Volume 1 – Arco 1
Capítulo 12: Ossos e Conflitos - Parte 2
O som da pedra raspando contra o chão ecoou pelo cemitério, e Trrira soltou um grito involuntário, sua mente gritando "Corra!", mas suas pernas recusando-se a obedecer. Ela instintivamente inclinou a espada de espinho, mas o pavor parecia ter tirado toda a força de seu corpo. No último segundo, algo dentro dela despertou – um instinto de sobrevivência, algo primal e feroz.
Com um grito de pura adrenalina, Trrira se agachou e girou em alta velocidade, o movimento tão fluido que surpreendeu até ela mesma. Usando o impulso, sua perna direita disparou para frente em um chute poderoso, acertando a estátua com uma força que ela jamais imaginara possuir. O impacto foi devastador; a estátua foi lançada pelos ares, desaparecendo na névoa espessa acima do cemitério.
Trrira de volta em posição de equilíbrio, os pés firmes no chão, a respiração descontrolada enquanto olhava para cima, tentando localizar a estátua. Tomada por uma nova onda de coragem, ela se inclinou levemente e tomou impulso. Seus pés cravaram-se no solo, e ela saltou com um poder que rachou o chão abaixo de si, atravessando a névoa como um míssil. Lá em cima, entre os vapores opacos, ela encontrou a estátua. Girando o corpo com precisão, Trrira ergueu sua espada de espinho e desferiu um golpe certeiro, que despedaçou a estátua em pedaços. Os fragmentos de pedra caíram como chuva pesada, atingindo o chão com estrondos que ecoaram pelo cemitério.
Trrira pousou no chão com os joelhos dobrados, causando um impacto que liberou uma onda de choque que desfez momentaneamente a névoa, revelando o cemitério em toda a sua desolação. a espada firme em suas mãos, enquanto olhava para os pedaços espalhados da estátua. Sua respiração estava ofegante, e ela não podia acreditar no que havia acabado de fazer. "Isso... fui eu?", ela pensou, tentando entender o que dentro dela havia despertado.
Mas seu momento de alívio durou pouco. Quando ergueu os olhos, viu várias outras estátuas espalhadas pelo cemitério, todas voltadas em sua direção. Seus rostos de pedra, inexpressivos, pareciam ainda mais ameaçadores agora que ela sabia do que eram capazes.
"Elas estavam esperando." ela pensou, um calafrio percorrendo seu corpo.
Ela girou lentamente, seus olhos escaneando cada movimento ao redor, enquanto apertava o espinho em suas mãos. "Isso vai levar mais tempo do que eu imaginava.", pensou, agora totalmente alerta.
As estátuas começaram a se mover, uma a uma, o som de pedra se quebrando enchendo o ar. Trrira respirou fundo, ajustou a espada em suas mãos e preparou-se para o próximo ataque. "Que venham. Eu estou pronta." ela pensou.
Na sala da diretoria, Hanvasa permaneceu sentada atrás de sua mesa, sua expressão grave e atenta enquanto observava os dois adolescentes diante dela. Ela cruzou os braços sobre a mesa, ponderando cada palavra antes de se pronunciar. A tensão estava no ar, e ela sabia que havia algo mais por trás dessa história.