Apoteose Fantasma Brasileira

Autor(a): Alexandre Henrique


Volume 1

Capítulo 26: Esplendor ermo.

O mar balançava, o clima estava sereno. Durante a viagem em um navio grande o suficiente para dar morada para algumas famílias, Aidan sentia seu coração pesar. Ele olhava para sua irmã e tentava se segurar para não fazer uma besteira. Ele olhava para a maçã que comia e se lembrava de sua infância. As maçãs eram coisas raras na guerra, e quando o pai chegava com coisas do tipo, a família inteira ficava alegre. Ele lembrava de sua irmã e como ela adorava aquelas frutas. Ele pensou estar sendo muito melodramático, mas ele não conseguia esquecer que sua irmã era seu mundo, e tudo que havia feito até agora era por causa dela. Um barulho interrompeu seus pensamentos. Aidan viu Asha abrindo a porta e entrar com um semblante triste. Ela se sentou ao lado dele e segurou sua mão.

— Tudo bem, Dan? — perguntou Asha com certa ansiedade.

— Sim, estou bem. Por que pergunta? — Aidan deu um sorriso amarelo.

— Você está com a cara de quando nos conhecemos, o olhar de alguém sozinho e triste - respondeu Asha enquanto segurava fortemente as mãos de Aidan.

Ele olhou para aquela criança e se perguntou se parecia tão acabado daquele jeito. Ele respirou fundo e tentou fechar os olhos para se acalmar, mas as lembranças de certo alguém queimando em uma casa na montanha o fizeram ficar ainda mais ansioso. Asha de repente o abraçou e disse em seus ouvidos:

— Você não está sozinho, Dan. Você ainda tem a mim e Anna, então quando precisar, não se esqueça que ainda podemos te ajudar, mesmo que seja para ficar com você.

Aidan sentiu as mãos de Asha tremendo enquanto o abraçava, e ele ficou um pouco sentimental. Ele sorriu e a abraçou de volta. Ele olhou mais uma vez para sua irmã e decidiu que iria tentar fazer de tudo ao seu alcance. Uma mensagem veio a todos do navio, informando que estavam se aproximando da ilha, e era hora de desembarcar. Aidan foi junto de Asha para o convés do navio que dava para ver a grande ilha. Ele percebeu a princesa e Anna olhando para o horizonte e aproveitou a chance para conversar sobre o objetivo deles.

— Agatha, Anna - disse Aidan colocando as mãos no ombro esquerdo da princesa.

— Finalmente saiu daquele quarto. Esperava que demorasse mais — respondeu à princesa.

Aidan sorriu um pouco para depois olhar também para a ilha que se aproximava. O lugar parecia mais deserto do que o normal. O calor era mais forte, e parecia que as montanhas eram artificiais, mas parecia um lugar bonito de longe. Como era tarde, o sol já estava quase sumindo. A ilha parecia algo do outro mundo. Era a primeira vez que Aidan viajava para outro lugar além da própria ilha. Ele apontou para onde um castelo ficava e disse:

— O que iremos precisar fazer, Agatha?

— Tudo que você precisa saber é que os irmãos comandam a ilha. Eles são aqueles que produzem Ourozina, ou seja, precisamos formar um contrato com eles para eles nos darem Ourozina. Vocês terão que trabalhar para impressionar os irmãos, de qualquer meio necessário — respondeu à princesa.

Eles rapidamente chegaram até o porto e foram recebidos com carros especiais. Eles não tiveram nem mesmo a chance de dizer uma palavra, já que a maioria dos guarda-costas parecia extremamente irritada. A viagem de carro conseguiu mostrar parte da cidade, o que fez Aidan ter dúvidas sobre aquele lugar, já que ele viu pessoas caminhando sem rumo pela cidade, sem contar uma estranha fábrica que soltava uma fumaça branca avermelhada.

O lugar parecia muito deserto, por mais que ele fosse literalmente um deserto montanhoso, aquilo era muito estranho. Deveria ter pelo menos uma pequena população. Aidan decidiu guardar aquilo para si e continuar com o plano da princesa.

A chegada ao grande palácio fez Aidan ficar impressionado. O lugar parecia ter saído de uma pintura. Havia um grande muro cercando todo o lugar, com guardas na frente da porta. 

O lugar parecia um palácio da era vitoriana, mas o que mais chamava a atenção eram as pessoas na frente dele. Havia duas figuras que Aidan percebeu não se encaixarem com os guardas, que usavam preto e máscaras brancas. 

Assim que Aidan e os outros saíram dos carros, eles olharam para aqueles dois que eram tão diferentes. Uma mulher de cabelos longos e negros com mechas em branco. Sua pele era branca, usava um vestido preto que realçava as curvas de seu corpo. Tinha um véu que cobria seus olhos, deixando apenas sua boca com um forte batom vermelho. Ao seu lado, um homem com cabelos lisos e curtos também pretos. Sua pele era um pouco mais morena que a da mulher. Ele usava um terno branco, com gravata vermelha, junto de uma calça da mesma cor que o terno. Mas o que mais chamava a atenção eram seus olhos vermelhos.

Aidan não teve muito tempo de reação, mas quando olhou para o homem, ele já o estava encarando. Aidan podia sentir um forte calafrio e também muita pressão em apenas olhar para aquele homem. Sabendo que aquele truque era apenas feito por fantasmas, ele também encarou o homem. Percebeu alguns sentimentos se sobressaindo pelo olhar daquele homem em sua frente, e a maioria era de dúvida e curiosidade. Aidan suspirou e parou de o encarar. Ambos os grupos ficaram em silêncio por algum momento, para o silêncio ser quebrado pela mulher que bateu no estômago do homem ao seu lado.

— Me desculpem o meu irmão, me chamo Camélia Bryville. Esse é meu irmão Augusto Bryville. Nós iremos levá-los para seus respectivos quartos - disse a mulher, curvando-se um pouco.

O homem parecia irritado com a situação e por isso continuou encarando Aidan ainda mais. Mas foi devido à princesa se colocar na frente de Aidan que fez Augusto recuar um pouco.

— Me chamo Agatha Astville. É um prazer te conhecer, Camélia - disse a princesa enquanto puxava Aidan para trás dela.

Os irmãos olharam aquela ação e deram risada. Agatha não se importou com aquele pequeno desrespeito. Eles estavam no território deles, então tinham que seguir as regras deles. Aidan não iria se importar com aquilo, e por isso Agatha teve que intervir. Ela não poderia deixar dois fantasmas brigarem por coisas bobas.

— É uma honra te conhecer, princesa. Eu irei levar o fantasma, e você irá acompanhar o meu irmão, já que tenho certeza que tem negócios com ele — disse Camélia.

E assim o grupo foi dividido. A empregada Anna ficou com Asha, sendo levada para um quarto próprio. Aidan teve que seguir Camélia, e a princesa iria com Augusto. Aidan não teve muita coisa a dizer quando foi afastado de Augusto. Ele sabia que o temperamento dele não era dos melhores, e também sabia que a princesa precisava muito daquela parceria. Por isso, deixou passar aquela provocação infantil. O que realmente chamava a sua atenção era a irmã Camélia. Ela passava uma aura diferente de seu irmão, e por isso ele tentou puxar uma conversa enquanto caminhavam pelos corredores do palácio.

— Me desculpe, mas tenho uma pergunta - Aidan tentou falar da forma mais respeitosa possível.

— O que seria, fantasma? — respondeu Camélia.

Aidan não gostou do seu tom. Ela parecia não se importar com sua presença, o que incomodava Aidan, além do véu em seu rosto, que o impedia de olhar nos olhos dela.

— Gostaria de saber por que usa o véu em seus olhos — perguntou Aidan enquanto caminhava para chegar ao lado de Camélia.

Eles passavam por várias portas ao longo dos corredores, e cada quarto tinha um número, algo muito parecido com a mansão do Bispo. Isso fez Aidan ter calafrios, mas ao escutar uma pequena risada, ele encarou o rosto de Camélia.

— Eu escondo meus olhos para os fantasmas não tirarem proveito e mudarem o meu pensamento — ela estava sorrindo enquanto falava aquilo, por mais que seu tom parecesse sem interesse.

— Me desculpe por isso — Aidan abaixou a cabeça. Ele pensou que seria trabalhoso ter que cobrir os olhos toda vez que fosse encontrá-la, por medo de ter sua mente manipulada.

— Haha, não se preocupe, querido fantasma. Eu não cubro meus olhos por sua causa. Não tenho nada contra você, é apenas que eu não sou um fantasma como meu irmão mais velho — disse Camélia enquanto ela parava na frente de um quarto.

A porta do quarto era dupla, e tinha um número romano nele, sendo o número “V”. Aidan percebeu que aquele era o seu quarto e o abriu, para ter a surpresa de ver Anna com Asha assistindo à televisão, que em seguida, ao ver que Aidan tinha aberto a porta, pulou para abraçá-lo.

— Dan! Anna estava me ensinando algumas coisas! — disse Asha enquanto apontava para dentro do quarto.

— É mesmo? Eu ainda preciso falar com a senhorita Camélia. Poderia voltar para o quarto? — disse Aidan enquanto acariciava a cabeça de Asha, que respondeu balançando a cabeça.

Aidan se voltou para Camélia, que observava a cena em silêncio. Ele lembrou do que ela havia dito. Ele ficou assustado com a questão de uma pessoa normal estar envolvida com a organização, e ainda ser irmã de um fantasma verdadeiro.

— Podemos continuar com o tour? — disse Aidan.

Camélia apenas balançou a cabeça em afirmação. Ela fechou as portas do quarto e continuou a caminhada pelos corredores, que agora eram abertos para um grande jardim. Ao longe, podiam ver uma capela, que destoava um pouco do cenário, ainda mais com a luz da lua iluminando-o em meio à escuridão.

Aidan sentiu o silêncio ensurdecedor, mas Camélia continuou a falar.

— Eu nunca fui apropriada para ser um fantasma, é o que o doutor disse. Já meu irmão, ele não esteve sempre comigo, por isso ele foi treinado como fantasma. E sobre os olhos, eu aprendi desde criança que era algo que eu deveria fazer, já que eu sempre me senti mais segura com os meus olhos tampados em sua presença — disse Camélia enquanto olhava para o rosto de Aidan.

— O que você quis dizer com não era adequada?

— Eu nunca tive uma boa saúde, e por isso a Ourozina não funcionava em mim. Ela piorava meu estado. É só isso — disse Camélia, enquanto tirava o véu de seus olhos.

— Mas acho que você é mais controlada e mais gentil que qualquer outro fantasma que já encontrei.

Aidan sentiu um aperto em seu coração. Ele viu os olhos gentis e neutros daquela mulher em sua frente. Ele não soube o que fazer com aquele sentimento. Ele apertou seu punho. Ela tinha olhos verdes e profundos. O sorriso em sua face a fazia parecer alguém amável.

Aidan olhou a sua volta e percebeu que estavam do outro lado da mansão, em um grande jardim de rosas. Aidan lembrou de algo que não gostava enquanto olhava para aquele mar de rosas, mas sua mente foi interrompida com a pessoa em sua frente. Sua voz calma fez Aidan concentrar sua mente apenas nela.

— O que você realmente faz nesse lugar, fantasma? — perguntou Camélia, enquanto olhava nos olhos de Aidan.

— Eu estou aqui pela Ourozina — respondeu Aidan diretamente.

— É claro que está — disse Camélia um pouco decepcionada. Isso fez Aidan dizer o seu real motivo.

— Preciso salvar alguém da Ourozina, então estamos atrás de um antídoto. Para ser exato, estou tentando salvar minha irmã, por isso estou aqui... — Aidan não sabia por que aquela mulher conseguia fazer ele sentir aquele sentimento em seu coração.

Camélia parecia surpresa quando Aidan disse aquelas palavras. Ela novamente olhou para os seus olhos e sorriu. Ela viu algo diferente pela primeira vez em um fantasma. Viu constrangimento. Para ela, fazia tempos que ela não via tantas emoções em um fantasma. Isso criou uma certa curiosidade sobre Aidan.

— Sabe que não vai conseguir a cura tão facilmente, não é? — disse Camélia com uma expressão séria.

— Por que acha isso? — perguntou Aidan.

— Você saberá quando conversar com meu irmão amanhã. Por hoje, terei que me despedir, mas saiba que espero que conquiste seu desejo, querido fantasma — disse Camélia enquanto se despedia.

Aidan sentiu algo novamente em seu coração. Ele desejou não escutar aqueles sentimentos que não faziam sentido. Ela parecia, sim, alguém interessante para ele, mas não o suficiente. Ele precisava entender melhor o que ela era. Ele não gostaria de cometer o mesmo erro, e por isso fez algo inusitado.

— Senhorita Camélia, por favor, me chame de Aidan. Ser chamado de fantasma é muito desconfortável — disse Aidan, tentando parecer menos nervoso.

Aidan pôde ver o sorriso nos olhos de Camélia e também a curiosidade. Ele ficou um pouco mais nervoso. Ele não gostava de olhar para as pessoas, mas Camélia fazia seus olhos a perseguir.

— Então, me chame de Lia, enquanto estamos a sós. Também não gosto tanto das formalidades — disse Camélia sorrindo.

Aidan viu um sorriso sincero em seu rosto pela primeira vez, e por isso sorriu de volta. Os dois se despediram e foram em direções diferentes. Aidan percebeu aqueles sinais que seu corpo mandava. Ele viu o seu coração acelerado, estava mais ansioso que o normal. Ele tentou se recuperar. Aidan pensou no porquê de estar ali, não queria sentir aquilo, mas parecia que seu coração não o ouvia. Isso o fez lembrar de quando era Leon. Ele suspirou e se voltou para onde estava.

Ele havia caminhado em uma direção aleatória após se despedir de Camélia, e por isso ele havia meio que se perdido. Mas lembrou da grande capela que tinha no jardim. Isso o fez ficar curioso sobre o que tinha dentro.

Ele caminhou para dentro para ver uma grande vidraçaria de uma torre caindo, enquanto havia três estátuas com diferentes poses. A estátua do meio era maior, apontava para baixo e olhava para baixo com raiva. A estátua à esquerda tinha uma expressão mais gentil, apontando para cima, e era menor que as outras duas. Enquanto a estátua da direita era maior que a da esquerda, mas menor que a do meio. Apontava para o seu coração e tinha uma expressão neutra.

Aidan ficou curioso com aquelas figuras. Ele andou até perto das estátuas e se sentou na frente delas. Encarou suas faces e percebeu que a estátua do meio fazia o lugar onde Aidan sentou parecer um local de julgamento, assim como o seu rosto.

Ele ficou um tempo olhando para as estátuas até ouvir passos atrás dele. Isso fez ele se levantar rapidamente, vendo em seguida uma mulher com roupas de sacerdotisa, que também tinha um véu sobre o seu rosto.

— Interessado nos três deuses? — perguntou a sacerdotisa.

— Um pouco... — respondeu Aidan meio cauteloso.

— Gostaria que te contasse a história deles? — perguntou a sacerdotisa enquanto caminhava para perto de Aidan.

— Se não estiver atrapalhando, gostaria — respondeu Aidan, enquanto se sentava novamente.

Aidan olhou para a sacerdotisa enquanto ela se sentava. Ela parecia tranquila na presença de um estranho, acostumada naquele lugar frio e solitário. Assim, ela começou a contar sobre os três deuses.

"Um grande jardim verde, uma grande montanha de rosas-vermelhas era o que se podia ver. Naquele lugar maravilhoso, existiam três existências. Essas criaturas habitavam além do tempo e viviam em paz com as demais criaturas ao seu redor. Essas três existências eram chamadas por diferentes nomes, perdidos com o tempo, e por isso agora só podiam ser lembradas como A Trindade: o irmão mais velho, o irmão do meio e a irmã mais nova.

Conforme os dias passavam, perfeitos e cheios de harmonia, algo deu errado. Uma semente maligna foi plantada no jardim. A Trindade não suspeitava de nada, mas a semente sempre se fez presente. Quando os três irmãos descobriram sobre a semente, eles não conseguiram fazer nada a respeito, pois, além de não quererem machucar nada naquele jardim, não gostariam de julgar algo que nunca haviam visto antes. Assim, deixaram aquela semente crescer.

De dentro da semente, um ser maligno emergiu, causando destruição ao seu redor. Esse ser foi chamado de Null, e ele foi derrotado pelos três irmãos quando perceberam que estava atrapalhando e machucando a harmonia do jardim. No entanto, Null não foi totalmente erradicado. De seus pedaços, pequenas criaturas foram geradas e chamadas de humanos. Os três irmãos, não desejando que acontecesse o mesmo com os humanos, ensinaram-lhes o que era certo e errado, para que pudessem viver pacificamente.

Mas a humanidade queria mais; os humanos eram gananciosos demais, e isso fez os três deuses se afastarem dos humanos. Eles não tinham nada além de sentimentos negativos contra as coisas e contra a própria espécie, o que entristeceu os deuses. Com essa decepção, os humanos ficaram ainda mais corrompidos pelo desejo de poder, criando assim a ira dos três deuses, que decidiram julgar os seres humanos que se perderam em sentimentos malignos.”

Aidan ficou um tempo pensativo quando ouviu sobre a história dos três deuses. Era isso que o Bispo queria que ele pesquisasse? Teria algo a mais?

Aidan olhou para a sacerdotisa e ficou em silêncio enquanto ela se levantava e se aproximava dele. Aidan pôde sentir os olhos dela vidrados nele através daquele véu. Por alguns segundos, Aidan ficou desconfortável, mas aquela estranha interação foi interrompida por uma voz conhecida.

— Aidan! — gritou Anna, procurando por ele.

Ela estava adentrando pela porta da capela. Suas roupas de empregada a faziam se destacar completamente, mas aquele chamado fez Aidan sair de um estranho transe. Ele se levantou com um sorriso meio torto no rosto.

— Muito obrigado por contar essa história, mas parece que terei que ir. Foi um prazer encontrá-la — disse Aidan enquanto caminhava para longe da sacerdotisa.

— Não se preocupe, iremos nos encontrar novamente, querido fantasma — respondeu à sacerdotisa enquanto se curvava.

Aidan caminhou rapidamente para perto de Anna e começou a sair daquele lugar. Ele sentiu um arrepio quando estava sendo observado pela sacerdotisa. Pensou se não havia ninguém normal naquele lugar, lembrando de Asha e Anna.

Ele olhou para a empregada, que parecia um pouco desconfiada, e isso fez Aidan tentar conversar com ela, pelo menos um pouco. Eles não se viam desde que ele foi sequestrado pela princesa.

— Como está a nossa casa? — perguntou Aidan.

— Ela está bem. Ninguém foi ferido. A princesa nos pagou pelos nossos serviços e nos contou o que havia feito com você, então não me preocupei tanto. O único problema seria Emily, que foi sequestrada pelo Bispo, e isso, sim, me tirou do sério — respondeu Anna, enquanto mexia nos bolsos de seu vestido, tirando um maço de cigarro e um isqueiro.

Eles estavam caminhando perto do quarto quando Aidan parou e pegou os cigarros da mão de Anna. Ele acendeu e tragou um pouco da fumaça, pensando sobre o que iria fazer agora, mas a única coisa que passava em sua mente era dormir.

— Você tem algum plano sobre Asha? — perguntou Anna, enquanto pegava um cigarro e também o acendia.

Aidan observou aqueles movimentos e sorriu de alívio.

— Irei procurar a família dela na cidade quando for visitar a fábrica. Tenho certeza de que há pistas do desaparecimento dela por lá.

Aidan fechou os olhos por um momento, saboreando a nicotina em seu sistema mais uma vez. Parecia uma eternidade desde a última vez que havia fumado, mas algo lhe ocorreu. Ele abriu os olhos e viu um frasco de remédios. Encarou-o por um momento e sorriu.

— Obrigado por isso, Anna — ele pegou os remédios das mãos dela. — Isso realmente vai me ajudar a dormir hoje — disse Aidan com um sorriso satisfeito.

— Só não exagere tanto assim. Vamos descansar por hoje — respondeu Anna, enquanto apagava seu cigarro e entrava no quarto.

Aidan fez o mesmo e tomou a pílula. Ele entrou no quarto e viu Asha dormindo tranquilamente em sua cama. Passou por ela e chegou à sua própria cama, deitou-se e respirou fundo. Ele ainda tinha algo a pensar quando acordasse, e era sobre o irmão de Camélia, como ele seria por baixo de toda aquela marra.

Mas tudo o que pensou depois disso, ele não se lembrava mais, já que sua mente novamente se apagou e a escuridão tomou conta.



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