Apenas um Sonho Brasileira

Autor(a): Hanamikaze


Volume 1

Capítulo 24: Guerra dos Irmãos

A prova Caça ao Rei continuava em andamento no amplo galpão do colégio. As luzes ainda oscilavam com um péssimo problema na fiação daquele lugar. Brittany Taylor e Sarah Megan se encaravam, frente a frente, em uma sala de aula abandonada. Em cima da mesa entre elas tinha uma carta de cinco espadas. Sarah empunhava um seis de paus, que era uma carta da sorte.

Em cada carta daquela, havia um chip bem pequeno dentro que podia ser detectado pelo bracelete apenas uma vez por pessoa. Sarah aproximou seu seis de paus na pequena tela do aparelho, detectou, e a carta foi exibida no plano. Eram cinco slots para cartas, um já estava ocupado com uma carta de dois de copas que encontrou antes, e o próximo slot foi ocupado pelo seis de paus. Bem acima, havia um contador de vida que era representado por caveiras. Sarah tinha três caveiras ao todo.

— Você pode ficar com o cinco, se quiser… eu vou procurar em outro lugar… — Brittany estava com medo, se perdesse ali, perderia toda sua caminhada até agora. Todo o tempo perdido, todas as provas concluídas, tudo isso não teria valido de nada. Ela não queria gastar as próprias cartas e nem arriscar os pontos de vida que tinha, pois se chegassem a zero, provavelmente ela seria eliminada do colégio para sempre.

— Você vai ficar exatamente onde está! — gritou Sarah, um pouco exaltada. Selecionou a carta seis de paus no bracelete, apontada para Brittany. — Se você fugir, vai quebrar uma das regras. Tem câmeras por todo esse lugar, estão nos ouvindo e observando agora… Você vai ser eliminada antes mesmo de começar a tentar.

Brittany parou de se mover, hesitante, voltou a encarar sua nova inimiga. Sarah, uma garota tão doce, agora sendo tão selvagem. De qualquer forma, era uma prova de sobrevivência, era o momento de ver o que era mais importante, uma mera amizade, ou o jogo em que seus futuros dependiam. Nenhuma amizade era verdadeira o suficiente para se colocar acima disso.

— Se der espadas e eu perder… serão seis pontos de vida a menos… — Brittany olhou para o próprio bracelete, os olhos lacrimejando. Ela tinha apenas quatro pontos de vida. — Por favor, não faça isso comigo…

— Seria… uma pessoa a menos… são apenas quatro reis para vinte pessoas. Dezesseis vão sumir daqui para sempre… e eu também não quero que seja eu! E nem você. Mas… — De repente, com os apelos de Brittany, Sarah pareceu hesitante também. Elas eram amigas, assim como a maior parte das pessoas fizeram amizades no colégio também. Boas amizades, mas o destino final sempre foi este. — Você sabe o quanto isso é difícil pra mim também?! — Seus olhos lacrimejavam, as duas estavam prestes a chorar.

Seus punhos estavam fechados, as duas amigas hesitantes. Se nenhuma delas cedesse, perderiam muito tempo ali. Sarah parecia decidida, sua decisão, sua escolha, foi ela mesma.

— Vai em frente… — Brittany cedeu, abandonando tudo em prol de uma aposta. — Usa essa… carta em mim.

Sarah sentiu uma leve pontada no peito, estava confiante de primeira, mas toda sua bravura desapareceu quando percebeu que Brittany e todos ali estavam na mesma situação. No fim, não poderia deixar de sentir empatia.

Ela selecionou o seis de paus, uma tela de seleção do oponente apareceu, e o único outro dispositivo à frente, era apenas o de Brittany. Selecionou-a, e as duas puderam ver o primeiro resultado. Um sorteio entre pontos de copas, espadas e ouros apareceu. E para a sorte de Brittany, o de copas foi selecionado, o que representava vida.

Um segundo sorteio se iniciou logo em seguida do primeiro, agora, sorteava se os pontos de copas iriam para Brittany ou para Sarah. De fato, era o dia de sorte de Brittany. Recebeu seis pontos de copas pelo sorteio de Sarah, e a carta de paus ficou inutilizável para ela agora. Apenas um outro bracelete poderia escanear a carta mais uma vez.

Brittany ia dizer alguma coisa, estava aliviada porém continuava triste. As luzes oscilaram mais uma vez, antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, um terceiro entrou na sala de um jeito inusitado. Ele saltou quebrando a janela, os estilhaços de vidro voaram por toda parte. Era Kevin Johnson, como um animal selvagem desesperado por sobrevivência. Caiu em cima da mesa com o cinco de espadas, pegou, atravessou a sala enquanto derrubava tudo pelo caminho e então saiu quebrando a próxima janela.

Brittany se assustou e Sarah se equivocou. Sua coragem e bravura retornou com tudo, junto da fúria ao rever aquele delinquente fazendo suas patifarias mais uma vez. Sarah correu pela janela quebrada em busca de Kevin e o seu cinco de espadas. Brittany, assustada, fugiu da sala correndo e quebrando os cacos de vidro por onde pisava. Voltou para os corredores do galpão, escuros pois eram muito mal iluminados.

Enquanto corria para tentar fugir, acabou tropeçando em uma caixa pesada e caiu no meio do caminho. Ela nem se preocupou com a queda, e sim se perdeu alguma carta no trajeto. Por sorte, todas estavam ali. Ela se acalmou por um momento até perceber que alguém estava chegando pela frente. Se rastejou para debaixo de uma das estantes e esperou a pessoa passar.

Era um garoto, aparentemente orgulhoso. Estava com um sorriso bem largo no rosto enquanto andava cobrindo quase todo o corredor. Quando passou por Brittany, ela notou uma carta de ouros guardada no bolso dele. O bolso era tão curto que a carta ficava com a metade para fora, o que foi suficiente para ela puxar sem que ele percebesse. Brittany sorriu, começando a se adaptar com a calamidade e o egoísmo daquela prova.

Sarah ainda perseguia Kevin, como se ele tivesse roubado um diamante do cofre dela. Ele virava um dos corredores, ela virava também. Ele arrombava uma porta, logo vinha Sarah atrás. Os passos da perseguição ecoavam por aquele lugar silencioso, até que Kevin ficou sem saída. Olhou em volta, o coração acelerado, e então viu um espaço pequeno no topo das prateleiras. Escalou tão rápido quanto um macaco, esperando que Sarah não faria o mesmo. Mas se enganou.

Ela nem pensou duas vezes em tentar escalar aquela coisa para buscar seu cinco de espadas. Mas foi uma péssima ideia; Kevin usou este curto tempo para preparar o seu quatro de ouros, usando-o em Sarah. O nipe de ouros fazia com que quem usasse, pudesse roubar uma carta aleatória. Quanto mais alto o número, melhor a chance de roubar uma carta boa como o rei.

— Droga! Seu desgraçado…

Kevin riu, uma risada maligna, sem sanidade. Os dois agiam como completo animais. A carta sorteada pelo quatro de ouros a ser roubada foi exibida nos braceletes, era exatamente o seis de paus que ela havia acabado de usar. Já não valia de nada mesmo, então ela entregou sem problemas. Ergueu a carta ao alto para que ele pudesse pegar de cima das prateleiras, e ele puxou com tudo, como se sua mão fosse as garras velozes de um leão faminto.

Em algum lugar no outro lado do galpão, Ethan permanecia impressionado ao ver a carta absurda que Nathan possuía. Um coringa vermelho, uma das três cartas em que ele não fazia ideia do que faziam. Mas aquilo não exatamente o amedrontou, nem o deu disposição para tentar um confronto com Nathan. Mas ele provavelmente não deixaria Ethan sair ileso do encontro.

— Onde eu achei esse coringa, você quer saber? — Nathan mantinha um semblante calmo, tinha um coringa em mãos afinal. — Achei por aí.

— Sabe que posso roubá-lo com o oito de ouros.

— É, pode. Mas você não arriscaria isso de primeira, nem sabe quantas cartas eu tenho para essa possibilidade ser exata. O que não vai acontecer de qualquer forma.

O jeito de falar, incitando um erro para que Ethan não o cometesse por burrice. Era uma forma de se mostrar superior, ao mesmo tempo que dizia que seria impossível. Uma coisa que era óbvia, como se Ethan não fosse capaz de raciocinar o óbvio. Eram exatamente as características que seu pai tinha, características essas que Ethan odiava profundamente. — Você… parece irritado, Kim. Me impressiona o fato de termos o mesmo sobrenome.

Ethan não respondeu. Aproveitou que Nathan ainda não havia agido com o coringa e puxou um valete de copas sobre o seu bracelete, para ser escaneado. Nathan se impressionou no primeiro instante, mas achou estranho um pouco depois.

— Entendi… então você tá com medo. Decepcionante, pensei que fosse mais valente — caçoou Nathan, com exatamente o objetivo de provocá-lo.

— E por que você pensa que estou fugindo? — perguntou Ethan, tentando manter a mesma calma. Mas pela primeira vez, não conseguiu esconder o quão incomodado estava.

— Eu disse que está com medo, não fugindo… — Nathan riu, era como se pudesse ler os pensamentos de Ethan pelos olhos. — Você está nervoso, e trocar as palavras assim… está evitando uma acusação. No caso, você quer fugir de mim, não é? O valete é para mostrar que você tem o máximo de pontos de copas, o que seria um problemão para mim. Mas se quisesse usar isso contra mim de verdade, não me mostraria essa jogada. Você quer que eu desista de você…

— Você… — Ethan ficou cada vez mais desconfortável, ele pôde ler seus passos tão fluidamente. — Eu não…

— Duvido que o valete seja real — interrompeu, confiante. — Você é inteligente, eu sei que é. Mesmo sendo uma tática para fugir, você não usaria o valete só para isso. A carta é falsa, né? Debaixo do valete tem uma carta de espadas. — Nathan mostrou seu bracelete, três pontos de sua vida caíram. — Que jogada suja… me atacando pelas costas com uma carta falsa por cima da verdadeira.

— Por que logo você… tem que ser tão parecido com ele… — murmurou Ethan, fechando os olhos.

Eram as memórias de seu pai vindo à tona, quando era criança. Não importa o que fizesse, seja tocar piano, pintar, cozinhar, caligrafia, tudo tinha que ser completamente perfeito. Mesmo tarefas que Ethan não gostava de fazer tinham que ser perfeitamente executadas. Ethan nunca gostou de praticar exercícios físicos, sempre preferiu tocar instrumentos como piano ou violão. Mas seu pai o obrigava a treinar. Tinha que ser perfeito, cada salto, cada corrida, concentração, exames de lógica, não poderia falhar. As crianças do lado de fora brincavam juntas em um parque próximo, ele podia observar pela janela.

— Eu queria… poder sair lá fora.

Anthony o olhou, desapontado. Estava tomando café na mesa enquanto Ethan lavava os pratos.

— Às vezes eu não entendo você. Gosta tanto de observar os porcos, mas tenho certeza que se estivesse entre eles não comeria a lavagem. Você está carente porque não tem ninguém? Você não precisa deles, só quer satisfazer a sua própria solidão. — Ele tomou um gole do café antes de continuar falando. — Assim como eles, você é egoísta. Mas eu te farei superior, alguém capaz de passar por cima deles e chegar ao topo, e não se juntar aos que ficaram lá embaixo. Você é patético, Ethan… mas algum dia será como eu.

— De que adianta chegar no topo, se eu vou continuar com essa solidão? Eu só queria poder ser alguém normal… Não quero ser como você. E se isso é ser patético, então eu…

Era o que Ethan gostaria de dizer naquelas horas, mas como Anthony já esperava, nenhuma única palavra saiu de sua boca. Ele apenas ouvia, lavando os pratos, desconfortável como sempre fez.

— Tão patético que sequer tem coragem para me dizer o que está pensando… Acho que me enganei, você não será como eu. Você é cauteloso demais, você calcula demais… você é frio demais. Mas isso não é inteligência, apenas mostra o quanto você é um covarde.

O modo como seu pai podia lê-lo com facilidade, como se pudesse entender o que estava pensando, o que estava sentindo. Um trauma que Ethan tentou ocultar de todos, sua camada fria e gelada que ocultava seu medo de ser revelado. E assim como Anthony, Nathan podia ver tudo isso, com as mesmas palavras sufocantes, com a mesma facilidade, como se ele fosse uma criança.

— Pensando no Anthony? — perguntou Nathan, curioso. — Eu te lembro ele, não é? Sei como é… quando olho para você, também vejo um pouco do Anthony. Até este ponto, acho que é óbvio que somos filhos do mesmo pai… mas suponho que você também não conheça a sua mãe. Eu também não conheço a minha, mas sei que nossas mães provavelmente não são a mesma pessoa. Frutos das atitudes do Anthony…

— E por que você… tá me dizendo isso agora? — perguntou, começando a se sentir angustiado.

— Nós dois odiamos aquele homem. Mas no fim… somos exatamente como ele. Provavelmente nós três nos odiamos em um ciclo amargo… mas no fundo, também odiamos a nós mesmos. Eu não consigo gostar de mim, suponho que você também não goste de si mesmo. No fim, você também sabe que somos todos iguais a ele. — Nathan sorriu ao ver como Ethan parecia afetado.

— Isso não faz sentido nenhum…

— É claro que não faz — Nathan riu. — Se você não quer acreditar, mas eu vou te mostrar. Como você acha… que sua namoradinha se sente quando você faz o que bem entender ao redor dela? Aria Harper, eu já a observei… ela realmente te ama bastante, e parabéns por isso. Mas você nunca mereceu. Você mente para ela, você usou a própria amiga dela para conseguir o que queria, você deixa a Hina e a Mia encostarem como quiserem em você, porque você pensa que pode se aproveitar disso para fazer o que você acha que deve fazer. Você mentia para ela até nos sonhos… destruiu uma amizade antiga por nada. Por acaso, você acha que ela está feliz? Eles estavam certos… você, é patético.

As palavras envolvendo Aria afetaram Ethan como uma facada. Na verdade ele nunca parou para pensar em como ela se sentia com tudo o que ele fazia ao redor dela. Ele se sentiu não só desconfortável, como triste também. Lembrou-se do sorriso daquela garota, sua voz, quando ela o abraçava e ele fingia que não ligava. Pequenas coisas que talvez a afetassem, só porque ele tinha medo de mostrar como realmente se sentia. Talvez por parecer fraco, mas no fim nem ele próprio sabia. Apenas pensava que estava fazendo algo benéfico, mas que vendo agora, não mudou nada. Se pelo menos Aria soubesse o que Ethan verdadeiramente sentia por ela esse tempo inteiro…

— Tem razão… — Ethan respirou fundo, desta vez não estava mais tenso. Parecia tão tranquilo como nunca esteve antes. — Se eu perdesse pra você agora, acho que ela ficaria muito triste.

— Parou para pensar nela só agora, foi? Logo você a esquecerá de novo. Quando encontrar alguém mais bonita, é assim que Anthony faz, não é? Quando a carniça fica podre… só voamos para a outra.

Nathan parecia tão empolgado em continuar provocando Ethan, que nem percebeu o soco que vinha chegando. Um soco bem no nariz, e ele caiu na hora, assustado.

— Não sou como ele. Diferente de vocês, eu não deixaria um egocêntrico que nem você chamar minha namorada de carniça.

— Ha! — Nathan riu mais uma vez. — Namorada? Não acredito que ouvi você chamar ela disso.

E mais uma vez, Nathan se desconcentrou nas provocações. Ethan empurrou contra o chão pelo pescoço para sufocá-lo e poder roubar o coringa que estava na mão de Nathan. Ele perdeu tanto tempo apenas provocando Ethan, que simplesmente esqueceu de usar o coringa. Depois que roubou, deu um chute para jogar o irmão para mais longe. Agora, ele tinha a posse da carta especial.

— Desgraçado! Luta corporal era contra as regras nesse jogo! — gritou, furioso.

— Outra coisa que me diferencia de vocês. Enquanto vocês pensam que são gênios manipuladores, inteligentes o suficiente pra vencer qualquer prova só com a mente. — Ethan sorriu, olhando para o coringa em suas mãos. — Eu uso outros métodos. Se for pra competir, eu vençerei com pura trapaça.

Nathan ficou indignado, como se Ethan estivesse cometendo um crime. Se levantou, correndo em sua direção.

— Se você permitiu ataques físicos nessa merda agora, então que assim seja!

E assim, os dois começaram uma perseguição pelo coringa. Nathan ergueu um sete de espadas e usou, Ethan estava bem à frente, seria impossível que não atingisse. Seria eliminado se tivesse menos que sete pontos de copas, o que era bem improvável. Mas quando usou, viu que os pontos de Ethan desceram de treze para seis.

“Como tem tanta vida?!” pensou, e então se deu conta de que ele havia usado um valete falso no começo do confronto. Na verdade, aquele era um valete real, e o segundo atributo do valete é causar dano de espadas ao mesmo tempo que adiciona número de copas.

Ethan percebeu que perdeu sete pontos de vida, e decidiu mudar isso. Nathan preparou mais uma carta de espadas, desta vez, era um seis. Exatamente a quantidade de vida que Ethan tinha. Os dois se viraram para se encarar, e Ethan puxou um quatro de paus.

— Vai depender da sorte, então? — perguntou, um sorriso egocêntrico no rosto.

— Talvez.

Nathan guardou sua carta de espadas e preparou uma de copas. Se o sorteio de Ethan desse espadas para ele, deveria conseguir mais corações o quanto antes. Mas Ethan conseguiu, de repente, cinco pontos de copas quando usou a carta de paus. Não teve sorteio nenhum. Nathan demorou para processar o que havia acontecido.

— Que merda! Então tá realmente usando cartas falsas?!

Porém, naquele mesmo instante, um som agudo ecoou pelo galpão. Parecia com o toque de uma campainha, vindo dos corredores ao lado. Quando olharam, entre os vãos das prateleiras e das tralhas do galpão, bem no fundo, havia uma carta parada. Elas faziam barulhos quando ficavam paradas por muito tempo.

Os dois se precipitaram, mas Nathan não era tão ágil. Nem teve tempo de reação quando Ethan o empurrou e seguiu pelos corredores, correndo até a carta. A perseguição começou mais uma vez, mas agora selvagem assim como os outros competidores estavam. Uma pilha de entulho estava caída na passagem do corredor, mas Ethan era sagaz. Saltou uma vez, e saltou de novo quando seu pé atingiu um dos armários da parede, dando um impulso para atravessar os entulhos. Nathan não tinha toda essa agilidade, teve que apenas se agachar para passar por baixo. E mesmo assim foi surpreendido por um carrinho cheio de caixas leves quando chegou do outro lado, que Ethan jogou para atrasá-lo. O carrinho bateu na cara de Nathan. Com o susto ele tentou se levantar e bateu a cabeça nos entulhos que estavam em cima, todos eles caíram em cima dele.

Quando Nathan finalmente conseguiu se livrar dos entulhos, Ethan estava de pé bem no local onde a carta fez o som de campainha pelo chip. Mas segurava duas cartas na mão, e eram dois reis idênticos.

— Não… é impossível que você tenha dois reis! Um tem que ser falso. Ou… será que os dois são falsos…

— Você parece… estressado, Kim. Inclusive, é realmente impressionante o fato de termos o mesmo sobrenome — respondeu Ethan, era exatamente a mesma frase que Nathan disse no começo.

— Serem reis falsos ou não, ainda não me impede de tirá-los de você! — gritou, estava ficando selvagem, assim como todo o resto. Nathan partiu para cima de Ethan, com um soco, mas ele defendeu com os braços. Em seguida tentou empurrar, mas passou direto. Ethan desviou e o agarrou por trás, encaixando perfeitamente um mata-leão no pescoço de Nathan. — Arh! Solta…! SOLTA!

Ethan não soltou, continuou sufocando até que alguém fizesse alguma coisa. Nathan começou a se debater, e com um movimento brusco conseguiu desestabilizar Ethan e jogar os dois ao chão. Era a oportunidade perfeita para roubar a carta, então tentou fazer isso sem olhar. Mas acidentalmente agarrou o pingente do cordão que Aria havia dado ao Ethan de presente, e pelo calor do momento, arrancou o pingente, partindo o cordão.

Os dois se levantaram e Nathan se afastou, com a risada de um animal. Ethan segurou o cordão partido nas mãos, e os pensamentos de Aria retornaram mais uma vez.

— O que foi? Vai chorar?

O único presente que Aria lhe deu, também, o único presente que já recebeu de um amigo ou pessoa especial além de Katherine na vida. Querendo ou não, tinha um certo valor sentimental. O olhar de Ethan subiu do cordão para Nathan, desta vez não estava tranquilo. Pela primeira vez em todo o tempo que passou no colégio, seu olhar refletia ódio genuíno.

— Quando isso acabar, você vou fazer você levar culpa por isso...

— Do mesmo jeito que fez com o Cohen? Sabe, às vezes você é hilário.

Notas:

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