tem ótimos movimentos, faz jus ao seu cargo em Coniuro.

— Obrigada. Mas, se olhar a sua gola e a manga esquerda, verá que o senhor está fora do jogo.

Maxmilliam vê em suas roupas marcas da tinta como se fossem golpes certeiros em lugares que deixariam qualquer pessoa comum fora de combate. Ele se aproxima, ri e elogia Anirak novamente.

— Congratulações! Mas tenho que lhe dizer que a “senhora” também está fora do jogo.

Anirak se surpreende, e Ray, Onurb e Baltazar, que estavam mais próximos dela, avisam:

— Suas costas estão sujas de tinta.

Nas costas de Anirak, há um “M” feito de tinta vermelha. Ela reverencia Maxmilliam e lembra quando foi atingida.

— Usou meu terreno escuro ao seu favor me atacando enquanto eu brincava de acrobacia.

— Sim.

Todos acham legal o jogo, mas Onurb questiona:

— Vai ficar assim?

— Assim como?

— Todos nós com grande experiência perdendo para um aprendiz que está em sua primeira missão?

Ray se assusta, e os outros concordam.

— Verdade!

— Ray está sem nem um pingo de tinta.

Para não ser perseguido no seu próprio jogo, Ray discursa:

— Mas vocês têm que ver que eu ganho experiência participando desse “treinamento”, e a vitória traz motivação para continuar em frente, não olhem como uma derrota, todos nós ganhamos.

Ray olha para todos, e Onurb finaliza:

— É… Não adiantou, vamos pegar ele!

Baltazar levanta e tenta agarrar Ray com as mãos cheias de tinta. Ray consegue se esquivar e, correndo, passa rápido por Anirak, que tentava pará-lo com as mãos.

Em seguida, correndo pelo convés, Ray luta com Onurb, que usa duas madeiras para acertá-lo. Ele apara usando a sua madeira. Depois de duas voltas pelo convés se esquivando de Baltazar, correndo de Anirak e brigando com Onurb, Maxmilliam aponta seu cajado para o balde, fazendo estremecer e em seguida cair na direção de Ray, explodindo tinta, parecendo um canhão.

Antes que fosse atingido, Ray puxa Onurb para que tomasse o banho de tinta em seu lugar, e os respingos, Ray apara usando sua funda, abrindo-a como um pano para absolver a tinta em seu lugar. Com um urro de vitória, o jovem deixa os outros mais motivados a atacar.

— Não vai escapar, Ray!

Baltazar, Maxmilliam e Anirak se olham e, com olhares sádicos, riem, deixando Ray amedrontado.

— Vocês sabem que isso é só um jogo, não?

Anirak corre para cima de Ray, que corre dela, evitando confronto direto. Com a correria, Anirak faz Ray correr para cima de Baltazar, que tenta agarrá-lo novamente. Ray se esquiva, mas sente seu pé preso no chão.

— Três contra um não é justo!

— É quatro contra um!

Onurb aparece deitado no chão segurando os pés de Ray e deixando-o sem ação contra Baltazar, que o abraça levantando-o e sujando-o de tinta. Desanimado por ter sido pego, Ray questiona:

— Mas como? Eu não vi Onurb.

Todos riem, e Maxmilliam responde:

— Foi a minha parte… Eu aumentei a velocidade e as habilidades de Onurb.

— Entendi. Estão felizes agora?

Baltazar ergue mais Ray, colocando-o no ombro, pega Onurb por um dos braços e diz:

— Eu não! Vamos dar um mergulho para tirar a tinta.

Onurb e Ray falam como em um coral desafinado:

Nãããoooooh!

— Não! Eu troquei esta roupa hoje!

Baltazar se joga na água, levando consigo Ray e Onurb. Anirak ri e pula atrás. Houri, que via tudo do leme, corre perto deles e pula na água também. Enquanto isso, Maxmilliam olha suas roupas e decide ir para seu dormitório, falando:

— Não me sujei muito e estou limpo, melhor deixar os jovens brincando na água, não sei quando poderão fazer isso novamente.

Todos se banham no rio, brincam e se divertem na água.



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