Apenas um Sonho Brasileira

Autor(a): Hanamikaze


Volume 1

Capítulo 22: Eu Prometo

O dia se passou, e a noite estrelada preencheu o céu com seu resplendor. David Cohen foi acusado pelo roubo do anel de ouro, e seu castigo foi a perda de metade de seus pontos adquiridos até então, e também três dias de confinamento no dormitório. Não poderia sair sem a permissão de Isabel, apenas com acompanhamento para fazer as necessidades. Os familiares já haviam sido informados da situação, então já estavam cientes da causa do sumiço.

Já eram 21:00 horas da noite, e estavam servindo o jantar para os que iriam dormir no colégio. Aria decidiu ficar, mas não desceu para ver o que tinham preparado para o jantar. Decidiu ficar em seu dormitório. Ainda bem abalada pelas palavras de Emma Brown mais cedo, que no fim, a afetava profundamente. Aria estava deitada na cama de beliche, olhando para a pelúcia de um ursinho branco que tinha. Ela casualmente dormia abraçada com o ursinho. Aria resmungou quando ouviu a porta do dormitório sendo destravada, o que significava que provavelmente Mia Cooper tinha chegado.

— Dia cheio esse, hein, Harper? — disse, a porta se travou assim que Mia a fechou. — Não vai comer?

— Não quero…

Mia se preparou para responder algo para tentar incomodar Aria um pouco, mas notou o quão melancólica ela parecia no momento. De alguma forma, o que realmente era de se impressionar, Mia sentiu uma certa empatia pela garota. Mas foi apenas momentâneo.

— O que foi agora, hum? Ethansinho de magoou?

— Não é nada, Mia.

Mia ficou um pouco intrigada. Aria respondia de um jeito seco, muito mais que o comum. Ela sempre era tão animada e cheia de energia, e agora estava ali, estirada na cama, derrotada. Mia respirou bem fundo para tentar largar o jeito irritante que só ela era capaz de ter, e se sentou ao lado de Aria.

— Não posso dizer que somos amigas, mas você está bem mais chata que de costume. Se suas amiguinhas não quiserem te ouvir, eu posso te ouvir, se quiser.

Aria estranhou aquela conversa de início, mas não pôde deixar de segurar uma risada.

— Você? Mostrando empatia?

— Qual a graça?

Aria desabou de rir quando Mia praticamente concordou. Ela olhou para Aria com uma cara tão séria que parecia um urso com fome.

— Nem precisa tentar me consolar, você definitivamente não nasceu pra isso.

— Engraçadinha você, né? Isso que dá tentar ser a gentil da história…

— Hum… mas obrigada por se preocupar, eu acho.

Mia ficou um pouco envergonhada, virou a cara e cruzou os braços. Aria já tinha parado de rir, e agora se sentia surpreendentemente um pouco mais confortável.

— Mas é sério que não vai comer? Sabe, não pode deixar se abalar nesse nível.

— Não é isso, eu só não estou com fome mesmo. — Aria se preparou para se levantar da cama, mas então se lembrou de toda a confusão que aconteceu mais cedo. — Inclusive, no fim, o que tinha acontecido com o anel?

— Hah, adivinha. David Cohen é quem tinha roubado. Sempre soube que ele só parecia ser bonzinho e coitadinho…

— O quê?! — Aria ficou chocada. — Como assim? David não faria esse tipo de coisa…

— E sabe qual o pior? Ethan foi quem descobriu. As coisas acontecem de um jeito tão perfeito que parece ironia…

— Ethan quem descobriu…? Ele saberia que David não… ou será que ele faria…?

— Devia parar de acreditar que as pessoas são santinhas só porque parecem ser.

— Hum… — Aria se levantou, pegou um livro que estava lendo um pouco antes na cama e foi até a porta. — Terminei de ler esse hoje, vou devolver para a biblioteca…

Ela destravou a porta e saiu do dormitório. O segundo andar estava bem escuro, sem muitas luzes ligadas. Os corredores bem vazios e o clima bem frio, com a neve caindo mesmo a noite. Enquanto Aria descia a escadaria, viu um garoto que subia também. Tinha cabelos pretos e olhos azuis como o oceano. Quando olhou para ele, não tinha dúvidas de que era Ethan.

— Ethan! Ei! Preciso falar com você. Como assim você achou o anel com o David?

Mas quando o garoto olhou de volta, Aria percebeu que não se tratava de Ethan. Sua face era um pouco diferente, mas nem tanto. O penteado era diferente também.

— Acho que está me confundindo, me chamo Nathan.

— A-ah… desculpe, achei que fosse outra pessoa… — Aria ficou extremamente envergonhada com a situação, mas Nathan pareceu não ligar muito. Continuou subindo as escadas, sem olhar de volta para Aria.

A semelhança entre ele e Ethan era escandalosamente grande. Apenas por curiosidade, Aria não conseguiu se conter e apontou o bracelete dela para o dele, apenas para ver as informações. Seu nome era Nathan Kim, e tinha dezoito anos de idade.

“Nathan… Kim?! Ele é parente do Ethan? Ele nunca me disse que tinha um irmão…” pensou, mas decidiu ignorar. Apenas seguiu o caminho até a biblioteca.

No andar de cima, Ethan seguia até o seu dormitório. Estava com um prato de comida na mão, observando a neve cair pela janela enquanto passava. Chegando a entrada, ele deu algumas batidas na porta, mas ninguém respondeu.

— Cohen, Isabel pediu para trazer sua comida. — Novamente, Ethan não teve respostas. Ele esperou mais um pouco, e então apontou o bracelete ao scanner para destravar a porta. — Sabe que eu posso entrar sem sua permissão, não sabe?

David estava mexendo no notebook, sentado na cadeira em frente a escrivaninha.

— Tô sem fome, Ethan.

Ethan se sentiu um pouco estranho quando David o chamou apenas de Ethan, e não de “senhor Kim”, como de costume. Ele se aproximou e colocou o prato na mesa à frente de David.

— O que está vendo aí? — Como esperado, David não respondeu. — … Suponho que esteja bravo comigo.

— Não sei, você já deveria saber, se é tão inteligente.

Ethan respirou fundo e começou a andar pelo quarto.

— Sinceramente, se está bravo ou não, pra mim não muda nada. Mas ainda vou precisar da sua ajuda em uma coisa…

— E você espera que eu te ajude?

— Não. Mas este é exatamente o ponto.

— Então por que ainda está aqui, tentando falar comigo? Você não liga mesmo, não é? Então vai embora.

Ethan ficou um pouco impactado com o que David disse, mas não pensou muito nisso. Virou as costas e foi até a porta do dormitório novamente. Mas antes de sair, decidiu dizer mais uma coisa a ele.

— Não escolhi você para culpar a toa. Eu só tentei… livrar você.

— Livrar? Do quê? Eu estava muito bem até você…

— Não sabia que ela ia tirar metade dos seus pontos, isso me pegou de surpresa também. Mas… eu já tinha a ideia de te bloquear do próximo jogo.

— Não vem com essa, você nem sabe que jogo vai ser.

— Este… é exatamente o ponto.

Ethan colocou uma mão no bolso, e tirou aquele mesmo pendrive que havia usado para trapacear antes. David arregalou os olhos, tinha até esquecido da existência daquela coisa.

— Não me diga que você…

— Eu sei de tudo sobre o próximo jogo… de novo.

— De novo? Espera… você trapaceou no Cara ou Coroa também?

— Basicamente, sim.

— Puta merda, Ethan! Você vai acabar se ferrando com essa coisa… Você estava certo, isso foi uma péssima ideia. Eu devia ter te impedido antes… Eu devia ter…

— Mas agora, eu estou tentando te ajudar. Eu sei o que eu estou fazendo… você só precisa… confiar em mim mais uma vez.

David ainda não estava exatamente bem com Ethan, mas decidiu relevar. Acalmou um pouco os nervos, e agora estava pensando mais claramente.

— Se alguém pegar você com isso de novo, não vai ter mais desculpas. Você sabe, não é?

— É… por isso eu não te coloquei nisso. O risco é completamente meu.

— Mas… e se der tudo errado?

— Apenas… continue confiando em mim.

Ethan então abriu a porta e saiu do dormitório, sem deixar com que David pudesse protestar mais. O corredor frio e escuro do segundo andar continuava vazio, sem som. Cada passo de Ethan ecoava pelas paredes, até que ele parou de andar, observando o chão. Pela primeira vez, se sentia ruim por estar arriscando uma pessoa nos seus planos.

Um segundo som de passos veio do outro lado do corredor. Ethan olhou para frente, e viu aquela pessoa idêntica a ele próprio. Cabelos pretos, olhos azuis, quase mesma altura. Nathan Kim passou ao lado de Ethan, e ele sentiu como se já conhecesse aquela pessoa de algum lugar. Ethan olhou para Nathan por um momento, e o jovem olhou de volta.

— Perdeu alguma coisa?

Ethan não respondeu, continuou encarando fundo nos olhos de Nathan. O vento soprava com a neve do lado de fora cada vez mais rápido, até que finalmente, os dois desviaram os olhares e seguiram seus caminhos.

Sarah Megan e Aaliyah Abioye conversavam baixinho em uma das mesas da biblioteca quando Aria entrou para devolver o livro que tinha pego. A maioria estava jantando agora, e alguns preferiam comer na biblioteca, então ela não estava tão vazia. Aria chegou até a bibliotecária, que tinha cabelos pretos mesclados com fios brancos. Ela tinha uma aparência jovem, parecia ter cerca de vinte e cinco anos. Usava um óculos de lentes curtas, e tinha belos olhos castanhos.

Elas não trocaram muitas palavras, e após Aria devolver o livro ela se juntou a mesa de Aaliyah e Sarah.

— Hum? Ah! Aria, você chegou — Sarah parecia bem animada naquela noite.

— Uhum.

— Viu o fim do tumulto com o anel mais cedo? Aquele Cohen é muito esperto… — Aaliyah mantinha um ar de intriga.

— Hum… eu vi…

As duas notaram como Aria parecia cabisbaixa na hora.

— O que foi? Você parece triste…

— Não… não é nada.

Enquanto conversavam, mais uma pessoa especial também estava na biblioteca. Christopher Santiego, sozinho em uma das mesas. Ele estranhamente não estava fazendo nada ali, nem lendo, nem comendo, nem conversando com ninguém. Estava imóvel na mesa, olhando para as mãos acima dela. Aria foi a primeira a notar o jovem ali.

— Ele também parece bem triste desde que voltou, não acham? O que será que fizeram com ele?

— Não sei, ele não falou para ninguém. Nem para o Francesco — disse Aaliyah, repousando a cabeça nas mãos à mesa.

— Francesco é o seu favorito daqui, não é? Você fica bem mais tímida que o normal quando ele está por perto — caçoou Sarah, dando uma risadinha.

— Cala a boca.

Christopher na mesa ao lado se levantou e saiu da biblioteca, com um semblante triste. Nenhuma das três quis ir atrás dele para perguntar alguma coisa, mas provavelmente ele não responderia de qualquer forma.

A noite foi caindo, as estrelas iluminando a escuridão no céu. O terraço do colégio não estava vazio, Emma Brown apreciava sua solidão encostada em uma das estruturas do terraço. A neve ainda caía, ela estava com uma touca azul escura, com o cabelo espalhado pelos ombros.

Ethan chegou até o terraço, já esperando que Emma estivesse por ali. Nenhum dos dois disse nada, e Ethan apenas caminhou até o seu lado, encostando o corpo na mesma estrutura que ela.

— Está… frio aqui fora, não acha? É melhor você descer… — murmurou Emma, com a boca escondida pelo cachecol.

— Não ligo muito para o frio. Você é quem devia descer, já está aqui faz um bom tempo.

Emma resmungou, e os dois ficaram calados mais uma vez. A lua cheia lentamente crescia ao céu. Demorou um pouco para que um dos dois voltasse a falar alguma coisa.

— Por algum motivo, me senti muito bem quando vi Aria hoje… — começou Emma. — Desabafei um pouco. Acho que devia ter feito isso a um bom tempo atrás… Que bom que você me deu coragem.

— Coragem? Eu não fiz nada. Só falei para não deixar ela escapar da sua amizade tão fácil.

— Não se finge de idiota, você sabe muito bem o que fez. Você sempre faz esse tipo de coisa, não é? Acusou o David por aquele anel esquisito…

— Anel esse que você jogou pra mim.

— Você que quis pegar.

Ethan suspirou, e baixou a cabeça. Os pés de Emma davam fofas sapateadas na neve, mostrando que ela realmente estava com muito frio.

— Agora, eu fiquei sem dupla. O próximo jogo pelo que fiquei sabendo vai envolver trabalho em equipe… Não obrigatoriamente, mas será a melhor estratégia. Cohen era meu braço direito.

— Como você consegue esse tipo de informação?

Ethan ignorou a pergunta de Emma e continuou explicando o que tinha em mente.

— O jogo vai envolver cartas, e um esquema de rei e dama. Vai ser individual, mas mesmo assim quero garantir uma dupla, e como você foi a culpada por ter tirado o Cohen do meu lado, então agora minha dupla vai ter que ser você.

— Mas por que eu? Pode escolher a Aria, a Mia que não desgruda de você… a Hina também. Me impressiona como você está sempre rodeado por meninas.

— Elas que me rodeiam, eu não vou atrás de ninguém. Acho que os meninos não ligam muito pra mim, mas isso não faz diferença no fim. Mas esse não é o caso, acho que você vai ser uma boa dupla por um outro motivo.

— Um motivo especial? Eu nunca fui muito com a sua cara, desde que Aria ficou tagarelando sobre você desde que entramos aqui. Por que você acha que eu te ajudaria?

Ethan sorriu por um momento, colocou as mãos nos bolsos e continuou a olhar para o chão.

— Por que eu tenho um plano… e você se encaixa perfeitamente nele. Você só precisa… confiar em mim.

Após um tempo Ethan deixou o colégio. Estava entediado e sem sono no momento. Foram vários minutos andando pelas ruas de Nova York, vendo as luzes dos letreiros das lojas piscarem, pessoas se divertindo ao redor, carros passando, pessoas brigando. Todas essas coisas foram lentamente diminuindo conforme ele caminhava. A noite continuava fria, e a neve era incessante. Ethan chegou a uma estrada deserta, sem muitas casas e nem lojas. Não havia ninguém na rua além dele, e os carros já não passavam mais. Ele se sentou em um ponto de ônibus para descansar, deitou a cabeça na vidraça e ficou ali, sozinho, com a neve caindo sobre seus cabelos.

Aria estava sozinha na biblioteca a essa hora, todos já haviam voltado para os dormitórios exceto por ela. Seus olhos estavam pesados, e a cabeça descansando sobre os braços na mesa.

Lentamente Ethan e Aria foram apagando ao mesmo tempo, sozinhos, no escuro, sem nenhum ruído ao redor.

Quando Aria abriu seus olhos, estava em um parquinho de criança. Seu corpo estava bem menor do que o normal, como se tivesse apenas dez anos de idade. Um pouco à frente, havia um garotinho em um balanço, sozinho, com um rosto angustiado. Ele tinha cabelos pretos e olhos azuis. Aria lentamente foi se aproximando dele, lentamente estendendo sua mão. O garotinho estranhou de início, mas quando viu o rosto puro de Aria, ele deu um belo sorriso de volta.

Mas antes dos dois se tocarem, Aria apareceu em um lugar diferente. Um corredor negro, com uma porta branca no final. Agora ela estava em seu tamanho original. Ela começou a caminhar por aquele corredor negro, com apenas o som de seus passos ecoando nas paredes. Quanto mais ela andava, mais a porta branca no final se distanciava aos poucos. Aria tentou correr, correu o mais rápido que pôde, mas mesmo assim não alcançou a porta.

Ela parou para respirar um pouco, e ao lado, nas paredes do corredor, viu um quadro preso ali. O retrato no quadro se mexia, e mostrava o mesmo parquinho com as duas crianças ali, mas desta vez, Aria não estava no corpo da garotinha.

— Então… não tem mais volta? Você vai realmente se mudar para Nova York? — perguntou o menino no balanço.

— Sim… meus pais já prepararam toda a mudança. Provavelmente amanhã eu não vou estar aqui mais. Mas não se preocupe comigo! Eu vou voltar para te visitar sempre que eu puder!

— Se você for… eu vou ficar sozinho, de novo.

— Você é muito pessimista, Ethan! Eu vou voltar para te fazer companhia. Seu pai também odeia que nós fiquemos juntos aqui… mesmo comigo morando aqui, ele raramente deixa você sair.

— Meu pai… não gosta das pessoas… ele não gosta de mim também.

— Eu acredito que um dia você e seu pai vão se entender melhor, e aí, eu vou voltar para nunca mais deixar você sozinho de novo!

A pequena Aria era tão otimista, e o pequeno Ethan tão cabisbaixo. O balanço se movia lentamente, enquanto Aria dava um sorriso para o rosto frio daquele garoto angustiado.

— Ari… me promete uma coisa?

— Hum? Prometer o quê?

— Quando mudar de cidade… promete que não vai se esquecer de mim?

A pequena Aria alargou mais ainda o sorriso no rosto.

— Eu prometo! Não vou esquecer você. Bom, eu tenho que voltar agora… minha mãe não vai gostar se eu chegar muito tarde… Tchau, Ethan!

A garotinha começou a ir embora, lentamente saindo para a borda do quadro na parede. O garoto no balanço parecia cada vez mais triste conforme ela ia se afastando.

— Aria… você nunca mais vai voltar, né…

Mas ela não ouviu, continuou seguindo seu caminho, saltitando. A verdadeira Aria, que assistia tudo aquilo no corredor ficou um tanto confusa e chocada ao mesmo tempo. Não se lembrava de ter vivido coisas assim, mas ao mesmo tempo, sentia algo estranho quando olhava para tudo aquilo.

— Será que… eu me esqueci dele?

Aria se apressou, continuou correndo em direção a porta branca. Desta vez, ela parecia estar chegando mais perto, e realmente chegou até a porta. Com muita pressa, ela puxou a maçaneta com tudo.

Ethan abriu a porta do outro lado também, e os dois deram de cara um com o outro.

— Ah! Ethan!

— Aria.

Ethan olhou por cima da cabeça de Aria, notando o corredor infinito que tinha adiante.

— Só tinha um corredor no seu lado? Tinha uma casa inteira no meu.

— Como assim no seu lado? Você está… sonhando também? — Naquele momento, Aria teve um choque de realidade. — Espera… quer dizer que… todos os sonhos até agora, você compartilhou comigo de verdade?

— Mais ou menos.

— Mais ou menos?! Você mentiu pra mim quando disse que você não era o real?!

— Talvez.

Aria virou o rosto com um resmungo muito audível. Ethan cruzou os braços também, olhando em volta à procura de uma saída.

— Espera… então… quando você dizia que me amava nos sonhos…

Pela primeira vez em muito tempo, Ethan ficou realmente envergonhado e com as bochechas rosadas.

— Aquele não era eu.

Aria se lembrou das coisas que tinha visto no quadro também, e somando com o que descobriu agora, tudo fez sentido para ela. Aria abraçou Ethan de repente.

— Óbvio que era…

O corredor negro lentamente foi desaparecendo, e o cenário do parquinho de antes foi se remodelando à volta dos dois. Porém, eles não se transformaram em crianças, continuaram sendo adolescentes. Ethan abraçou Aria de volta delicadamente.

— Tá, mas a gente tem que… sair daqui…

Aria não disse nada, segurou o rosto de Ethan com as duas mãos, puxou para perto do dela e deu um grande beijo nos lábios de Ethan. Ele não teve reação, ficou em choque por alguns segundos, e então retornou o beijo. Então os dois largaram, e Aria voltou a abraçá-lo. Ethan não disse mais nada.

— Desculpa por não ter me lembrado de você esse tempo inteiro… eu sou muito… idiota. — Ethan continuava sem palavras, apenas olhou para baixo, vendo Aria abraçá-lo tão forte que estava começando a doer. — Sabe… acho que estamos chegando no fim daquela coisa. Não deve faltar muito para fecharem a Betrayal Lines… então, Ethan — Aria virou a cabeça para cima, olhando no fundo dos olhos de Ethan. — Me promete uma coisa?

— … O quê?

— Quando tudo isso acabar… promete que não vai se esquecer de mim?

Ethan não conseguiu responder na hora. Tudo ficou claro, e os dois acordaram segundos depois. Aria foi acordada por Liam que chegou à biblioteca e a viu dormindo com a cara na mesa, o que fez os dois saírem do sonho.

No ponto de ônibus onde Ethan acabou dormindo, a neve cobriu boa parte dos seus cabelos. Porém, além de gelo, uma gota d’água também caía. Eram lágrimas descendo de seus olhos e caindo sobre as pernas.

— Eu… — Ethan fechou os olhos, sentindo a brisa da noite batendo em seu rosto. — Prometo…

Notas:

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