Apenas um Sonho Brasileira

Autor(a): Hanamikaze


Volume 1

Capítulo 23: Cartas Falsas

Pela manhã os funcionários serviam um lanche saudável e volumoso para quem estivesse presente no colégio no horário. Nada muito caloroso, mas também sempre faziam questão de mudar o cardápio toda manhã para dar mais disposição no decorrer do dia. Naquela manhã, o lanche eram simples sanduíches com carne de hambúrguer.

Apesar de ser bastante atrativo, Aria e os que a acompanhavam não quiseram comer no momento. Estavam passando o tempo em uma competição de bonecos de neve no pátio, aproveitando a nevasca que nunca terminava.

Christopher, porém, estava sozinho em um banco próximo aos banheiros. Comendo batatas de um pacotinho enquanto observava Aria e seu grupinho se divertirem na neve. Entre eles estavam a própria Aria, Michael e Emily Turner, Mia Cooper, e impressionantemente Hina Takahashi também. No entanto, Hina não estava interessada em mexer na neve também. Era muito sensível ao frio.

Enquanto levava mais uma batata à boca, Christopher ouviu passos abafados pela neve grossa no chão. Ele sequer tentou olhar para trás, já esperando que não fosse ninguém interessado em conversar com ele.

— E aí? — perguntou Derrick Evans, vindo em direção ao Christopher e sentando-se ao lado dele no banco. — Não vai mesmo contar como seu braço ficou assim?

Um dos braços de Christopher estava enfaixado, e ninguém sabia o porquê. Christopher não disse nada nem mesmo para Joey, seu irmão mais velho. Por mais que talvez tivesse medo do irmão, o que era provável pelo jeito que Joey o tratava quando estava junto de Kevin Johnson.

— Não foi nada.

— Sei… — Derrick enfiou a mão no pacote de batatas de Christopher, pegando umas duas entre os dedos e levando até a boca. — Não acho que você só acordou desse jeito.

— Que é que você tá fazendo aqui afinal? Estão dando hambúrguer na cantina. Por que não vai lá dar uma olhada e me deixa em paz?

Christopher carregava uma certa raiva de Derrick desde o dia em que ele o chamou para ver a negociação que Joey tentou fazer com Ryan Garcia. O que no fim, deu totalmente errado. Naquele dia, Derrick abandonou Christopher no galpão e ele havia sumido desde então. Até mesmo Ryan não o procurou mais.

Derrick resmungou quando viu o quão desapontado Christopher parecia estar. Se levantou do banco, limpou as mãos nas vestes e então voltou para os corredores do colégio. Christopher acabou perdendo a vontade de continuar comendo suas batatas.

Um pouco à frente, Aria estava quase terminando seu boneco de neve. Retirou dois gravetos de uma árvore próxima e enfiou no torso do boneco, formando seus pequenos bracinhos. Ela desenhou um sorriso com o dedo, e furou dois buracos para os olhos. Mas achou que ficou sem graça os olhos daquela forma, então começou a procurar algo para colocar no lugar.

Enquanto isso, o boneco de Emily era extremamente grande, quase do tamanho de uma pessoa em pé. Emily sempre teve um espírito competitivo, e mesmo em situações assim não deixaria essa vontade de lado. Roubou um dos braços do boneco de Mia e cravou na cabeça do que Emily estava fazendo, dando um novo nariz a ele.

— Quem te deu permissão? Era o meu braço.

— É só um pedaço de pau.

— Que eu tinha pegado!

Hina observava as duas brigando pela milésima vez, de pé, analisando quem faria o melhor boneco. Segurava um guarda chuva para tampar um pouco da neve que caía sobre seus cabelos rosados e lisos.

— Terminei o meu! — exclamou Aria, terminando de dar um toque final em seu boneco. Colocou duas pedrinhas para serem os olhos, e uma pequena florzinha na cabeça do boneco, dando um toque delicado a ele.

— Ficou maravilhoso. Você realmente sabe como enfeitar, não é? — elogiou Michael, com seu sorriso charmoso de sempre.

— Bem melhor que o da Turner — disse Mia.

— Pelo menos o meu tem tamanho. O seu mal cabe na sua mão!

Mia havia feito um boneco com bolinhas de neve tão pequenas que quase se camuflava na neve.

Enquanto a briga seguia em andamento, Hina teve uma sensação estranha. Mas não precisou prestar atenção ao redor, Michael já sabia exatamente quem estava os espionando naquele instante.

— Sabe que você não fica invisível aí, não é, Garcia?

Ryan Garcia estava escondido nas sombras de um canto, apenas observando toda aquela situação. Lentamente saiu para fora, se expondo para a luz e para a neve.

— Estava só dando uma olhada.

— Se quiser se juntar a nós, contanto que não atrapalhe as damas, ninguém se incomodaria.

— Dama no caso é só você mesmo — retrucou Emily. Ela já não suporta mais seu irmão tentando bajular as garotas.

Após um tempo, Ryan acabou se juntando e montando seu boneco de neve também. Todos estavam prontos, e Hina começou a análise para distinguir qual era o mais perfeito entre eles. Estava com um olho bem grande no boneco de Michael, que ele fez questão de enrolar o próprio cachecol no boneco.

Enquanto isso, Mia continuava a encarar Emily, mas não de um jeito ruim. Parecia intrigada com alguma coisa.

— Por que você… tem essa mecha vermelha na cara? — Uma única mecha dos cabelos pretos de Emily era vermelha. Uma mecha de sua franja, que dava um ar mais estiloso para ela. — Acho que seu cabelo fica mais bonito sem isso…

— E eu lá pedi sua opinião?

Poucas horas depois, Ethan e Emma Brown estavam sozinhos no dormitório dela e de Joey. Não poderiam conversar no dormitório de Ethan, pois David Cohen estava confinado lá por mais dois dias. Joey raramente voltava ao dormitório ao decorrer do dia, e logo pela manhã era improvável que sequer estaria no colégio.

Emma observava a janela enquanto a neve caía lá fora. Ethan estava sentado na poltrona em frente a mesa, de braços cruzados, terminando de explicar como funcionavam algumas coisas do próximo jogo e também sobre suas ideias em relação a ele.

— Acho que isso é tudo. Se quiser perguntar alguma coisa, agora é a hora.

Emma ajeitou os óculos no rosto, virando-se para Ethan e encostando o corpo na parede da janela.

— Ainda me intriga como você sabe de tanta coisa assim, mas acho que isso já não importa. Você disse que tem três cartas em que você não faz a menor ideia do que fazem no jogo… Isso não seria um problema? E por que você não sabe sobre elas?

— Você esperava que eu soubesse sobre tudo?

— Não mas… você apenas sabe bem mais do que deveria.

— Bom, talvez essas três cartas sejam um problema, talvez não sejam. Mas não vão interferir no meu plano. Você se lembra do objetivo, certo?

— Sim — Emma caminhou da parede até a cama, soltando o cabelo um pouco mais às suas costas. — Vamos pegar cartas de baralhos fora do jogo para usar como cartas falsas. Mas a gente não pode levar um baralho inteiro, você sabe, não é?

— Por isso vamos levar cartas específicas. Uma de cada naipe é o suficiente. O número não é tão relevante… apenas consiga uma de espadas, copas e paus. O naipe de ouros vai ser inútil nesse plano, então só pegue uma das outras três. E é claro… o principal.

— Vai levar mais alguma?

— Sim. Como eu te disse, os que tiverem a carta do rei até a contagem terminar sobreviverão e continuarão na Betrayal. Por isso, vamos levar um rei falso também.

— Um rei falso? Mas provavelmente não vai contar como um rei verídico do jogo. Não vai nos fazer ganhar.

— Eu sei, porém, não vamos usá-lo para ganhar.

Emma pensou um pouco mais no plano que Ethan havia lhe contado, então finalmente entendeu a finalidade de um rei falso.

— Acho que entendi sua ideia… mas é bem arriscado. E o que você quer dizer com “sobreviverão”? Não apenas perderão pontos?

— Não. A partir de agora, entraremos na segunda fase da Betrayal, a reta final. Serão quatro jogos de eliminação, onde os vencedores vão ganhar pontos obviamente, e os perdedores serão totalmente eliminados para sempre. A Caça ao Rei é apenas o primeiro entre os quatro.

— Espera… — Emma pareceu chocada com a informação. — Como assim?

— Provavelmente o instrutor da prova vai falar sobre isso, você vai entender melhor na hora.

— Hum… — Emma deitou-se na cama, encolhendo as pernas e apoiando a cabeça nos braços. — E onde a gente vai conseguir essas cartas de baralho? Se formos na biblioteca pegar com certeza a bibliotecária não vai nos deixar simplesmente levar umas cartas de brinde. Ainda mais que com certeza ela sabe sobre o jogo. Ela é funcionária, afinal.

— Não se preocupe… eu tenho uma ideia pra isso também. Te explico no caminho, vamos para a biblioteca.

Emma e Ethan saíram do dormitório de Joey e desceram direto para a biblioteca no primeiro andar. Chegando lá, as pessoas de sempre estavam conversando ou lendo por ali. Sarah Megan lendo livros em um banco bem no canto, sozinha com a ausência de David. Aaliyah Abioye, acompanhada por Liam Bernard, estavam em uma mesa conversando com Brittany Taylor. Ethan pegou um baralho emprestado com a bibliotecária, e seguiu junto de Emma para se juntar à mesa de Aaliyah. No caminho, percebeu que faltavam todos os reis de todos os naipes do baralho.

— Previram que faríamos isso…

Brittany acenou para Emma quando os dois se aproximaram, e Aaliyah olhou para Ethan um pouco desconfiada. Era raro vê-lo interagindo com pessoas tão abertamente assim. Ethan e Emma se reuniram com eles na mesa, e Emma propôs que jogassem uma partida de baralho para passar o tempo até o próximo jogo. Todos concordaram, e pelo pedido ser de Emma, Aaliyah não desconfiou tanto. Mas uma coisa a incomodava; ao decorrer da partida, Ethan e Emma eram os únicos que não estavam fazendo combinações de cartas nenhuma. Para vencer no pife, eram necessários três jogos de combinações. Brittany, Aaliyah e Liam já tinham pelo menos um jogo feito, porém os outros dois não tinham nenhum naquela altura da partida, o que era no mínimo esquisito.

— Ha! Acho que ganhei — disse Brittany, mostrando as suas duas combinações já feitas e então a terceira que havia acabado de fazer. E para finalizar, jogou a última carta sobre a mesa, que era um quatro de paus.

— Precisava desse quatro — disse Ethan, pegando-o e colocando entre suas cartas. — Nessa rodada tive muito azar… — Quando mostrou suas cartas, Aaliyah desconfiou mais ainda como Ethan tinha cartas totalmente aleatórias que não formavam jogo nenhum. Em suas mãos, tinham apenas os naipes de copas e espadas, a única de paus que pegou foi a que Brittany havia acabado de descartar. E também, não havia naipe de ouros.

A situação de Emma era a mesma, ela porém já tinha uma carta de paus. O que no fim deixava Aaliyah mais desconfiada ainda.

Ethan e Emma começaram a juntar as cartas. Os dois colocaram as cartas que tinham nas mãos sobre as coxas, e juntaram as que estavam na mesa até formar dois bolos de cartas. Por não estarem prestando atenção, nem Liam e nem Brittany perceberam que as cartas que eles colocaram sobre as coxas, no final, eles não repuseram junto das outras. Aaliyah percebeu o ato, mas foi normal demais para ter guardado a informação na mente. No fim, ela também esqueceu das cartas separadas por eles.

— Combinei que ia fazer umas coisas com a Aria hoje, nós podemos jogar de novo mais tarde — disse Ethan, guardando ligeiramente as cartas separadas nos bolsos por debaixo da mesa e se levantando. Eles deixaram o bolo das outras cartas sobre a mesa para que Aaliyah e os outros ainda pudessem jogar. Emma também se levantou sem dar explicações e só acompanhou Ethan.

Quando se distanciaram o suficiente da mesa, Emma perguntou.

— Você disse que o principal era termos um rei, mas eles tiraram o rei dos baralhos. Como vamos conseguir um agora?

— Eles não sumiram com ele e nem jogaram fora, deve estar guardado no mesmo lugar que ela guarda os baralhos. Eu posso tentar conferir.

— Conferir? Ela com certeza não vai te deixar entrar lá.

— E quem disse que ela precisa deixar?

Momentos depois, Emma estava de frente ao balcão da bibliotecária, onde ela fazia algumas anotações em seu computador. Ela tirou os cabelos pretos com alguns fios brancos da frente do rosto e ajustou os óculos dourados antes de olhar para Emma.

— Ahm, senhora… pode me ajudar? Estava procurando alguns livros sobre anatomia, mas não sei onde pegar.

— Anatomia? Você é uma desenhista, então?

— Sim, iniciante, senhora.

— Não sou tão velha assim para ser chamada de senhora. Me chame apenas de madame. Me acompanhe então, vou te mostrar alguns livros interessantes sobre anatomia humana — disse com rispidez, e então se levantou da cadeira e atravessou a porta do balcão, liderando o caminho pela biblioteca. Emma acenou para Ethan enquanto a acompanhava, que estava fingindo mexer no celular próximo ao balcão.

Quando as duas desapareceram entre as prateleiras de livros, Ethan se apressou para passar por baixo da porta do balcão e passar um olho veloz sobre todas as coisas que tinham nas gavetas e espaços das estantes. Não demorou muito para que achasse a gaveta com os jogos de tabuleiro e coisas do tipo. E dentro de uma pequena caixinha de vidro, estavam os quatro reis do baralho. Ethan pegou apenas um rei de ouros e se apressou para sair dali.

Ele resolveu não esperar por Emma, não faria diferença de qualquer forma, ele já havia conseguido o que queria. E sair agora era melhor para não levantar suspeitas de nada.

Saindo da biblioteca, Ethan permaneceu com as mãos no bolso para se assegurar de que as cartas ainda estavam seguras ali. E enquanto voltava nos corredores, se deparou com alguns funcionários descarregando caixas dentro do laboratório. As cartas eram brancas e tinham um símbolo que se parecia com uma gota caindo em uma poça d’água. Curioso, Ethan se posicionou em um lugar próximo que dava visão para o lado de dentro da biblioteca. Ela não possuía porta, apenas uma barreira holográfica bloqueando a passagem para os que não tivessem permissão de entrar. Ele pôde ouvir a conversa em andamento do lado de dentro.

— E quando vão começar os testes? — perguntou uma voz, que se parecia muito com a de Isabel.

— Hoje a noite, quando todos estiverem dormindo — respondeu uma voz aguda que parecia a de um homem. Aparentemente era Nick Smith, um dos administradores.

— Tem certeza que ela não vai ser prejudicial?

— Pelos resultados dos testes da Nova-Dose até agora, suponho que qualquer tipo de risco em relação aos nossos participantes é nulo, considerando que todos são muito jovens ainda.

“Nova-Dose?” pensou Ethan. “Aquela não era a coisa que…”

Aos poucos ele foi se lembrando da reunião que presenciou quando invadiu a sala da urna holográfica. Seu pai e os outros funcionários conversavam a respeito de algo misterioso que chamavam de “Nova-Dose”. Ethan não se lembra exatamente sobre o quê estavam conversando na época, mas se lembra que Nick havia falado que a Nova-Dose chegaria junto com a sexta prova. E a Caça ao Rei era exatamente a sexta prova da Betrayal Lines.

— Que tipo de substância eles querem testar em nós…? — Ethan olhou para a barreira do laboratório, e então sentiu o pendrive junto das cartas em seus bolsos. — Não… é arriscado demais. Não envolve só os jogos dessa vez. Vou ter que arrumar outro jeito…

Ethan pensou bem no que fazer para entrar no laboratório quando todos deixaram a sala. Não tinha muito o que fazer, mas então, um nome veio à sua mente. Talvez uma pessoa pudesse o ajudar. Uma pessoa na qual ele não gostava muito da presença…

— Hina — disse Ethan, quando Hina Takahashi vinha pelos corredores, voltando do pátio. — Preciso da sua ajuda.

— Da minha ajuda? — Hina estranhou, mas logo sentiu uma pitada de satisfação. — Você pedindo favores? E logo para mim? — orgulhou-se, com uma voz um tanto sedutora.

— É. Me responde uma coisa, esse seu anel de ouro… que tipos de acessos ele tem?

— Acessos? Do que está falando?

— Não se faça de idiota. Sei muito bem de onde você tirou esse anel. Foi do mesmo lugar que esse meu brinquedinho veio… — Ethan sorrateiramente mostrou uma parte do pendrive amarelo escondido em seu bolso, e então o guardou de volta.

— Ah, então você também tem uma coisa de lá… Acho que se eu não te ajudar, você vai me dedurar, não vai? — Hina suspirou, mas ainda assim não deixava de estar satisfeita. — Vamos lá então… lugares que tenho acesso…

— Não precisa me dizer todos. Só me diga se você tem acesso ao laboratório…

Os dois caminharam até o laboratório, e Ethan contou a Hina sobre o que ouviu quando os funcionários chegaram com a Nova-Dose. Hina também ficou um tanto preocupada quando a ideia de testes noturnos passou pela sua cabeça.

— Então, vamos ver o que escondem aqui… — mumurou Hina.

Hina ergueu um braço para aproximar o anel do scanner, mas Ethan a impediu no último momento.

— Melhor não fazermos isso agora, é arriscado. E também… — o bracelete de Ethan começou a apitar, anunciando o começo da próxima prova. — Não temos tempo suficiente.

Apenas o bracelete de Ethan apitou com o aviso. Não eram todos que participariam desta prova, por ser uma prova de eliminação. O local designado era o galpão do colégio, um lugar escuro e não explorado. Nick Smith estava diante de todos para anunciar a prova mais uma vez, e no grupo de concorrentes que ouviam as instruções, Ethan Kim, Emma Brown, Sarah Megan e Brittany Taylor estavam entre eles.

— Muitos de vocês aqui já devem estar cientes da segunda fase que dará início hoje. São chamadas as provas de eliminação. Regras são simples: Os que forem reprovados, serão eliminados. Os que concluírem o objetivo, ganharão pontos e continuarão no colégio. Nesta prova em questão, apenas quatro de vocês poderão prosseguir. Os outros doze serão eliminados.

“Agora, vamos para as regras da prova em questão. O nome desta é Caça ao Rei. Um baralho inteiro de cartas está espalhado por todo este galpão, e vocês terão que ter sorte para encontrar cartas e lutar com os outros em busca do rei. Funcionará como um jogo de tabuleiro; cada carta representa um atributo. Copas equivale a vida, espadas equivale a dano, paus é uma jogada que envolve pura sorte, e ouros rouba uma carta do oponente. Vocês precisam adquirir cartas, e o objetivo é conseguir o rei de qualquer forma. Existe apenas um rei de cada naipe, se você conseguir um em mãos precisa mantê-lo até o final da rodada.”

Quando Nick terminou de explicar as regras, disse apenas mais algumas palavras para encorajar a todos e então liberou a passagem para adentrarem ao galpão. A contagem de tempo era de vinte minutos, e os que mantivessem o rei até o final seriam qualificados. Todos começaram sem carta nenhuma e se separaram pelas grandes prateleiras do galpão em busca de cartas. Aquele lugar era estranhamente imenso, e se parecia com um labirinto escuro. As luzes piscavam de tempos em tempos, deixando o clima cada vez mais tenso.

— Conseguiu aquele rei de antes? — perguntou Emma, andando junto de Ethan.

— Está aqui comigo. Vamos nos separar, esse jogo não é de duplas. Procure suas cartas, e eu procuro as minhas.

Um tempo se passou e a maioria já havia encontrado por aí cartas espalhadas. Algumas em caixas no final dos corredores de prateleiras, outras em gavetas de estantes vazias, outras embaixo de ferramentas nas mesas, entre outros lugares. Brittany entrou em uma sala que achou enquanto caminhava pelo galpão, uma sala bem escura que se parecia com uma sala de aula que já não utilizavam mais. Em cima da mesa, ela encontrou um cinco de espadas.

— Cinco? Acho que é mediano…

— Deve ser, é a metade de dez, afinal — disse uma voz no outro canto da sala. Brittany ergueu o olhar e avistou Sarah, segurando um seis de paus na mão. — Você com certeza não tem o rei, mas eu infelizmente vou precisar das suas cartas…

Brittany engoliu seco, não esperava que tivesse que ter um confronto tão cedo assim. Tinha apenas três cartas contando com aquela que ela havia acabado de conseguir.

Nesse mesmo tempo, Ethan encontrou um oito de ouros dentro de um carrinho de compras largado no meio do corredor. As luzes piscaram mais uma vez quando ele pôs as mãos na carta.

— Consigo roubar algo bom com isso, eu acho.

— Oito de ouros? Um grande achado para o começo da partida — disse uma pessoa logo atrás de Ethan. Uma voz que ele não reconhecia, mas ao mesmo tempo causou arrepios em seu corpo. Quando olhou para trás, viu a imagem dele próprio por um instante, mas o penteado era um pouco diferente. — Meu nome é Nathan, é um prazer conhecer você. Mas é uma pena que tenhamos nos encontrado em uma situação assim.

Nathan Kim segurava uma carta nas mãos, apontando-a para Ethan. Seus olhos se arregalaram quando viu a carta de Nathan, era impossível que já tivesse conseguido uma carta daquele nível em tão pouco tempo. Ethan se desestabilizou por um instante, mas não havia nada que pudesse fazer. Ele não fazia ideia do que aquela carta era capaz, mas teria que enfrentar o desafio de Nathan.

— Essa carta... onde conseguiu esse coringa?

Notas:

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